Mais um "round", hoje, dessa baixaria em que se transformou a campanha política no segundo turno, aqui em BH.
Hoje, com o duelo previsto para ir ao ar pelo SBT, a partir das 22:30 horas.
A julgar pelo tom das denúncias, principalmente aquelas apresentadas pelo candidato João Leite, e pela desfaçatez com que o candidato Kalil vem se apresentando. lamenta-se é que a Globo tenha incluído a apresentação do futebol apenas às segundas feiras, no novo horário adotado para os jogos.
Mas é bom lembrar, há sempre a alternativa do Master Chef pela Bandeirantes, e outras atrações que podem ser procuradas.
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De minha parte, indico a quem puder ter acesso ao youtube, buscar a série de documentários lutas.doc, em especial o que trata de recursos humanos.
Trata-se de uma aula de formação social do nosso país e explica grande parte das mazelas com que nossa sociedade convive e que, agora, graças à PEC 241, que se procura aprovar na Câmara hoje, em segundo turno, devem ser liquidadas.
No pior sentido que a expressão ser liquidada possa ser entendida, tendo em vista que o corte de gastos proposto pelo governo usurpador tende a liquidar com todo o tipo de benefícios sociais, ao longo de vinte anos de uma política destinada a asfixiar o governo, de forma a que, pela falta total de recursos, o Estado não possa cumprir nem minimamente o papel de provedor do bem estar social.
Ou seja, nem saúde, nem educação, nesse Estado que, não é difícil prever, deixará de ser mínimo, para ser nulo. Um espectro apenas.
Mas que certamente abrirá espaço para que a iniciativa privada venha a invadir o espaço deixado vago pelo Estado, cumprindo a máxima que na realidade, os espaços não ficam vagos, sendo logo ocupados por outros tipos de entes ou indivíduos ou interesses.
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E, como o abandono das comunidades do Rio de Janeiro foram adotadas pelo tráfico, agora em disputa aberta com as milícias, veremos a saúde invadida pelos planos médicos de saúde, prestados pela rede de assistência que tem sempre disputado e não raro ocupado o destaque das listas de reclamações dos Procons do país.
A educação será invadida pela escola privada, "ensalando", para poder ter retornos positivos, mais de 100 alunos por turma.
A segurança será assegurada pelas empresas de vigilância privada, em substituição ao policiamento. E em relação à previdência então, nem é bom pensar. Todos serão levados a buscar as previdências privadas complementares, diligentemente geridas por bancos e grandes instituições do mercado financeiro.
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Preliminarmente, devo dizer que não sou contra que serviços - de forma complementar - possam ser prestados à sociedade, por entidades privadas. Eu mesmo, sempre estudei no ensino fundamental e médio, em escolas privadas e muito do que sou, devo à formação que nelas eu recebi. Incomparavelmente superior à formação educacional dos dias de hoje, sem qualquer nostalgia.
Também, tive a felicidade de poder me filiar a planos de assistência médica, dos quais não posso me queixar.
Mas, aí está o xis do problema.
Os serviços privados, diferente dos prestados pelos governos, devem ser pagos, e não raras vezes, sabe-se que a melhoria da qualidade está diretamente relacionada a um valor cobrado mais elevado.
E como a grande maioria dos trabalhadores brasileiros, com a fábula que recebem de salário mínimo, poderão arcar com esse tipo de gastos?
Como poderão ter assistência nem digo digna, que a Constituição prevê para eles? Como poderão poupar para poder fazer um pé de meio que lhes assegure uma velhice tranquila, com uma aposentadoria que os respeite, se para isso tiverem que entrar no círculo vicioso e perverso de terem que se endividar para conseguir sequer sobreviver?
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Ou muito me engano, ou é disso que a PEC do teto dos gastos trata. De favorecer o desenvolvimento dos negócios privados, que irão sem dúvida alguma querer realizar investimentos na prestação de serviços antes públicos, mas sem conseguir fazer desse país uma verdadeira nação, onde não se favoreçam apenas algumas das castas desde sempre mais privilegiadas.
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Mas, o pitaco de hoje começou tratando do renhido bate-boca com que os candidatos à Prefeitura de nossa BH tem nos brindado.
Uma lástima, para não exceder em adjetivos.
De um lado, um candidato que nasceu rico, cresceu rico, frequentou os melhores bairros, clubes, colégios de nossa capital, e teve toda essa oportunidade por ser filho de um empresário, que mesmo que a empresa nunca tenha tido qualquer atitude questionável, não pode deixar de reconhecer que cresceu às custas do setor público, a Erkal.
Afinal, sendo uma grande empreiteira, não há mal algum em que a empresa tenha participado de licitações, tenha vencido as concorrências de que participou, supondo que os processos, desde os editais tenham se caracterizado pela lisura.
Não há mal algum que a empresa, em se partindo do princípio de que a legalidade prevaleceu no processo licitatório, depois na execução da obra, nas medições, tenha contratado 50 ou mais milhões de obras.
Repito, sendo dentro de um processo lícito, não ha nada de anormal, até pelo contrário, já que as obras devem ter, em tese, favorecido a população da cidade, ou dos bairros beneficiados.
Mas, supondo tudo isso, não há como negar, não fora o Estado, representado por seu ente municipal, não haveria nem obras, nem empresa, nem a riqueza do empresário.
Como esse empresário, e outros em situações semelhantes, podem atacar o poder público, e sair fazendo propanda das vantagens da iniciativa privada.
Em minha opinião, como contratados dos entes públicos, ainda que momentaneamente, não deixaram de ser prestadores de serviços públicos, funcionários públicos.
E assim são muitos dos engenheiros de firmas que deitam a falação contra o governo, mas vivem e recebem salários e lucros de contratos e obras para esse mesmo governo.
(E nem estou falando de propinas, e superfaturamento, etc.)
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Também não vejo como que a introdução na campanha do fato de que um candidato não ser religioso, ou de usar a religião e a fé, com o fim de angariar votos possa melhorar o nível de debates, ou de propostas que, supostamente os debates deveriam estar apresentando.
E olhe que ouvi até comentários de que o candidato, no caso João Leite, deixou de segurar uma bola defensável, chutada pelo Nunes, um centroavante do Flamengo, em jogo de mais de trinta anos atrás....
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Ao focar essa questão, do debate-boca, como Zé Simão definiu à perfeição, posso passar a impressão de estar tomando um lado da disputa.
Não é verdade. Se comento mais as baixarias e ataques cometidos pela chapa tucana de João Leite, a explicação talvez resida no fato de que ele foi o vitorioso no primeiro turno e, agora, é ele que perdendo a dianteira nas pesquisas acusa o golpe agindo de forma mais desesperada.
E, como o outro candidato em alta nas pesquisas não precisa, não agride ou ataca o adversário.
Tampouco apresenta propostas, que não possui. Nem plano de governo, por nem estar preparado para isso.
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A verdade é que chegamos a uma situação muito ruim, de uma disputa entre o ruim e o pior, para escolhermos com quem somos capazes de conviver de forma menos dramática, nos próximos quatro anos.
Mas, se chegamos a essa situação foi apenas por nossa culpa mesmo.
Culpa de uma população que, até induzida pela midia, acredidta mesmo que o melhor é fugir da política, evitar os políticos e abandonar de vez qualquer atividade que dê oportunidade para que os políticos possam ter espaço e aparecerem.
Pois bem, a situação de abandonode qualquer manifestação, de qualquer participação, de qualquer formação de juízo relativo à ação política não redunda em nada, exceto a má política e esse tipo de políticos oportunistas e aproveitadores que surgem. (E não estou aqui falando que os dois candidatos sejam asism. Apenas que a ausência de seriedade com as questões que envolvem a cidadania, a vida em sociedade, acaba levando ao surgimento de tudo que todos nós gostaríamos de evitar. E não seu contrário!)
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De tudo isso, de toda a baixaria, uma questão deve ser ressaltada, em minha opinião.
Independente de tudo que se possa dizer da campanha e de seu nível rasteiro, não há como aprovar um candidato que se apresenta como uma pessoa que não paga ou pagou os impostos devidos.
Até entendo que há discussões de valores que podem estar por trás do não pagamento, já que a discordância pode ensejar, e isso é legítimo e correto, que se leve a discussão aos tribunais. Aí, a morosidade de nossa justiça acaba de fazer o restante: adiar indefinidamente o pagamento. Ajudando ao mal pagador a ganhar tempo e alcançar sua intenção.
Se for essa a situação, o que não se entende é a razão do candidato não reagir. O que demonstra o nível de seriedade com que ele trata até seu próprio nome.
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Mas, pior, sem dúvida alguma não é ter patrimônio, carros importados, motos, ou gastar mais de dois milhões de SEU dinheiro com a sua campanha. Como fiz questão de frisar, é o dinheiro dele.
Ele faz com o dinheiro o que quiser.
Agora recolher a contribuição previdenciária de seus empregados e não fazer o repasse ao órgão competente sem sombra a dúvidas é um dos maiores crimes. Mais até que o FGTS, não recolhido. Afinal, o Fundo, o trabalhador embora tenha direito, não era o titular do dinheiro, do qual não foi alienado. O empregado tinha nesse caso, um direito futuro aos recursos depositados no fundo.
Mas descontar o dinheiro do empregado, com uma finalidade e desviar o recurso, em prejuízo do empregado, é desprovido de qualquer argumento de defesa.
É roubo. E ponto.
Dos piores. Crime hediondo.
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E ver o candidato Kalil, reconhecer que deve ao empregado e que vai acertar as contas, então, é escárnio. Só isso.
Como também é uma baixeza não dar a baixa no registro da carteira de trabalho de empregado já fora dos quadros da empresa.
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Aliás, antes de concluir esse pitaco, um comentário a mais.
Não raras vezes, ouvi patrões dizerem que vão deixar de fazer o acerto devido com seu empregado, seja ele doméstico ou trabalhador em outra atividade, para evitar que, depois de pagos os direitos, o empregado possa ir reivindicar na Justiça do Trabalho mais algum valor ou direito.
Confesso que não entendo como, para evitar isso, alguns possam admitir que é melhor deixar que eles recorram diretamente à justiça, onde o acerto feito uma vez, é definitivo.
Porque embora admito que possam haver erros de cálculo, acho que quem anda certo não pode temer, caso tenha feito o acerto correto, que seja ameaçado de ser levado à justiça.
É tudo uma questão de consciência tranquila.
E mesmo assim, se de fato for levado à justiça e ainda estiver devendo algo, não vejo como não pagar o devido e por um fim ao problema.
É isso.
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