Convenhamos que, por mais que tenha tido um ou outro lance de emoção, o jogo no Independência foi de um nível técnico muito baixo.
Em minha opinião, por culpa de Marcelo Oliveira, que montou o time adversário para jogar como um timinho pequeno, na retranca, batendo muito. A ponto de, antes que algum cruzeirense venha discutir, como por exemplo, o Juliano, na hora que o time azulado mais atacava e dominava claramente o jogo, ganhando o meio campo, o técnico ter feito duas substituições que apenas serviram para colocar as coisas em seu devido lugar, ou seja, fazer o Galo retomar as rédeas da partida.
Porque na volta do segundo tempo, o Cruzeiro sobrou em campo, com o Atlético recuado, parecendo morto em campo. E depois das mudanças, o Galo voltou a pressionar e partir para cima.
Pressão que pode ser ilustrada pela melhor chance e jogada mais bonita de todo o jogo, em minha opinião, quando Marion, cuja substituição já estava pronta, com Autuori atendendo ao pedido da torcida, ter entrado driblando pelo miolo da zaga adversária e tocado para trás, para um Tardelli tão livre e tão disperso, que não aproveitou a chance de definir o jogo.
Tudo bem, os cruzeirenses irão comemorar o fato de não terem perdido a vantagem e terem jogado com o regulamento debaixo do braço, situação que, para quem gosta de futebol, independente de qualquer coisa, significa que eles não acreditavam ou não acreditam no time, cujo plantel é, no momento atual, superior ao do Galão. Afinal, é o Galo que tem, ou tinha, 11 jogadores sem condições de jogo.
Quanto ao Galo, é difícil analisar o que está acontecendo, quando peças chaves não vão bem, não mostrando inspiração, como foi o caso de Guilherme, de Tardelli, de Marcos Rocha.
Porque salvaram-se no time um firme e correto Léo Silva, que não perdeu bola nenhuma aérea, um bom e promissor Alex Silva, um Pierre como sempre incansável, um leão.
O resto, se não complicou, deixa a desejar, senão vejamos: Donizete, bom no desarme, embora tivesse abusado, também ele, da pancadaria, e péssimo na saída de bola. Marion, nitidamente sentindo a pressão de entrar jogando pela primeira vez um clássico, ainda mais no lugar de Ronaldinho Gaúcho. Principalmente quando todos os comentários eram de que quando ele estava em campo, o time ganhava mais movimentação.
Quanto a Jô, há muito o esquema montado por Autuori vem prejudicando o atacante da seleção, que parece estar de despedida do Galão, a julgar pela contratação de Anelka. Ele tenta, vem buscar a bola no meio do campo, sai da área e cai pelas laterais, faz o pivô para a chegada de ninguém, e sua posição verdadeira, no centro da área, é a única que ele não pode ocupar, pelo esquema.
Falei de Guilherme, que não repetiu as últimas atuações, já que muito marcado, embora correndo bem mais nesse ano que de vezes anteriores.
De Marcos Rocha, dizer que é o mais regular, e que considero o único que sabe e tem futebol para sair jogando com a bola nos pés, evitando os chutões tão criticados na era Cuca. Acontece que ele corre demais, e tem de se sacrificar fisicamente, transmitindo-me a impressão de que, algumas vezes, o cansaço impede que ele consiga fazer boas jogadas. Talvez por isso, ele tenha dificuldades para fazer os cruzamentos na área, e opte mais pela entrada na diagonal.
Tardelli até começou dando chapéu, fazendo firula e dando a tradicional gaúcha em Samúdio (outro que mostrou que sabe bater como gente grande). Mas foi só. Além do gol inacreditável que perdeu.
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Não falei nada de Victor, embora ele tenha falhado em uma saída de bola levantada na área. e menos ainda falei de Otamendi, que falhou em alguns passes que armaram ataques perigosos dos adversários. Mas, no time e com o nível de qualidade que o resto dos companheiros está jogando, ambos estão sobrando.
Em nível tão mais elevado, que não dá para analisá-los, junto aos demais.
Só falar que são jogadores de seleção. O que não é ou deveria ser novidade para ninguém.
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Quanto ao juiz, veio para fazer o que fez. Matar o jogo, não criar complicação para si, e mostrar que nossos juízes são muito superiores a esses turistas do apito.
Nem vou falar da complacência com o futebol desleal, às vezes. Nem do tempo que ele, por medo, não quis acrescentar. Nem vou falar do pênalte claro que houve no primeiro tempo, na área do Cruzeiro, quando Leo Silva foi seguro em bola levantada na área, porque os juízes, em geral, não apitam mesmo esse tipo de falta em que o jogador é impedido de subir na bola, seguro que é.
O juiz mostrou que é fraco, quando depois de passar o jogo todo sem aplicar qualquer cartão, conversando mais que o que devia, resolveu, em um lance apenas, dar três de uma só vez.
E sapecou três amarelos, quando devia ter dado ao menos 2 vermelhos, um para Marcos Rocha.
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Jogo fraco, de nível baixo, para quem já assistiu a tantos jogos de emoção, nervosismo e times de craques, jogando bola.
Agora, é esperar o jogo de domingo, quando o Cruzeiro, com o regulamento na mão, jogará de que forma?
Será que, empurrado por sua torcida, irá ficar amarrando o jogo, gastando o tempo, e sem partir para a ofensiva?
E o Atlético?
Porque dizer que o jogo agora é na casa do adversário, como se o Mineirão fosse um campo onde a presença da torcida faz pressão e dificulta as coisas, ou como se apenas porque foi objeto de reforma o Atlético esqueceu como é jogar em um estádio em que tantas vitórias e conquistas importantes foram obtidas, é no mínimo, tripudiar de nossa inteligência. Ou de nossa memória.
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