quinta-feira, 25 de julho de 2013

CAM-PEÃO DA LIBERTADORES NO ANO DE 2013 - 2 MIL E GALO!!!

Nem se o Papa Francisco estivesse ontem no Mineirão, celebrando uma missa ou fazendo um de seus sermões cheios de símbolos sobre a juventude e a liberdade haveria tanto terço, tanta medalha, tanta oração, tanta gente rezando como eu vi ontem, na conquista da Libertadores da América pelo Galão da massa.
Mas, como diria um colega meu: MAKTUB.
Estava escrito. E sob o embalo do grito da massa, o tempo todo gritando Eu Acredito! o Galo mesmo sem jogar bonito sagrou-se campeão. Como estava escrito foi com sofrimento, tinha que ser com sofrimento e dores, só assim para o Galão sagrar-se campeão. Só assim para que o Atlético pudesse se tornar o Campeão da Libertadores.
Era como um mantra e a torcida repetia sem cessar: Eu Acredito. Eu Acredito. E foi assim, acreditando, até o final.
Apenas para manter a tradição. Para manter a sina de ganhar com sofrimento. Para ganhar com raça, disposição. Para ganhar com sangue e coração. Coração e FÉ.
Porque estava escrito que no ano de 2000 e GALO o título tinha que ser nosso.
Embora, claro, não precisava ser tão sofrido. Tão doloroso, como foi.
Que o diga o Pieroni, citado ontem aqui no pitaco. E que deve ter engolido o coração tantas vezes quantas o coração deve ter ameaçado sair do peito e ganhar o mundo de carona com sua respiração ofegante.
Que o diga o Fernandinho, capaz de me ligar em pleno Mineirão. O Reco, o Marcelo, o Marquinho, todos no Espetinho do São Pedro, empurrando o Galo para sua maior conquista.
***
Quanto ao jogo, parabéns e obrigado ao Cuca que, mesmo sem conseguir mudar o estilo de jogo do time, acostumado a dar chutões para a frente, conseguiu mostrar coragem e fé.
A Cuca, além da capacidade de contagiar a torcida e o time, ao colocar a camiseta Yes We CAM e conseguir manter a corrente de união e de esperança, devemos agradecer a mudança promovida no time no intervalo do jogo de ontem, quando promoveu a substituição de Pierre por Rosinei.  Acho, e comentei, que Rosinei deu mais consistência ao time. Deu mais corpo. O time ficou mais coeso. Sem espaços e sem buracos.
De quebra, a entrada de Rosinei permitiu que começasse a aparecer, absoluto no meio campo, na intermediária, o futebol exuberante de Josué. Que parecia daqueles líderes de pelada, comandando a maioria das ações do time.
Por Josué passaram todas as bolas que levaram o Galo à frente.
Mas voltemos a Cuca. Cuca viu e trocou na hora certa, colocando o time para a frente. E de Rosinei nasceu o cruzamento que, por felicidade de Jô, o zagueiro do Olimpia furou. E furando ajeitou para Jô tornar-se o artilheiro dessa edição da Libertadores.
Em seguida, Cuca mandou de vez o time para a frente, promovendo outra substituição para calar a boca dos que, como eu, ainda podia ter algum medo de que nosso técnico pudesse ter algum pendor de técnico retranqueiro.
Vá lá que, jogando em casa, e com a necessidade de partir para cima do adversário, qualquer técnico colocaria mais um atacante. E foi o que Cuca fez, tirando Michel para a entrada de Alecsandro.

Não que Michel estivesse jogando mal. Ao contrário, Michel estava mostrando uma rara habilidade de alçar bolas para a área paraguaia, com cruzamentos bem feitos.
Mas, convenhamos que, até para fazer raiva em meus vizinhos Robinho, Bebeto, e em outros vários atleticanos da Galoucura, o time ontem sentiu muito a falta de Marcos Rocha. Cuja ausência permitiu que eu confirmasse uma ideia que sempre me acompanhou: nosso lateral titular, Marcos Rocha, é um dos jogadores mais lúcidos, senão o mais lúcido nos últimos jogos, de nosso time. Lúcido no sentido de que sabe sair jogando e sabe o que fazer com a bola nos pés, evitando os famosos chutões. Sempre procurando levantar a cabeça e fazer lançamentos em profundidade capazes de levar grande perigo.
Mas, o time não estava jogando bem, ou não tão bem como seria necessário para vencer a retranca montada pelo time paraguaio. E Tardelli, em noite infeliz, também saiu para dar lugar a Guilherme, capaz de criar vários lances de perigo, com lançamentos inteligentes.
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Dessa forma, conquistamos o placar que nos faria sonhar. E, contando com a expulsão do jogador paraguaio, fomos com superioridade numérica para a prorrogação. Em que o Galo entrou matando, tocando bola, colocando o Olimpia, já cansado na roda.
E aí começou o bombardeio, que se mostrou inútil. Caprichosa, a bola insistia em não entrar. Mérito do excelente goleiro do Olimpia. Da trave. Da sorte, também do time paraguaio.
Mas, creio eu que, aproveitando a visita do Papa Francisco a nosso país, também Deus estava aqui a passeio (que me perdoem a liberdade da imagem, uma vez que Sua presença aqui foi sempre uma constante!) . E, empolgado pela fé e confiança, resolveu privilegirar o Galo.
Porque, pensando bem, como entender aquela jogada do Olimpia em que, aproveitando um descuido da defesa do Galo, mais um!, o atacante driblou o Victor, e na hora exata de chutar para o gol completamente vazio, escorregou...
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Falei já de Cuca. Da falta de esquema tático do Galo, restrito a dar os chutões que sempre criticamos, para um Jô que estava sem alguém para fazer a jogada de pivô.
Nessa hora, fico pensando no que deve estar passando pela cabeça de Tostão, o ex-atacante cruzeirense que, por falta de vontade de elogiar o Galo - ou de boa vontade, em suas duas últimas colunas saiu com essa de estilo Galo Doido.
É Tostão. O estilo Galo Doido campeão, deu certo. Mas você estava certo. O Galo teria que jogar mais, tocando bola, trocando passes em velocidade aproveitando as penetrações de seus velocistas Bernard, Tardelli.
Entretanto, esse estilo de jogo exige um jogador capaz de fazer lançamentos que Ronaldinho não estava sendo feliz em realizar. Aliás, o que conseguiu fazer, colocou Bernard na cara do gol aos 3 minutos do primeiro tempo do jogo contra o Newell's, há duas semanas atrás. E a jogada terminou em gol do Galo.
Mas, sem Ronaldinho estar conseguindo ser feliz nos lançamentos, restava apenas contar com os passes saídos de Marcos Rocha pela direita. O que é pouco.
Daí os chutões que tiram o brilho, a beleza, a plasticidade, a velocidade do futebol envolvente, endiabrado, de constantes trocas e rodízio de posição entre Bernard e Tardelli.
Então Tostão está certo. O Galo perdeu qualidade, na medida em que seu principal elemento não vem atravessando uma fase das mais felizes.
Mas, não é estilo Galo Doido, Tostão. E você tem capacidade para falar mais de futebol, e com mais isenção do que tem feito, em minha opinião.
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Ontem, mais uma vez não acertando a maioria das jogadas que tentou, Ronaldinho esteve apagado, embora é importante reconhecer sua liderança em campo e o fato de o tempo todo cantar as jogadas, e orientar o posicionamento do time em campo.
Infelizmente, também Tardelli estava em noite de pouca inspiração, parecendo estar muito pesadão. Lento.
Completando o quarteto da frente, também Bernard parecia mais preocupado em evitar jogadas bruscas, o que não significa que estava com medo de disputar as bolas.
Bernard é atleticano. E provou isso, indo nas jogadas divididas quando necessário e retornando para dar chutões para tirar a bola da defesa quando necessário. Não conseguiu foi espaço e inspiração para suas arrancadas periogosas.
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Réver e Leo Silva, este último herói do jogo, autor do gol salvador, embora jogassem bem, precisam estar mais atentos. Em alguns momentos, os atacantes paraguaios entraram tabelando e trocando passes com incrível facilidade em nossa área.
E Réver praticamente não ganhou nenhuma bola alçada para o ataque do Olimpia.
Quanto a Júnior César, voltou bem ao time, sendo uma boa opção de jogadas pela esquerda, especialmente na segunda etapa do jogo, e daí para a frente.
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Campeões merecidos da Libertadores! Alegria da Massa. Alegria da cidade, tingida de preto e branco.
Onde andam agora os comentários de Caio, meu aluno. Do Leopoldo Grajeda. Do Júlio. Do Rafael, do Comex. Do Raphael Cipriano. Do Chicão, meu vizinho. Do pessoal cruzeirense do Face.
A esses, cruzeirenses, apenas a nossa palavra de fé, de atleticanos que trazem no hino sua mística de vingador. Nós os vingaremos em Marrocos. Não se preocupem, o Galo fará por vocês, o que vocês tiveram a oportunidade de fazer por duas vezes, sem êxito.
Bem, pelo menos vocês tiveram a oportunidade. Duas vezes.
Quem sabe, já classificados para a Libertadores de 2014, a gente não venha a ter também essa mesma oportunidade no ano que vem.
Mas, a gente vinga vocês. No mais, o choro é livre. E no dia de hoje, cruzeirense pode falar o que quiser. Enquanto a gente canta, comemora, bebemora, buzina e faz farra.

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