quarta-feira, 11 de março de 2015

Nova tabela de correção do IR mostra as vantagens das negociações e acordos

Conforme acordo estabelecido com o Congresso, o governo editou Medida Provisória com ajustes na tabela de Imposto de Renda escalonados.
Pela nova tabela, a partir do pagamento de salários de abril, os brasileiros que recebem até a quantia - já com deduções - de R$ 1 903,98 ficarão isentos, contra o valor de R$ 1 787,77 anterior, em reajuste de 6,5%.
Para aqueles que ganham acima de R$ 4 463,81 a correção será de apenas 4,5%, valor de reajuste que o governo desejava originariamente para toda a tabela, e que passa para R$ 4 664,68 a faixa de rendimento sujeito à taxação de 27,5%.
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A correção por faixas, que segundo o ministro Levy representa uma perda de aproximadamente 6 bilhões de reais, embora seja mais uma derrota do governo no Congresso, permite uma outra conclusão: quando as medidas adotadas pelo governo perdem seu caráter autoritário inicial, e são objeto de discussão, é possível sempre chegar-se a um consenso.
Claro, ter de negociar depois de ter sofrido uma derrota inicial é sempre sinal de dificuldades do Executivo.
Mas, se não obteve o resultado desejado de início, está na hora do Executivo se dar conta de que, sendo um acordo uma solução de compromisso, há sempre ganhos possíveis de serem conquistados, compensando as perdas.
No presente caso, a correção embora não aquela desejada, significa que, para as declarações relativas ao ajuste fiscal do ano de 2014, e cuja data de apresentação ao Fisco é o último dia útil de abril, não haverá qualquer reajuste.
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De todo o episódio, entretanto, vale destacar a dificuldade sempre manifesta de nossa presidenta admitir abrir mão de suas convicções pessoais e de se mostrar disposta a negociar. Em suma: a incapacidade de nossa presidenta colocar em prática aquilo que é tido como a arte de fazer política. Para o bem ou para o mal, já que a experiência com nossos políticos tem nos mostrado que em nosso país, às vezes o que se denomina fazer política é apenas o reconhecimento da institucionalização da pouca vergonha de acertos e conchavos em que interesses pessoais se sobrepõem aos interesses da coisa pública.
Talvez até por isso, mais que a uma incapacidade inata, Dilma possa ter dificuldades para negociar. Ou asco, simplesmente. Mas, se fosse esse o caso, deveria ao menos denunciar à população os achaques a que estava sendo sujeita. Ou então admitir simplesmente que quem está no jogo, tem mais é que jogar.
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Não sei a razão, nem estou aqui fazendo esses comentários em defesa da presidenta. Talvez toda sua rigidez e falta de jogo de cintura que lhe traz problemas no relacionamento com os políticos, seja fruto de seu perfil apregoado de gerentona.
Perfil de quem não planeja, não dirige, apenas cumpre ordens. Executa tarefas.
Perfil que ela mesma está se incumbindo, inclusive, de mostrar ser equivocado. Afinal, cada vez mais, nem mesmo essa postura de sargento ela consegue transmitir para a nação.
Ou talvez passe, da pior forma possível, como no caso levantado ontem no programa Entre Aspas, apresentado no canal de televisão fechada Globonews por Mônica Waldvogel. Conforme um entrevistado, sem qualquer condição legal para sequer se propor o início de um processo de impeachment, o que tem levado a própria oposição - pelo menos a séria, a evitar o assunto, Dilma foi trazer o assunto para a agenda política.
Ou seja, quando o melhor é não render o tema, e não permitir que ele reacenda todas as disputas rancorosas que marcaram as últimas eleições, ela é a primeira a abordar a ideia da declaração de seu impedimento em público.
O que de certa forma sinaliza que está aberta a possibilidade de o tema passar a ser tratado sem maiores pudores ou restrições.
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Não é a toa que Dilma, nessas horas, precisa correr para se aconselhar com Lula. Esse sim, um mestre da prestidigitação.




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