Pois é! De volta o futebol, num país que já foi cantado, em verso e prosa, como o país do esporte.
Isso há muito tempo atrás.
Hoje, nem mesmo no ranking da Fifa, por maiores que sejam as críticas que lhe sejam dirigidas, o Brasil ostenta uma posição remotamente capaz de lembrar o que já fomos, um dia.
Decadência que tem como explicação uma série de fatores, claro, entre os quais creio que podemos listar a cultura que domina nosso povo, para quem o que conta não é, necessariamente, competir. Importa vencer. Custe o que custar. Mesmo que com um gol de mão, aos 48 do segundo tempo, com o diz o ditado popular.
Ora, não tendo conquistado os títulos disputados nas Copas de 74 e 78, mesmo que tivéssemos obtido posições de destaque, formou-se a convicção no imaginário popular de que nosso futebol estava desatualizado e que era necessário procurarmos jogar "ao estilo europeu".
Isso, em um momento em que o estilo que mais se destacava era o estilo holandês e sua laranja mecânica, que aliava preparo físico, eficiência, com a troca de passes e a inversão de posições, além do que mais caracterizou sempre nosso futebol: o talento.
Em 78, a Argentina foi campeã, com nada de muito diferente do estilo de jogo que sempre foi nossa característica.
Mas, com o espírito de derrotados, que já foi chamado de complexo de vira-lata por Nelson Rodrigues, em certa ocasião, passamos a tentar copiar o estilo europeu de jogar o futebol, iniciando uma fase em que passamos a dar vexames em um estilo que não era o nosso.
Exceção feita à seleção de Telê, em que voltamos a praticar o futebol vistoso e cheio de malícia - no sentido de aliar talento e técnica, que nos caracterizou. Isso mais em 82 que 86.
Daí, outro vexame com Lazzaroni em 90, quando abdicamos do futebol jogado pra frente, sem que isso significasse abrir mão de manter uma defesa segura e bem plantada.
Mas, para desespero dos amantes do bom futebol, veio 94, e naquele ano, aplicando goleadas de 1 a zero e conquistando a vitória nos pênaltes, ao final, acabamos sendo campeões.
Campeão tão pouco notável, que poucos se lembram dos atletas vitoriosos, sendo exceções: Taffarel, Bebeto - pelo gesto de ninar um bebê, Branco- pela potência do chute contra a Holanda, Zinho e Mazinho - pelo estilo enceradeira de ser e jogar, e o grande Romário. Bem, o futebol era tão feio que Dunga representava e representa o espírito do time.
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Não queria ficar analisando o futebol, então vamos dar um salto para perceber que hoje nos colocamos à frente das tevês a cabo, para assistir e ficar admirando jogos do Bayern, do talento do Barcelona, do Real e outros que jogam ao estilo sul-americano. Com troca de passes, inversões de jogadas, dribles, jogo prá frente.
Abordo tudo isso, já que enquanto nosso futebol piora de qualidade, ao menos em nível da seleção principal, nossos times, ao contrário, têm conseguido algum destaque. Sempre optando por jogar pra frente. Futebol vistoso, de qualidade. Toques rápidos, jogadas de habilidade. Triangulações, jogadas pelas pontas, etc. como é necessário registrar, tem sido o estilo adotado por Marcelo Oliveira no Cruzeiro e pelo Galo do ano de 2012, 2013, por acaso, com Cuca.
Justiça seja feita, Cuca é muito bom para armar times que visam jogar no estilo que agrada a vista. Seus defeitos e problemas, são de outra ordem, que não é nosso tema.
Autuori, também, parece ser técnico dessa tendência de se retomar o futebol brasileiro, o vistoso, jogado para a frente, em velocidade, mas sem o predomínio do físico sobre a técnica.
Aí, chegamos ao Campeonato Mineiro, no seu ano 100.
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Assisti a primeira partida do Galo, em Sete Lagoas, pela TV. Jogo que terminou empatado, com o Minas Boa. E onde o que mais se destacou foi o fato de o Galo estar completamente desorganizado em campo, fruto do muito pouco tempo para que os atletas pudessem recuperar sua forma física, e que pudessem começar a incorporar as ideias do novo treinador.
Confesso que não nutro simpatia alguma por nosso técnico. Mas, apenas 8 dias de pré-temporada, é tempo curto demais, para que qualquer um venha a culpar o treinador.
O time entrou em campo sem condições para correr os 90 minutos, e com alguma falta de entrosamento e, pior, mostrando claramente, não ter absorvido a filosofia do novo comandante, embora já começando a tentar se desapegarem do esquema - o bumba-meu-boi do treinador anterior.
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E para atender ao Juliano, o cruzeirense mais preocupado em nos acompanhar, o Galo entrou em campo com aquele uniforme branco. O mesmo que, embora não ganhe jogo e nem afete o desempenho(?) qualquer que seja dos atletas, para a torcida é sinal de que o time não irá bem.
Ao ver o time entrar com aquele uniforme, o atleticano que torce contra o vento se a camisa preta e branca estiver dependurada no varal, na imortal frase de Roberto Drummond, já muda imediatamente seu humor. E já começa a sofrer. E se pegar com os santos de sua devoção porque, como qualquer crendice, essas coisas podem não ser importantes, nem existirem, mas funcionam.
Ou seja: no creemos en brujas, pero que las hay...
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Guilherme, no primeiro jogo tentou armar jogadas, jogando mais distante da área. Jô parou de ficar só escorando bolas vindas do chutão de Victor ou Réver. Tardelli, em minha opinião estava completamente sem noção de espaço, perdido em campo. E parecendo desanimado.
Embora tenha feito uma jogada espetacular, que carimbou a trave.
Victor nos salvou mais uma vez, já que o Minas esteve melhor e mais perigoso no ataque.
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Já no segundo jogo, contra o Nacional, mais uma vez o time do interior esteve melhor. Tardelli melhorou muito, jogando mais na armação. A bola não chegava aos pés de Jô, e Fernandinho estava, em minha opinião, muito individualista.
A defesa estava mais firme que no primeiro jogo, e Pierre e Josué, estiveram melhores. Josué, mantendo as avançadas, parece que pedidas pelo Autuori.
Quanto a Guilherme... continua o mesmo. No mesmo nível demonstrado, em outras ocasiões, por Renan Oliveira.
Vencemos, mas não convencemos. De positivo, ver o Jô voltar a ter tranquilidade para marcar gols que podem ser seu passaporte para o time do Felipão.
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Agora é torcer para que a Bruxa, que las hay..., se afaste do Galo, depois das baixas de Luan, Emérson e, agora, Felipe Souto.
E ficar na expectativa de como o time se comportará na volta de Ronaldinho, o grande ausente e a grande interrogação. Não na técnica e qualidade, mas no aspecto físico.
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