quinta-feira, 4 de julho de 2013

Um grande adversário versus a apatia de um time que muda sua característica principal

Inegavelmente, é uma decisão muito difícil de ser tomada por qualquer técnico e por qualquer time, a da estratégia a adotar para uma partida tal qual a do Atlético ontem. Especialmente levando-se em conta o fato de que é apenas a primeira partida de um jogo que, como gostam de dizer os comentaristas tem 180 minutos de futebol.
Some-se a isso o fato de o time do Galo estar desfalcado de sua zaga principal, o que teria, quando nada, um efeito moral sobre o grupo; do desfalque no meio-campo; de estar vindo de 15 dias de inatividade; de estar jogando na casa do adversário, com toda a pressão e força da torcida, e as coisas só vão se complicando para o treinador montar o time.
Mas, deixei para o final o mais importante, acrescente-se a tudo isso, o fato de o Newell's Old Boys ser uma excelente equipe, com jogadores espetaculares e em condições de jogar em qualquer time de futebol, aqui do Brasil e também da Europa, como os dois autores dos gols argentinos.
A dificuldade de Cuca para definir a formação tática do time tem de ser destacada.
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Ainda assim, acho que ao privilegiar a defesa, tentando encurtar os espaços do meio campo para trás, e optando por praticamente renunciar ao jogo ofensivo, principal setor e mais elogiado e produtivo do time do Atlético, Cuca chamou o adversário para cima do Galão. E ao fazer isso, cometeu uma falha.
Insisto, para não passar a ideia, errada, de que estou criticando o técnico: ao abdicar de jogar com as características mais destacadas de nosso time, o nosso adversário encontrou um Atlético desfigurado. Sem alma. Sem espírito. Apático.
Daí porque as manchetes dos sites e jornais de hoje estampam que o nosso quarteto ofensivo, o quarteto mágico, apagou-se e nada fez durante os 90 minutos. Tornou-se apático.
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A bem da verdade, o NOB entrou para fazer o abafa, jogando e marcando na pressão, reduzindo espaços, marcando a saída de bola e impedindo o Galo de ter espaços para dominar a bola, trocar passes, armar as jogadas.
Desde o início do jogo o técnico argentino mandou a campo uma equipe disposta a não dar espaço para o Galo sair para o ataque, já que afirmava que esperava um adversário agressivo.
Desse ponto de vista, o Galo deve tê-lo surpreendido. E seu time teve condições de partir da pressão para o abafa. E aproveitando as descidas de seus laterais, que atuavam como verdadeiros alas, e a inteligência de Maxi Rodriguez e a habilidade de Scocco, pressionar o Galo em todo o primeiro tempo, encurralando-nos.
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Não fosse a zaga estar em uma noite inspirada, especialmente com Rafael Marques jogando sério, sem firulas e sem enfeitar; e Victor, muito bem e com reflexos apurados e .... sorte, o placar teria sido alterado no primeiro tempo.
Mas, chamando cada vez mais o time argentino para cima, não seria difícil que em um dado instante, a concentração e foco dos zagueiros do Galo não falhasse. E foi em uma distração, em um detalhe de marcação ou para ser mais exato, em uma falha de marcação que nasceu o primeiro gol argentino.
Com Maxi Rodriguez, por trás de 3 zagueiros atônitos no meio da área.
Daí para a frente, o Atlético tentou sair em busca do gol que seria o de empate e sua quase classificação, correndo o risco de tomar mais gols, que praticamente sepultariam suas chances na competição.
E por muito pouco não saiu o segundo gol do Newell"s, em nova bobeira de bate e rebate da zaga, que Rafael Marques tirou em cima da linha, Victor já batido.
Sorte demais. Sorte de campeão, pensei na hora.
E foi então que Cuca resolveu colocar o time para jogar para a frente, fazendo substituições que não tiveram o êxito esperado.
Na verdade, àquela altura Bernard, que tinha apenas feito uma jogada importante e uma falta desleal em todo o jogo, parecia já não ter mais pique ou gana de partir para cima.
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É verdade que Bernard protagonizou outro lance no primeiro tempo que todo atleticano irá se lembrar e chorar durante toda a semana. Afinal, se o Newell's sufocava o Galo, foi a jogada que começou com Rafael Marques, passou pelos pés de Ronaldinho e, depois de um passe magistral do R10 encontrou Bernard entrando livre na diagonal, dentro da área, a trama mais perigosa e a que mais perto esteve de abrir o placar.
E foi do Galo. E foi com Bernard, o menino prodígio.
E Bernard desperdiçou, tentando tirar o goleiro do lance e dando chance para que o goleiro abafasse a jogada e salvasse seu time.
Naquela altura, ainda com o placar em branco, um a zero para o Galo faria toda a diferença e mudaria todo o panorama do jogo.
Mas...
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Também é verdade que houve o gol de Jô, decretando o empate, e que o juiz, a meu modo de ver equivocadamente, anulou. Se Jô estava com o corpo projetado à frente, havia um pé atrasado, retardado no lance, de um beque do NOB que dava condições ao avante do Galo.
Mas, convenhamos, é lance para as câmaras de tevê e os tira-teimas discutirem. E não dá nem para acusar o juiz ou o auxiliar.
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Depois, com o jogo já caminhando para seu final, Scocco, em lance de falta, de uma barreira mal formada e de um pique traiçoeiro da bola, acabou decretando o placar de 2 a zero.
Para punir o time que renunciou ao jogo e a respeitar suas características. Ou que não teve como impor sua forma de jogar, por méritos do adversário.
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Difícil a classificação? Sim, inegável. Impossível? Não.
Dois a zero aqui é um placar que temos condição de construir. Se dermos sorte de marcarmos algum gol logo no início do jogo, então, as chances se ampliam muito.
Mas que vai ser difícil não há dúvida. E que nosso time não pode ficar fiando-se na expectativa do Horto, tendo que ter muita garra, muita disposição (coisa que Bernard, por exemplo não vem mostrando nas últimas partidas pelo Glorioso!) e disputar cada jogada e cada lance como se estivesse disputando um prato, talvez o último prato de comida, isso é também inegável.
E que tenhamos sorte e os deuses do futebol guiem nossos passos. E os de R10 e seus companheiros.
Mas, a maior dificuldade, admitamos é a qualidade do nosso adversário. O time deles é muito bom. Mas pode estar também em uma noite infeliz.
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Que venha dia 10. E o Galo possa dar o troco, devidamente.

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