segunda-feira, 24 de março de 2014

O apetite do Galão de volta... e o América foi a vítima

Jogando com seu time titular, enxertado por alguns poucos jogadores do time considerado reserva, a título de prevenção contra possíveis contusões, ou já por conta de contusões mais leves, casos de Ronaldinho Gaúcho e Fernandinho, o Atlético voltou a relembrar, ontem, aquele time foi chamado de Galão da Massa.
De fato, com um futebol objetivo, veloz, e tendo a sorte de fazer o primeiro gol logo antes do segundo minuto do jogo, o que serve para detonar qualquer esquema tático imaginado pelo time adversário, o time goleou o América e voltou a ser mesmo o time que a massa deseja e gosta de ver jogar.
O placar de 4 a 1, mais que significativo por si só, representa um grande passo para que o Galo passe para a fase final da disputa do campeonato mineiro, ao que tudo indica, e dada a vitória do Cruzeiro em Varginha, contra o nosso principal rival.
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Um parêntese: eu ia escrever acima, que ao que tudo indica, e dada a vitória do Cruzeiro em Varginha, contra nosso mais tradicional rival.
Interrompi a frase e mudei para principal rival, em respeito à memória e ao Coelhão, time que, na década de 60, era o maior rival do Galo e cujos jogos, chamados de Clássico das Multidões lotavam os estádios Antônio Carlos, do Galo e o do América, na Alameda.
Naqueles anos de 1962 e 1963, em que o time do Galo sagrou-se campeão e bicampeão mineiro, com jogadores como Marcial, Bueno, William, Kleber, Régis, Luiz Carlos, Fifi, Noêmio, entre outros, o jogo contra o América empolgava e dava mais confusões que o jogo com o time do Cruzeiro, sendo o América o adversário a ser batido.
Tinha, claro, o time do Vila Nova, sempre difícil, e o surpreendente Siderúrgica, campeão de 1964, retratado pela tartaruga, que "comandava o batalhão" nas marchinhas de carnaval.
Foi com a construção e inauguração do Mineirão, em 1965, com o episódio lamentável do penalty marcado por Juan de la Passion Artez, em falta claramente fora da área, pelo menos por 3 passadas, e a tremenda briga que se seguiu a esse lance e depois com o time do Cruzeiro campeão da Taça Brasil em 66, que o time da camisa azul e amarela, ocupou definitivamente o lugar que era então, do América.
Considerado time de torcida de elite, apelidada de torcida de pijama pela falta de costume de frequentar os estádios, o América iniciou a partir daí um declínio difícil de entender ou explicar, ao menos para mim, mais preocupado com os percalços de meu time.
Do que me lembro, o América apenas voltou a ter o tamanho de sua tradição, em 1973 quando, comandado por Pedro Omar, chegou a terceiro lugar no Campeonato Nacional, se não me falha a memória.
De lá para cá, a derrocada do grande time alviverde foi tal que o América passou a ser o segundo time do coração de todos os mineiros, que sempre torcem para o Mequinha recuperar seu brilho.
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Deixando de lado o saudosismo, muito do que vi o Galo jogar ontem, é de justiça reconhecer, foi também culpa da completa inoperância do time americano, incapaz de levar grande perigo à "meta do guarda-valas" Victor.
Por justiça, tenho de declarar que vi ontem uma das melhores partidas de Berola a quem tanto critico. Que achei que Tardelli mostrou mais consistência, aliando agora uma objetividade à correria que seu folego tem permitido a ele imprimir em campo, às vezes de forma completamente dispersa.
Continuo encantado com Otamendi, que dá lições de como se deve jogar na defesa. Continuo achando que o lugar de Donizete é mesmo o banco, embora contra a opinião da maioria. Dátolo tinha de ter a chance de jogar mais livre, para poder mostrar o craque que é. E Jô continua sendo um grande homem de área.
Ao final do jogo, quando algumas cervejas passaram a aliar-se ao cansaço do fim de semana de aulas de reposição, não consegui mais manter acompanhar o jogo, entregando-me aos braços de Morfeu.
Mas, mais importante que tudo, foi o Galo resgatar o apetite, ou voltar a transmitir à sua torcida, a confiança que andava perdida.
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Não dá para afirmar que já está tudo decidido. O América tem um time que pode surpreender no próximo domingo, principalmente lembrando que o Galo vai de time misto, ou deve ir bastante desfalcado, em razão de seu jogo de meio de semana na Colômbia.
Entretanto, que o Galo soube construir o placar que lhe era mais favorável, não há dúvida.
E que é muito difícil reverter a vantagem que ele possui, também parece evidente.

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