Pesquisa CNI/Ibope mostra queda de popularidade da presidenta Dilma; queda da aprovação ao governo e à maneira que a presidenta governa. De quebra, mostra que a população brasileira voltou a manifestar grande preocupação com as ações adotadas pelo governo em áreas como saúde, educação, segurança, controle da inflação e emprego. Na maior parte dessas áreas, com índices superiores a 70% de desaprovação, indicando que estão de volta os temores que, de forma difusa, forneciam o combustível para as manifestações de junho/julho do ano passado.
Em outras palavras, o resultado da pesquisa indica que as pessoas não acreditam que as manifestações do ano passado tenham sido minimamente atendidas, além de manifestarem uma deterioração importante em relação às expectativas para o final desse 2014.
Por outro lado, continuam as manifestações - agora pacíficas, como a realizada ontem, no centro de São Paulo-, contra a realização da Copa do Mundo em nosso país, de resto uma decisão reconhecida como uma "roubada" por Tarso Genro, governador gaúcho e que, por ocasião da apresentação da candidatura do país à sede do evento e de sua escolha, ocupava o cargo de ministro da Justiça de Lula.
Ou seja: para atender ao padrão Fifa e às exigências daquela entidade, completamente fora de nossa realidade, o governo tem sido obrigado, cada vez mais, a colocar dinheiro público no evento e em suas obras, desviando recursos de outras áreas consideradas pela população como mais imprescindíveis.
Mas, em sã consciência, alguém acreditava naquele distante ano de 2007 que, de fato, as obras para a realização da Copa do Mundo em nosso país seriam fruto de recursos apenas oriundos do setor privado, sem um tostão sequer do dinheiro público?
Alguém acreditava mesmo que nosso país teria condições de realizar a tempo e dentro das condições exigidas, as obras esportivas, viárias, de mobilidade urbana, etc. etc. necessárias para a recepção do fluxo de turistas esperado para eventos dessa magnitude, sem contar com qualquer tradição de planejamento e cumprimento de prazos, cronogramas, orçamentos? E algum ingênuo poderia acreditar mesmo que não acabaria no colo do governo, sempre na última hora, realizar os puxadinhos e obras de estruturas temporárias que beneficiam apenas as empreiteiras e construtoras, tão satisfeitas e que tanto apoiaram a realização da Copa?
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Mas, não é objetivo meu acrescentar mais reparos àqueles vários já feitos à Copa e sua gastança desnecessária e descabida. Se faço algum comentário, é apenas para aproveitar a oportunidade, rara, que o governador do Rio Grande do Sul nos proporcionou e deixar aqui um registro de sua opinião.
O que me interessa aqui é o resultado da pesquisa de opinião pública divulgada, que mostra como a grande maioria da população está apreensiva em relação, especialmente, à situação econômica do país.
Sinal de que a campanha patrocinada pela grande imprensa, de críticas ácidas à política econômica do governo tem alcançado seus objetivos, apresentando resultados.
Afinal, como conta a lenda, "é a economia, imbecil" que, em ano eleitoral, transforma-se no tema de maior medo para a população, seja nos Estados Unidos, seja aqui em nosso país. E, consciente disso, é em relação às questões econômicas que a imprensa oposicionista e golpista tem focado suas atenções, mesmo que exagerando nas tintas, na maioria das vezes, e pintando um quadro mais, bem mais tenebroso de nossa situação que o quadro real.
Mas, tudo bem. Embora seja uma concessão de serviço público, e assim deveria ser considerado e tratado, não há qualquer controle legal em relação à nossa midia e aos órgãos que a controlam, o que permite que seus proprietários possam agir como se aqueles órgãos pudessem ser utilizados apenas em benefício de seus interesses particulares.
E... nem me venha falar em legislação de controle da midia e fixação de seus limites, do gênero daqueles que existem em países europeus de ampla tradição democrática, como a Inglaterra que, imediatamente, aqueles que mencionam o tema são acusados de censores ou de integrarem o comissariado, interessado em aparelhar o Estado, etc.
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Não nego que algumas das variáveis econômicas chaves de nossa economia têm apresentado, recentemente, um comportamento menos positivo, como nossa taxa de crescimento do PIB, e a elevação de nosso índice geral de preços, sinal de um recrudescimento da inflação. Mas, não podemos deixar de recordar que nosso país não é uma ilha. Que em meio a um ambiente econômico internacional ainda de crise, não há muito como imaginar que o país pudesse crescer a taxas elevadas.
Por outro lado, não há como negar que o governo tem procurado adotar as políticas recomendadas pelos manuais, no sentido de estimular o crescimento de nossa economia, adotando para tanto medidas que já estão se aproximando da exaustão e, por isso, provocado outros problemas, e apresentado cada vez menos dos resultados desejados.
Assim, o PIB cresce. Mas não em um ritmo elevado. E, de quebra, o governo abre mão e perde receitas, o que agrava sua situação fiscal, embora ainda esteja apresentando supéravits primários, ou seja, assegurando sua capacidade de pagar os juros contratados com seus credores.
Ora, com isso a dívida pública mantém-se sob controle, embora em situação menos tranquila.
Pois bem, se isso tudo que estou dizendo é repetido até mesmo pela economista responsável pela elaboração do relatório da Standard & Poor's que rebaixou a nota de nossa economia, porque a imprensa continua insistindo em vender a imagem de que o governo perdeu o controle das contas públicas?
Para se ter uma ideia do absurdo da situação, embora a entrevista com nossa algoz, publicada na Folha, sinalizasse que a nossa nota poderia ser reavaliada no prazo de um ano, e que poderia tanto MELHORAR, quanto ser ainda mais rebaixada, ganha um doce quem acertar qual foi a opção de reavaliação que o jornal escolheu para dar maior atenção, inclusive com destaque.
A inflação está maior, é verdade. Mas está ainda dentro do intervalo da meta contratada com a sociedade, o que indica estar sob controle da Autoridade Monetária.
Ademais, não há como não reconhecer que, parte do problema dos preços tem como origem problemas climáticos - a alta dos alimentos, a frustração de alguns produtos que frequentam a mesa do brasileiro, a falta de chuvas e o calor intenso, que obrigam a utilização de usinas termelétricas, mais caras.
É verdade, e tenho manifestado sempre a preocupação com o problema de nosso câmbio, e o resultado de nossas contas externas.
Mas, o câmbio não é o flutuante, fixado pelo mercado com toda sua perfeição no formato de "deus ex-machine"?
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Parte das críticas ao governo e a suas políticas se alicerça em teorias econômicas que condenam, por inócuas, as políticas que visam promover alterações nas variáveis de mercado, provocando interferências descabidas no funcionamento dos mecanismos daquele ente.
Ok. Alegam que tais políticas apenas apresentam resultados de curto prazo, que tendem a retornar às posições de equilíbrio no médio e longo prazo.
Mas, esquecem-se de que, nesse curto prazo, o número de pessoas empregadas apresentou redução importante, atingindo um recorde de nível de emprego, o que significa que a trajetória dessas famílias nunca mais voltará a ser a mesma, não retornando novamente ao ponto de partida?
E pior. Esquecem-se que foi o mecanismo de mercado e seu livre jogo de forças, livre de interferências e regulações, o responsável, desde logo, pela crise que continuamos vivendo e que criou esse ambiente para início de conversa?
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É duro, mas esse é o jogo. Um jogo em que a grande imprensa entra constrangidamente satisfeita. E arrasta consigo uma população submetida a um verdadeiro tiroteio de más notícias.
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