Em minha opinião, foi o melhor jogo do Atlético esse ano, mesmo com o resultado não sendo a vitória esperada. Mas, justiça seja feita, a desclassificação da Libertadores se não era esperada, era pressentida.
Tanto que até o tradicional grito "Eu acredito", entoado algumas vezes durante o jogo, não foi ouvido com a mesma intensidade e fé com que era gritado na jornada do ano passado.
Ao menos eu percebi que muitos torcedores ao meu lado gritavam uma, duas vezes, mas logo parece que acanhados, paravam, alguns até olhando para os companheiros ao lado, como quem estivesse pedindo força e apoio, ou desculpas...
E, deixando de lado toda a paixão, se é que isso seja possível de se propor ou fazer, a verdade é que o Atlético não mereceu mesmo ganhar nem a partida de ontem, no Horto de tantas tradições e tanto enterro...
Porque se não fosse São Victor, mais uma vez o resultado teria sido adverso, bem pior que o mero empate.
E Victor, mais uma vez, brilhou, especialmente ao crescer à frente do pequeno e cabeludinho Sherman Cardenas, o craque colombiano que já havia sido o autor do gol na Colômbia.
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Pois bem, e como se não soubessem da qualidade do número 7 colombiano, deixaram que ele escapasse completamente livre, para aparecer frente a frente com nosso goleirão, e tocar por cobertura, levando Victor a fazer defesa maravilhosa.
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Mas, o time do Galo voltou ontem a jogar futebol. Não o futebol vistoso e que encantava a todos os admiradores de futebol no ano passado. Mas, também nada como o jogo apático e sem objetividade, completamente burocrático da ausência de treinador que tínhamos no posto de técnico, antes da chegada de Levir.
Ontem, se não houve qualidade, houve entrega. Raça. Disposição. Muita correria até.
E como é diferente ver um time que ao invés de retornar todo para seu campo, atraindo para cima de sua retaguarda até o goleiro adversário, joga marcando lá na frente, a saída de bola.
Encurtando os espaços. Impedindo que o adversário tenha campo e tempo de construir jogadas. Tenha condições de armar jogadas planejadas.
Nitidamente essa nova postura, de quem está com fome de bola e disposto a tudo para brigar pela posse da gorduchinha, já mostrava o dedo de Levir Culpi.
E foi sufocando a defesa do Atlético Nacional, que o beque colombiano rifou a bola desviada na trave por Tardelli, para a recuperação de Emerson Conceição e o passe para o chute certeiro da entrada da área de Fernandinho.
Quem estava em campo, atento, pode até mesmo alegar que foi a correria e a entrega que foi minando as energias de alguns dos jogadores do Galão, fazendo com que passassem no segundo tempo a mostrar cansaço, não porque pararam em campo e começassem a se arrastar, mas por não mostrar forças para dar sequência a qualquer jogada que fosse.
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Foi isso que senti em Tardelli, a quem eu mesmo critiquei para os companheiros ao lado. Corria, corria, lutava e, na hora de tentar uma jogada, um passe, conseguiu não acertar nada que tentou.
Teve uma ou duas ocasiões em que lançou a bola para ninguém, no vazio, mostrando que se jogava com a alma, não conseguia unir a raça à inteligência.
E não dava sinais de que fosse esse cansaço fosse causado por farras e noitadas. Era mesmo o desgaste físico e intelectual do jogo e do corre-corre.
E essa constatação não foi apenas minha. Foi de toda a torcida do Galo que no segundo tempo, por duas vezes em que Tardelli perdeu uma jogada bisonha, entoou o grito com que salda nosso ídolo: "Tardelli....gol...gol...gol".
Não veio o gol. Vieram gritos pedindo Guilherme, ao menos da torcida do Galo na Veia. Vieram reclamações e comentários de que Levir estava demorando a mexer no time.
Guilherme era a opção natural e, embora Tardelli estava se doando, achei que ele devia sair. Mas não sair como saiu, manifestamente irritado.
Confesso que só à noite, vendo as imagens da Fox foi que vi que ele apelou chutando a garrafa de isotônico, e ainda soltando um sonoro "tomar no c.... " do banco.
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Acho até compreensível que um jogador fique chateado com o fato de ser substituído, especialmente quando tem gente jogando menos. Mas o faniquito de Tardelli não teve razão de ser... e além de ele não estar bem no jogo, nada justifica apelar como ele fez.
Uma coisa é deixar claro que gostaria de jogar mais um pouco e reagir, já que isso mostra vontade, brio. Mas, explodir, tentando jogar torcida contra técnico, não é reação que mostre gana, raça. Mostra até mau caratismo.
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Em campo, tinha jogador se entregando menos que Tardelli.
Ronaldinho Gaúcho, embora tenha corrido ontem, e mostrado disposição, era outro que também não se justificava no gramado. Tudo que tentou, até mesmo em bola parada, não funcionou. Mas, caminhando para a decisão nos penaltes, e sempre lembrando de uma possível falta próximo da área, como tirar o cobrador oficial do time?
Fernandinho era outro que mostrava, de um lado, muito individualismo; de outro, uma certa má vontade de estar ajudando a defesa na marcação do lateral esquerdo do time colombiano.
Tudo bem que a torcida pegou no pé de Alex Silva, que corria para o meio da área, deixando a esquerda livre para os avanços do camisa 6. Mas, em minha opinião, na intermediária, na posição em que o lateral se postava pedindo que lhe passassem a bola, acho que a marcação deveria sr feita por quem, em tese, estava jogando pela direita: Fernandinho.
Mas, Fernandinho era o mais objetivo. E já tinha marcado um gol, depois de excelente jogada de Jô.
O centro-avante ontem, mais uma vez, brilhou, fazendo as jogadas de ida até a linha de fundo, que nenhum ponta ou lateral sequer tentava fazer.
Foi de Jô que saíram as jogadas de ataque mais perigosas, embora repetindo o erro e o problema. Ele saía, ia à linha de fundo e cruzava para..... quem? Se ele é quem deveria estar naquela posição, esperando a bola para aproveitar sua altura, inclusive.
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Tanto quanto Tardelli, esforçado mas intelectualmente cansado, estava Donizete que não conseguia passar a bola de sua perna direita para a esquerda. Muito bom no desarme. Mas sofrível como responsável pela saída de bola ligando a defesa ao ataque.
Pierre também estava cansado e mostrou isso, jogando bola para ninguém tanto quanto Tardelli. Mas Pierre, em minha opinião, destrói mais e melhor que Donizete.
Eu não teria tirado Pierre mas Donizete. E não sei quem poderia ter sido posto em seu lugar, mas até mesmo Cuca tentou Réver pelo meio, no ano passado.
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De tudo, além de Victor, o excelente Otamendi, que errou dois passes, um dos quais ele mesmo se recuperou no lance para retomar a bola. No resto do jogo, não errou nada. Não perdeu uma jogada. Mostrou que é um monstro.
E a ausência de Marcos Rocha. Que saudade do Marcos Rocha!
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Mas, como disse, se foi o melhor jogo do ano do Galo, mais uma vez não merecemos ganhar ou avançar.
Embora seja necessário reconhecer sempre, que tanto quanto no jogo da final do campeonato mineiro, em que também o Cruzeiro foi infinitamente melhor, houve um lance em que o juiz nos prejudicou flagrantemente.
Ontem, no lance em que Jô arrancava em direção ao gol, nas inversões de faltas ou não marcação de faltas no meio de campo, e especialmente, na validação do gol do time colombiano, em impedimento, o juiz mostrou a que veio: parece que não irão deixar mais um time brasileiro conquistar pela sexta vez consecutiva, acho, a taça Libertadores.
Desde já, o Cruzeiro que se acautele e mexa seus pauzinhos, para não vir reclamar depois.
Bem é isso. Jogamos melhor. Mas não o suficiente para desfazer a lambança feita pelo paisagem que ficava no túnel à beira do campo, verdadeiro nada. E as lambanças de quem contratou cavaleiro de tão triste figura e memória.
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