segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Mensalinho mineiro, compra de votos da reeleição e mensalão petista: tudo farinha do mesmo saco?

É no mínimo curiosa a afirmação de Eduardo Azeredo, de que sua participação no chamado mensalão tucano, ou mensalão mineiro, é semelhante àquela de Lula, no mensalão petista.
E, em minha opinião, pode deixar o deputado e ex-governador mineiro xem uma situação muito ruim.
Isso porque, aos olhos da grande maioria da população brasileira e mesmo sem qualquer elemento de provas ou sequer indícios, Lula sabia, mesmo que não participasse diretamente do esquema.
Ora, isso significaria, aos olhos dessa mesma maioria que Azeredo também sabia e não cumpriu o dever de todo funcionário público ou homem público de apresentar denúncia, mesmo que o esquema fosse, no fundo, visando beneficiá-lo?
Mas, vá lá. E aceitemos a afirmação e analogia de Azeredo, ex-presidente nacional do PSDB, concedendo-lhe, tal qual a Lula, o benefício da dúvida. Como ficariam, nesse caso e em época de temporada de campanha eleitoral, o grande argumento utilizado pelo arremedo de oposição que o PSDB pretende ser, em relação à questão da corrupção petista? Como poderiam os tucanos usar qualquer argumento que implicasse Lula ou que permitisse alegar que a corrupção estava entranhada no seio do governo petista, como gostaria?
Lembremos que vários líderes do PSDB, nas entrelinhas, davam a entender ou que todo o acerto do mensalão era de conhecimento - e até autorizado por Lula, ou que Lula seria tão ingênuo, que incapaz de poder dirigir o país.
E, agora, Azeredo sabia ou era tão ingênuo?
E as demais lideranças do PSDB, em que categoria deveriam ser classificados?
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A respeito do mensalão mineiro, que a mídia minimiza até na forma como a ele se refere, como mensalinho, é bom não nos esquecermos que teve início pouco depois que o deputado do Acre, Ronivon, foi flagrado recebendo R$ 200 mil, para votar a favor da emenda que aprovou a proposta de reeleição, de FHC.
Logo, nem o mensalinho teve origem em Minas, nem foi criação dos nossos conterrâneos. Nem FHC, tampouco, sabia de coisa alguma.
E devemos nos admirar com a quantidade de dirigentes que ignoram tanta coisa, quanto no nosso país.
Lembro esse caso, porque há pouco tempo, FHC abordando o caso do mensalinho, afirmou que ali a ques era diferente: tratava-se de financiamento de campanha, até via caixa 2, quem sabe?
Não se relacionava a compra de votos e/ou pior, a interferência corrupta e corrompida, de um Poder sobre outro.
Pois bem.
Tanto no caso de Ronivon, que terminou cassado, e da reeleição quanto no caso do mensalão do PT, muito semelhantes, houve um crime sem dúvida. E, tal crime assumia maior gravidade, por ser fruto de uso de dinheiro público, na maioria das vezes.
Então, não era a questão, apenas, de um poder estars corrompendo o outro, ou de um poder aceitar ser corrompido. Essa questão, politicamente talvez mais séria, talvez servisse mostrar a fragilidade do sistema político, e eleitoral de nosso país, onde os partidos nada significam, não têm ideias a defender, nem ideologias, nem seriedade, nem honra. Acho que é mais uma questão até ética, moral. Ou da falta de tudo isso.
Mas, creio eu, tornou-se crime previsto em lei, por ter em seus meandros a participação de recursos públicos.
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Ora, e que diferença há, quando recursos públicos são usados para comprar apoio popular ou de deputados, à campanha de reeleição de um candidato? Ou mesmo quando os recursos são privados,  frutos do desvio de recursos subtraídos à Receita e ao setor público, origem maior da sonegação que alimenta e recheia os famosos caixas dois?
E, no caso da compra de votos de eleitores ou cabos eleitorais, ainda pior, já que crime, com previsão legal, de âmbito eleitoral.
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Não sei, não. Acho que Eduardo deu - mais - um tiro no pé. De quebra, rouba uma bandeira, por mais esgarçada que seja, do discurso - já fraco do PSDB.
Mesmo sabendo que Aécio tem apoio de todo mercado financeiro - o que só aumenta o nosso temor de uma possível vitória sua, e que, por força desse apoio, há interesses muito bem orquestrados, para que ocorram picos de luz, apagões, falta de água, ou falhas de transporte metropolitano, cada hora em algum bairro, desde que da periferia ou pobre, da cidade. Numa espécie de rodízio para que vá minando a paciência daquela população que  poderia ainda votar no PT.
E, para   alimentar e fomentar um ambiente de insatisfação, cuja culpa será sempre exposta como única e exclusiva do governo e da presidenta Dilma.
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Do assunto do mensalinho, só lamentar que seus mentores, em face à questão da idade, consigam ter decretada a prescrição do crime. E escapam ilesos, sem ao menos podermos ver o esclarecimento da verdadeira situação, ao menos na opinião de Walfrido Mares Guia e Cláudio Mourão.
Pena que nem precisarão se defender e nos deixar mais informados sobre sua participação ou não na história.
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Só para concluir: mesmo sem conhecer o processo e documentos, acho que os 22 anos de pena  pedidos para Eduardo Azeredo, são uma punição exagerada.

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