Quando era mais jovem, e tentava escapar da prestação do serviço militar, até com a desculpa de não atrapalhar os estudos, por várias vezes ouvi falar de uma proposta que circulava em certos setores, creio eu do próprio meio militar. Tal proposta visava trocar o serviço militar obrigatório para os jovens acima de 18 anos, por outro serviço, que seria prestado por todos os profissionais recém-saídos das faculdades.
Nesse caso, o serviço militar passaria por uma grande transformação, passando a se estender também para o sexo feminino, incluindo na prestação do serviço todas jovens formandas.
Entre outras justificativas, lembro-me de uma que dizia que, tendo estudado no seu curso superior às custas do governo, era mais que justo que os formandos fossem obrigados a 'devolverem' ao governo, sob a forma de um serviço compulsório por prazo definido, os recursos gastos na sua formação profissional.
Naquela época não havia escolas superiores na quantidade de hoje, e a maioria dos cursos eram todos fornecidos por escolas de caráter público. Com financiamento público.
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Não conheço ainda, as regras que constam do projeto agora apresentado pelo governo, para tentar resolver o problema sério da falta de profissionais de saúde para atendimento em regiões mais carentes de nosso país.
Mas, de imediato, ao ouvir a proposta de ampliar o tempo de formação do profissional de medicina, somando-se aos 6 anos médios de Faculdade mais 2 anos de prática compulsória junto ao SUS para que ele possa, enfim ser considerado formado, aquela proposta do serviço militar pós faculdade aflorou em minha memória.
E, antes de comentar qualquer coisa, já que não estou ciente da proposta em detalhes, acho que a ideia é boa. Bastante razoável e plausível para uma comunidade de profissionais que já deve se submeter, na miaioria das vezes, a trabalhos bastante análogos, nos chamados programas de residência, alguns com duração de até mais que 2 anos.
Admito desconhecer, por não ser de minha área de atuação, o que de fato é um programa de residência, que muitos alegam ser um pós-graduação, embora haja cursos autorizados de mestrado e doutoramento em medicina em nosso país.
Por isso, a analogia que faço entre esse programa já existente e o que o governo está propondo. Com a diferença fundamental de que um é junto ao SUS e a todas as suas deficiências e carências.
Ora, se cometo equívoco grave, porque não pedir aos Conselhos e outros órgãos de classe dos médicos, para esclarecerem exatamente o que é cada um desses programas, dando maior transparência à atividade do profissional médico.
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Cabe aqui um parêntese, antes que possa ser cobrado por não conhecer exatamente, os detalhes do programa agora proposto pelo governo. Não é falta de interesse ou preguiça de ler a respeito.
Acontece que, por força de formação, aprendi, com os teóricos de escola americana de ciência política, que há uma diferença muito grande entre o que é proposto na agenda de discussão e o que, enfim, é aprovado. Aliás, se a memória não me trai, há autores que alegavam existir uma distância significativa e importante entre os projetos aprovados e sua implementação, essa última permeada pelos interesses até ideológicos dos próprios "officials", os funcionários dos órgãos responsáveis diretos pela execução dos programas.
Daí estar aguardando que o projeto esteja mais adiantado para me debruçar para entendê-lo. Ou tirando a pretensão de lado, ao menos conhecê-lo.
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Mas, por que só com os estudantes de medicina?
Porque não fazer o mesmo com engenheiros, obrigados a trabalharem junto aos batalhões de engenharia do Exército, na construção de tantas obras necessárias no país, como construção de pontes, obras de saneamento, estradas ou na sua conservação, etc?
Será que é por que isso poderia diminuir o espaço de obras - e lucros e ganhos, e mediçõess sempre suspeitas??? - das grandes e poderosas empreiteiras.
Porque não colocar esses jovens profissionais para participarem das construções de prédios populares, em substituição a tantos casebres nas favelas, verdadeiros alimentos combustíveis para incêndios e desastres?
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E quanto aos dentistas? Nada, ou também eles estarão incluídos como membros da área da saúde nesse projeto governamental? E enfermeiros? E fisioterapeutas, nutricionistas ou nutrólogos, e os profissionais da área da psicologia, psiquiatria, etc?
E o pessoal da área de ciências sociais, será que não teriam o que fazer em projetos de formação de empreendedores, finanças pessoais, alfabetização, formação da consciência crítica e política dentro de nossas escolas?
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Porque a timidez do governo, que o impede de aproveitar melhor os profissionais a que ele ajudou a formar, seja pelo fornecimento de escolas gratuitas, públicas, seja pelo financiamento de cursos?
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Bem a discussão está aí. Creio que o momento é oportuno para ampliá-la e tentar melhorar as condições de funcionamento de vários setores de nosso serviço público.
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