segunda-feira, 14 de abril de 2014

Pra quem precisava da vitória, o Galo mais uma vez foi um embuste - restando apenas o pênalti para podermos ter algo a falar

De um lado, imagine um time de futebol precisando de vencer por qualquer placar para sagrar-se campeão. De outro, imagine o time adversário, entrando em campo jogando pela vantagem do empate, depois de ter jogado fechado um domingo antes, preocupado principalmente em não tomar gols.
Agora, suponha que o jogo seja realizado na casa do time que fez a melhor campanha do campeonato, fechando a competição com o melhor ataque, a defesa menos vazada, e o apoio de 90% da torcida presente ao campo, embora o estádio em si não favoreça a qualquer um dos times em disputa, assegurando apenas e tão somente as condições mais adequadas à prática do futebol.
Some a tudo isso o fato de que um time tem a mística da garra, do amor à camisa, da equipe que cresce nas adversidades, além do retorno de seu maior ídolo, na busca do terceiro título consecutivo.
E dê início ao jogo decisivo.
Mas cuidado. Porque apesar de todas as vantagens serem do time de uniforme azul, e de o time preto e branco ser o que precisa da vitória a qualquer custo, é o time de azul que avança e já no primeiro chute a gol, em bola completamente sem maiores pretensões, acerta o travessão.
Daí para a frente, o que a televisão nos permite acompanhar é o time de azul partindo para a frente, atacando, jogando com inteligência nas falhas do time de preto-e-branco, nos infindáveis erros de passe na saída de bola do time dito carijó.
E as jogadas vão se sucedendo, com ataques pela esquerda, com Ricardo Goulart, pela direita com Everton Ribeiro, todas parando nas mãos de Victor, o goleiro que tem salvado o Galo na hora do sufoco.
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Para destoar do restante do grupo, que busca praticar um futebol corrido, há que se destacar dois jogadores do Cruzeiro: Dagoberto, como sempre, e Samúdio, repetindo o que ocorreu na primeira partida. Do Atlético, merece destaque Leonardo Silva, disparado na frente da disputa por quem merecia ser expulso desde o início do jogo, por terem esquecido a bola, preocupados apenas em agredir ao adversário.
Bem distante, do Atlético ainda poderiam ser citados Donizete e Alex Silva, esse último com menor culpa, tamanha a quantidade de provocações de que foi alvo deste destemperado Dagoberto.
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Mas, enquanto o time que jogava pelo empate subia ao ataque levando sempre perigo ao gol do Galão, o Atlético, provavelmente instruído por seu técnico, optava por tocar a bola e trocar passes, sempre para trás, aliando o moderno e modorrento estilo de jogo de troca de passes dos times de Guardiola, à completa e total falta de objetividade ofensiva.
A rigor, Jô lutava sozinho, embora tendo que sair da área para vir buscar o jogo, o que fazia sempre faltar a presença de um homem de frente para aproveitar as bolas, poucas, lançadas para ele, Jô, na área.
Guilherme perdido em campo, parecia não saber o que fazer. Tardelli, como sempre, insistindo em prender a bola e inevitavelmente armando sucessivos contra-ataques para o time adversário.
Ronaldinho Gaúcho fez um lance durante o primeiro tempo. Quiçá, durante todo o jogo, ao tocar uma bola à la Ronaldinho para a penetração na área de Alex Silva, que cruzou para o meio da área, no único lance de perigo do Galo até o final do jogo.
Enquanto isso, do lado contrário, Júlio Batista acertava bicicleta no interior da grande área, para defesa precisa de Victor. Everton Ribeiro em contra-ataque em bola perdida de bobeira do time do Atlético aparecia livre na cara de Victor e jogava por cobertura para fora de alcance do goleirão atleticano à direita do gol e outros ataques iam sendo desperdiçados pelos ataques pouco inspirados do Cruzeiro.
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A volta do segundo tempo viu um Atlético modificado, com a entrada de Fernandinho no lugar do inoperante e apagado Guilherme. Se o técnico do Galo desejava por fogo no jogo e empurrar o time para a frente, o que se viu foi a repetição do que já havia ocorrido no primeiro tempo. Exceto que, agora, o time do Galo tinha um jogador veloz e muito individualista, tentando resolver tudo sozinho e, dividindo com Tardelli e com Donizete a responsabilidade por perder a bola e provocar as avançadas mais perigosas do adversário.
Do lado do Galo, Léo Silva passou a bater menos, tanto quanto o próprio Dagoberto, e Otamendi continuou mostrando ser o melhor zagueiro do time em muitos anos. Embora jovem, e em posição para a qual não tem o menor cacoete, nem perna, Alex Silva era o que mais levava perigo, com suas investidas, ao setor defensivo do Cruzeiro. De resto, estava seguro na marcação, ao contrário de Michel, pela direita, que deve ter feito todos os atleticanos sentirem tanta saudade de Marcos Rocha quanto eu senti.
Pierre, sempre e mais uma vez, um leão.
E só. Ou melhor, Jô correndo só.
E então o técnico do time que tinha que partir para cima promove a entrada de quem???
Ninguém. Ou melhor, de um sempre esforçado, corredor e inútil Berola.
E chegando à conclusão de que o Atlético não tinha condições de levar qualquer perigo a sua defesa, Marcelo Oliveira começou a mexer em seu time, que tirou o pé do acelerador.
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Mas, como o futebol é um esporte mágico e imprevisível, sobrou para Berola tocar uma bola para Jô, e o atacante da seleção, em posição completamente regular conseguir fazer o que faz melhor, o giro com a bola, para entrar na área e ... ser calçado vergonhosamente por trás.
Pênalti que poderia dar o título ao time que nada fez para merecer, jogando acovardado, até mesmo em um momento em que tinha que partir para a frente com a gana, a mística, a vontade, a tradição...
Pênalti que o juiz Vuaden chegou a assinalar e correr indicando a cal, até perceber o bandeirinha equivocado com a bandeira erguida, indicando um impedimento que nunca houve.
E a única esperança de alguma oportunidade real de gol para o Galo morreu na falha de um trio de arbitragem que alterou o resultado do jogo, talvez até para errando, poder ser mais justo.
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Pouco importa, o time do Galo perdeu a oportunidade de ser tricampeão. E ontem, mais uma vez, jogou se poupando. Apático. Sem jogadas tramadas, sem esquema tático. Com um meio de campo sem inspiração, sem vontade de jogar. Ínsipido. Inodoro. Incolor.
Sem qualquer traço do Galo que foi campeão do Mineiro e da Libertadores, ano passado.
Mas com a mesma imagem que me passa seu treinador, postado à beira do campo: de alguém ultrapassado, e sem condições nem carisma para motivar um grupo e arrancar dele, na hora mais necessária, nada mais que um jogo burocrático.
Marasmo total para o Galo. Tristeza para a torcida alvi-negra.
E um campeonato justo para o melhor time, mesmo que, como foi, precisando da ajuda do juiz para fazer o resultado.

Um comentário:

Anônimo disse...

kkkkkkkk como te disse, não deu.....
Juliano