Pesquisa CNI/Ibope mostra queda de popularidade da presidenta Dilma; queda da aprovação ao governo e à maneira que a presidenta governa. De quebra, mostra que a população brasileira voltou a manifestar grande preocupação com as ações adotadas pelo governo em áreas como saúde, educação, segurança, controle da inflação e emprego. Na maior parte dessas áreas, com índices superiores a 70% de desaprovação, indicando que estão de volta os temores que, de forma difusa, forneciam o combustível para as manifestações de junho/julho do ano passado.
Em outras palavras, o resultado da pesquisa indica que as pessoas não acreditam que as manifestações do ano passado tenham sido minimamente atendidas, além de manifestarem uma deterioração importante em relação às expectativas para o final desse 2014.
Por outro lado, continuam as manifestações - agora pacíficas, como a realizada ontem, no centro de São Paulo-, contra a realização da Copa do Mundo em nosso país, de resto uma decisão reconhecida como uma "roubada" por Tarso Genro, governador gaúcho e que, por ocasião da apresentação da candidatura do país à sede do evento e de sua escolha, ocupava o cargo de ministro da Justiça de Lula.
Ou seja: para atender ao padrão Fifa e às exigências daquela entidade, completamente fora de nossa realidade, o governo tem sido obrigado, cada vez mais, a colocar dinheiro público no evento e em suas obras, desviando recursos de outras áreas consideradas pela população como mais imprescindíveis.
Mas, em sã consciência, alguém acreditava naquele distante ano de 2007 que, de fato, as obras para a realização da Copa do Mundo em nosso país seriam fruto de recursos apenas oriundos do setor privado, sem um tostão sequer do dinheiro público?
Alguém acreditava mesmo que nosso país teria condições de realizar a tempo e dentro das condições exigidas, as obras esportivas, viárias, de mobilidade urbana, etc. etc. necessárias para a recepção do fluxo de turistas esperado para eventos dessa magnitude, sem contar com qualquer tradição de planejamento e cumprimento de prazos, cronogramas, orçamentos? E algum ingênuo poderia acreditar mesmo que não acabaria no colo do governo, sempre na última hora, realizar os puxadinhos e obras de estruturas temporárias que beneficiam apenas as empreiteiras e construtoras, tão satisfeitas e que tanto apoiaram a realização da Copa?
***
Mas, não é objetivo meu acrescentar mais reparos àqueles vários já feitos à Copa e sua gastança desnecessária e descabida. Se faço algum comentário, é apenas para aproveitar a oportunidade, rara, que o governador do Rio Grande do Sul nos proporcionou e deixar aqui um registro de sua opinião.
O que me interessa aqui é o resultado da pesquisa de opinião pública divulgada, que mostra como a grande maioria da população está apreensiva em relação, especialmente, à situação econômica do país.
Sinal de que a campanha patrocinada pela grande imprensa, de críticas ácidas à política econômica do governo tem alcançado seus objetivos, apresentando resultados.
Afinal, como conta a lenda, "é a economia, imbecil" que, em ano eleitoral, transforma-se no tema de maior medo para a população, seja nos Estados Unidos, seja aqui em nosso país. E, consciente disso, é em relação às questões econômicas que a imprensa oposicionista e golpista tem focado suas atenções, mesmo que exagerando nas tintas, na maioria das vezes, e pintando um quadro mais, bem mais tenebroso de nossa situação que o quadro real.
Mas, tudo bem. Embora seja uma concessão de serviço público, e assim deveria ser considerado e tratado, não há qualquer controle legal em relação à nossa midia e aos órgãos que a controlam, o que permite que seus proprietários possam agir como se aqueles órgãos pudessem ser utilizados apenas em benefício de seus interesses particulares.
E... nem me venha falar em legislação de controle da midia e fixação de seus limites, do gênero daqueles que existem em países europeus de ampla tradição democrática, como a Inglaterra que, imediatamente, aqueles que mencionam o tema são acusados de censores ou de integrarem o comissariado, interessado em aparelhar o Estado, etc.
***
Não nego que algumas das variáveis econômicas chaves de nossa economia têm apresentado, recentemente, um comportamento menos positivo, como nossa taxa de crescimento do PIB, e a elevação de nosso índice geral de preços, sinal de um recrudescimento da inflação. Mas, não podemos deixar de recordar que nosso país não é uma ilha. Que em meio a um ambiente econômico internacional ainda de crise, não há muito como imaginar que o país pudesse crescer a taxas elevadas.
Por outro lado, não há como negar que o governo tem procurado adotar as políticas recomendadas pelos manuais, no sentido de estimular o crescimento de nossa economia, adotando para tanto medidas que já estão se aproximando da exaustão e, por isso, provocado outros problemas, e apresentado cada vez menos dos resultados desejados.
Assim, o PIB cresce. Mas não em um ritmo elevado. E, de quebra, o governo abre mão e perde receitas, o que agrava sua situação fiscal, embora ainda esteja apresentando supéravits primários, ou seja, assegurando sua capacidade de pagar os juros contratados com seus credores.
Ora, com isso a dívida pública mantém-se sob controle, embora em situação menos tranquila.
Pois bem, se isso tudo que estou dizendo é repetido até mesmo pela economista responsável pela elaboração do relatório da Standard & Poor's que rebaixou a nota de nossa economia, porque a imprensa continua insistindo em vender a imagem de que o governo perdeu o controle das contas públicas?
Para se ter uma ideia do absurdo da situação, embora a entrevista com nossa algoz, publicada na Folha, sinalizasse que a nossa nota poderia ser reavaliada no prazo de um ano, e que poderia tanto MELHORAR, quanto ser ainda mais rebaixada, ganha um doce quem acertar qual foi a opção de reavaliação que o jornal escolheu para dar maior atenção, inclusive com destaque.
A inflação está maior, é verdade. Mas está ainda dentro do intervalo da meta contratada com a sociedade, o que indica estar sob controle da Autoridade Monetária.
Ademais, não há como não reconhecer que, parte do problema dos preços tem como origem problemas climáticos - a alta dos alimentos, a frustração de alguns produtos que frequentam a mesa do brasileiro, a falta de chuvas e o calor intenso, que obrigam a utilização de usinas termelétricas, mais caras.
É verdade, e tenho manifestado sempre a preocupação com o problema de nosso câmbio, e o resultado de nossas contas externas.
Mas, o câmbio não é o flutuante, fixado pelo mercado com toda sua perfeição no formato de "deus ex-machine"?
***
Parte das críticas ao governo e a suas políticas se alicerça em teorias econômicas que condenam, por inócuas, as políticas que visam promover alterações nas variáveis de mercado, provocando interferências descabidas no funcionamento dos mecanismos daquele ente.
Ok. Alegam que tais políticas apenas apresentam resultados de curto prazo, que tendem a retornar às posições de equilíbrio no médio e longo prazo.
Mas, esquecem-se de que, nesse curto prazo, o número de pessoas empregadas apresentou redução importante, atingindo um recorde de nível de emprego, o que significa que a trajetória dessas famílias nunca mais voltará a ser a mesma, não retornando novamente ao ponto de partida?
E pior. Esquecem-se que foi o mecanismo de mercado e seu livre jogo de forças, livre de interferências e regulações, o responsável, desde logo, pela crise que continuamos vivendo e que criou esse ambiente para início de conversa?
***
É duro, mas esse é o jogo. Um jogo em que a grande imprensa entra constrangidamente satisfeita. E arrasta consigo uma população submetida a um verdadeiro tiroteio de más notícias.
sexta-feira, 28 de março de 2014
quinta-feira, 27 de março de 2014
A anexação desejada e aprovada pela população da Crimeia à Rússia. E o que se sabe sobre a anexação, idem, de Porto Rico aos Estados Unidos?
Assistindo a toda a reação que tem despertado a votação e vitória da proposta de anexação da Crimeia pela Rússia, sobre a qual não posso falar muito em função de minha ignorância a respeito da questão, confesso que fui tomado por uma grande dúvida.
Li, como todos os que acompanham o noticiário que a Crimeia era um território da extinta União Soviética, que foi presenteado à Ucrânia por Kruchev, em 1954 como comemoração da união daquele país à Rússia há mais de 300 anos.
Na época, ninguém poderia sequer imaginar a queda do império soviético e a sua decomposição, de que resultou a independência da Ucrânia, transformado em país livre e independente. NestaCom a cisão, a Crimeia transformou-se em república autônoma da Ucrânia.
Creio que seja importante assinalar a data da ação de doação da região para a Ucrânia, por ser ainda bastante recente, completando nesse ano, o sexagésimo aniversário.
Os jornais também nos informam que a grande maioria da população ali instalada é de origem ou ascendência russa, o que lhes faz conservar e manter suas tradições e hábitos culturais, como por exemplo a questão da língua.
Finalmente, li tratar-se a Crimeia de um importante porto de saída para o Mar Negro, e região onde se localiza uma das mais importantes bases militares russas.
Pois, bem, e daí?
Ao instalar-se um conflito interno à Ucrânia, relativo à assinatura de acordos comerciais com cláusulas de preferência para a União Européia ou um acordo comercial com a Rússia, cujo resultado foi a deposição do presidente ucraniano democraticamente eleito, resolveu o parlamento da Crimeia realizar um referendo para decidir por sua anexação pela Rússia ou permanência da situação então em vigor.
***
Ora, todos sabem disso e eu confesso que há aqueles que, por interesse têm pesquisado e sabem bem mais que o que aqui estou apresentando.
Então o que tem de diferente em meu pitaco?
O fato de que, curioso, fui ao Google realizar uma pesquisa sobre a anexação, votada e aprovada em 2012, de Porto Rico, então considerado apenas como Estado associado como 51º estado membro dos Estados Unidos da América.
Resolvi então aprofundar minha pesquisa, para identificar muitos pontos em comum entre a situação das duas regiões, como por exemplo, o fato de que Porto Rico foi transferido, lá pelos idos de 1920, da Espanha para os Estados Unidos.
O fato de que, durante todo o tempo até a anexação aprovada, os Estados Unidos tentarem impor todo um novo padrão de vida e cultural, inclusive tornando a língua inglesa uma das duas línguas oficiais do país, ação em que não teve tanto êxito. Os porto-riquenhos não abdicaram do uso da língua espanhola de sua origem.
O que me intriga é que, quando Porto Rico realizou a sua eleição e a vontade da maioria ficou conhecida, aprovando a transformação daquele país como estado membro da União, não me lembro de ter havido uma reação, por parte de Obama, semelhante aquela que agora ele está patrocinando.
***
Tudo bem. Não me consta que Porto Rico pudesse ter o interesse estratégico para os EUA que a Crimeia tem para a Rússia. E, parece-me que para o povo porto-riquenho, apenas há vantagens, em se tornarem cidadãos americanos, status que, aliás, eles já possuíam.
Mas, que a reação é estranha é. E que é estranho que para outros povos não venha a ter validade o que vale para "nosotros", então, nem se fala...
Li, como todos os que acompanham o noticiário que a Crimeia era um território da extinta União Soviética, que foi presenteado à Ucrânia por Kruchev, em 1954 como comemoração da união daquele país à Rússia há mais de 300 anos.
Na época, ninguém poderia sequer imaginar a queda do império soviético e a sua decomposição, de que resultou a independência da Ucrânia, transformado em país livre e independente. NestaCom a cisão, a Crimeia transformou-se em república autônoma da Ucrânia.
Creio que seja importante assinalar a data da ação de doação da região para a Ucrânia, por ser ainda bastante recente, completando nesse ano, o sexagésimo aniversário.
Os jornais também nos informam que a grande maioria da população ali instalada é de origem ou ascendência russa, o que lhes faz conservar e manter suas tradições e hábitos culturais, como por exemplo a questão da língua.
Finalmente, li tratar-se a Crimeia de um importante porto de saída para o Mar Negro, e região onde se localiza uma das mais importantes bases militares russas.
Pois, bem, e daí?
Ao instalar-se um conflito interno à Ucrânia, relativo à assinatura de acordos comerciais com cláusulas de preferência para a União Européia ou um acordo comercial com a Rússia, cujo resultado foi a deposição do presidente ucraniano democraticamente eleito, resolveu o parlamento da Crimeia realizar um referendo para decidir por sua anexação pela Rússia ou permanência da situação então em vigor.
***
Ora, todos sabem disso e eu confesso que há aqueles que, por interesse têm pesquisado e sabem bem mais que o que aqui estou apresentando.
Então o que tem de diferente em meu pitaco?
O fato de que, curioso, fui ao Google realizar uma pesquisa sobre a anexação, votada e aprovada em 2012, de Porto Rico, então considerado apenas como Estado associado como 51º estado membro dos Estados Unidos da América.
Resolvi então aprofundar minha pesquisa, para identificar muitos pontos em comum entre a situação das duas regiões, como por exemplo, o fato de que Porto Rico foi transferido, lá pelos idos de 1920, da Espanha para os Estados Unidos.
O fato de que, durante todo o tempo até a anexação aprovada, os Estados Unidos tentarem impor todo um novo padrão de vida e cultural, inclusive tornando a língua inglesa uma das duas línguas oficiais do país, ação em que não teve tanto êxito. Os porto-riquenhos não abdicaram do uso da língua espanhola de sua origem.
O que me intriga é que, quando Porto Rico realizou a sua eleição e a vontade da maioria ficou conhecida, aprovando a transformação daquele país como estado membro da União, não me lembro de ter havido uma reação, por parte de Obama, semelhante aquela que agora ele está patrocinando.
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Tudo bem. Não me consta que Porto Rico pudesse ter o interesse estratégico para os EUA que a Crimeia tem para a Rússia. E, parece-me que para o povo porto-riquenho, apenas há vantagens, em se tornarem cidadãos americanos, status que, aliás, eles já possuíam.
Mas, que a reação é estranha é. E que é estranho que para outros povos não venha a ter validade o que vale para "nosotros", então, nem se fala...
terça-feira, 25 de março de 2014
Nota do Brasil rebaixada e os interesses de sempre dos magnatas das finanças mundiais
Qual o real significado do rebaixamento da nota do Brasil, anunciado ontem, pela Standard & Poor's?
Em primeiro lugar, é importante lembrar que a redução da nota não afetou o status do país, em relação ao que os mercados denominam de grau de investimento. Ou seja, o Brasil continua sendo um pais recomendado para a realização de investimentos pelos gestores financeiros internacionais.
A situação piorou um pouco, mas não abalou a confiança na capacidade do país honrar seus compromissos.
Apenas, e isso não é nem um pouco interessante, a aplicação de capitais aqui deverá ser feita contra a elevação da taxa de juros de remuneração, em função do aumento necessário do prêmio de risco.
Dizendo em outras palavras, os todos poderosos das finanças internacionais continuarão aplicando seus recursos líquidos no Brasil, já que nenhum país do mundo mantém uma taxa de juros tão elevada e que remunera como acontece por nossas terras, só que irão querer ganhar algo a mais, em função do risco.
Como nossa conta de transações correntes está cada vez mais fragilizada, com déficits crescentes, o Brasil precisará cada vez mais de atrair capitais externos, de investimentos ou de empréstimos, para financiar essa utilização de "poupança externa".
Na medida e no instante em que se fizer mais necessária a entrada de tais capitais, o risco maior será lembrado e os donos desses capitais irão nos cobrar juros mais elevados.
Curioso é que foi exatamente essa política de juros elevados, algumas vezes sob a desculpa da necessidade de se controlar a inflação via contração da demanda, que levou a que tantos capitais se sentissem atraídos e viessem a ser aplicados aqui, o que promoveu a valorização de nossa moeda, o real.
***
Ok, o real valorizado nos inseriu, à elite e às classes sociais mais abastadas, na onda do consumo importado mais sofisticado e de mais glamour ou luxo. Permitiu-nos viver as delícias do "primeiro mundo", inclusive pela possibilidade cada vez maior de estarmos, de fato, no primeiro mundo, como apontam as estatísticas dos gastos com viagens internacionais, que tanto cresceram.
Mas, como o empresário não é bobo, e visa lucro, também ele passou a enxergar as vantagens de comprar insumos e matérias-primas no exterior, pagando mais barato em produtos importados e reduzindo seus custos de produção.
Com isso, parte das cadeias produtivas de fornecedores se desmantelaram, incapazes de concorrerem com os produtos vindos de fora.
Sem competitividade, especialmente pela questão do câmbio, vários fornecedores nacionais foram obrigados a fecharem as portas, situação que, agora, quando a situação se inverte, revela sua face mais dramática.
Isso porque, sem muita confiança em nosso país, além de cobrar juros mais elevados, alguns investidores poderão preferir ou até serem obrigados por seus regulamentos, a reduzirem suas carteiras no Brasil. Como se sabe, alguns fundos de pensão e outros chamados investidores institucionais seguem regulamentos de aplicação financeira que estabelecem a exigência de um certo rating do país ou empresa onde os recursos deverão ser alocados.
Pois bem, o rebaixamento de nossa avaliação pode então ter também o efeito de levar a que alguns investidores saiam do país, o que nos levaria a assistir a uma demanda maior pelo dólar, e a elevação do câmbio.
E com o dólar mais caro, e sem os fornecedores nacionais, já que esses foram desmantelados, a chance de nossa indústria, por exemplo, ter de adquirir os insumos mais caros, no exterior, é uma possibilidade que se manifesta no horizonte. O que poderia provocar uma elevação de custos e de preços, alimentando o processo inflacionário.
O que levaria a imprensa, os mercados, os credores estrangeiros e as agências de rating a cobrarem juros maiores, para debelar a inflação. Em uma corrida sem fim, do cachorro atrás de seu próprio rabo.
Maiores juros, maior o gasto público, maior o déficit nominal do orçamento público e maior fragilidade da economia brasileira, o que provocaria mais uma redução de nossa avaliação.
***
Curioso é que, como disse a Miriam Leitão no Bom dia Brasil de hoje, essas agências de rating já falharam muito. Inclusive contribuindo com a formação da crise financeira internacional, onde fizeram lucros espetaculares, conforme nos mostra o excelente filme documentário Inside Job, e chegando a dar as mais altas notas para bancos que, em seguida, tiveram de encerrar suas atividades, quebrados.
Entretanto, mesmo falhando e cometendo erros, e até crimes, essas agências não perderam a pose. Não perderam o prestígio e continuam atribuindo notas e avaliações como se a avaliação delas fosse, antecipadamente e de forma parcelada, o juízo final para as condições econômicas de países e suas empresas.
Como disse a jornalista da Globo, elas falharam muito, mas junto aos mercados a opinião delas continua com o mesmo prestígio de antes. O que deve ser atribuído ao fato de elas acabarem sendo porta-vozes dos tais mercados. E agindo, com um pretenso rigor técnico, em defesa dos interesses das classes que estão por trás do eufemismo que é o uso dessa expressão "mercados".
***
Mais interessante é o comentário de que ao servirem de parâmetro para o mercado internacional, ao darem suas notas e justificarem suas decisões, essas agências acabam assumindo o papel de condução das políticas econômicas do país ou países avaliados, de forma ditatorial e sem levar em consideração os interesses da sociedade avaliada.
Assim, justificam a redução da nota por força do crescimento baixo do PIB brasileiro, que impediu a receita pública de apresentar um comportamento mais confiável, entendendo-se aí, a capacidade de se cobrir as despesas de custeio da máquina pública. Dessa forma, o superávit primário, aquele resultado cuja função é assegurar que o dinheiro dos credores é sagrado e seus direitos serão honrados haja o que houver, acabou apresentando queda, sendo sustentado por uma contabilidade criativa.
Ou seja, foi por artifícios contábeis, como recuperação de créditos fiscais junto a sonegadores, que o governo alcançou o superávit prometido, como se qualquer agente que fosse cobrar àqueles que devesesem a ele estivessem incorrendo em uma falha de comportamento. Melhor seria o que? Quebrar? Valorizar, elogiar e deixar o sonegador posto em sossego?
Alegam que esse comportamento ajuda uma vez, e não poderá ser repetido, ou seja, não é solução sustentável.
Por outro lado, criticam os gastos públicos, procurando mostrar que se elevaram muito, sem controle, sem considerar que tais gastos são ou causados principalmente pelo pagamento dos juros sagrados, exatamente aos credores, ou por aquilo que Samuel Pessôa chamou em artigo publicado na Folha de o contrato social.
Para não haver dúvidas: aquilo que a sociedade deseja que seja feito em seu benefício.
***
Pois bem, entre a sociedade e seus desejos e aspirações, e a vontade e interesses defendidos por essas agências de rating, em nome dos magnatas das finanças internacionais e seus parceiros e aliados internos, ficamos constrangidos a atender às agências.
Para acabar de vez com essa ideia de que os interesses dos analistas do mercado e das grandes finanças internacionais estejam de acordo com o que recomenda a racionalidade e a noção de bem estar geral, essa ficção de ótimo paretiano, e mostrar que quem manda mesmo é o capital.
E quanto mais forte, mais o seu poder, submetendo a tudo e a todos.
Em primeiro lugar, é importante lembrar que a redução da nota não afetou o status do país, em relação ao que os mercados denominam de grau de investimento. Ou seja, o Brasil continua sendo um pais recomendado para a realização de investimentos pelos gestores financeiros internacionais.
A situação piorou um pouco, mas não abalou a confiança na capacidade do país honrar seus compromissos.
Apenas, e isso não é nem um pouco interessante, a aplicação de capitais aqui deverá ser feita contra a elevação da taxa de juros de remuneração, em função do aumento necessário do prêmio de risco.
Dizendo em outras palavras, os todos poderosos das finanças internacionais continuarão aplicando seus recursos líquidos no Brasil, já que nenhum país do mundo mantém uma taxa de juros tão elevada e que remunera como acontece por nossas terras, só que irão querer ganhar algo a mais, em função do risco.
Como nossa conta de transações correntes está cada vez mais fragilizada, com déficits crescentes, o Brasil precisará cada vez mais de atrair capitais externos, de investimentos ou de empréstimos, para financiar essa utilização de "poupança externa".
Na medida e no instante em que se fizer mais necessária a entrada de tais capitais, o risco maior será lembrado e os donos desses capitais irão nos cobrar juros mais elevados.
Curioso é que foi exatamente essa política de juros elevados, algumas vezes sob a desculpa da necessidade de se controlar a inflação via contração da demanda, que levou a que tantos capitais se sentissem atraídos e viessem a ser aplicados aqui, o que promoveu a valorização de nossa moeda, o real.
***
Ok, o real valorizado nos inseriu, à elite e às classes sociais mais abastadas, na onda do consumo importado mais sofisticado e de mais glamour ou luxo. Permitiu-nos viver as delícias do "primeiro mundo", inclusive pela possibilidade cada vez maior de estarmos, de fato, no primeiro mundo, como apontam as estatísticas dos gastos com viagens internacionais, que tanto cresceram.
Mas, como o empresário não é bobo, e visa lucro, também ele passou a enxergar as vantagens de comprar insumos e matérias-primas no exterior, pagando mais barato em produtos importados e reduzindo seus custos de produção.
Com isso, parte das cadeias produtivas de fornecedores se desmantelaram, incapazes de concorrerem com os produtos vindos de fora.
Sem competitividade, especialmente pela questão do câmbio, vários fornecedores nacionais foram obrigados a fecharem as portas, situação que, agora, quando a situação se inverte, revela sua face mais dramática.
Isso porque, sem muita confiança em nosso país, além de cobrar juros mais elevados, alguns investidores poderão preferir ou até serem obrigados por seus regulamentos, a reduzirem suas carteiras no Brasil. Como se sabe, alguns fundos de pensão e outros chamados investidores institucionais seguem regulamentos de aplicação financeira que estabelecem a exigência de um certo rating do país ou empresa onde os recursos deverão ser alocados.
Pois bem, o rebaixamento de nossa avaliação pode então ter também o efeito de levar a que alguns investidores saiam do país, o que nos levaria a assistir a uma demanda maior pelo dólar, e a elevação do câmbio.
E com o dólar mais caro, e sem os fornecedores nacionais, já que esses foram desmantelados, a chance de nossa indústria, por exemplo, ter de adquirir os insumos mais caros, no exterior, é uma possibilidade que se manifesta no horizonte. O que poderia provocar uma elevação de custos e de preços, alimentando o processo inflacionário.
O que levaria a imprensa, os mercados, os credores estrangeiros e as agências de rating a cobrarem juros maiores, para debelar a inflação. Em uma corrida sem fim, do cachorro atrás de seu próprio rabo.
Maiores juros, maior o gasto público, maior o déficit nominal do orçamento público e maior fragilidade da economia brasileira, o que provocaria mais uma redução de nossa avaliação.
***
Curioso é que, como disse a Miriam Leitão no Bom dia Brasil de hoje, essas agências de rating já falharam muito. Inclusive contribuindo com a formação da crise financeira internacional, onde fizeram lucros espetaculares, conforme nos mostra o excelente filme documentário Inside Job, e chegando a dar as mais altas notas para bancos que, em seguida, tiveram de encerrar suas atividades, quebrados.
Entretanto, mesmo falhando e cometendo erros, e até crimes, essas agências não perderam a pose. Não perderam o prestígio e continuam atribuindo notas e avaliações como se a avaliação delas fosse, antecipadamente e de forma parcelada, o juízo final para as condições econômicas de países e suas empresas.
Como disse a jornalista da Globo, elas falharam muito, mas junto aos mercados a opinião delas continua com o mesmo prestígio de antes. O que deve ser atribuído ao fato de elas acabarem sendo porta-vozes dos tais mercados. E agindo, com um pretenso rigor técnico, em defesa dos interesses das classes que estão por trás do eufemismo que é o uso dessa expressão "mercados".
***
Mais interessante é o comentário de que ao servirem de parâmetro para o mercado internacional, ao darem suas notas e justificarem suas decisões, essas agências acabam assumindo o papel de condução das políticas econômicas do país ou países avaliados, de forma ditatorial e sem levar em consideração os interesses da sociedade avaliada.
Assim, justificam a redução da nota por força do crescimento baixo do PIB brasileiro, que impediu a receita pública de apresentar um comportamento mais confiável, entendendo-se aí, a capacidade de se cobrir as despesas de custeio da máquina pública. Dessa forma, o superávit primário, aquele resultado cuja função é assegurar que o dinheiro dos credores é sagrado e seus direitos serão honrados haja o que houver, acabou apresentando queda, sendo sustentado por uma contabilidade criativa.
Ou seja, foi por artifícios contábeis, como recuperação de créditos fiscais junto a sonegadores, que o governo alcançou o superávit prometido, como se qualquer agente que fosse cobrar àqueles que devesesem a ele estivessem incorrendo em uma falha de comportamento. Melhor seria o que? Quebrar? Valorizar, elogiar e deixar o sonegador posto em sossego?
Alegam que esse comportamento ajuda uma vez, e não poderá ser repetido, ou seja, não é solução sustentável.
Por outro lado, criticam os gastos públicos, procurando mostrar que se elevaram muito, sem controle, sem considerar que tais gastos são ou causados principalmente pelo pagamento dos juros sagrados, exatamente aos credores, ou por aquilo que Samuel Pessôa chamou em artigo publicado na Folha de o contrato social.
Para não haver dúvidas: aquilo que a sociedade deseja que seja feito em seu benefício.
***
Pois bem, entre a sociedade e seus desejos e aspirações, e a vontade e interesses defendidos por essas agências de rating, em nome dos magnatas das finanças internacionais e seus parceiros e aliados internos, ficamos constrangidos a atender às agências.
Para acabar de vez com essa ideia de que os interesses dos analistas do mercado e das grandes finanças internacionais estejam de acordo com o que recomenda a racionalidade e a noção de bem estar geral, essa ficção de ótimo paretiano, e mostrar que quem manda mesmo é o capital.
E quanto mais forte, mais o seu poder, submetendo a tudo e a todos.
segunda-feira, 24 de março de 2014
O apetite do Galão de volta... e o América foi a vítima
Jogando com seu time titular, enxertado por alguns poucos jogadores do time considerado reserva, a título de prevenção contra possíveis contusões, ou já por conta de contusões mais leves, casos de Ronaldinho Gaúcho e Fernandinho, o Atlético voltou a relembrar, ontem, aquele time foi chamado de Galão da Massa.
De fato, com um futebol objetivo, veloz, e tendo a sorte de fazer o primeiro gol logo antes do segundo minuto do jogo, o que serve para detonar qualquer esquema tático imaginado pelo time adversário, o time goleou o América e voltou a ser mesmo o time que a massa deseja e gosta de ver jogar.
O placar de 4 a 1, mais que significativo por si só, representa um grande passo para que o Galo passe para a fase final da disputa do campeonato mineiro, ao que tudo indica, e dada a vitória do Cruzeiro em Varginha, contra o nosso principal rival.
***
Um parêntese: eu ia escrever acima, que ao que tudo indica, e dada a vitória do Cruzeiro em Varginha, contra nosso mais tradicional rival.
Interrompi a frase e mudei para principal rival, em respeito à memória e ao Coelhão, time que, na década de 60, era o maior rival do Galo e cujos jogos, chamados de Clássico das Multidões lotavam os estádios Antônio Carlos, do Galo e o do América, na Alameda.
Naqueles anos de 1962 e 1963, em que o time do Galo sagrou-se campeão e bicampeão mineiro, com jogadores como Marcial, Bueno, William, Kleber, Régis, Luiz Carlos, Fifi, Noêmio, entre outros, o jogo contra o América empolgava e dava mais confusões que o jogo com o time do Cruzeiro, sendo o América o adversário a ser batido.
Tinha, claro, o time do Vila Nova, sempre difícil, e o surpreendente Siderúrgica, campeão de 1964, retratado pela tartaruga, que "comandava o batalhão" nas marchinhas de carnaval.
Foi com a construção e inauguração do Mineirão, em 1965, com o episódio lamentável do penalty marcado por Juan de la Passion Artez, em falta claramente fora da área, pelo menos por 3 passadas, e a tremenda briga que se seguiu a esse lance e depois com o time do Cruzeiro campeão da Taça Brasil em 66, que o time da camisa azul e amarela, ocupou definitivamente o lugar que era então, do América.
Considerado time de torcida de elite, apelidada de torcida de pijama pela falta de costume de frequentar os estádios, o América iniciou a partir daí um declínio difícil de entender ou explicar, ao menos para mim, mais preocupado com os percalços de meu time.
Do que me lembro, o América apenas voltou a ter o tamanho de sua tradição, em 1973 quando, comandado por Pedro Omar, chegou a terceiro lugar no Campeonato Nacional, se não me falha a memória.
De lá para cá, a derrocada do grande time alviverde foi tal que o América passou a ser o segundo time do coração de todos os mineiros, que sempre torcem para o Mequinha recuperar seu brilho.
***
Deixando de lado o saudosismo, muito do que vi o Galo jogar ontem, é de justiça reconhecer, foi também culpa da completa inoperância do time americano, incapaz de levar grande perigo à "meta do guarda-valas" Victor.
Por justiça, tenho de declarar que vi ontem uma das melhores partidas de Berola a quem tanto critico. Que achei que Tardelli mostrou mais consistência, aliando agora uma objetividade à correria que seu folego tem permitido a ele imprimir em campo, às vezes de forma completamente dispersa.
Continuo encantado com Otamendi, que dá lições de como se deve jogar na defesa. Continuo achando que o lugar de Donizete é mesmo o banco, embora contra a opinião da maioria. Dátolo tinha de ter a chance de jogar mais livre, para poder mostrar o craque que é. E Jô continua sendo um grande homem de área.
Ao final do jogo, quando algumas cervejas passaram a aliar-se ao cansaço do fim de semana de aulas de reposição, não consegui mais manter acompanhar o jogo, entregando-me aos braços de Morfeu.
Mas, mais importante que tudo, foi o Galo resgatar o apetite, ou voltar a transmitir à sua torcida, a confiança que andava perdida.
***
Não dá para afirmar que já está tudo decidido. O América tem um time que pode surpreender no próximo domingo, principalmente lembrando que o Galo vai de time misto, ou deve ir bastante desfalcado, em razão de seu jogo de meio de semana na Colômbia.
Entretanto, que o Galo soube construir o placar que lhe era mais favorável, não há dúvida.
E que é muito difícil reverter a vantagem que ele possui, também parece evidente.
De fato, com um futebol objetivo, veloz, e tendo a sorte de fazer o primeiro gol logo antes do segundo minuto do jogo, o que serve para detonar qualquer esquema tático imaginado pelo time adversário, o time goleou o América e voltou a ser mesmo o time que a massa deseja e gosta de ver jogar.
O placar de 4 a 1, mais que significativo por si só, representa um grande passo para que o Galo passe para a fase final da disputa do campeonato mineiro, ao que tudo indica, e dada a vitória do Cruzeiro em Varginha, contra o nosso principal rival.
***
Um parêntese: eu ia escrever acima, que ao que tudo indica, e dada a vitória do Cruzeiro em Varginha, contra nosso mais tradicional rival.
Interrompi a frase e mudei para principal rival, em respeito à memória e ao Coelhão, time que, na década de 60, era o maior rival do Galo e cujos jogos, chamados de Clássico das Multidões lotavam os estádios Antônio Carlos, do Galo e o do América, na Alameda.
Naqueles anos de 1962 e 1963, em que o time do Galo sagrou-se campeão e bicampeão mineiro, com jogadores como Marcial, Bueno, William, Kleber, Régis, Luiz Carlos, Fifi, Noêmio, entre outros, o jogo contra o América empolgava e dava mais confusões que o jogo com o time do Cruzeiro, sendo o América o adversário a ser batido.
Tinha, claro, o time do Vila Nova, sempre difícil, e o surpreendente Siderúrgica, campeão de 1964, retratado pela tartaruga, que "comandava o batalhão" nas marchinhas de carnaval.
Foi com a construção e inauguração do Mineirão, em 1965, com o episódio lamentável do penalty marcado por Juan de la Passion Artez, em falta claramente fora da área, pelo menos por 3 passadas, e a tremenda briga que se seguiu a esse lance e depois com o time do Cruzeiro campeão da Taça Brasil em 66, que o time da camisa azul e amarela, ocupou definitivamente o lugar que era então, do América.
Considerado time de torcida de elite, apelidada de torcida de pijama pela falta de costume de frequentar os estádios, o América iniciou a partir daí um declínio difícil de entender ou explicar, ao menos para mim, mais preocupado com os percalços de meu time.
Do que me lembro, o América apenas voltou a ter o tamanho de sua tradição, em 1973 quando, comandado por Pedro Omar, chegou a terceiro lugar no Campeonato Nacional, se não me falha a memória.
De lá para cá, a derrocada do grande time alviverde foi tal que o América passou a ser o segundo time do coração de todos os mineiros, que sempre torcem para o Mequinha recuperar seu brilho.
***
Deixando de lado o saudosismo, muito do que vi o Galo jogar ontem, é de justiça reconhecer, foi também culpa da completa inoperância do time americano, incapaz de levar grande perigo à "meta do guarda-valas" Victor.
Por justiça, tenho de declarar que vi ontem uma das melhores partidas de Berola a quem tanto critico. Que achei que Tardelli mostrou mais consistência, aliando agora uma objetividade à correria que seu folego tem permitido a ele imprimir em campo, às vezes de forma completamente dispersa.
Continuo encantado com Otamendi, que dá lições de como se deve jogar na defesa. Continuo achando que o lugar de Donizete é mesmo o banco, embora contra a opinião da maioria. Dátolo tinha de ter a chance de jogar mais livre, para poder mostrar o craque que é. E Jô continua sendo um grande homem de área.
Ao final do jogo, quando algumas cervejas passaram a aliar-se ao cansaço do fim de semana de aulas de reposição, não consegui mais manter acompanhar o jogo, entregando-me aos braços de Morfeu.
Mas, mais importante que tudo, foi o Galo resgatar o apetite, ou voltar a transmitir à sua torcida, a confiança que andava perdida.
***
Não dá para afirmar que já está tudo decidido. O América tem um time que pode surpreender no próximo domingo, principalmente lembrando que o Galo vai de time misto, ou deve ir bastante desfalcado, em razão de seu jogo de meio de semana na Colômbia.
Entretanto, que o Galo soube construir o placar que lhe era mais favorável, não há dúvida.
E que é muito difícil reverter a vantagem que ele possui, também parece evidente.
Ainda a entrevista sobre os 20 anos do Plano Real
Em postagem anterior, denominada auto-propaganda (tomara que não enganosa!), publiquei aqui no blog o endereço da entrevista que, juntamente com o professor Márcio Salvato, coordenador do curso de Economia do IBMEC, fomos convidados para participar, do programa Panorama, canal 11 da Net, Tv Assembleia.
Postei o endereço e depois comuniquei aos amigos, via facebook para que, aqueles que quisessem, pudessem acessar a programa.
Pois bem, ao reproduzir o programa, percebi que tratava-se de parte dele, mais especificamente a parte final, correspondente a algo próximo a poucos mais de 12 minutos e, embora achando curioso, lembrei-me de 2 informações: o programa é editado, e há sempre uma questão de limitação de tempo, raro e caro na televisão.
Assim, achei que a edição foi feita privilegiando apenas a parte final.
Entretanto, estando à noite em casa de bobeira, e zapeando atrás de um programa que fosse interessante, fui parar no canal 11, justo na hora em que começava o programa Panorama, para tratar do aniversário de 20 anos do Real.
Para minha surpresa, o programa foi todo apresentado, em dois blocos durante algo em torno de 25 minutos.
Lembrei-me então que no título do filme cujo endereço havia baixado para meu notebook, constava bloco 2, o que não me chamara a atenção antes.
Fui de novo na página da Assembleia e vi que se tivesse rolado a página e prestado atenção, estava lá também o endereço do bloco 1, para que quem se interessasse pudesse assistir ao conteúdo completo.
Por esse motivo, volto ao tema mais uma vez, e vou, novamente postar os dois endereços.
O da primeira parte, ainda não informado:
http://www.almg.gov.br/acompanhe/tv_assembleia/videos/index.html?idVideo=820527&cat=89
E, repetindo a segunda parte, já postada e vista por alguns:
http://www.almg.gov.br/acompanhe/tv_assembleia/videos/index.html?idVideo=820503&cat=89
Alguns perceberão que os endereços têm pequenas mudanças, muito sutis.
Peço desculpas por dar a informação truncada na primeira postagem.
Postei o endereço e depois comuniquei aos amigos, via facebook para que, aqueles que quisessem, pudessem acessar a programa.
Pois bem, ao reproduzir o programa, percebi que tratava-se de parte dele, mais especificamente a parte final, correspondente a algo próximo a poucos mais de 12 minutos e, embora achando curioso, lembrei-me de 2 informações: o programa é editado, e há sempre uma questão de limitação de tempo, raro e caro na televisão.
Assim, achei que a edição foi feita privilegiando apenas a parte final.
Entretanto, estando à noite em casa de bobeira, e zapeando atrás de um programa que fosse interessante, fui parar no canal 11, justo na hora em que começava o programa Panorama, para tratar do aniversário de 20 anos do Real.
Para minha surpresa, o programa foi todo apresentado, em dois blocos durante algo em torno de 25 minutos.
Lembrei-me então que no título do filme cujo endereço havia baixado para meu notebook, constava bloco 2, o que não me chamara a atenção antes.
Fui de novo na página da Assembleia e vi que se tivesse rolado a página e prestado atenção, estava lá também o endereço do bloco 1, para que quem se interessasse pudesse assistir ao conteúdo completo.
Por esse motivo, volto ao tema mais uma vez, e vou, novamente postar os dois endereços.
O da primeira parte, ainda não informado:
http://www.almg.gov.br/acompanhe/tv_assembleia/videos/index.html?idVideo=820527&cat=89
E, repetindo a segunda parte, já postada e vista por alguns:
http://www.almg.gov.br/acompanhe/tv_assembleia/videos/index.html?idVideo=820503&cat=89
Alguns perceberão que os endereços têm pequenas mudanças, muito sutis.
Peço desculpas por dar a informação truncada na primeira postagem.
sexta-feira, 21 de março de 2014
Outono
As folhas rodopiam
desenham volutas no ar
driblam a terra
como um atleta de futebol
(um anjo de pernas tortas
em frente a um joão qualquer)
e vêm pousar mansamente
sobre o chão frio
No outono,
amarelecem
e, fustigadas pelo vento
embarcam em uma viagem
que as transporta para longe
e levam consigo
nossos pensamentos
nossa imaginação
tortuosa
desenham volutas no ar
driblam a terra
como um atleta de futebol
(um anjo de pernas tortas
em frente a um joão qualquer)
e vêm pousar mansamente
sobre o chão frio
No outono,
amarelecem
e, fustigadas pelo vento
embarcam em uma viagem
que as transporta para longe
e levam consigo
nossos pensamentos
nossa imaginação
tortuosa
quinta-feira, 20 de março de 2014
Auto-propaganda, aniversário do plano Real e o Galo
Na postagem anterior, abordei as comemorações de aniversário dos 20 anos de Plano Real.
A esse respeito, fomos o prof. Salvato, coordenador do curso de Economia do Ibmec e eu, convidados a participar do programa PANORAMA, da tv Assembléia, aqui de Minas Gerais.
O programa pode ser visto no site:
http://www.almg.gov.br/acompanhe/tv_assembleia/videos/index.html?idVideo=820503&cat=89
Espero que vejam e apreciem.
***
E o Galo de Autuori continua com o futebol tão minimalista quanto o comportamento do técnico.
E de péssima qualidade.
Por sorte, e apenas por sorte, continuamos tendo chances na competição mais importante das Américas.
É certo que Ronaldinho perder um pênalte é uma fatalidade. E que a bolinha que ele, Tardelli, Josué estão jogando não é culpa do técnico.
Mas que o técnico mexe mal; que Marion deveria ter entrado; que Berolinha, que entrou é isso aí mesmo e não muda muito; que o time não apresenta padrão de jogo, isso tudo deve ser admitido.
O Galo ontem perdeu uma chance rara, de já estar classificado e disputar o primeiro lugar geral da competição.
Mas, parece que com as goleadas de 1 a zero ou 2 a 1 que estamos conseguindo construir o técnico está bastante satisfeito.
Cadê o time do ano passado que enfiava 4, 5 gols, com um futebol vibrante e vistoso?
Eu, de minha parte, continuo preocupado...
A esse respeito, fomos o prof. Salvato, coordenador do curso de Economia do Ibmec e eu, convidados a participar do programa PANORAMA, da tv Assembléia, aqui de Minas Gerais.
O programa pode ser visto no site:
http://www.almg.gov.br/acompanhe/tv_assembleia/videos/index.html?idVideo=820503&cat=89
Espero que vejam e apreciem.
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E o Galo de Autuori continua com o futebol tão minimalista quanto o comportamento do técnico.
E de péssima qualidade.
Por sorte, e apenas por sorte, continuamos tendo chances na competição mais importante das Américas.
É certo que Ronaldinho perder um pênalte é uma fatalidade. E que a bolinha que ele, Tardelli, Josué estão jogando não é culpa do técnico.
Mas que o técnico mexe mal; que Marion deveria ter entrado; que Berolinha, que entrou é isso aí mesmo e não muda muito; que o time não apresenta padrão de jogo, isso tudo deve ser admitido.
O Galo ontem perdeu uma chance rara, de já estar classificado e disputar o primeiro lugar geral da competição.
Mas, parece que com as goleadas de 1 a zero ou 2 a 1 que estamos conseguindo construir o técnico está bastante satisfeito.
Cadê o time do ano passado que enfiava 4, 5 gols, com um futebol vibrante e vistoso?
Eu, de minha parte, continuo preocupado...
Críticas às políticas e ao comportamento de Dilma no período pré-eleitoral
Em 1998, na busca de sua reeleição, Fernando Henrique Cardoso foi acusado de ter ignorado a sangria a que a economia brasileira vinha sendo submetida, em função da manutenção de uma taxa de câmbio completamente irreal.
Como se lembra, considerada um dos pilares da implantação do Plano Real e de seu êxito, a ideia de âncora cambial importava na adoção de um câmbio fixo que, em sua implantação estabelecia a cotação de um real para um dólar.
Dessa forma, e junto à adoção de uma política de abertura comercial sem precedentes, principalmente na gestão do ministro Ciro Gomes, procurava-se quebrar o poder de fixação de preços do empresariado nacional, o que contribuiria de forma contundente para a estabilidade de preços. Pelo menos no tocante a produtos considerados tradeables, ou seja, aqueles que podiam se sujeitar à concorrência de bens produzidos fora do país. Só a título de observação, serviços obviamente não constavam dessa lista de produtos, o que permitiu uma elevação da renda dos prestadores de serviços, o que levou FHC a comemorar que o povo de menor condição social e, em geral, prestadores de serviços, estavam podendo se alimentar melhor.
Em função da pressão da concorrência, não apenas os produtores nacionais tiveram seu poder de fixação de preços reduzido, como também tiveram que se preocupar com a melhoria da produtividade de suas empresas, para enfrentarem os produtos internacionais mais competitivos.
Parece-me que a Coteminas de José Alencar, por exemplo, foi uma das empresas, na área têxtil, que teve grande êxito em tal busca de melhoria de produtividade, conseguindo enfrentar a invasão de nosso mercado por produtos chineses.
Auxiliado por uma política monetária rigorosa, que tinha como consequência uma taxa de juros elevada, e contando com a grande liquidez existente nos mercados internacionais, houve um significativo influxo de capitais em nosso país, o que levou o real a se tornar mais valorizado que o dólar.
Embora isso fosse contrário ao fundamento do câmbio fixo, por interessar ao governo do ponto de vista do marketing do plano, o governo não adotou medidas imediatas para promover desvalorizações da nova e forte moeda.
***
Foi apenas depois da crise do México, ainda em dezembro de 94 e início de 95, e o efeito contágio que esse tipo de situação gera, que o governo percebeu que não podia manter o real valorizado, implantando um sistema que ficou conhecido como sistema de banda cambial, que estabelecia valores mínimos e máximos entre os quais o dólar poderia variar.
A utilização desse sistema permitiu que nossa moeda passasse a ser desvalorizada, se não me falha a memória em até 7% em um daqueles anos, embora de forma paulatina e até despercebida para o grande público.
A ocorrência de crises na Ásia e Rússia e, mais uma vez o efeito contágio, acabaram fazendo com que nossa taxa de juros alcançasse valores exorbitantes, tornando nosso país a Meca para os capitais externos. Com isso, nossa disponibilidade de dólares permitiu que continuássemos importando bens e mantendo a inflação sob controle, às custas de uma gradativa deterioração de nossa balança de transações correntes.
A tal ponto chegou essa deterioração, denunciada pela oposição e tratada como nhem-nhem-nhem ou simplesmente choro dos adversários por FHC, que a necessidade de uma correção do câmbio passou a ser cada vez mais evidente.
Entretanto, para não dar o braço a torcer, admitindo falhas na condução do plano, especialmente em ano de eleição, o governo do PSDB preferiu manter o câmbio sem alterações mais relevantes, praticando o que ficou conhecido pelo nome de estelionato cambial.
O resultado não poderia ser outro: com todos os analistas reconhecendo a fragilidade da situação cambial do país e de suas contas, tanto aqui como no exterior, ocorreu o fenômeno inevitável e temido, da corrida contra a moeda nacional.
Mas, tal corrida especulativa apenas se intensificou depois de passadas as eleições, vencidas no primeiro turno por FHC.
E em janeiro de 99, a desvalorização do real passou a ser mais que uma opção a única saída para manter nossa economia estável.
***
Comento todo esse processo não apenas por estarmos comemorando os 20 anos do Plano que venceu a inflação, mas por que, por ser 2014 um ano eleitoral, a questão do estelionato eleitoral e seus desdobramentos, tem sido lembrado agora por críticos do governo Dilma e seus esforços na busca da malsinada reeleição.
Apenas que agora, ao contrário do câmbio e da situação externa, que muito me preocupa, a bola da vez para justificar uma prática de estelionato, é a questão da energia.
Para alguns críticos, querendo fazer demagogia e conter a inflação com base nos velhos moldes autoritários e intervencionistas adotados antes da implantação do Plano Real - que tanto mal acarretaram-, Dilma optou por adotar uma política de represamento de preços, principalmente em relação aos combustíveis quanto da energia.
Como quem "não tinha aprendido com a experiência exitosa do Plano, que deixou ao mercado e ao livre funcionamento de suas forças o controle da inflação", Dilma agiu de forma voluntariosa, provocando prejuízos de grande dimensão para as empresas energéticas e a Petrobras, cujo valor de mercado despencou.
Passando ao largo do voluntarismo e intervencionismo de Dilma, o que acho curioso é o fato de os críticos não se lembrarem de que a questão da energia e seu custo foi uma demanda, senão uma das maiores imposições da classe empresarial de nosso país, sempre reclamando da perda de competitividade dos produtos aqui fabricados, em função do chamado Custo Brasil.
Desnecessário dizer que um dos principais componentes desse custo é o preço da energia.
O que Dilma fez foi curvar-se aos grandes interesses empresariais, ao determinar a redução de preços da energia, como forma de incentivar a produção e a recuperação do crescimento de nossa economia. Tudo na direção e com a mesma intenção da política de corte de impostos, redução dos gastos com a folha salarial, etc.
Se nossa classe empresarial não reagiu conforme o esperado pela equipe econômica do governo; se a produção não apresentou a retomada projetada, e as razões disso, são outras questões, de mesma ou até maior importância.
Mas, aqui, vale dizer que o que foi a política econômica de Dilma foi a consequência das demandas dos empresários que, atendidos, não corresponderam e não cumpriram com sua parte do "acordo".
O PIB brasileiro teve um comportamento pífio, as contas públicas ficaram em situação menos favorável, e a situação da Petrobras (com o preço dos combustíveis contido) e das energéticas se deteriorou.
É certo que Dilma estendeu a concessão de subsídios para a energia residencial, o que pode ser considerado um ato populista.
Mas, nesse caso, a grande maioria da população foi quem se beneficiou e, agora, se as medidas corretivas que devem ser adotadas, passam pela elevação da conta para os consumidores e para os contribuintes, são os que se beneficiaram que agora vão ter de arcar com o ônus.
Ou seja, se revela má gestão ou gestão atabalhoada a política de Dilma, que vendeu ilusões para a população, ao menos serão os beneficiários de antes que irão pagar agora. Ou depois das eleições.
Chamar isso de estelionato eleitoral é no mínimo uma forma de apresentar o problema sem promover uma análise séria, o que, de resto, é o mais comum em nossa grande imprensa.
***
Até porque quando da adoção da política, dita demagógica e que em verdade foi imprevidente, o país e sua população das regiões mais industrializadas e desenvolvidas, não estava passando pelo período de seca que estamos experimentando. Nem sequer a questão dos efeitos da estiagem poderiam ser previstos, com a queda dos níveis de água dos reservatórios e represas que afetam o fornecimento da energia hidrelétrica e até o fornecimento de água.
Com o verão extremamente quente, o gasto maior de energia obrigou a que se utilizasse a geração de energia de termelétricas, mais cara, o que põe mais combustível na fogueira dos preços.
Em minha opinião, se foi imprevidente, e induziu a um gasto de energia maior que o devido por sua política tarifária, com o que vale a pena frisar, concordo, não se pode imputar a Dilma a culpa por não chover.
E por estarmos precisando de usar fontes de energia mais caras, que é o custo para evitar um apagão ao estilo do que vivemos em 2001, no governo FHC.
***
Quanto a sair bradando que a conta do ajuste terá que ser feita em 2015, já que em ano eleitoral ninguém fará a correção e elevação dos preços, só um detalhe merece comentário.
É que o ajuste deverá ser feito, e será amargo, claro, qualquer que seja o candidato que se sair vencedor nas eleições de outubro.
Querer acusar o governo de não começar esse ajuste agora, para evitar o prejuízo que isso provoca para as pretensões eleitorais de Dilma, é no mínimo, ingenuidade ou querer fazer-nos de idiota.
Porque se poderia ser justificado pelo fato de tornar os tais ajustes mais palatáveis e de menor sacrifício para a população, quem reclama da decisão de adiar todo o ajuste para 2015, pode passar a impressão de que seu candidato não tem a coragem ou força para promover os ajustes por mais dolorosos que possam ser, caso vitoriosos.
Para mim, essa imagem de Dilma como sendo a de uma governante que não tem coragem para tomar medidas necessárias, embora impopulares, acaba também sendo apropriada a outros candidatos, que desejam que o trabalho desagradável seja feito antes de eles exercerem seus mandatos, para que não sobre para eles o ônus da adoção de medidas impopulares.
Em outras palavras, acusa-se Dilma de comportamento que seus preferidos também podem estar manifestando.
Tudo, farinha do mesmo saco.......
terça-feira, 18 de março de 2014
Copa do Mundo, pátria de chuteiras e uma seleção nacional descaracterizada
Qual o significado de uma Copa do Mundo com seleções nacionais de futebol, depois que os times participantes contam com jogadores vindos de vários outros lugares?
Não discuto o direito de qualquer pessoa escolher a nacionalidade que queira ter. Afinal, se não podemos escolher a família a que pertencemos, o lugar, a nacionalidade nem a época em que nascemos, ao menos em relação à nacionalidade ainda podemos tentar promover alguma mudança, aproximando a realidade de nossos sonhos ou desejos.
Assim, não acho nada absurdo que um jogador como Diego Costa queira se tornar cidadão espanhol, e assuma a nacionalidade do país que o acolheu e lhe deu tudo aquilo com que ele sonhava e não teve a oportunidade de conquistar em seu país de origem.
Também, cada vez mais ocorrem situações como a de Thiago Alcântara, o filho italiano de Mazinho que, por esse mesmo motivo é considerado um cidadão de dupla nacionalidade.
Aqui nesse caso, vale uma reflexão: que diferença significativa há entre o indivíduo que opta por uma nacionalidade e outro que opta pela nacionalidade de seu filho, muitas vezes, levando em conta questões como o fato de o filho ser um cidadão de um país de primeiro mundo, mais desenvolvido, ou de um outro, considerado da periferia do mundo?
E quantas vezes, já não ficamos sabendo de casos de pessoas que preferem, pelos motivos mais variados, alguns até mesmo ligados à questão de segurança pública e violência, mudar de armas e bagagens para outro país, com a intenção de constituir família, construir sua vida e adotar como domicílio definitivo?
***
Todas essas considerações que faço pretendem apenas retomar a questão que Juca Kfouri levantou no final de semana, a respeito do significado de um campeonato nacional de seleções, quando as nacionalidades estão tão embaralhadas.
Está certo que, para regular um pouco a questão, evitando abusos, a Fifa proíbe que um jogador, mesmo que tenha assumido nova nacionalidade, possa competir pela seleção do novo país, caso já tenha participado anteriormente de competição oficial defendendo outra bandeira.
Tal medida serve para impedir que uma seleção poderosa tivesse a ideia de contratar a peso de ouro os melhores jogadores do mundo em cada posição, formando um time imbatível.
Situação que lembra muito as peladas que disputávamos nos intervalos de aula, no Colégio, em que em um par ou ímpar pra lá de manipulado, acabava permitindo que um dos times fosse formado pelos melhores atletas, que depois que iniciavam a brincadeira, só saiam de quadra ao final do horário.
A experiência entretanto indica que, mesmo na época de escola, a formação de um time imbatível não era capaz de assegurar a invencibilidade em 100% das vezes. Afinal, como diz o ditado popular, o futebol é uma caixinha de surpresas, e às vezes, o Imponderável de Almeida acabava escalado para jogar no time contrário, que mesmo mais fraco, acabava tirando da quadra o "dream team".
***
Mas, ainda assim, acho que esse é um tema que deveria ser mais explorado, bem mais discutido por nossa imprensa, já que nos permite chegarmos à conclusão de que a seleção, qualquer que ela seja, está longe de se tornar a pátria de chuteiras, se é que já foi em algum momento.
E pensar que já houve até guerra entre países, provocada por disputas vinculadas à disputa dos jogos da fase de eliminatórias da Copa do Mundo.
Ou que já houve boicotes e/ou ameaças de boicotes aos jogos, por problemas que nada tinham com o futebol, estando mais relacionados a religião, disputa por fronteiras, etc.
Ou análises como a realizada por David Nasser, examinando como o resultado do selecionado canarinho influenciava o grau de otimismo do povo, o que acabava tendo reflexos no panorama político. De forma que, a conquista de uma Copa do Mundo acabava coincidindo com um momento positivo da política do país.
***
Talvez por esse motivo, embora seja voz corrente que na época de Copa do Mundo todo mundo torce, inclusive aqueles que não gostam de futebol ou nada entendem, o que se verifica no meio de alguns torcedores é uma paixão muito maior com seu time que com o destino ou resultado dos jogos da seleção que representa seu país.
Não discuto o direito de qualquer pessoa escolher a nacionalidade que queira ter. Afinal, se não podemos escolher a família a que pertencemos, o lugar, a nacionalidade nem a época em que nascemos, ao menos em relação à nacionalidade ainda podemos tentar promover alguma mudança, aproximando a realidade de nossos sonhos ou desejos.
Assim, não acho nada absurdo que um jogador como Diego Costa queira se tornar cidadão espanhol, e assuma a nacionalidade do país que o acolheu e lhe deu tudo aquilo com que ele sonhava e não teve a oportunidade de conquistar em seu país de origem.
Também, cada vez mais ocorrem situações como a de Thiago Alcântara, o filho italiano de Mazinho que, por esse mesmo motivo é considerado um cidadão de dupla nacionalidade.
Aqui nesse caso, vale uma reflexão: que diferença significativa há entre o indivíduo que opta por uma nacionalidade e outro que opta pela nacionalidade de seu filho, muitas vezes, levando em conta questões como o fato de o filho ser um cidadão de um país de primeiro mundo, mais desenvolvido, ou de um outro, considerado da periferia do mundo?
E quantas vezes, já não ficamos sabendo de casos de pessoas que preferem, pelos motivos mais variados, alguns até mesmo ligados à questão de segurança pública e violência, mudar de armas e bagagens para outro país, com a intenção de constituir família, construir sua vida e adotar como domicílio definitivo?
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Todas essas considerações que faço pretendem apenas retomar a questão que Juca Kfouri levantou no final de semana, a respeito do significado de um campeonato nacional de seleções, quando as nacionalidades estão tão embaralhadas.
Está certo que, para regular um pouco a questão, evitando abusos, a Fifa proíbe que um jogador, mesmo que tenha assumido nova nacionalidade, possa competir pela seleção do novo país, caso já tenha participado anteriormente de competição oficial defendendo outra bandeira.
Tal medida serve para impedir que uma seleção poderosa tivesse a ideia de contratar a peso de ouro os melhores jogadores do mundo em cada posição, formando um time imbatível.
Situação que lembra muito as peladas que disputávamos nos intervalos de aula, no Colégio, em que em um par ou ímpar pra lá de manipulado, acabava permitindo que um dos times fosse formado pelos melhores atletas, que depois que iniciavam a brincadeira, só saiam de quadra ao final do horário.
A experiência entretanto indica que, mesmo na época de escola, a formação de um time imbatível não era capaz de assegurar a invencibilidade em 100% das vezes. Afinal, como diz o ditado popular, o futebol é uma caixinha de surpresas, e às vezes, o Imponderável de Almeida acabava escalado para jogar no time contrário, que mesmo mais fraco, acabava tirando da quadra o "dream team".
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Mas, ainda assim, acho que esse é um tema que deveria ser mais explorado, bem mais discutido por nossa imprensa, já que nos permite chegarmos à conclusão de que a seleção, qualquer que ela seja, está longe de se tornar a pátria de chuteiras, se é que já foi em algum momento.
E pensar que já houve até guerra entre países, provocada por disputas vinculadas à disputa dos jogos da fase de eliminatórias da Copa do Mundo.
Ou que já houve boicotes e/ou ameaças de boicotes aos jogos, por problemas que nada tinham com o futebol, estando mais relacionados a religião, disputa por fronteiras, etc.
Ou análises como a realizada por David Nasser, examinando como o resultado do selecionado canarinho influenciava o grau de otimismo do povo, o que acabava tendo reflexos no panorama político. De forma que, a conquista de uma Copa do Mundo acabava coincidindo com um momento positivo da política do país.
***
Talvez por esse motivo, embora seja voz corrente que na época de Copa do Mundo todo mundo torce, inclusive aqueles que não gostam de futebol ou nada entendem, o que se verifica no meio de alguns torcedores é uma paixão muito maior com seu time que com o destino ou resultado dos jogos da seleção que representa seu país.
segunda-feira, 17 de março de 2014
Notícias dos campeonatos estaduais e suas dúvidas
Enquanto em Minas a primeira fase da competição estadual terminou sem qualquer surpresa, com a classificação de Cruzeiro (sobrando no campeonato), do Galão (melhor com os meninos que os cansados titulares), do América (viva o Coelhão de Tchô, que parece ter se acertado) e do Boa de Varginha, os campeonatos em outros estados estão gerando muita discussão.
Em Minas, o América ameaça mandar o primeiro jogo do quadrangular, em que enfrenta o Atlético, no Mineirão, abdicando de jogar em seu território, o Horto, em um reconhecimento claro de que o Independência pode não ser propriedade do Galo, mas é o seu terreiro.
Com a vantagem do Atlético de jogar por dois resultados iguais, jogar no Independência ou no Mineirão não deve ser elemento crucial para mudar a história do duelo entre os dois clubes. E das dificuldades que caracterizam o confronto e a rivalidade entre os dois times, embora admitindo algum favoritismo para o Galão.
Quanto ao Boa, não deve atrapalhar a caminhada do líder do Mineiro.
***
Mas, se as coisas em Minas terminaram como era esperado, em São Paulo, a derrota do São Paulo para o Ituano tem causado um tremendo alvoroço e acusações várias de que o time do Morumbi entregou o resultado, apenas para tirar o Corínthians da decisão.
Acusação feita até pelo técnico do time corintiano, Mano Menezes, talvez como forma de arranjar uma desculpa ou um bode expiatório a que transferir sua incompetência e a do seu time, para conquistar os pontos e vitórias necessárias que o permitissem ficar entre os oito melhores.
Ou seja, o Coringão conseguiu ficar apenas em nono lugar, ficando de fora da fase decisiva e o técnico do time acusa o São Paulo...
Ora, tivesse estrutura para vencer ontem, o time da Penapolense, e o Corínthians passaria de fase, independente do resultado do jogo do tricolor.
Quanto ao tricolor, pelos lances que a televisão mostrou nos melhores momentos, não acredito que o time da capital tenha entregado o jogo. Afinal, ele teve mais volume de jogo, e o Ituano, depois de marcar um gol no final do primeiro tempo, trancou-se atrás, como era de se esperar que fizesse, tornando-se alvo de um bombardeio do time são-paulino.
No entanto, do lado de lá havia um goleiro que pegou tanto que foi eleito pela crônica o melhor jogador em campo.
E é uma demonstração de soberba e de mau-caratismo, desconsiderar que o outro time era formado por homens de brio, profissionais que dariam o sangue para provar que estavam vivos no campeonato, embora a discussão durante toda a semana era de se o São Paulo ia ganhar ou perder propositadamente. Como se não tivesse que jogar primeiro, independente de qualquer coisa.
Ou seja, desprezou-se durante toda a semana, o time do Ituano. E os jogadores do time do interior resolveram mostrar que não deveriam ter sido ignorados ou desrespeitados.
***
Pois bem. De Mano, com quem não simpatizo, não devemos mesmo esperar muito.
Nem como técnico, como ficou demonstrado com a desclassificação do time dele, depois de uma campanha que levou seu mais fanático torcedor a adoção de comportamentos que mostram bem o drama que estavam passando.
Embora a reação dos torcedores com invasão do centro de treinamento, ameaças e agressões aos jogadores, seja deplorável e digna de criminosos mais que de apaixonados por futebol.
Em Minas, o América ameaça mandar o primeiro jogo do quadrangular, em que enfrenta o Atlético, no Mineirão, abdicando de jogar em seu território, o Horto, em um reconhecimento claro de que o Independência pode não ser propriedade do Galo, mas é o seu terreiro.
Com a vantagem do Atlético de jogar por dois resultados iguais, jogar no Independência ou no Mineirão não deve ser elemento crucial para mudar a história do duelo entre os dois clubes. E das dificuldades que caracterizam o confronto e a rivalidade entre os dois times, embora admitindo algum favoritismo para o Galão.
Quanto ao Boa, não deve atrapalhar a caminhada do líder do Mineiro.
***
Mas, se as coisas em Minas terminaram como era esperado, em São Paulo, a derrota do São Paulo para o Ituano tem causado um tremendo alvoroço e acusações várias de que o time do Morumbi entregou o resultado, apenas para tirar o Corínthians da decisão.
Acusação feita até pelo técnico do time corintiano, Mano Menezes, talvez como forma de arranjar uma desculpa ou um bode expiatório a que transferir sua incompetência e a do seu time, para conquistar os pontos e vitórias necessárias que o permitissem ficar entre os oito melhores.
Ou seja, o Coringão conseguiu ficar apenas em nono lugar, ficando de fora da fase decisiva e o técnico do time acusa o São Paulo...
Ora, tivesse estrutura para vencer ontem, o time da Penapolense, e o Corínthians passaria de fase, independente do resultado do jogo do tricolor.
Quanto ao tricolor, pelos lances que a televisão mostrou nos melhores momentos, não acredito que o time da capital tenha entregado o jogo. Afinal, ele teve mais volume de jogo, e o Ituano, depois de marcar um gol no final do primeiro tempo, trancou-se atrás, como era de se esperar que fizesse, tornando-se alvo de um bombardeio do time são-paulino.
No entanto, do lado de lá havia um goleiro que pegou tanto que foi eleito pela crônica o melhor jogador em campo.
E é uma demonstração de soberba e de mau-caratismo, desconsiderar que o outro time era formado por homens de brio, profissionais que dariam o sangue para provar que estavam vivos no campeonato, embora a discussão durante toda a semana era de se o São Paulo ia ganhar ou perder propositadamente. Como se não tivesse que jogar primeiro, independente de qualquer coisa.
Ou seja, desprezou-se durante toda a semana, o time do Ituano. E os jogadores do time do interior resolveram mostrar que não deveriam ter sido ignorados ou desrespeitados.
***
Pois bem. De Mano, com quem não simpatizo, não devemos mesmo esperar muito.
Nem como técnico, como ficou demonstrado com a desclassificação do time dele, depois de uma campanha que levou seu mais fanático torcedor a adoção de comportamentos que mostram bem o drama que estavam passando.
Embora a reação dos torcedores com invasão do centro de treinamento, ameaças e agressões aos jogadores, seja deplorável e digna de criminosos mais que de apaixonados por futebol.
Editorial de sábado da Folha se refere ao comportamento autoritário de Aécio
Interessante e curioso o editorial da Folha de São Paulo de sábado, intitulado de Minas a Pequim.
Para os que não tiveram a oportunidade de ler a publicação, o texto se inicia da seguinte forma, que transcrevo:
"Vale começar por um exemplo hipotético. Muitos petistas continuam aferrados à tese de que alguns - se não todos - condenados pelo mensalão não cometeram os crimes de que foram acusados.
Seria interessante imaginar o que aconteceria se recorressem à Justiça para expurgar da internet qualquer referência a seus nomes que os ligasse às palavras "quadrilha", "corrupto" ou "ladrão".
Não faltariam protestos contra essa atitude....Mais uma vez, identificar-se-ia o infame vezo da esquerda autoritária de esmagar a liberdade dos que não se submetem a suas opiniões."....
Bem, o texto segue comentando que um dos pré-candidatos à Presidência adotou exatamente a postura que a Folha cita como hipótese. E, embora derrotado em primeira instância, recorreu ao Tribunal de Justiça.
Quer por que quer vincular seu nome, como diz a Folha, às buscas que associem seu nome, apenas a censura e regime ditatorial.
Um espanto, não fosse o citado candidato quem é, com demonstrações de exercício de autoritarismo tão comuns e frequentes.
O que poderia nos levar a crer tratar-se do candidato ideal para um país que deseja reeditar a vergonhosa Marcha da Família com Deus pela Liberdade e sabe-se mais o que, já que é nítido o interesse e a defesa pela volta dos militares ao poder, segundo os infelizes desmemoriados que estão na organização de tal evento.
***
Curioso é que, exatamente esse tipo de sentimento, de baderna, de falta de autoridade, de falta de ordem e progresso. Esse desejo de que os militares voltassem ao poder para promover a limpeza de nossa política tão corrompida e conspurcada, ganhou muita evidência e defesa, quando dos movimentos de junho do ano passado e o surgimento dos black blocks, e seu comportamento tão curiosamente contrário à livre manifestação da vontade popular. Especialmente com a presença de alguns personagens de perfil e modos ligados aos "carecas".
***
Mas vale, de qualquer forma, procurar se informar sobre os fatos tratados pela Folha e ficar de olho no comportamento do candidato.
Afinal, mesmo com um comportamento tão pouco democrático, ele pode vir a se tornar uma das vítimas do movimento que, sem perceber, trata de fortalecer com suas atitudes.
Para os que não tiveram a oportunidade de ler a publicação, o texto se inicia da seguinte forma, que transcrevo:
"Vale começar por um exemplo hipotético. Muitos petistas continuam aferrados à tese de que alguns - se não todos - condenados pelo mensalão não cometeram os crimes de que foram acusados.
Seria interessante imaginar o que aconteceria se recorressem à Justiça para expurgar da internet qualquer referência a seus nomes que os ligasse às palavras "quadrilha", "corrupto" ou "ladrão".
Não faltariam protestos contra essa atitude....Mais uma vez, identificar-se-ia o infame vezo da esquerda autoritária de esmagar a liberdade dos que não se submetem a suas opiniões."....
Bem, o texto segue comentando que um dos pré-candidatos à Presidência adotou exatamente a postura que a Folha cita como hipótese. E, embora derrotado em primeira instância, recorreu ao Tribunal de Justiça.
Quer por que quer vincular seu nome, como diz a Folha, às buscas que associem seu nome, apenas a censura e regime ditatorial.
Um espanto, não fosse o citado candidato quem é, com demonstrações de exercício de autoritarismo tão comuns e frequentes.
O que poderia nos levar a crer tratar-se do candidato ideal para um país que deseja reeditar a vergonhosa Marcha da Família com Deus pela Liberdade e sabe-se mais o que, já que é nítido o interesse e a defesa pela volta dos militares ao poder, segundo os infelizes desmemoriados que estão na organização de tal evento.
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Curioso é que, exatamente esse tipo de sentimento, de baderna, de falta de autoridade, de falta de ordem e progresso. Esse desejo de que os militares voltassem ao poder para promover a limpeza de nossa política tão corrompida e conspurcada, ganhou muita evidência e defesa, quando dos movimentos de junho do ano passado e o surgimento dos black blocks, e seu comportamento tão curiosamente contrário à livre manifestação da vontade popular. Especialmente com a presença de alguns personagens de perfil e modos ligados aos "carecas".
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Mas vale, de qualquer forma, procurar se informar sobre os fatos tratados pela Folha e ficar de olho no comportamento do candidato.
Afinal, mesmo com um comportamento tão pouco democrático, ele pode vir a se tornar uma das vítimas do movimento que, sem perceber, trata de fortalecer com suas atitudes.
sábado, 15 de março de 2014
Discurso para a colação de grau do curso de Ciências Econômicas da UNA
Ao longo
da história, nazistas negaram aos judeus o direito à vida. Ainda hoje, alguns
povos se julgam superiores a muçulmanos, que se julgam superiores a cristãos,
que se julgam superiores aos adeptos das religiões afro.
Em nossa
sociedade, alguns de nós se acham superiores aos homossexuais e, casos recentes
demonstram como alguns se sentem superiores a outros com base na cor da pele,
indiferente ao fato de o outro ser um atleta como Tinga ou Arouca ou um juiz de
futebol. Ou em sã consciência, alguém duvida que Glenn Ford, o homem que passou
30 anos esperando a execução da sentença que o condenou à morte, mesmo sendo
inocente, não teve a seu desfavor a cor da pele?
Por isso,
não deveria ser surpreendente verificar que ainda há aqueles que se sentem
superiores apenas por sua posição social ou tipo de trabalho ou meio de
transporte, como nos mostra a reação e críticas nas redes sociais à atriz
Lucélia Santos, fotografada andando de ônibus.
Tão
surreal a situação, que essa sensação de superioridade por força de condições
sociais e do trabalho exercido tornou-se base de uma tese, provando como um ser
humano, pelo tipo de seu trabalho pode tornar-se invisível.
Nesta
sociedade que segrega os menos favorecidos, a fome ameaça 1,2 bilhão de
pessoas. Embora tenhamos a atenção mais atraída por aqueles que, bafejados pelo
prêmio da loteria biológica, lutem contra a obesidade. Em suas famílias, podem se
dar ao luxo de optarem por comer menos, para não engordarem.
Como diz
Frei Betto clonam-se corpos, não a justiça. E a preocupação com a estética dos
corpos não permite espaço para que valores, subjetividades, utopias e
espiritualidades sejam discutidos.
A forma
como a economia lida com os corpos, revela a política de uma sociedade. Onde os
objetos de luxo preocupam mais que o modo como trabalhadores são tratados ou
destratados, onde o valor do dinheiro se
sobrepõe ao das vidas humanas e as guerras tornam-se motor de prosperidade, é
preciso de nos perguntarmos que sociedade estamos ajudando a construir.
Reclamamos
da insegurança e violência, sem percebermos que reproduzimos o ambiente em que
o homem permanece sendo o lobo do homem, como mostram os casos recentes em que
a população, entende e aceita o direito de fazer justiça com as próprias mãos.
Brigamos
por reduzir a maioridade penal, entretanto, a maioria da população mundial
nasce para morrer antes do tempo e isso não nos preocupa.
Vivemos
uma sociedade caracterizada pela privatização da moral o que a torna paradoxal:
juridicamente repressivas mas economicamente liberais. Como indivíduos, não
podemos fugir do padrão ético predominante nas relações sociais reguladas.
Entretanto, temos a nossa disposição, no mercado e sujeito à lei da oferta e
procura, uma série infindável de imoralidades. Que quanto mais forem condenadas,
mais ampliam seu valor de mercado.
O que
permite, enfim, que se realize o objetivo real do mundo que estamos
construindo: a acumulação de riquezas em mãos de uma minoria que se destaca cada
vez mais como especial. Quem sabe, superior?
Não nos
apercebemos de que a imoralidade e violência cumprem a função de desviar nossa
atenção do pecado social, que explora a maioria da população e nos reduz a um
monte de nulidades.
Essa
privatização da moral serve para camuflar o fato de que a moral que praticamos
individualmente e nos torna virtuosos, aplaca nossa consciência. Afinal,
assumimos comportamentos que nos tornam bons, justos, honestos.
E
contraditoriamente, com a consciência limpa, aceitamos a ideia de que
preocupações sociais escapem à nossa responsabilidade pessoal, transferindo tal
responsabilidade para os que participam diretamente do poder.
E
passamos a cobrar o governo, a quem culpamos por toda a nossa passividade e inércia
ou fuga.
O que me
lembra de uma piada da internet, sobre a expressão que fazia sucesso nos início
dos anos 60, quando a tv brasileira exibia o seriado do herói Lone Ranger, aqui
batizado de Zorro, sempre acompanhado de seu fiel e servil índio Tonto: um dia
Zorro e Tonto encontram-se encurralados por índios sioux de um lado; comanches,
apaches e moicanos pelos outros lados. Quando acaba a munição, Zorro se
lamenta: "Nós estamos perdidos, Tonto". Tonto faz sua melhor pose de
índio, capricha no sotaque e responde: "Nós, quem, cara-pálida?".
Expressão
que capaz de expressar rápida e eficazmente, como uma pessoa tenta se esquivar
da tentativa de um amigo, de envolvê-la em um problema particular.
De quebra, transmite a ironia de um comportamento que se de um lado
aprova quem deseja desfrutar sozinho dos sucessos, por outro lado admite que,
na hora do aperto, os problemas devam ser compartilhados.
É, a
história fala de todos nós.
Mas,
estou certo de que vocês, formandos hoje, que contam com a solidez de
princípios e valores que seus pais e familiares lhes transmitiram, o que me leva a agradecer-lhes e cumprimentá-los,
felicitando a cada um deles, saberão evitar as armadilhas a que nos referimos.
Jovens, inteligentes,
esforçados como ficou demonstrado em todo esse tempo dispendido para chegarem a
esse momento; formados por professores e profissionais aptos a lhes fornecerem
as ferramentas para que usem o conhecimento e experiência acumulados menos em
proveito próprio mas em prol de toda a sociedade, sei que saberão lutar pela
construção de uma sociedade mais justa e mais digna.
Ao vê-los iniciarem suas
brilhantes jornadas, trago a certeza de que não me decepcionarão: vocês irão
fazer a diferença. Em todo lugar. E sempre.
Obrigado.
quinta-feira, 13 de março de 2014
Guerra Política, ou como o que deveria ser trivial pode virar arma de chantagem
Sempre soube que entre outras finalidades, uma inerente ao funcionamento do Congresso Nacional é a de fiscalizar, em nome da sociedade, as ações e atos do governo e de seus oficiais.
Em qualquer pais dito civilizado esse é um comportamento padrão, tradicional, e não são poucas as vezes que assistimos nos noticiários televisivos que os primeiros ministros, ou outros ministros quaisquer compareceram ao Legislativo, para prestar contas de suas atividades e dos resultados obtidos.
Tudo bem, que em alguns desses países, o regime de governo é parlamentarista, o que por si só já faz uma diferença enorme, no que tange ao comportamento do Congresso e seu poder, ou na necessidade e compreensão da importância de se prestar satisfações àqueles que detêm o poder...
Daí eu deveria prosseguir dizendo que foi muito grande minha surpresa com a reação provocada pelo fato de nosso Congresso ter aprovado a convocação de autoridades do governo, repito, ato que deveria ser trivial. Para mim, surpresa é que não convocassem mais vezes, maior número de autoridades.
Mas, eu deveria dizer isso e registrar aqui, não fosse o fato de saber que estamos no Brasil. Em pleno regime presidencialista, para alguns o regime que assegura o poder ditatorial por um período limitado de tempo ao Executivo.
Onde o presidente, ou presidenta, precisa de costurar acordos os mais esdrúxulos, com partidos os mais díspares e com interesses e ideologias as mais distintas, para assegurar um arremedo de governabilidade.
Onde o PMDB, esse partido de altos negócios e baixíssimos pruridos éticos e morais, detém a segunda maior bancada da Casa, e integrante do bloco de coalizão governista, é também e ao mesmo tempo, o principal partido oposicionista.
Claro, tudo para que sua ganância e a de seus integrantes possa ser atendida, seja por cargos, seja por verbas, seja por direito de indicar aqueles que integrarão os quadros diretivos seja onde esses cargos existirem.
***
Nessa terra de práticas políticas tão aviltadas, e só mesmo aqui, o que deveria ser uma rotina ganha a dimensão de uma chantagem ao governo. Pior, o cumprimento do papel institucional, ganha o status de uma vitória política contra o Executivo. Repercute na midia como a demonstração inequívoca de uma crise política quase uma guerra, capaz de minar os alicerces da nossa democracia.
***
Tão absurda a situação, à que se soma o fato de a imprensa ainda querer pintar com cores muito mais catastróficas, fazendo assumir contornos muito mais graves, mercê de interesses políticos inconfessos, por mais que suficientemente escancarados, que passamos a entender o porque do governo tentar barrar, invariavelmente, qualquer convocação de autoridades ao Congresso.
Tão surreal, que é capaz de vermos o governo ter de ceder à chantagem de um partido que apenas quer assegurar-se mais vantagens, em detrimento da coisa pública, da RES Publica, como os membros desse grupelho costumam encher a boca para a ela se referirem.
E, ao vermos o governo ceder às pressões, assistirmos aos comentaristas políticos ocuparem os espaços midiáticos para criticarem o jogo de corrupção que traz a marca do governo.
***
Triste, sim. Mas, Brasil. Sinal de que a reforma política não é apenas urgente, como tem que ser imediatamente retomada.
Entrando na fila imediatamente atrás da reforma mais importante que devemos começar a discutir: a reforma de caráter em nosso país. De todos nós, políticos eleitores ou políticos eleitos.
Em qualquer pais dito civilizado esse é um comportamento padrão, tradicional, e não são poucas as vezes que assistimos nos noticiários televisivos que os primeiros ministros, ou outros ministros quaisquer compareceram ao Legislativo, para prestar contas de suas atividades e dos resultados obtidos.
Tudo bem, que em alguns desses países, o regime de governo é parlamentarista, o que por si só já faz uma diferença enorme, no que tange ao comportamento do Congresso e seu poder, ou na necessidade e compreensão da importância de se prestar satisfações àqueles que detêm o poder...
Daí eu deveria prosseguir dizendo que foi muito grande minha surpresa com a reação provocada pelo fato de nosso Congresso ter aprovado a convocação de autoridades do governo, repito, ato que deveria ser trivial. Para mim, surpresa é que não convocassem mais vezes, maior número de autoridades.
Mas, eu deveria dizer isso e registrar aqui, não fosse o fato de saber que estamos no Brasil. Em pleno regime presidencialista, para alguns o regime que assegura o poder ditatorial por um período limitado de tempo ao Executivo.
Onde o presidente, ou presidenta, precisa de costurar acordos os mais esdrúxulos, com partidos os mais díspares e com interesses e ideologias as mais distintas, para assegurar um arremedo de governabilidade.
Onde o PMDB, esse partido de altos negócios e baixíssimos pruridos éticos e morais, detém a segunda maior bancada da Casa, e integrante do bloco de coalizão governista, é também e ao mesmo tempo, o principal partido oposicionista.
Claro, tudo para que sua ganância e a de seus integrantes possa ser atendida, seja por cargos, seja por verbas, seja por direito de indicar aqueles que integrarão os quadros diretivos seja onde esses cargos existirem.
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Nessa terra de práticas políticas tão aviltadas, e só mesmo aqui, o que deveria ser uma rotina ganha a dimensão de uma chantagem ao governo. Pior, o cumprimento do papel institucional, ganha o status de uma vitória política contra o Executivo. Repercute na midia como a demonstração inequívoca de uma crise política quase uma guerra, capaz de minar os alicerces da nossa democracia.
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Tão absurda a situação, à que se soma o fato de a imprensa ainda querer pintar com cores muito mais catastróficas, fazendo assumir contornos muito mais graves, mercê de interesses políticos inconfessos, por mais que suficientemente escancarados, que passamos a entender o porque do governo tentar barrar, invariavelmente, qualquer convocação de autoridades ao Congresso.
Tão surreal, que é capaz de vermos o governo ter de ceder à chantagem de um partido que apenas quer assegurar-se mais vantagens, em detrimento da coisa pública, da RES Publica, como os membros desse grupelho costumam encher a boca para a ela se referirem.
E, ao vermos o governo ceder às pressões, assistirmos aos comentaristas políticos ocuparem os espaços midiáticos para criticarem o jogo de corrupção que traz a marca do governo.
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Triste, sim. Mas, Brasil. Sinal de que a reforma política não é apenas urgente, como tem que ser imediatamente retomada.
Entrando na fila imediatamente atrás da reforma mais importante que devemos começar a discutir: a reforma de caráter em nosso país. De todos nós, políticos eleitores ou políticos eleitos.
Maior posse de bola atrás é jogar contra o nosso patrimônio. E é assim que o Galo está jogando... covardemente
Semana ruim para os clubes brasileiros, principalmente os mineiros.
Nem tanto pela derrota do outro time, mas pelo resultado do jogo do Galo, em gol de penalty marcado com um rigor tão excessivo que sou levado a crer que, fosse contrária a situação e o juiz não teria marcado aquela penalidade contra o time da casa.
Mas, por pior que possa ter sido, o Galo ainda saiu de alguma forma beneficiado com o resultado da outra partida de ontem, em que o Zamora, time considerado mais fraco, acabou obtendo a vitória.
E enquanto o Galo chega aos sete pontos, mantendo a liderança do grupo, os demais times embolam com 4 pontos o Nacional, e três pontos cada os dois restantes.
Na semana que vem, contra o Nacional, o Atlético tem condições de definir já sua classificação, jogando no Horto, o que lhe dará maior tranquilidade.
Mas perdeu uma chance de ouro na noite de ontem.
E, pior, perdeu, momentaneamente a possibilidade de terminar a fase de grupos como o time de melhor campanha, que significa a vantagem de jogar sempre em casa a última partida da fase de mata-mata.
Embora ainda tenha muito chão pela frente, resta agora torcer para que também o Grêmio tropece, já que até o momento é o time gaúcho que apresenta a melhor campanha.
***
Com relação ao jogo, apenas vou dizer que vi a repetição de tudo que o Atlético de Autuori vem mostrando até aqui: uma defesa desarrumada; um ataque que não sabe jogar pelas pontas, procurando sempre jogar embolando pelo meio; Ronaldinho Gaúcho ainda pouco eficiente para o time, embora vez ou outra apresente lampejos que nos fazem lembrar do craque que é; Fernandinho completamente apagado, ao menos no segundo tempo, e excessivamente individualista, embora de duas ou três arrancadas que tentou na etapa final surgiram os lances de maior perigo do Galo e, por fim, um Tardelli completamente displicente. Apático, a maioria das vezes.
***
Dizem os comentaristas que o time já consegue mostrar o dedo de Autuori em sua forma de jogar. Segundo eles, ao contrário do time de Cuca, que era mais objetivo em seu comportamento de verticalidade, rumo ao gol adversário, fruto do jogo de chutão ou ligação direta com o ataque, Autuori privilegia o toque de bola, a trama de jogadas e a retenção da bola por maior quantidade de tempo. O resultado é que, em alguns momentos, as estatísticas mostravam que o Atlético detinha a posse de bola em 60% do tempo de jogo.
Outros analistas dizem que Autuori gosta que seu time jogue com os volantes liberados para subirem ao ataque e aparecerem mais como elementos surpresa.
Daí, segundo eles, a explicação do gol de Josué, ontem.
Insistem que essa é a forma moderna de um volante jogar, ao estilo do que se vê no futebol e nos campeonatos europeus.
Mais uma vez, como se percebe, o complexo de vira-lata, que nos faz copiar o que outros estão fazendo, como se nosso futebol não tivesse se destacado e alcançado suas maiores conquistas e toda sua glória exatamente por ser diferente do futebol praticado nos demais países.
***
Ok. Que seja o dedo de Autuori o responsável pelo time se acovardar no segundo tempo, a ponto de recuarmos tanto que o Nacional, mesmo sem qualquer objetividade nos pressionou todo o tempo.
Razão por que eu temia ou tremia, a cada vez que eles avançavam contra o gol de Victor. Afinal, nunca se sabe se em algum momento, por acaso ou sorte, um chute de fora da área não possa nos surpreender. Ou um lance fortuito de rigor do árbitro, como a bola que tocou o braço de Otamendi.
E de que adianta, agora, Autuori reconhecer falhas no segundo tempo, que se somaram àquelas apresentadas pelo sistema defensivo no início do primeiro?
E as substituições, então?
Tudo bem que Josué não estava bem, perdendo muitos passes. Mas em que Donizete fez diferente? Errou passes e fez jogadas bisonhas.
E quanto à entrada de Rosinei no lugar de Ronaldinho, tirando uma das poucas possibilidades de levarmos perigo ao gol adversário?
Rosinei entrou para fechar o meio, dizem. Mas era apenas a confirmação de que o Galo abdicava do jogo, para procurar segurar o resultado.
***
De mais a mais, posso estar errado, mas dar preferência a um tipo de jogo que retém mais a bola e valoriza sua posse por si só não significa nada.
Porque em que parte do campo estamos mantendo a posse da bola? Se for como no jogo de ontem, em nosso próprio campo, isso apenas serve para chamar o time adversário para cima de nossa defesa. Isso apenas dá ao time contrário a oportunidade de jogar no sufoco.
Enfim, o resultado acabou não sendo tão ruim. Mas, continuo com todos os pés atrás contra esse time que tem a feição de Autuori.
Nem tanto pela derrota do outro time, mas pelo resultado do jogo do Galo, em gol de penalty marcado com um rigor tão excessivo que sou levado a crer que, fosse contrária a situação e o juiz não teria marcado aquela penalidade contra o time da casa.
Mas, por pior que possa ter sido, o Galo ainda saiu de alguma forma beneficiado com o resultado da outra partida de ontem, em que o Zamora, time considerado mais fraco, acabou obtendo a vitória.
E enquanto o Galo chega aos sete pontos, mantendo a liderança do grupo, os demais times embolam com 4 pontos o Nacional, e três pontos cada os dois restantes.
Na semana que vem, contra o Nacional, o Atlético tem condições de definir já sua classificação, jogando no Horto, o que lhe dará maior tranquilidade.
Mas perdeu uma chance de ouro na noite de ontem.
E, pior, perdeu, momentaneamente a possibilidade de terminar a fase de grupos como o time de melhor campanha, que significa a vantagem de jogar sempre em casa a última partida da fase de mata-mata.
Embora ainda tenha muito chão pela frente, resta agora torcer para que também o Grêmio tropece, já que até o momento é o time gaúcho que apresenta a melhor campanha.
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Com relação ao jogo, apenas vou dizer que vi a repetição de tudo que o Atlético de Autuori vem mostrando até aqui: uma defesa desarrumada; um ataque que não sabe jogar pelas pontas, procurando sempre jogar embolando pelo meio; Ronaldinho Gaúcho ainda pouco eficiente para o time, embora vez ou outra apresente lampejos que nos fazem lembrar do craque que é; Fernandinho completamente apagado, ao menos no segundo tempo, e excessivamente individualista, embora de duas ou três arrancadas que tentou na etapa final surgiram os lances de maior perigo do Galo e, por fim, um Tardelli completamente displicente. Apático, a maioria das vezes.
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Dizem os comentaristas que o time já consegue mostrar o dedo de Autuori em sua forma de jogar. Segundo eles, ao contrário do time de Cuca, que era mais objetivo em seu comportamento de verticalidade, rumo ao gol adversário, fruto do jogo de chutão ou ligação direta com o ataque, Autuori privilegia o toque de bola, a trama de jogadas e a retenção da bola por maior quantidade de tempo. O resultado é que, em alguns momentos, as estatísticas mostravam que o Atlético detinha a posse de bola em 60% do tempo de jogo.
Outros analistas dizem que Autuori gosta que seu time jogue com os volantes liberados para subirem ao ataque e aparecerem mais como elementos surpresa.
Daí, segundo eles, a explicação do gol de Josué, ontem.
Insistem que essa é a forma moderna de um volante jogar, ao estilo do que se vê no futebol e nos campeonatos europeus.
Mais uma vez, como se percebe, o complexo de vira-lata, que nos faz copiar o que outros estão fazendo, como se nosso futebol não tivesse se destacado e alcançado suas maiores conquistas e toda sua glória exatamente por ser diferente do futebol praticado nos demais países.
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Ok. Que seja o dedo de Autuori o responsável pelo time se acovardar no segundo tempo, a ponto de recuarmos tanto que o Nacional, mesmo sem qualquer objetividade nos pressionou todo o tempo.
Razão por que eu temia ou tremia, a cada vez que eles avançavam contra o gol de Victor. Afinal, nunca se sabe se em algum momento, por acaso ou sorte, um chute de fora da área não possa nos surpreender. Ou um lance fortuito de rigor do árbitro, como a bola que tocou o braço de Otamendi.
E de que adianta, agora, Autuori reconhecer falhas no segundo tempo, que se somaram àquelas apresentadas pelo sistema defensivo no início do primeiro?
E as substituições, então?
Tudo bem que Josué não estava bem, perdendo muitos passes. Mas em que Donizete fez diferente? Errou passes e fez jogadas bisonhas.
E quanto à entrada de Rosinei no lugar de Ronaldinho, tirando uma das poucas possibilidades de levarmos perigo ao gol adversário?
Rosinei entrou para fechar o meio, dizem. Mas era apenas a confirmação de que o Galo abdicava do jogo, para procurar segurar o resultado.
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De mais a mais, posso estar errado, mas dar preferência a um tipo de jogo que retém mais a bola e valoriza sua posse por si só não significa nada.
Porque em que parte do campo estamos mantendo a posse da bola? Se for como no jogo de ontem, em nosso próprio campo, isso apenas serve para chamar o time adversário para cima de nossa defesa. Isso apenas dá ao time contrário a oportunidade de jogar no sufoco.
Enfim, o resultado acabou não sendo tão ruim. Mas, continuo com todos os pés atrás contra esse time que tem a feição de Autuori.
terça-feira, 11 de março de 2014
Copa do Mundo ou copa da pilantragem? Como a Fifa age para levar vantagem em tudo...
A informação já era de meu conhecimento, mas eu aguardava uma confirmação que veio hoje no caderno Mercado da Folha de São Paulo. Diz respeito ao fato de a Fifa estar devolvendo, ou eufemisticamente falando, desbloqueando 50% dos quartos que a operadora oficial de turismo daquela entidade, a Match Services, reservou antecipadamente para a Copa do Mundo.
A informação que me havia chegado era que a devolução apenas em Belo Horizonte atingiu a 40% dos quartos reservados, frustrando os digamos, planos de exploração do turista por ocasião da competição esportiva e os lucros projetados pela ganância de quem embora devesse organizar um evento esportivo, está muito mais preocupada com a obtenção de ganhos que com a competição.
***
Para entender melhor a questão, é importante esclarecer que a Match é uma empresa de propriedade de dois irmãos mexicanos, criada em 2007 para comercializar pacotes de ingressos e acomodações para a Copa. Embora nova, seus proprietários, conforme a notícia da Folha participam desde 1986 - a segunda Copa realizada no México - desse tipo de comércio de ingressos.
Seu objetivo explicitado é o de locar quartos para o Comitê organizador, delegações e empresas parceiras do evento.
Para alcançar seu intento, ela faz uma pré-reserva dos quartos de hotel, tendo chegado aqui no Brasil a reservar leitos em mais de 800 hotéis, em 108 cidades, as 12 sedes dos jogos e cidades próximas.
A partir daí, a comercialização dos quartos deixava de ser feita com os estabelecimentos hoteleiros, passando a ser realizada com a Match, o que fez com que os preços de diárias desse um salto de até 50%.
Sob suspeita de prática de cartel, a operadora está inclusive, como a reportagem da Folha informa, sendo objeto de investigação pela Comissão de Defesa do Consumidor.
***
Em função à baixa demanda, agora no início do ano, a operadora resolveu desbloquear ou cancelar as pré-reservas de quartos, deixando a rede hoteleira com um mico: como obter receita para compensar os gastos em que já pudessem ter incorrido, na expectativa de que teriam taxas de ocupação quase total?
E como, a menos de 100 dias da Copa, conseguir superarem a decepção provocada pela operadora da Fifa.
Acredito que algum tipo de contrato, estabelecendo alguma penalidade ou multa deva ter sido assinado pelos hotéis com a Match, mas ainda assim, sabe-se que vários hotéis investiram em cursos para seu pessoal, contrataram mais pessoas, alguns fizeram reformas de móveis e utensílios e até pequenas reformas nas acomodações. Isso até sem falar nos novos empreendimentos que foram lançados e nos novos hotéis construídos especialmente visando o fluxo de torcedores para a Copa.
Quem arca com o total dos prejuízos?
***
Do lado do povo, como as notícias dão a entender que a maioria dos ingressos para os jogos foram adquiridos por brasileiros mesmos, o que se pode especular é que os turistas internos é que serão as maiores vítimas do abuso na cobrança das diárias.
Ou seja, não bastava terem de pagar relativamente caro para assistirem aos jogos, nem pagarem também preços elevados de passagens aéreas e/ou terrestres para se deslocarem até as cidades em que os jogos serão realizados, ainda são explorados por uma operadora de turismo ligada à Fifa, isso sem contar em que todo e qualquer tipo de produto relacionado à Copa deve ser autorizada e paga royalties à entidade máxima do futebol, o que os torna obviamente mais caros.
Talvez essa seja a explicação para o fato de todos os países escolhidos para sede da Copa do Mundo se transformarem em vítimas de um movimento de elevação de preços, nitidamente vinculado ao evento, mas cujas consequências são suportadas e causam efeitos que ultrapassam o período de realização da competição.
***
Para não perder a oportunidade, poderíamos dizer enfim que esse é o verdadeiro padrão Fifa de Copa do Mundo, fundado na exploração de incautos e daqueles que ainda insistem em acreditar que o futebol permanece como esporte, ele que já trafega pela mesma estrada que quase nocauteou o boxe, de negociatas e muita corrupção e desvios de grana.
A informação que me havia chegado era que a devolução apenas em Belo Horizonte atingiu a 40% dos quartos reservados, frustrando os digamos, planos de exploração do turista por ocasião da competição esportiva e os lucros projetados pela ganância de quem embora devesse organizar um evento esportivo, está muito mais preocupada com a obtenção de ganhos que com a competição.
***
Para entender melhor a questão, é importante esclarecer que a Match é uma empresa de propriedade de dois irmãos mexicanos, criada em 2007 para comercializar pacotes de ingressos e acomodações para a Copa. Embora nova, seus proprietários, conforme a notícia da Folha participam desde 1986 - a segunda Copa realizada no México - desse tipo de comércio de ingressos.
Seu objetivo explicitado é o de locar quartos para o Comitê organizador, delegações e empresas parceiras do evento.
Para alcançar seu intento, ela faz uma pré-reserva dos quartos de hotel, tendo chegado aqui no Brasil a reservar leitos em mais de 800 hotéis, em 108 cidades, as 12 sedes dos jogos e cidades próximas.
A partir daí, a comercialização dos quartos deixava de ser feita com os estabelecimentos hoteleiros, passando a ser realizada com a Match, o que fez com que os preços de diárias desse um salto de até 50%.
Sob suspeita de prática de cartel, a operadora está inclusive, como a reportagem da Folha informa, sendo objeto de investigação pela Comissão de Defesa do Consumidor.
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Em função à baixa demanda, agora no início do ano, a operadora resolveu desbloquear ou cancelar as pré-reservas de quartos, deixando a rede hoteleira com um mico: como obter receita para compensar os gastos em que já pudessem ter incorrido, na expectativa de que teriam taxas de ocupação quase total?
E como, a menos de 100 dias da Copa, conseguir superarem a decepção provocada pela operadora da Fifa.
Acredito que algum tipo de contrato, estabelecendo alguma penalidade ou multa deva ter sido assinado pelos hotéis com a Match, mas ainda assim, sabe-se que vários hotéis investiram em cursos para seu pessoal, contrataram mais pessoas, alguns fizeram reformas de móveis e utensílios e até pequenas reformas nas acomodações. Isso até sem falar nos novos empreendimentos que foram lançados e nos novos hotéis construídos especialmente visando o fluxo de torcedores para a Copa.
Quem arca com o total dos prejuízos?
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Do lado do povo, como as notícias dão a entender que a maioria dos ingressos para os jogos foram adquiridos por brasileiros mesmos, o que se pode especular é que os turistas internos é que serão as maiores vítimas do abuso na cobrança das diárias.
Ou seja, não bastava terem de pagar relativamente caro para assistirem aos jogos, nem pagarem também preços elevados de passagens aéreas e/ou terrestres para se deslocarem até as cidades em que os jogos serão realizados, ainda são explorados por uma operadora de turismo ligada à Fifa, isso sem contar em que todo e qualquer tipo de produto relacionado à Copa deve ser autorizada e paga royalties à entidade máxima do futebol, o que os torna obviamente mais caros.
Talvez essa seja a explicação para o fato de todos os países escolhidos para sede da Copa do Mundo se transformarem em vítimas de um movimento de elevação de preços, nitidamente vinculado ao evento, mas cujas consequências são suportadas e causam efeitos que ultrapassam o período de realização da competição.
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Para não perder a oportunidade, poderíamos dizer enfim que esse é o verdadeiro padrão Fifa de Copa do Mundo, fundado na exploração de incautos e daqueles que ainda insistem em acreditar que o futebol permanece como esporte, ele que já trafega pela mesma estrada que quase nocauteou o boxe, de negociatas e muita corrupção e desvios de grana.
segunda-feira, 10 de março de 2014
O Galo e o medo que não se afasta nem depois das fantasias de carnaval
Enfim, acabou o carnaval e agora sim, começa o ano de 2014, conforme diz a lenda.
Só mesmo a lenda, já que nas escolas já estamos adentrando a fase de provas relativas ao bimestre, uma vez atingido metade do mês de março.
Com relação à economia brasileira, muito já aconteceu e foi noticiado também. Do anúncio do crescimento de 2,3% do PIB, surpreendendo a todos os analistas, à decisão do COPOM de promover um novo aumento, agora menor, da taxa de juros básica da economia, a SELIC.
Do anúncio do decreto do governo federal determinando o contingenciamento - leia-se corte dos gastos orçados em R$ 44 bilhões, de forma a assegurar um superávit plausível de 1,9% do PIB, ao anúncio e preocupação com o comportamento das contas relativas ao setor externo e o resultado preocupante em transações correntes.
No futebol, já estamos em plena disputa da Taça Libertadores, e os campeonatos estaduais já entram nas suas rodadas decisivas, aquelas disputas finais, entre os principais classificados. Depois de uma disputa que, ao final, acaba servindo apenas para confirmar os nomes dos reais concorrentes ao título.
***
Infelizmente, no futebol mineiro, temo que o time do Galo não vá conseguir a proeza de vencer pela terceira vez consecutiva. E há razões mais que suficientes e argumentos muito fortes para defender esse ponto de vista.
Primeiro, porque o nosso principal adversário está sobrando, já com mais de 6 pontos de frente na tabela. Pior, com o número de gols assinalados de deixar qualquer admirador do futebol jogado para a frente, com objetividade e velocidade, admirado.
Segundo por ter um time montado e embalado, com jogadores que entrosados, um técnico que entende do futebol e que tem o controle do elenco, como já o demonstrou ao disputar e conquistar o título de campeão brasileiro do ano passado.
Terceiro, porque isso tudo que foi dito acima, refere-se ao time dito titular, mas encaixa também como um luva para o time dito de reservas, o que demonstra que o adversário conseguiu montar um plantel de elevada qualidade e muito uniforme, o que é raro.
***
Já o nosso Galo conseguiu a façanha de jogar mal com o time titular tanto quanto com o time reserva. Embolado, sem jogadas pelas pontas, ou pior, jogando com uma armação tática covarde, medrosa, como ocorreu ontem, contra o fortíssimo esquadrão do Guarani de Divinópolis. Ou entrando em campo com jogadores parecendo pesados, cansados, completamente desinteressados.
O time titular, embora seja necessário reconhecer não ter tido tempo para uma pré-temporada, apresenta uma apatia que dá sono a quem acompanha os jogos do time. Isso no campeonato mineiro poderia ser reflexo de um desinteresse natural, pela fraqueza dos demais adversários, à exceção do Cruzeiro.
Mas, como então justificar a apatia e o futebol pouco inspirado demonstrado nos jogos da Libertadores?
O time considerado misto, embora tivesse aplicado duas goleadas em jogos anteriores, não transmite confiança. Julgada a campanha que vem fazendo, os resultados não permitem tirar conclusões positivas. Nem alimentar qualquer expectativa mais otimista.
***
Ontem então, contra o Guarani, foi um fiasco. A ponto de, no primeiro tempo, lembrar-me da musiquinha carnavalesca, da paródia que cantamos nos idos de 1964/65, mais ou menos assim: "Com Elci, apanhamos até do Guarani".
Mais uma vez o time mostrou falta de jogadas ensaiadas, falta de ataque pelas pontas, falta de aproveitamento de bolas alçadas na área, exceto as cobranças de escanteio; falta de combate na saída de bola do time bugrino.
Tão feio esteve o jogo que o Guarani mereceu ganhar, e digo que 1 a zero teria sido pouco, não fosse a apresentação brilhante, de muita sorte, de Giovanni.
O segundo tempo, embora mostrasse melhora do Galo, não foi capaz de mudar o panorama do jogo, servindo tão somente para conter o ânimo demonstrado pelo time do Guarani.
Ao final, com um gol aos 45 minutos, conquistamos os três pontos, consagrando mais uma vez o fato de que o futebol é mágico exatamente porque permite que, em um lance de sorte, o time que não merecia vença o jogo.
***
E isso porque temos um técnico que está fechado com o time, de acordo com a imagem que estão tentando nos vender a todo custo. E que todos os jogadores admiram e respeitam e obedecem. E pior, que a imprensa já começa a elogiar, por sua capacidade de mexer certo no time, mudando o panorama do jogo.
Isso porque escalou mal, não treinou e apela para o desespero.
Ou lançar Berolinha, que está já virando nosso ídolo, não é indício de pobreza do elenco e do time?
Triste e preocupante.
Só mesmo a lenda, já que nas escolas já estamos adentrando a fase de provas relativas ao bimestre, uma vez atingido metade do mês de março.
Com relação à economia brasileira, muito já aconteceu e foi noticiado também. Do anúncio do crescimento de 2,3% do PIB, surpreendendo a todos os analistas, à decisão do COPOM de promover um novo aumento, agora menor, da taxa de juros básica da economia, a SELIC.
Do anúncio do decreto do governo federal determinando o contingenciamento - leia-se corte dos gastos orçados em R$ 44 bilhões, de forma a assegurar um superávit plausível de 1,9% do PIB, ao anúncio e preocupação com o comportamento das contas relativas ao setor externo e o resultado preocupante em transações correntes.
No futebol, já estamos em plena disputa da Taça Libertadores, e os campeonatos estaduais já entram nas suas rodadas decisivas, aquelas disputas finais, entre os principais classificados. Depois de uma disputa que, ao final, acaba servindo apenas para confirmar os nomes dos reais concorrentes ao título.
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Infelizmente, no futebol mineiro, temo que o time do Galo não vá conseguir a proeza de vencer pela terceira vez consecutiva. E há razões mais que suficientes e argumentos muito fortes para defender esse ponto de vista.
Primeiro, porque o nosso principal adversário está sobrando, já com mais de 6 pontos de frente na tabela. Pior, com o número de gols assinalados de deixar qualquer admirador do futebol jogado para a frente, com objetividade e velocidade, admirado.
Segundo por ter um time montado e embalado, com jogadores que entrosados, um técnico que entende do futebol e que tem o controle do elenco, como já o demonstrou ao disputar e conquistar o título de campeão brasileiro do ano passado.
Terceiro, porque isso tudo que foi dito acima, refere-se ao time dito titular, mas encaixa também como um luva para o time dito de reservas, o que demonstra que o adversário conseguiu montar um plantel de elevada qualidade e muito uniforme, o que é raro.
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Já o nosso Galo conseguiu a façanha de jogar mal com o time titular tanto quanto com o time reserva. Embolado, sem jogadas pelas pontas, ou pior, jogando com uma armação tática covarde, medrosa, como ocorreu ontem, contra o fortíssimo esquadrão do Guarani de Divinópolis. Ou entrando em campo com jogadores parecendo pesados, cansados, completamente desinteressados.
O time titular, embora seja necessário reconhecer não ter tido tempo para uma pré-temporada, apresenta uma apatia que dá sono a quem acompanha os jogos do time. Isso no campeonato mineiro poderia ser reflexo de um desinteresse natural, pela fraqueza dos demais adversários, à exceção do Cruzeiro.
Mas, como então justificar a apatia e o futebol pouco inspirado demonstrado nos jogos da Libertadores?
O time considerado misto, embora tivesse aplicado duas goleadas em jogos anteriores, não transmite confiança. Julgada a campanha que vem fazendo, os resultados não permitem tirar conclusões positivas. Nem alimentar qualquer expectativa mais otimista.
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Ontem então, contra o Guarani, foi um fiasco. A ponto de, no primeiro tempo, lembrar-me da musiquinha carnavalesca, da paródia que cantamos nos idos de 1964/65, mais ou menos assim: "Com Elci, apanhamos até do Guarani".
Mais uma vez o time mostrou falta de jogadas ensaiadas, falta de ataque pelas pontas, falta de aproveitamento de bolas alçadas na área, exceto as cobranças de escanteio; falta de combate na saída de bola do time bugrino.
Tão feio esteve o jogo que o Guarani mereceu ganhar, e digo que 1 a zero teria sido pouco, não fosse a apresentação brilhante, de muita sorte, de Giovanni.
O segundo tempo, embora mostrasse melhora do Galo, não foi capaz de mudar o panorama do jogo, servindo tão somente para conter o ânimo demonstrado pelo time do Guarani.
Ao final, com um gol aos 45 minutos, conquistamos os três pontos, consagrando mais uma vez o fato de que o futebol é mágico exatamente porque permite que, em um lance de sorte, o time que não merecia vença o jogo.
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E isso porque temos um técnico que está fechado com o time, de acordo com a imagem que estão tentando nos vender a todo custo. E que todos os jogadores admiram e respeitam e obedecem. E pior, que a imprensa já começa a elogiar, por sua capacidade de mexer certo no time, mudando o panorama do jogo.
Isso porque escalou mal, não treinou e apela para o desespero.
Ou lançar Berolinha, que está já virando nosso ídolo, não é indício de pobreza do elenco e do time?
Triste e preocupante.
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