quarta-feira, 10 de julho de 2013

Yes, we CAM e outros pitacos futebolísticos

Com ou sem apitaço, que nos traz à memória a triste máscara do pânico, que tanto pânico - e sorte! - nos trouxe contra o Tijuana. Consciente de que o time do Newell's é bem armado e, principalmente do meio para a frente, muito veloz e com jogadores muito ágeis e hábeis. Sabendo de todas as dificuldades que iremos encontrar pela frente na noite de hoje, não apenas por ser uma partida decisiva ou por ter como adversário um time da escola e tradição argentina.
Ainda assim, e principalmente porque o atleticano é movido pela fé - uma confiança sempre renovada e restaurada após cada momento de tristeza e de sufoco- creio que, embora difícil, o Atlético tem condições de sair hoje, do Horto, com a sua classificação assegurada para a disputa da final da Taça Libertadores, contra o Olímpia do Paraguai.
Por isso, mais que engraçada, ou espirituosa, ou bem bolada, ou para cima, ou qualquer outro adjetivo que possa ser utilizado para classificar o conteúdo da mensagem estampada na camiseta de Cuca, o certo é que o técnico foi de felicidade rara ao envergar aquela camiseta, transformada, desde já, em símbolo do espírito do Galo hoje à noite.
Sim, nós podemos. Sem menosprezar o adversário. Sem apelações. Sem baixairas. Sem violências ou atitudes antidesportivas, importa dizer e divulgar que nós podemos.
Temos time, temos jogadores de talento, temos torcida empurrando o time, temos gana e vontade de fazer o resultado que nos interessa e, mais, temos todos a noção exata e precisa de que ganhar o jogo de hoje significa gravar o nome de cada um na história do Atlético Mineiro. E, de quebra, deixar marcado na memória de cada torcedor, dos 21 mil e tantos que estarão presentes no Independência, e dos outros milhões que estarão assistindo e torcendo de suas casas e empurrando o time para a vitória, os lances de uma conquista a muito sonhada e esperada.
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Que Victor, Marcos Rocha, Leo Silva, Gilberto Silva, Richarlyson, Pierre, Donizete, Ronaldinho Gaúcho, Tardelli, Bernard e Jô e tantos mais quantos entrarem em campo, ou ficarem dando sua contribuição do banco possam estar inspirados e dispostos. Aptos a transformarem a camiseta do Cuca em realidade.
Yes, we CAM. O Galo pode.
E quando a gente deseja com força e luta para conquistar, nada é impossível para nós.
Vamos lá Galão da Massa. Rumo à vitória GALO!!
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 Muito interessante a entrevista, ontem,  do ministro Aldo Rebelo do Esporte. Especialmente ao tocar na questão do horário que está sendo imposto, por interesses comerciais, de grade de programação pelas redes de televisão, para a prática do futebol.
Horário que, durante os dias de semana, expulsa de campo e impede a ida aos estádios, do torcedor tradicional, aquele de nível mais baixo de renda, tornando-se mais um elemento de exclusão social. Isso, já não bastasse o padrão de estádios ou arenas que, por força da Copa do mundo, estão sendo erguidos por todo o país.
 Estádios que, para atender à Fifa e a seu caderno de exigências, obriga a instalação de equipamentos cada vez mais confortáveis e caros, o que eleva o preço dos ingressos e elitiza o público que frequenta os estádios.
O problema é que, esse público, disposto a pagar 1/4 ou um terço até de um salário mínimo para assistir a um evento esportivo não é o público que frequenta e sustenta os times e a paixão clubística, até por terem interesses diversificados mesmo na área do esporte, não se sujeitando a acompanharem apenas ao futebol.
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E mesmo que haja a transmissão televisiva, o torcedor que tem de acordar cedo para sair de casa antes das 5 horas, para enfrentar as 2 horas médias de desconforto em viagens nos nossos ônibus, até chegar ao serviço, onde irá ralar durante toda a jornada, não terá condições físicas para acompanhar os jogos de seu time, vencido pelo cansaço e pelo sono.
É inegável que são cada vez mais as redes de televisão que sustentam os clubes com seus patrocínios e contratos de transmissão com exclusividade, permitindo-os contratarem grandes jogadores ou manterem seus ídolos, o que melhora a qualidade das partidas e dá mais motivação para a torcida ir ao jogo manifestar sua paixão.
Mas, que a elitização está acontecendo e que é preocupante; e que o horário definido para os jogos noturnos, a partir das 22 horas, é um forte instrumento de exclusão social e desse fenômeno, merecendo discussão e estudo sério e detalhado, não há muito a questionar.
Daí, ser muito boa a preocupação manifesta pelo ministro. Tomara que não apenas para servir como constatação, sem levar a nenhuma mudança necessária.
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Interessante: passei minha juventude acopanhando os gritos de ordem, que diziam yankees go home! e repudiavam o FMI, considerado então, como até hoje, o protetor e procurador dos interesses americanos. A vinda de missões do Fundo, com seus cadernos de exigências, os famosos Memorandos Técnicos de Entendimento davam ensejo a cartazes e passeatas e manifestações, invariavelmente, expressas em um grito de Fora o FMI!
É bom que se diga que os tais memorandos nada tinham de acordo, muitas vezes, como o seu nome poderia fazer supor, especialmente pela ênfase no "entendimento". Na maior parte das vezes eram exigências mesmo, algumas descabidas, que eram vendidas e difundidas pelos meios de comunicação mais puxa-sacos, como pílulas medicinais, milagrosas, capazes de incutirem juízo na cabeça de nossos dirigentes ou líderes políticos.
Mais manso o Fundo, depois de tanto erro cometido e alguns até reconhecidos, e depois de tantas apostas mal feitas, com resultados sempre funestos, e já não contando mais com o mesmo ímpeto e vigor da juventude, é interessante observar as manifestações de rua hoje, estimuladas pela FIFA  e seu caderno de imposíções e exigências.
O que apenas muda a sigla do inimigo, mas não muda nem a primeira consoante, nem a postura adotada por essas organizações que, por terem suas sedes nos países em que as têm, acham-se os melhores e superiores a esses povinhos dos países mais pobres e em condições de menor nível de desenvolvimento.
FMI, antes. Fifa agora, a arrogãncia é ainda a mesma de sempre. Idem os cartazes dos jovens nas ruas.

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