segunda-feira, 7 de abril de 2014

Queda de popularidade de Dilma alegra os mercados: alguma novidade nisso?

Dilma cai 6 pontos percentuais na pesquisa Datafolha publicada no último sábado, 5 de abril.
Entretanto, indícios de que a popularidade da presidenta estava despencando, antes mesmo da tabulação final dos dados, fizeram os mercados reagirem. E a reação não poderia ser mais curiosa e sintomática: depois de muito tempo, a bolsa encerrou a semana apresentando um comportamento positivo. Por outro lado, o dólar bateu no menor valor em muito tempo, fechando próximo dos R$ 2,24.
Os mercados não poderiam ser mais explícitos: maiores as dificuldades enfrentadas pelo "inimigo", mais o otimismo toma conta das hostes que representam as classes mais favorecidas do país.
Sinal da insatisfação das classes mais ricas e poderosas com um governo que, durante longo tempo, de forma atabalhoada ou não; de forma intransigente ou não; de forma mais autoritária ou não; a partir da adoção de medidas fruto da discussão e diálogo, ou de decisões discricionárias ou não; tomou decisões que, na prática, visavam melhorar o ambiente econômico e reduzir os entraves que não permitiam o crescimento do nível de atividade e da expansão do crescimento da produção e da massa de lucros dos empresários?
Ora, vamos recapitular: foram os empresários que demandaram a desoneração das folhas de pagamento que o governo correu para atender, embora não necessariamente na extensão que o empresariado o desejava.
Foram os mesmos industriais que solicitaram a redução dos custos da energia elétrica, elemento importante e de participação significativa nos custos de produção e no chamado custo brasil, que tanto afeta a competitividade de nossos produtos.
E foi uma parcela importante do empresariado que sempre reclamou das taxas de juros praticadas em nosso país, cujo patamar parece ter como objetivo transformar toda a classe empresarial em mera classe rentista, já que são poucas as atividades que proporcionam uma rentabilidade capaz de superar ou sequer fazer frente à rentabilidade assegurada - com muito menos atropelos e riscos, oferecida pelas aplicações financeiras.
É certo que as medidas do governo, e especialmente a tentativa de reduzir a taxa Selic, interfere numa das questões mais sensíveis que é a da concorrência intercapitalista, aquela que se trava entre os blocos de distintos capitais, para ver quem abocanha a maior parcela do lucro gerado na sociedade.
E, nesse caso da redução dos juros, os mercados financeiros são preteridos em favor de outros tipos de capitais, de caráter mais produtivo.
Mas, que fique registrado que todas as medidas que Dilma e sua equipe econômica utilizaram, são medidas que, passíveis sempre de críticas e sugestões de melhorias, são medidas voltadas para se buscar o crescimento, a inserção de novos consumidores no mercado, a expansão dos mercados, a redução dos custos de produção dos empresários, todas medidas que têm como beneficiário último, os empresários.
Vejamos a questão do emprego mesmo, que alcançou as mais baixas taxas de desemprego em muitos anos em nosso país, e que tem gerado discussões apaixonadas, como a levada a cabo pelo professor Alexandre Schwartsman, para quem o pleno emprego, ou o estado próximo dele, não pode ser argumento do governo em defesa de sua política, que classifica de equivocada.
Ao que parece, o professor não dá a devida importância ao fato de que a redução do desemprego é sim, importante elemento tanto para a inserção de milhões de consumidores no mercado consumidor, o que serve inegavelmente ou deveria servir, de estímulo para que os empresários elevassem o nível de investimentos.
Mais que isso, a própria queda da taxa de juros, tornando o crediário mais acessível, aliado à melhora do nível de renda, é um elemento fundamental para o próprio mercado financeiro, em razão da redução do risco de inadimplência que está associado a essa situação.
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Assim, se os índices de popularidade da presidenta caem e o mercado financeiro comemora, o que essa reação provoca em mim é apenas uma preocupação muito grande com relação ao tipo de política econômica seria adotada pelos candidatos de oposição, apoiados por esses analistas e interesses dos mercados.
E, com esse temor difuso, constato, mais uma vez, a correção do professor Thom Hartmann, em entrevista já comentada anteriormente nesse blog, ao canal GloboNews, em que ele afirmava que a reação que ele via no Brasil, era a mesma que ocorreu nos anos 50, 60 nos Estados Unidos, e que chegou ao fim com o governo Reagan.
Segundo o professor, a grande questão não é a política econômica de Dilma e as críticas que a ela podem ser dirigidas, mas o problema muito mais sério da luta distributiva.
Ou seja, o que as classes mais abastadas não aprovam na política de governo, é o fato de estarem reduzindo as disparidades gritantes de renda entre as classes sociais, o que tira cada vez mais das classes mais favorecidas, o status e a posição que crêem ostentar.
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Curioso é que os índices de popularidade caem, mas ainda não há indícios de que as eleições exigirão a realização de um segundo turno.

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