quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Sobre economia e um pouco de mais do mesmo...

Dilma preocupada em definir e adotar medidas capazes de gerarem o superávit primário que convença e tranquilize o mercado de que o governo está preocupado em manter os fundamentos da economia, controle da inflação à frente.
Afinal, se o governo não conseguir ou não mostrar disposição para implementar os cortes orçamentários cobrados pelos analistas, a carga sobre a política monetária ficará muito pesada, recaindo sobre ela, leia-se sobre os juros, a responsabilidade por tentar quebrar a resistência demonstrada pelo nível de preços.
Juros que, como eu já havia antecipado, poderiam se elevar ainda mais, nas próximas reuniões do COPOM, demonstrando o acerto da previsão de Belluzzo, para quem Dilma e seu governo, se curvaram e cederam aos mercados.
Nada mais correto, num mundo em que as notícias que a mídia repercute, são todas fundadas nas opiniões - e expressam mesmo que apenas subliminarmente, as vontades e desejos alimentados pelos mercados e sua ânsia de lucros, nem sempre lucros oriundos da produção mas das atividades meramente especulativas.
Daí a importância das incertezas, segundo Keynes, e das expectativas, que afetam as decisões. Daí a importância de ter sempre um distanciamento crítico, embora difícil de ser obtido, das notícias que os jornais e tevês bombardeiam sobre nós.
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Ora, nesse meio tempo, em que todos pedem a volta do tripé: câmbio livre, responsabilidade fiscal representada por superávits primários representativos e busca ferrenha da meta do sistema de metas de inflação, destaca-se o papel das taxas de juros. Especialmente em relação ao último item, do combate à inflação.
Juros elevados que foram, ao longo de todo esse período pós-Plano Real, que permitiram atrair para nosso país tanto capital estrangeiro. O mesmo que agora quer cair fora, voltando para a segurança(?) da economia americana e seus juros em potencial elevação e seus riscos menores somado aos indícios de sua recuperação.
Juros que estiveram tão elevados que trouxeram bilhões de dólares de capital externo, a grande maioria não para ajudarem a construção de nosso país, não para investirem na nossa produção ou infra-estrutura, não para contribuírem com a redução ou eliminação de nossas mazelas. Apenas capital num mundo extremamente líquido, com dinheiro sem ter oportunidades e fontes lucrativas de aplicação, que veio ter ao nosso país, para especulação, Para se valorizarem com os ganhos espetaculares, proporcionados por nosso mercado financeiro´, puxados pelos juros dos títulos públicos.
E enquanto o capital externo lucrava, nosso real se valorizava e os ganhos do capital externo tornavam-se ainda maiores, na medida em que, na conversão de reais para dólares, era quase certo que os aplicadores ainda teriam ganhos maiores, quanto mais tempo passasse, quanto mais dólares entrassem, quanto mais os juros se mantivessem elevados.
De quebra, as contas públicas mais apresentavam déficits elevados e mais o endividamento crescia, por maiores que fossem as economias geradas para pagar os gastos de transferências de juros, quanto maiores fossem os superávits primários prometidos para tranquilizar aos credores.
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Estamos de volta à mesma discussão e, agora, com Dilma se submetendo aos interesses e ditames do mercado, na tentativa de convencer aos senhores do dinheiro de que vale a pena não jogar contra sua reeleição. Ou não vale a pena jogar muito contra.
De notável, embora nenhuma novidade, a deterioração da nossa conta de transações correntes, a massiva saída de dinheiro de aplicações estrangeiros em nosso país, e a quebra de recorde atrás de recorde de resultados negativos na nossa balança comercial. Como o anúncio do resultado de janeiro da balança comercial feito nessa semana.
Mas nem mesmo esse resultado é surpresa ou surpreendente.
E já havíamos também comentado essa situação.
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Ou seja: embora o Brasil não esteja muito fragilizado, e nem vivendo um momento de crise, o ambiente que vem sendo criado pelos mercados, seus analistas e seus porta-vozes da grande imprensa, é capaz de criar um ambiente de medo. Um medo sem maiores fundamentos, mas mais uma arma para que a captura do governo possa ser feita sem questionamentos.
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Para sugerir aos leitores uma visita ao site www.portaldofuturo.com.br, mantido por Carlos Plácido Teixeira do Diário do Comércio que nessa semana traz uma matéria intitulada "Governo fortalece o viés monetarista" que contém uma entrevista com esse blogueiro.

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