Marcada pela realização de mais uma das reuniões do calendário da agenda do COPOM, esta semana começa com novas especulações do mercado sobre a decisão quanto à taxa de juros básica de nossa economia. Alguns acreditam em novo aumento de 0,25%. Outros esperam um valor maior, novamente de 0,5%, fazendo a taxa SELIC saltar para os 11%, onde deverá se fixar aguardando a evolução dos acontecimentos.
E assim vemos chegar ao fim a queda de braço que a presidenta Dilma e sua equipe econômica tentaram travar com o mercado financeiro, sem êxito.
E vemos a presidenta cada vez mais submissa e curvada aos interesses do capital financeiro nacional e a seus parceiros e associados estrangeiros.
Para não perder tempo, e não deixar a pressão afrouxar, as instituições e os consultores do mercado financeiro continuam elevando suas previsões para a inflação em 2014, fazendo as previsões saltarem de 5,93 projetado na semana passada para 6% essa semana.
Divulgando números que indicam uma resistência maior à queda da elevação de preços, deixam pouco espaço de manobra às autoridades econômicas, em especial aos diretores do Banco Central, que têm voto no COPOM.
Ao lado da pressão sobre os juros, prosseguem ameaçando o governo com a possível queda do rating de nossa economia, descendo um grau na avaliação de nossa economia como grau de investimento.
Isso, independente do corte anunciado na semana passada, de mais 44 bilhões nos gastos do governo, projetando um superávit primário de 1,9%.
Em relação a essa frente de batalha, as objeções são relativas à projeção do crescimento do PIB, embutida nas contas apresentadas pelo governo, algo superiores à projeção dos mercados. E à dúvida na capacidade de o governo honrar as promessas de cortes, em especial em ano de Copa e eleições.
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Embora todos os analistas e seus porta-vozes irão alegar sempre, a preocupação em manter a inflação controlada, utilizando para tanto todo o arsenal de medidas de caráter monetário e fiscal visa apenas assegurar o poder de compra real do povo, principalmente dos menos favorecidos, que são aqueles que mais perdem com a corrosão do poder de compra de seus ganhos.
E sob tal argumento, continuaram colocando pressão para que o governo se comporte de maneira que, curiosamente, mais atende aos interesses de tantos quanto vivem da aplicação a juros de seus capitais.
Quanto ao desemprego, cujo número pequeno ainda é considerado recorde, esse já dá sinais de que não se manterá por muito tempo mais tão reduzido, dando sinais de que o número de demissões tende a subir.
Entretanto, para os defensores dos interesses do capital financeiro, e dos rentistas, uma elevação da taxa de desemprego, mesmo em nível como a prevista, de perto de 40% força de trabalho é plenamente tolerável, e até de interesse do próprio trabalhador.
Para o ex diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman, por exemplo, além de contar com o seguro desemprego, que lhe assegura a sobrevivência por um certo período de tempo, a perda de postos de trabalho é típica de economia com o mercado de trabalho muito aquecido, e de interesse do próprio trabalhador, que busca posições mais favoráveis, arriscando-se mais em busca de ganhos potenciais da maior rotatividade.
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Raciocínio que só não consegue justificar como, com a ocorrência de quase a metade da perda de postos de trabalho, o mercado de trabalho terá condições de se manter aquecido e próximo do pleno emprego.
Além disso, há que se lembrar que são exatamente economistas como Schwartsman que cobram mudanças na legislação social, sempre batendo na tecla do impacto das despesas do seguro desemprego no resultado das contas públicas e, pior, na redução do superávit primário.
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