quarta-feira, 30 de abril de 2014

A fadiga de material do PT e ou os 20 anos de PT no poder. Afinal, o que está por trás da campanha Volta Lula?

Interessante a campanha dos adversários de Dilma, divulgada pela midia como uma reivindicação de seus aliados e com o mote Volta Lula.
Curiosa porque ao tempo que tenta desestabilizar e provocar alguma cisão nas hostes do PT, tentando provocar divisões internas e contrapor a criatura a seu criador, mostra o que considero uma ignorância de seus articuladores em relação ao processo político e à lógica daquela área de atividades.
Isso porque, caso se confirmasse a imposição de Lula como cabeça de chapa, o que diriam os adversários no momento imediatamente posterior ao lançamento daquela candidatura? Lula, o homem que "entregou o país a alguém tão incompetente, que se arrependeu".
Ou então: votem em Lula, alguém que respeita tanto seus eleitores que é capaz de indicar qualquer nome - até um poste - para sucedê-lo. 
Sem dúvida os inimigos iriam se lembrar dos "erros" de Lula ou de seu governo, incluindo aí o mensalão; a compra da refinaria de Pasadena; a escolha de Mantega para ministro da Fazenda e as ações adotadas para tentar estimular a economia com base no "incentivo" ao consumo e no início do processo de "deterioração das contas públicas". 
Será que iriam falar de seus erros em relação à candidatura e depois indicação do Brasil para sediar a Copa? Ao atraso das obras necessárias, especialmente na infraestrutura, para a recepção dos eventos esportivos, inclusive a Olimpíada? Ou do "erro" de indicar para ocupar uma cadeira no Supremo, magistrados como o Barbosão?
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Claro, a imprensa, a mídia de forma geral, não fala dos erros de seus candidatos preferidos, alguns dos quais capazes de exercerem o mais feroz controle sobre a divulgação das notícias relativas a seus governos e a seus erros.
Dois pesos, duas medidas?
Ou apenas, a aplicação da máxima eternizada por Ricúpero: o que é bom a gente divulga. O que é ruim, a gente esconde, ao menos em relação aos amigos.
Mas, caso se processasse uma alteração como a proposta, com Lula de volta, será que o presidente apareceria nas pesquisas de opinião com os mesmos índices que hoje ostenta, não sendo o candidato oficial?
Ou seja: partindo da ideia de que os que desejam sua candidatura se baseiam em sua popularidade, será que essa popularidade seria mantida, e não seria desgastada, ao se transformar a figura de Lula, de conselheiro e mentor "acima da realidade e do bem e do mal" em vidraça?
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Lembrando da famosa frase do Serjão, o homem forte e ministro mais vistoso de Fernando Henrique Cardoso, Sérgio Mendonça, de que o PSDB ficaria 20 anos no poder o que dizer da campanha Volta Lula, nesse momento em que o PT já alcança e conclui um mandato de 12 anos ininterruptos, apresentando já certa fadiga de material, o que é perfeitamente compreensível?
Bem, o que eu creio é que se Dilma se firma e se estabiliza durante a campanha, o que não parece ser muito difícil, especialmente se admitirmos que ela já está enfrentando seu inferno político e muito pouco pode piorar em sua popularidade, daqui até outubro; se Dilma conseguir mudar sua imagem manipulada de antipática, arrogante e turrona, por exemplo, aproveitando o tempo de sobra que seus aliados lhe asseguram quando começar a campanha nos meios de comunicação; ela terá grande êxito em obter a reeleição.
É importante que atentemos para que, independente de tanta campanha contrária, ela perde popularidade, perde pontos nas pesquisas, mas mantém mais que a dianteira, a expectativa de conseguir levar o mandato já no primeiro turno. O que não é pouco.
O que nos levaria a 16 anos de PT, para o bem ou para o mal...
E aí sim. Caso ainda tivesse saúde, Lula seria o nome do PT para 2018, surgindo como candidato já mais blindado em relação a possíveis críticas a seu governo, naquela altura já distante e até esquecido.
E, fatalmente, um candidato difícil de ser batido. Completando os 20 anos que o PSDB  sonhou um dia exercer de poder.
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Talvez seja esse o medo dos adversários de Lula e do PT, e que estão por trás da ideia de que Lula deveria ser elevado a principal adversário de uma possível reeleição de Dilma nesse momento.

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