E em meio às caixas de papelão
à poeira e ao barulho do arrastar dos móveis
surge inevitável a dúvida
em que gaveta do armário
estava embalada a saudade?
em que pacote ou em que caixa,
em que prateleira ficaram escondidas as emoções
o riso, a cantoria?
o ruído das conversas, dos sussurros,
dos silêncios?
Em que porta-malas estavam esquecidas
as dores,
o choro das perdas ou o lamento?
então, quantos caminhões são necessários
para transportar as tralhas colecionadas
durante toda uma vida
Que enchem os cantos da memória?
E que não têm espaço
no apartamento novo
menor
onde teimosamente
escondem-se todas as nossas referências
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