quinta-feira, 13 de março de 2014

Guerra Política, ou como o que deveria ser trivial pode virar arma de chantagem

Sempre soube que entre outras finalidades, uma inerente ao funcionamento do Congresso Nacional é a de fiscalizar, em nome da sociedade, as ações e atos do governo e de seus oficiais.
Em qualquer pais dito civilizado esse é um comportamento padrão, tradicional, e não são poucas as vezes que assistimos nos noticiários televisivos que os primeiros ministros, ou outros ministros quaisquer compareceram ao Legislativo, para prestar contas de suas atividades e dos resultados obtidos.
Tudo bem, que em alguns desses países, o regime de governo é parlamentarista, o que por si só já faz uma diferença enorme, no que tange ao comportamento do Congresso e seu poder, ou na necessidade e compreensão da importância de se prestar satisfações àqueles que detêm o poder...
Daí eu deveria prosseguir dizendo que foi muito grande minha surpresa com a reação provocada pelo fato de nosso Congresso ter aprovado a convocação de autoridades do governo, repito, ato que deveria ser trivial. Para mim, surpresa é que não convocassem mais vezes, maior número de autoridades.
Mas, eu deveria dizer isso e registrar aqui, não fosse o fato de saber que estamos no Brasil. Em pleno regime presidencialista, para alguns o regime que assegura o poder ditatorial por um período limitado de tempo ao Executivo.
Onde o presidente, ou presidenta, precisa de costurar acordos os mais esdrúxulos, com partidos os mais díspares e com interesses e ideologias as mais distintas, para assegurar um arremedo de governabilidade.
Onde o PMDB, esse partido de altos negócios e baixíssimos pruridos éticos e morais, detém a segunda maior bancada da Casa, e integrante do bloco de coalizão governista, é também e ao mesmo tempo, o principal partido oposicionista.
Claro, tudo para que sua ganância e a de seus integrantes possa ser atendida, seja por cargos, seja por verbas, seja por direito de indicar aqueles que integrarão os quadros diretivos seja onde esses cargos existirem.
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Nessa terra de práticas políticas tão aviltadas, e só  mesmo aqui, o que deveria ser uma rotina ganha a dimensão de uma chantagem ao governo. Pior, o cumprimento do papel institucional, ganha o status de uma vitória política contra o Executivo. Repercute na midia como a demonstração inequívoca de uma crise política quase uma guerra, capaz de minar os alicerces da nossa democracia.
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Tão absurda a situação, à que se soma o fato de a imprensa ainda querer pintar com cores muito mais catastróficas, fazendo assumir contornos muito mais graves, mercê de interesses políticos inconfessos, por mais que suficientemente escancarados, que passamos a entender o porque do governo tentar barrar, invariavelmente, qualquer convocação de autoridades ao Congresso.
Tão surreal, que é capaz de vermos o governo ter de ceder à chantagem de um partido que apenas quer assegurar-se mais vantagens, em detrimento da coisa pública, da RES Publica, como os membros desse grupelho costumam encher a boca para a ela se referirem.
E, ao vermos o governo ceder às pressões, assistirmos aos comentaristas políticos ocuparem os espaços midiáticos para criticarem o jogo de corrupção que traz a marca do governo.
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Triste, sim. Mas, Brasil. Sinal de que a reforma política não é apenas urgente, como tem que ser imediatamente retomada.
Entrando na fila imediatamente atrás da reforma mais importante que devemos começar a discutir: a reforma de caráter em nosso país. De todos nós, políticos eleitores ou políticos eleitos.

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