quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Pitacos vários sobre temas econômicos e o jogo do Galo e Cruzeiro, domingo. Onde um time não merecia ganhar, mas o outro merecia perder

Finalmente, depois de alguns dias de silêncio e notebook sem funcionar, voltamos a operar nosso blog.
Então, em nossa volta, um pitaco a respeito de um programa que tive o prazer de ver no canal GloboNews, o Milênio, entrevistando Thom Hartmann, apresentado como cientista político e autor de The Crash of 2016.
Impressionantes alguns dados apresentados no programa que, por sua qualidade, andei apresentando como material de discussão em salas de aula. Para começo de conversa, o fato de que, mesmo após a crise financeira desencadeada a partir do ano 2008, os derivativos não pararam de crescer em volume e valor, no mundo.
Conforme dados apresentados, citando o BIS - Banco de Compensações Internacionais, o volume de derivativos circulando no mundo hoje correspondem a um valor de mais de 1 quatrilhão de dólares, seja lá o que essa soma astronômica represente. 
Antigamente, números exorbitantes como esse apenas apareciam nas revistas de Tio Patinhas, e eram algo inimaginável.
Agora representam o valor das apostas, com lastro em dinheiro completamente fictício. Razão porque o entrevistado acredita que estamos gestando uma crise ainda pior, com o seu ponto culminante se dando em 2016. 
Afinal, o mundo todo, em conjunto, produz apenas 65 trilhões de dólares, valor apresentado como sendo o total da cifra do PIB mundial. Ora, se os valores em derivativos correspondem a várias vezes a produção, trata-se apenas de dinheiro de fantasia. Sem existência concreta.
E no instante em que algum de seus possuidores, temeroso ou por mero capricho, quiser resgatar o valor aplicado, vai verificar que não tem dinheiro para todos os investidores. E aí, sim, vai começar o deus nos acuda. De novo.
Certo que mudaram as bases para o lançamento dos tais papéis derivados, do fluxo de caixa relacionado ao pagamento de hipotecas, para o fluxo de caixa relacionado a aluguéis, conforme o autor do livro.
Mas, só nos Estados Unidos, já circulam hoje, mais de 700 trilhões desses títulos.
***
Questionado pelo entrevistador, ficamos sabendo que o autor da previsão menciona que, embora também vá ser vítima do estouro da bolha, o Brasil pode se sentir mais tranquilo, já que aqui há controle efetivo e regulamentação prá valer do mercado financeiro. 
Palmas para nosso Banco Central e todo seu intervencionismo, tão criticado por tantos liberais.
Mais ainda, falando sobre nosso país, Hartmann afirma que estamos vivenciando aqui, o mesmo fenômeno que já foi experimentado pelos Estados Unidos, nas décadas de 40, 50, etc. quando a classe média sofreu uma verdadeira expansão. Segundo o entrevistado, movimento que não foi perdoado pelos conservadores, que alegavam que ao "dar a mão" à classe média, dentro em pouco ela iria exigir todo o braço.
Pois bem, houve sim, reivindicações sociais, e comoção social até, dando razão aos conservadores. Até que no governo Reagan e sua reaganomics, todo o avanço social foi contido. 
Pelo que pode-se perceber, no Brasil, repetimos o fenômeno, razão que explica o furor da mídia e das elites, em criticar o governo ou os governos que, para o mal ou para o bem, ousaram expandir a remuneração das classes menos favorecidas, em detrimento das mais poderosas e ricas. criando uma nova classe média vigorosa, pujante e cheia de demandas sociais.
***
Bem, recomendo a todos assistirem os 25 minutos da entrevista, em que o professor termina dizendo da importância dos impostos como elemento estabilizador da renda e da economia e prega a favor da eliminação de toda e qualquer desigualdade, como remédio para evitarmos crises mais profundas.

***


Gastos do Governo

Enquanto isso, aqui na Folha de São Paulo de domingo último, o professor Samuel Pessôa trouxe dados do comportamento dos gastos públicos no nosso país, para confirmar sua hipótese de que o Estado não é tão ineficiente como alguns querem nos obrigar a acreditar. 
Mostrando a evolução de comportamento de algumas rubricas como a da folha de pessoal, incluídos os inativos, vê-se que não houve crescimento desse tipo de gasto, apesar do que se afirma por aí. Ao contrário, embora pequena a participação da folha no PIB, decresce 0,3%, alcançando menos de 4,5%.
Gastos que mais aumentaram, como mostra o professor, foram aqueles que tratam da concessão de subsídios, e benefícios sociais, o que mostra que o problema não é do governo. 
A questão é da sociedade e de uma discussão séria a respeito do que ela deseja. Porque mantido o padrão de demandas, resta-nos como mostra a coluna, apenas rediscutirmos como financiar tais gastos. Ou como elevar os impostos para manutenção de nossos gastos atuais. 


***

Futebol

Devo estar enganado, mas não vi grandes emoções no jogo de domingo entre Atlético e Cruzeiro. 
Aliás, confesso que tive mais foi medo, já que o time adversário ganhava todas as bolas altas lançadas na área do Galo no primeiro tempo, além de dominar todos os rebotes. Menos pela estréia muito boa de Otamendi e mais pela colocação muito ruim da defesa, indicando falta de treinamento. 
Léo Silva então esteve abaixo da crítica, em minha opinião. E Dátolo mostrou que a dispensa de Júnior César foi um erro. Embora esforçado, não é lateral  e mostrou isso no jogo.
Tardelli passeou em campo o tempo todo, mas embora sua presença foi assinalada, não fez absolutamente nada. Completamente bisonho, fora de tempo de jogo, fora do foco, razão que justifica inclusive as vaias que lhe foram dirigidas quando Autuori o tirou para a entrada de Berola.
Alguma coisa está acontecendo com Tardelli porque não é possível tanta displicência, em quem tem tanta história de amor e entrega e dedicação como ele, reconhecidamente tem, com a camisa do Galo.
Demos alguns chutes a gol? O juiz nos prejudicou, ao não expulsar Ceará, e deixar de dar faltas perigosas para nosso time?
A verdade é que  Fábío, ao que me lembro, apenas foi exigido, para defender uma bola, já passado mais da metade do segundo tempo. O que é muito pouco para quem tem Ronaldinho Gaúcho, Jô e sua esperança de ser chamado para a seleção, Fernandinho e todo seu individualismo e Tardelli.
É isso. Para mim, um jogo em que o Cruzeiro não merecia e não mereceu ganhar. E o Galo, infelizmente, merecia perder.


Nenhum comentário: