Embora sejam normais as brincadeiras, choros, lamentações protagonizadas pelos cruzeirenses e envolvendo a conquista da Libertadores pelo Atlético, há uma história que anda tendo alguma repercussão e que, em minha opinião, é simplesmente deplorável.
Trata-se da versão de que o título do Galo teria sido comprado por 9 milhões de dólares, pagos por Ricardo Guimarães, e usados pelo time paraguaio para colocar em dia o pagamento de sua folha de salários.
É tão desrespeitosa, a versão. Tão contrária ao mínimo senso de esportividade que deveria (no condicional, porque tenho consciência que isso seria exigir muito!) prevalecer em qualquer competição que, na verdade, acho que nem deveria perder meu tempo e o espaço desse pitaco.
Mas, trato do tema pelo princípio.
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Começo dizendo que nunca aprovei, e nunca concordei com a frase dita por colegas, amigos e atleticanos que conheço que se ganhar é bom, melhor ainda se for de gol roubado, de mão, aos 48 minutos do segundo tempo.
Por mais atleticano que eu seja, por mais que a vitória do meu time seja meu objetivo, há em mim uma caretice que não me permite comemorar algo que, no íntimo, sei que não merece ser comemorado.
Chorar, já que o choro é livre; reclamar da arbitragem transferindo, às vezes, a responsabilidade do nosso fracasso para cima de outros é compreensível, quando com a cabeça fria, analisamos os resultados do futebol, e o comportamento a que somos induzidos por eles.
E confesso que, em derrotas extremamente doídas e sofridas; em vexames de que tomamos parte, em situações em que tudo que podia dar errado para nosso time, ou para um ou alguns de nossos jogadores dá errado, é até humano que se levante a dúvida quanto à lisura do comportamento de nossos atletas.
Afinal, embora não devesse ser assim, a vida tem nos dado demonstrações de atletas que, por uma série de motivos, fizeram corpo mole e entregaram o time ou o resultado.
Infelizmente, tanto isso é comum, que é de conhecimento público que o boxe acabou tornando se marginalizado e estigmatizado por força dessa fabricação de resultados.
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Por esse motivo, embora sem levar em conta o fato de que estamos falando de seres humanos, e passíveis de falhas, eu mesmo sempre achei no mínimo suspeito o resultado, por exemplo, de nossa derrota de 6 a 1 para o Cruzeiro, há menos de 2 anos, em um dezembro de 2011.
Confesso que tanta suspeição me levou, como a alguns outros atleticanos a suspeitar de resultado fabricado, talvez preferindo não ver alguma superioridade, pelo menos naquela partida específica, capaz de explicar placar tão dilatado e tão estapafúrdio.
E não por ser contra o Galo. Mesmo que fosse a nosso favor, a diferença de qualidade dos times e das equipes e atletas não justificaria tal palacar.
Exceto pela aceitação de que no futebol, às vezes, o Imponderável de Souza tem chance de aparecer e brilhar.
Até por isso, quem sabe, o futebol seja o esporte apaixonante que é.
Mas, ao levantar suspeitas, não lembramos de considerar que do lado de lá, entre os acusados, estão homens, trabalhadores, pais de famílias. Gente como a gente. E sujeitas a falhas. Mesmo que muitas e reunidas.
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Mas, um torcedor de outro time, que nem participava diretamente da competição e que se vê frustrado, talvez, por não ser o seu time que tivesse a oportunidade de impedir a vitória e/ou a conquista do adversário
vir afirmar e inventar versões de que o resultado foi comprado, faça-me o favor!
E, em minha opinião, repercutir, mesmo que só para dar uma cutucada nos torcedores do time contrário, notícias tão fantasiosas como essa, está no mesmo nível de desrespeito e atitude antiesportiva.
Porque afinal, os jogadores do Olimpia vieram para amarrar o jogo e não deixar o Galo ganhar. Ou não deixar marcar mais de um gol.
Ficaram todo o tempo segurando o jogo, amarrando o andamento do jogo, fazendo cera, sem se preocuparem exceto em fazer uma retranca, fechando sua defesa.
Que uma ou outra jogada de perigo no ataque pudesse ter lugar, era natural e casual. Mas, como não era essa a preocupação principal, também era natural se esperar que tais jogadas, por não serem esperadas, terminassem mal.
Foi assim, por exemplo, que creio poder explicar o escorregão dado por Ferreira, com o gol aberto à sua frente no final do jogo.
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Mas, considerar que o time paraguaio se vendeu, é não querer enxergar ou aceitar que, mesmo jogando abaixo de sua potencialidade, o time do Atlético foi mais time, pressionou mais, criou mais oportunidades, mais chances de perigo, o que permitiu destacar o excelente Martin Silva, goleiro do time paraguaio.
Foi porque buscou mais o gol, procurou mais a vitória e contou com aquela necessária parcela de sorte de campeão que o Galo devolveu o placar de Assunção.
Foi porque estava mais tranquilo, já que jogando em casa, e mais descansado, já que passou parte do jogo com um jogador a mais que o Galo tinha mais pernas para a cobrança de penalidades.
Foi por tudo isso que mandamos duas ou três bolas na trave, tivemos chances de gol, como a perdida com Alecsandro no momento final da prorrogação, e houve um pênalty em Jô, mais uma vez não assinalado pelo juiz.
Falta que a tevê mostra sem dar margem a qualquer dúvida quanto a sua existência, e que mostra que o juiz "comprado" devia estar querendo renegociar seu preço?!?!?!?
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Lamentável na história e na versão, então, é o fato de que alguns torcedores rivais não são capazes de reconhecer que o nosso time foi superior e merecedor da vitória e da conquista. E que acabou com a exclusividade que o time deles mantinha, até a data, em relação à Taça Libertadores.
E divulgar ou vir repercutir essa história, apenas para tentar turvar nossa alegria mostra uma incapacidade ter humildade e de reconhecer o melhor momento do outro. E ter a esportividade de admitir que a conquista foi limpa e merecida.
Mesmo que dolorosa e não desejada por eles.
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Embora como disse antes, nunca gostei de falar que para ganhar vale até gol de mão no fim do jogo, porque vai contra as regras, então, para os que insistem em pensar pequeno, é hora de declarar que é muito melhor que ganhar roubado, obter uma vitória já conquistada fora do campo de jogo, na mesa de um jantar, num restaurante chique. A peso de ouro ou de 9 milhões de dólares.
Como subproduto, ainda podemos nos vangloriar até de ter permitido que os direitos de trabalhadores, como os jogadores do Olimpia são, fossem respeitados, com o pagamento deles podendo ser efetuado.
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Só para concluir, destaco aqui com orgulho o profissionalismo dos jogadores do Olimpia, que levaram o time onde ele chegou, mesmo não recebendo e tendo seus direitos desrespeitados.
Isso sim, é de tirar o chapéu.
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