quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O reinício do Galo. Quem sabe o fim da inflação, pela condenação da economia brasileira ao estado vegetativo?

Enfim, aconteceu alguma coisa de boa nesse início de ano, ao menos para os atleticanos: a retomada do futebol, a volta do Galão ao Independência, e a manutenção da mística de que caiu no Horto, tá morto.
Melhor ainda, poder ver renovado o apoio da Massa, que mais uma vez se fez presente, hipotecando toda confiança ao time de Levir Culpi. Claro que havia a saudade do time; havia a apresentação de Lucas Pratto; havia a curiosidade de ver como o time se comportaria sem Tardelli; havia ingressos a preços reduzidos, muito mais de acordo com o bolso e o orçamento de quem inicia o ano com despesas que aparecem de todos os lados, sempre em maior volume que os rendimentos do trabalhador. 
Por tudo isso, mais de 20 mil torcedores compareceram e viram uma exibição de muita doação de todo o time, de muita disposição, muita garra, toques rápidos, jogadas em velocidade no primeiro tempo do jogo.
Era como se o time não tivesse interrompido suas atividades, tendo voltado a exibir o mesmo futebol empolgante que o levou a ser o campeão da Copa do Brasil no final do ano.
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Talvez em função do calor, que obrigou o juiz a paralisar o jogo utilizando-se do recurso do tempo técnico, talvez pelo fato de o time ucraniano não conseguiu vencer a barreira representada pela postura da defesa do Galo, ou porque o placar já estava em 3 a zero, o futebol caiu muito no segundo tempo, quando várias substituições foram realizadas. 
No Shakhtar, por exemplo, saiu o goleiro Pyatov, protagonista de um dos lances mais bizarros do jogo, com bola rolando. Saiu também Bernard, que a rigor não jogou nada, emocionado quem sabe, pelas homenagens que a torcida do Galo lhe rendeu.
No Atlético, as mudanças efetuadas por Levir só tiveram algum efeito nos minutos iniciais do segundo tempo, muito em  função da entrada de Dodô que logo de cara deixou sua marca, com uma arrancada espetacular do meio campo, em passe de Josué, e um belíssimo gol em chute indefensável. 
Já a entrada de Pedro Botelho serviu para demonstrar que Douglas Santos é, indiscutivelmente, o dono da posição. Já Maicosuel entrou pela esquerda, no lugar de Lucas Pratto e, apesar de mais adaptado ao time, ao elenco, ao estádio, à torcida, não conseguiu  manter o nível que o bom avante argentino demonstrou. 
Dessa forma, enquanto Pratto foi o responsável pela abertura da goleada, com um gol de cabeça encobrindo o goleiro do time ucraniano, em jogada mais uma vez originada d cobrança letal de lateral por Marcos Rocha, Maicosuel ficou mais alheio à partida, tendo uma única vez tentado e conseguido dar uma arrancada, em diagonal, entrando como quis, com perigo na defesa adversária.
E foi só.
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Donizete muito fraco no desarme e abusando de jogadas mais duras e até faltosas, foi substituído por Dodô, que começou com muita disposição e acabou tomado pela letargia que se abateu sobre a equipe, depois do quarto gol. 
Tudo bem, era jogo amistoso, de um time ainda em pré-temporada, o que serve para explicar a queda do ímpeto do time.
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Carlos como sempre correndo muito, pelas laterais do campo deu uma sorte indescritível quando, mais  uma vez sendo fominha, tentou um chute fraco para o gol do Shakhtar. Por incrível que possa ser, a bola passou por entre as pernas do goleiro adversário, em um peru que deve fazer parte da galeria de gols mais ridículos do Horto.
Curiosamente, logo a seguir, o goleirão que não se abateu, redimiu-se completamente ao espalmar uma bola que tinha endereço certo da gaveta do gol do Shakhtar. 
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Marcos Rocha, às vezes arriscando-se em jogadas de efeito que costumam levar perigo, foi importante no apoio, mais que na defesa; Leonardo Silva e Jemerson impecáveis no miolo, não deixaram espaço para o rápido time da Ucrânia. 
Sobre Jemerson, apenas o comentário, quanto à expulsão justa, por ter ficado sem pernas no final do jogo, não conseguindo acompanhar a velocidade dos atacantes adversários. A bola da falta que resultou em sua expulsão, em minha opinião, era dele, não fosse a falta de pernas. 
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Pierre que entrou no final, entrou muito mal, fora de ritmo e errando muitos passes. E Cesinha, que entrou no lugar de Luan, correu muito, mas foi vítima da queda de qualidade de futebol de todo o time. 
Por conta dessa queda de qualidade, uma partida que estava fácil acabou se complicando em termos, com o time visitante marcando dois tentos.
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No entanto, no dia de aniversário de Victor, ou São Victor, mais uma vez o goleirão do Galo mostrou que é, de fato, um dos melhores goleiros do Brasil, senão o melhor. 
Valeu por matar a saudade. E por ter deixado a torcida com confiança e uma boa expectativa para o ano de 2015.
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E prossegue o arrocho conservador

Como todo o mercado já antecipava, a taxa de juros básica da economia, a Selic, sofreu nova majoração de 0,5%, por decisão unânime da Direção colegiada do Banco Central, com assento no COPOM.
Com isso, a taxa agora se encontra em 12,25%, muito elevada sob qualquer parâmetro de análise.
Não à toa, em pronunciamento feito em Davos, no Fórum Mundial, Levy admitiu que a economia brasileira irá atravessar um período de recessão que ele estima ser de "apenas" um trimestre. 
Uma recessãozinha de nada, não fosse afetar negativamente a vida de tantos trabalhadores, sujeitos a perderem seus empregos. 
Mas, como o pensamento dominante é o de que, com inflação elevada a solução ou receita é "taca-lhe juros", o BC alia-se à Fazenda e colocam em curso um arrocho fiscal e monetário que vai jogar a demanda agregada ao chão, arrastando consigo o interesse e as decisões dos empresários de produzir. O que dirá, investir.
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Claro, sem produção, com desemprego que já se prenuncia no horizonte, com queda nas vendas, os preços deverão se estabilizar, e até podem cair alguns, caso os empresários necessitados de fazerem caixa para honrar seus compromissos, se disponham a reduzir e até zerar suas margens.
O que significa que a inflação será domada. E que os economistas do governo e do mercado irão saudar o acerto das políticas do governo, por terem conseguido estancar a infecção que dominava o organismo da economia. Isso, independente de o doente chegar a óbito.
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Pena de morte

Mais uma vez, volto ao tema da pena de morte, que aplicada na Indonésia, levou à execução de um professor de ultra-leve brasileiro, traficante internacional de fama reconhecida, Marcos Archer.
Dessa vez, para lembrar dos esforços que continuam sendo feitos pelo governo brasileiro, para evitar a execução de um segundo nacional, flagrado traficando drogas, em quantidade bem inferior, escondidas em suas pranchas de surfe.
Traficantes ou não, dizia eu, em postagem nessa semana, ainda não consigo conceber como a pena de morte encontra defesa em qualquer circunstância, salvo a do calor do momento. 
Mas, em minha postagem, falava de penas de morte não amparadas pelo sistema  judiciário e legal, que acabam sendo adotadas como aqui no nosso país. 
Falo das execuções nas periferias das grandes cidades, como Belo Horizonte, que essa semana assistiu a uma série de homicídios, de toda espécie.
Assassinatos feitos por milicianos, por justiceiros, por gente despreparada para exercer o papel de proteger a sociedade, por quem se arvora em juiz dos atos dos outros, dos traficantes e dos cornos ou mal-amados de toda espécie; dos homens que acham e se sentem donos de suas mulheres.
Que nos colocam na honrosa posição de país com um dos maiores índices de mortes violentas, que superam mais de 50 mil, no período de dez anos, conforme levantamento do Mapa da Violência.
E que nos envergonha, quando lembrado corretamente e com muita emoção por Kelly Slater, na mensagem que ele postou em homenagem a seu amigo, morto por discussão fútil, em Santa Catarina.
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A morte de Ricardinho, apenas vem confirmar a bestialidade com que estamos convivendo em nossa sociedade e que, de tão comum, está já nos entorpecendo. Não reagimos mais.
Ricardinho foi executado, tanto quanto o traficante Archer, com a diferença de não ter motivo para tal.
Tanto que o criminoso, policial que alegava legítima defesa, ter usado de meio muito mais violento e agressivo para se defender que aquele alegado por ele, usado na agressão por Ricardinho. 
Sendo ambos rapazes com perfil de atletas, opor um revólver para se defender de agressão sofrida com uma faca mostra mesmo porque não há como aceitar o argumento de auto-defesa, o que justifica que o assassino tenha se evadido.
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Mas, se Ricardinho a quem homenageamos,  foi vítima da pena de morte não justificada, o que dizer da menina de 4 anos,  vítima de bala perdida no fim de semana,  e agora, do menino de menos de 10 anos, com morte cerebral diagnosticada, pelo mesmo motivo?
Força às famílias de ambos, é o mínimo que podemos desejar. 
O que é muito pouco.

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