quarta-feira, 30 de abril de 2014

Resultados estranhos no Futebol, onde o racismo levou uma surra de Daniel Alves

Algo muito estranho anda acontecendo pelos campos de futebol do mundo inteiro, nesse ano de Copa no Brasil. E não me refiro aos atos de racismo explícito, que vêm cada vez mais ganhando espaço, seja nos estádios ou arenas o Perú, como no caso Tinga, seja na Espanha, como no caso mais recente de Daniel Alves.
A propósito aliás, do caso do brasileiro Dani Alves, o inusitado do gesto - a remessa de uma banana - só foi superada pela reação do lateral, mais inusitada ainda. Um tapa de luvas. Uma verdadeira lição de como, com bom humor, as ações como a da agressão do infeliz torcedor acabam reduzidas ao que de fato são: um nada, reveladora da mediocridade do autor do gesto. Tão mais realçada a atitude insignificante e seu autor, quanto mais curiosa foi a atitude de Dani Alves.
Ao abaixar para apanhar a banana, descascá-la e comer o fruto, Daniel Alves ironizou o autor do gesto e, mais que isso, tratou o ato com tamanha indiferença, como se fosse natural alimentos serem atirados para os jogadores, como os copos ou garrafas de água são atirados para os maratonistas se refrescarem durante as competições ou os próprios jogadores recebem também garrafas do líquido durante os jogos de futebol.
O que Daniel Alves fez, magistralmente, foi por em funcionamento a famosa máxima: se a vida te der um limão, faça uma limonada...
No caso, como o mundo inteiro viu e riu e discutiu, uma banana.
A indiferença de Daniel Alves, que não parou o jogo, não apanhou o objeto e o levou ao juiz, não jogou a banana de volta à platéia .... apenas descascou e comeu, e correu para bater o escanteio, deu a dimensão exata do significado, tamanho e importância do ato: um nada.
E Daniel saiu por cima. E o nada ficou lá, imagino, apalermado e reduzido a toda a insignificância e mediocridade que ajudaram a revelar seu caráter, sua pequenez, sua pretensa e tão infeliz brincadeira.
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Não quero, em nenhum momento, dizer que atos de racismo devem ser tratados como Daniel o fez, dando-lhe a importância nula que têm. Afinal, o ato de racismo agride mais, muito mais que atos de violência explícita e a ninguém é lícito acreditar no contrário.
O ato de racismo é um tapa na alma. Um murro violento no sentimento mais íntimo de cada  um de nós, o de nos acreditarmos como seres humanos no mais profundo do nosso íntimo e como tal, reveladores da presença de uma centelha especial, que alguns classificam de centelha divina, e outros de nosso vínculo com o transcendental. O cósmico.
Pois bem, atos de racismo devem ser penalizados com tanto rigor, que mais que apenas o banimento do infeliz torcedor dos jogos do Villarreal, acredito que o infeliz deveria aparecer estampado em todos os jornais e revistas do planeta, com a expressão de ironia ao jogar a fruta e depois, com o ar de ... mané, ao ver a reação que seu ato despertou.
Ver eternizada sua feição ao praticar ato tão idiota talvez fosse o castigo merecido, capaz de eternamente fazê-lo se arrepender daqueles 3 segundos de bobeira que todo ser humano tem o direito de ter a cada dia e que, no caso dele, revelou-se na forma de uma agressão transformada em uma comédia de erros.
Mas, punições têm de ser sim, tomadas, e cada vez mais duras e, de preferência, expondo ao ridículo, para conhecimento de todos e de todo mundo, o ser capaz de se achar superior a seus iguais, pela cor de sua pela, ou pela sua idade, ou forma física, ou por sua opção sexual, etc. etc.
Por isso, também, a importância de reações como a protagonizada pelos atletas do basquete do NBA, contra o patrocinador do time a que pertenciam, pela mesma medíocre atitude de racismo, ao proibir ou tentar proibir sua namorada de postar fotos, ou mesmo ter amizade, com negros.
Aliás, atitude que mereceu de Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, uma reação pronta, de crítica ao infeliz milionário e de apoio aos atletas, a maioria da mesma de mesma cor que ele.
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Se brilhou em toda a história, em minha opinião quem não foi muito feliz foi Neymar, o craque de futebol e cada vez mais o jovem adulto fabricado pela mídia. Nada contra a solidariedade prestada por ele ao colega, ele que já havia sido recentemente vítima de provocações semelhantes.
Sei que o que penso a respeito de Neymar, de seu gesto e de sua - mais uma - campanha de marketing não vão contar com a aprovação e concordância daqueles que me lêem.
Afinal, o movimento iniciado por ele foi parar nos "trend topics", como costuma acontecer com tuítes que são repetidos à exaustão.
Mas, se Neymar estava certo em sua reação, porque acho que ele não foi muito feliz?
Apenas porque acho que ele transformou, por culpa de seus  marketeiros, um gesto bonito de solidariedade, em mais uma jogada de propaganda.
E, assim, capaz de apagar o gesto correto, pessoal, em uma demonstração de oportunismo, que é uma indicação que vai na direção exatamente contrária da que ele provavelmente queria estar executando.
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Mas, não era do ato de racismo, não era da reação espetacular de Daniel Alves, que deveria ser eternizada, em minha opinião, inclusive com a concessão de um prêmio anual cujo troféu teria o nome do jogador, para ou torcida capaz de adotar o comportamento mais respeitoso nos estádios.
Ao começar a falar, estava querendo manifestar minha estranheza em relação ao que vem acontecendo nos gramados em vários jogos, situações tão estranhas que têm derrubado todos os comentaristas e palpiteiros.
Tudo bem que o Real Madrid é um grande time, com um elenco de grandes nomes, e jogadores que representam metade da seleção campeã mundial.
Mas, sapecar 4 a zero no Bayern, reconhecidamente o melhor time da atualidade, dentro do campo do time alemão, é no mínimo, inusitado.
Não apenas pela goleada, que poderia ser até maior. Mas, especialmente, porque pegou todo mundo de surpresa, uma vez que ninguém esperava, senão uma possível vitória do time espanhol, uma vitória tão maiúscula e com placar tão elástico.
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Mas, não ficamos apenas nisso.
Na Libertadores, todos os entendidos eram unânimes em apontar que o mexicano León iria derrotar seu rival nas oitavas. O Veléz, time de melhor campanha, não teria grandes dificuldades de derrotar o Nacional. O Defensor não passaria pelo The Strongest, boliviano.
O Cruzeiro, o Grêmio e o Galão passariam por seus adversários, os dois primeiros com certa facilidade, o Atlético, com mais dificuldade, já que o Atlético Nacional colombiano é um time mais bem arrumadinho.
E hoje os brasileiros começam a definir sua situação, sem qualquer favoritismo, até ao contrário.
Ou seja, o futebol está ficando muito igual e muito louco. Bem ao gosto de quem gosta de apostar e bem capaz de, justo pelas surpresas que proporciona, conseguir manter-se como o esporte mais popular e mais imprevisível do mundo.
E isso, logo no ano de uma Copa do Mundo no nosso Brasil.
Sinal de que vem zebra por aí?
Será que poderia dar Brasil?

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