quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Pitacos esportivos e outros sem esportividade

Desde o último dia 7 encerraram-se as férias dos jogadores de futebol dos dois maiores clubes de Minas: Atlético e Cruzeiro. 
Em ambos os times a semana tem sido marcada pela bateria de exames clínicos e físicos que dá origem ao chamado período de pré-temporada. 
Em geral, poucas mudanças nos elencos, apenas inchados, em alguns casos, pelo retorno dos vários jogadores emprestados a outros clubes, e na expectativa de serem incorporados ao elenco ou de uma nova negociação.
O Cruzeiro retorna apresentando mais novidades, tanto em contratações quanto em saída de jogadores. De longe, entretanto, a mudança mais marcante nesse início de ano é a venda de Ricardo Goulart para a China, pela extraordinária quantia de quase 44 milhões de reais. 
Para um jogador que custou 2 milhões ao Cruzeiro e sai por uma quantia líquida de 20 e poucos milhões, é um negócio da China, com o perdão do trocadilho.
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Em minha opinião, de um ferrenho e convicto não cruzeirense, o time de azul perde sua maior estrela, maior mesmo que Ewerton Ribeiro, embora a crônica esportiva tenha escolhido este último duas vezes como melhor do time e craque do campeonato Brasileiro.
Se bem me lembro, houve um período no meio do ano, em que Ricardo Goulart estava jogando mal, sem qualquer inspiração. Mas, deve ser dito também que o mesmo aconteceu com Ewerton, e Ricardo Goulart, quando se recuperou mostrou ser um jogador útil a qualquer time do país. A ponto de ver seu futebol reconhecido por Dunga, o técnico da seleção brasileira, o que resultou em algumas convocações para os amistosos da seleção.
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Antes de Ricardo, o time bicampeão do Brasileiro (consecutivamente) já havia visto a saída de Marcelo Moreno, seguida da de Borges, e até mesmo a de Dagoberto.
Confesso que, como atleticano, a quem Dagoberto sempre teve a capacidade de irritar menos por seu futebol e mais por seu comportamento e declarações, vê-lo sem lugar no time pelo qual cantou o hino, bradou os cânticos da torcida é muito bom. 
Nesse caso, devo admitir, por se tratar de uma Vingança. Exatamente aquela que é prato que a gente come frio. 
Agora o jogador-torcedor enervante, para não baixar o calão, sofre a humilhação de ter de procurar um time para jogar, caso contrário, pelo que sai na imprensa, deverá retornar para ver se pode ser aproveitado no plantel. 
Humilhante... Mas ótimo. E me faz ter frouxos de risos.
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Enquanto isso, no GALO

Mas já tratei muito do outro time e, definitivamente, sou torcedor do Galo e não torcedor anti-qualquer coisa. 
E se pouco falei do Galo é porque as novidades são poucas. E ainda assim, na maior parte das vezes, difíceis de entender, ou mesmo aceitar.
Vá lá. Houve a contratação do muito bom atacante, o argentino Lucas Pratto. E, já que a piada é inevitável, também houve a contratação que marca o retorno de Danilo Pires ao time que o lançou para o futebol. 
Para não deixar o Pires na mão, o Galo resolveu servir a mesa. 
Pratto é bom jogador e mostrou isso na última Taça Libertadores, onde se destacou jogando pelo Vélez. 
Que tenha aqui no Galo condições de mostrar todo o futebol de que é detentor.
Mas, Pires... Nada contra o ex-jogador do Santa Cruz, que marcou sete gols no último campeonato, e mostrou ser como ele mesmo se definiu, um volante moderno. Claro que meu desejo é vê-lo brilhando com a camisa alvinegra do Atlético, ajudando na campanha e tomara que conquista de mais uma Libertadores.
O problema aqui é outro. E tem nome e sobrenome: Fillipe Soutto. Afinal, porque esse prata da casa não tem qualquer oportunidade no nosso time, independente do técnico que esteja lá trabalhando?
Não dá para entender como manteve e deu tantas chances ao péssimo Serginho, com seu futebol violento. Testou Eduardo, também egresso da base e a quem considero muito presunçoso. Deu chances a tantos, exceto Fillipe Soutto.
Sinceramente, difícil de encontrar explicações.
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Outro que sai é Réver, o capitão da jornada vitoriosa da Libertadores, que foi figura apagada em 2014. Muito em função de contusões que o perseguiram e o afastaram de campo na maior parte do ano, a ponto de dar chance ao surgimento de Jemerson.
Há mais tempo, cometi a heresia de comentar que achei que Emerson dava mais segurança à defesa que Réver. Fui crucificado e confesso que, embora não tivesse mudado minha opinião, para minha alegria vi Réver se tornar o maior zagueiro artilheiro da história do Atlético. Superando a Luizinho.
Também apenas para não deixar passar em branco, Emérson pouco jogou no ano passado, também afastado por contusão.
Agora ouvi dizer que Levir está disposto a dar nova chance a Emérson, e está liberando Réver.
A única observação a respeito é a de que a liberação de Réver cria a mesma situação para o time, de quando ele se contundiu. O time fica sem opções de banco para uma eventualidade. 
E as opções que restam, exceto Emérson, não têm a mesma experiência de Réver. 
Mas, entende-se o desejo do jogador de sair, tentando poder mostrar futebol para retornar à seleção brasileira.
E, caso o negócio seja bom para todos os lados, não há muito o que criticar. Jemérson, embora novo já mostrou que dá conta do recado. Com sobras.
E ainda tem Tiago para a zaga.
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Guilherme continua sendo uma novela. Tanto agora na renovação de seu vínculo com o clube, quanto em meio às temporadas, em que seu futebol inteligente e que se provou muito útil pouco sempre enfrenta o problema de contusões. 
E, afastado por longos períodos dos gramados, é sempre uma incógnita como será o retorno do jogador. Se pesado, sem condições físicas de correr e dar o gás que a torcida cobra dos jogadores que envergam o manto atleticano, ou se o Guilherme oportunista e com muita visão de jogo.
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Também em banho-maria a situação de Tardelli, que já deu inúmeras demonstrações de que não deseja continuar no Galo, independente de seu contrato com o clube.
Esse, caso seja mesmo vendido, representará perda grande para o time, se não representar uma perda semelhante, caso esteja jogando desmotivado.
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Jô, André e Emerson Conceição, afastados do plantel, não são objeto sequer de interesse de outros clubes. No caso de Jô, por culpa exclusiva do próprio jogador e de suas seguidas indisciplinas. Porque se indisciplina não deve ser tolerada em qualquer circunstância para não quebrar o espírito de corpo e o moral do grupo, menos ainda de um jogador que passou grande parte do ano passado sendo apenas uma promessa. E uma grande frustração, inclusive na seleção.
Jogando mal, sem marcar durante quase toda a temporada, Jô realmente terá dificuldade para achar clube interessado em seu - fraco - futebol, em seu despreparo para a fama (Fred, que também foi uma frustração na Copa do Mundo, recuperou seu futebol e foi um dos artilheiros da competição).
Quanto a André, o Bebezão é outro que vai custar a achar quem aposte ainda em sua capacidade de se dedicar ao futebol, com exclusividade. 
O outro melhor nem falar.
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A saída de Alex Silva talvez represente para o jogador o mesmo que a saída de Marcos Rocha fez por seu futebol, há alguns anos atrás. Tomara que o jogador possa explodir e mostrar todo seu potencial.
No mais, o Galo vai para a Libertadores com um elenco bom, forte, mas completamente inexperiente para o tipo de competição que todos sabem ser a Libertadores.
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Sem competência, Grêmio apela para o mata-mata

Há anos sem conseguir chegar entre os mais bem colocados da competição, especialmente sem almejar o título, situação que também se repete nos mata-matas de que participa, o Grêmio sai com essa asneira, típica de quem não tem mais nada a fazer.
O pior é que como dona Globo gosta mais desse formato americanizado de play-offs, a ideia estapafúrdia pode ganhar alento. E adeptos.
Nesse caso, em que o Grêmio apenas mostra não ter capacidade para manter um time, uma base, um técnico, um elenco por falta de estrutura, planejamento e logística, sinto-me no dever de fazer um elogio ao Fluminense.
Afinal, reconhecendo suas debilidades, o time fez já há algum tempo, a opção por ganhar as competições no tapetão.
Menos mal. Pelo menos não engana a nenhum torcedor. Nem aos seus. 

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Inflação na meta e energia extrapolando

Conforme comentei durante todo o ano passado, o resultado final da inflação para o ano acabou ficando em 6,41%, dentro dos limites do intervalo do sistema de metas. Para mostrar que a inflação não saiu de controle, como o ministro tão ridicularizado Mantega, sempre afirmou. 
Vá lá que não houve qualquer crescimento do PIB, o que apenas mostra que Mantega não é pitonisa. Nem tem vocação para Mãe Dinah, estando mais para o charlatanismo, ao menos no que se refere a suas previsões. 
Mas, como também afirmamos em várias ocasiões, o problema ou descontrole maior deveu-se à questão da seca que o país vem enfrentando, e contra qual nenhum ministro pode lutar. 
Dessa forma, e para corroborar nossas afirmações, o item alimentação foi o que mais pesou no final da alteração dos preços.
Por um lado, devido à seca. Por outro, devido à - positiva - elevação de exportação de carnes para mercados antes fechados. Por fim, em função de o dólar ter se valorizado no ano, o que se é bom para a indústria nacional, que pode tentar se recuperar, é péssimo para o consumidor de carnes. Afinal, é melhor vender ao exterior, em dólares valorizados. Ou então, cobrar internamente preço equivalente ao da receita vinda de fora. 
Pior deve ser o quadro nesse início de 2015, quando a inflação deverá estourar o limite superior do sistema de metas, o que é pouco significativo, já que o que conta é o índice para o ano corrido. Afinal, como o ministro já anunciou, haverá uma inflação corretiva, alinhando preços de combustíveis, de energia, etc, sem que o calor e a seca percam força.
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Quanto à energia, que toda a imprensa e a midia usam para agredir o governo e as políticas do primeiro mandato, o que está para acontecer é que a energia cada vez mais cara que já consumimos e ainda estamos consumindo, e que deixamos de pagar anteriormente, terá de ser paga agora. 
Ou seja, o que houve ou o que ganhamos a população brasileira foi apenas um tempo. Deixamos de pagar antes. Vamos pagar agora. 
Curioso é que, se questionado, qualquer analista dirá que é melhor pagar depois ou ter de devolver qualquer valor recebido antecipado. Afinal, nesse intervalo de tempo, esse valor  poderá ser aplicado, gerando um rendimento para o beneficiário. 
O governo tentou estimular a economia, sem êxito, concedendo esse subsídio na energia. Não há como afirmar que o motivo da medida fosse meramente para represar preços e manipular a inflação. 
Agora, com a seca e problemas na geração de energia hidrelétrica, o que obriga o uso das usinas termelétricas, de maior custo, não há como evitar os reajustes. 
Não gostaria de ver o  que diria o ministro se a seca permanecesse e, o uso da energia mais cara fosse a opção única, para justificar cada vez maiores elevações de preços, nada corretivas, até com impacto na inflação.
Embora este fosse um cenário trágico, ao menos a ortodoxia poderia nos brindar com alguns argumentos interessantes. E novos. 
A energia pode aumentar até 30% . Resta-nos reaprender a poupar, energia e água.  Ou aprender a fazer a dança da chuva. 

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