Finalmente, depois de alguns dias de silêncio e notebook sem
funcionar, voltamos a operar nosso blog.
Então, em nossa volta, um pitaco a respeito de um programa que
tive o prazer de ver no canal GloboNews, o Milênio, entrevistando Thom
Hartmann, apresentado como cientista político e autor de The Crash of 2016.
Impressionantes alguns dados apresentados no programa que, por sua
qualidade, andei apresentando como material de discussão em salas de aula. Para
começo de conversa, o fato de que, mesmo após a crise financeira desencadeada a
partir do ano 2008, os derivativos não pararam de crescer em volume e valor, no
mundo.
Conforme dados apresentados, citando o BIS - Banco de Compensações
Internacionais, o volume de derivativos circulando no mundo hoje correspondem a
um valor de mais de 1 quatrilhão de dólares, seja lá o que essa soma
astronômica represente.
Antigamente, números exorbitantes como esse apenas apareciam nas
revistas de Tio Patinhas, e eram algo inimaginável.
Agora representam o valor das apostas, com lastro em dinheiro
completamente fictício. Razão porque o entrevistado acredita que estamos
gestando uma crise ainda pior, com o seu ponto culminante se dando em
2016.
Afinal, o mundo todo, em conjunto, produz apenas 65 trilhões de
dólares, valor apresentado como sendo o total da cifra do PIB mundial. Ora, se
os valores em derivativos correspondem a várias vezes a produção, trata-se
apenas de dinheiro de fantasia. Sem existência concreta.
E no instante em que algum de seus possuidores, temeroso ou por
mero capricho, quiser resgatar o valor aplicado, vai verificar que não tem
dinheiro para todos os investidores. E aí, sim, vai começar o deus nos acuda.
De novo.
Certo que mudaram as bases para o lançamento dos tais papéis
derivados, do fluxo de caixa relacionado ao pagamento de hipotecas, para o
fluxo de caixa relacionado a aluguéis, conforme o autor do livro.
Mas, só nos Estados Unidos, já circulam hoje, mais de 700 trilhões
desses títulos.
***
Questionado pelo entrevistador, ficamos sabendo que o autor da
previsão menciona que, embora também vá ser vítima do estouro da bolha, o
Brasil pode se sentir mais tranquilo, já que aqui há controle efetivo e
regulamentação prá valer do mercado financeiro.
Palmas para nosso Banco Central e todo seu intervencionismo, tão
criticado por tantos liberais.
Mais ainda, falando sobre nosso país, Hartmann afirma que estamos
vivenciando aqui, o mesmo fenômeno que já foi experimentado pelos Estados
Unidos, nas décadas de 40, 50, etc. quando a classe média sofreu uma verdadeira
expansão. Segundo o entrevistado, movimento que não foi perdoado pelos
conservadores, que alegavam que ao "dar a mão" à classe média, dentro
em pouco ela iria exigir todo o braço.
Pois bem, houve sim, reivindicações sociais, e comoção social até,
dando razão aos conservadores. Até que no governo Reagan e sua reaganomics,
todo o avanço social foi contido.
Pelo que pode-se perceber, no Brasil, repetimos o fenômeno, razão
que explica o furor da mídia e das elites, em criticar o governo ou os governos
que, para o mal ou para o bem, ousaram expandir a remuneração das classes menos
favorecidas, em detrimento das mais poderosas e ricas. criando uma nova classe
média vigorosa, pujante e cheia de demandas sociais.
***
Bem, recomendo a todos assistirem os 25 minutos da entrevista, em
que o professor termina dizendo da importância dos impostos como elemento
estabilizador da renda e da economia e prega a favor da eliminação de toda e
qualquer desigualdade, como remédio para evitarmos crises mais profundas.
***
Gastos do Governo
Enquanto isso, aqui na Folha de São Paulo de domingo último, o
professor Samuel Pessôa trouxe dados do comportamento dos gastos públicos no
nosso país, para confirmar sua hipótese de que o Estado não é tão ineficiente
como alguns querem nos obrigar a acreditar.
Mostrando a evolução de comportamento de algumas rubricas como a
da folha de pessoal, incluídos os inativos, vê-se que não houve crescimento
desse tipo de gasto, apesar do que se afirma por aí. Ao contrário, embora
pequena a participação da folha no PIB, decresce 0,3%, alcançando menos de
4,5%.
Gastos que mais aumentaram, como mostra o professor, foram aqueles
que tratam da concessão de subsídios, e benefícios sociais, o que mostra que o
problema não é do governo.
A questão é da sociedade e de uma discussão séria a respeito do
que ela deseja. Porque mantido o padrão de demandas, resta-nos como mostra a
coluna, apenas rediscutirmos como financiar tais gastos. Ou como elevar os
impostos para manutenção de nossos gastos atuais.
***
Futebol
Devo estar enganado, mas não vi grandes emoções no jogo de domingo
entre Atlético e Cruzeiro.
Aliás, confesso que tive mais foi medo, já que o time adversário
ganhava todas as bolas altas lançadas na área do Galo no primeiro tempo, além
de dominar todos os rebotes. Menos pela estréia muito boa de Otamendi e mais
pela colocação muito ruim da defesa, indicando falta de treinamento.
Léo Silva então esteve abaixo da crítica, em minha opinião. E
Dátolo mostrou que a dispensa de Júnior César foi um erro. Embora esforçado,
não é lateral e mostrou isso no jogo.
Tardelli passeou em campo o tempo todo, mas embora sua presença
foi assinalada, não fez absolutamente nada. Completamente bisonho, fora de
tempo de jogo, fora do foco, razão que justifica inclusive as vaias que lhe
foram dirigidas quando Autuori o tirou para a entrada de Berola.
Alguma coisa está acontecendo com Tardelli porque não é possível
tanta displicência, em quem tem tanta história de amor e entrega e dedicação
como ele, reconhecidamente tem, com a camisa do Galo.
Demos alguns chutes a gol? O juiz nos prejudicou, ao não expulsar
Ceará, e deixar de dar faltas perigosas para nosso time?
A verdade é que Fábío, ao que me lembro, apenas foi exigido,
para defender uma bola, já passado mais da metade do segundo tempo. O que é
muito pouco para quem tem Ronaldinho Gaúcho, Jô e sua esperança de ser chamado
para a seleção, Fernandinho e todo seu individualismo e Tardelli.
É isso. Para mim, um jogo em que o Cruzeiro não merecia e não
mereceu ganhar. E o Galo, infelizmente, merecia perder.
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