segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Do jantar do golpista temer até o Galo cada vez mais distante de seu objetivo: afinal a quem interessa tanta movimentação?

Ângela é uma dessas pessoas especiais, que temos a felicidade de trabalhar aqui em casa.
Para minha mulher, entre outros predicados, ela possui um que supera todos os demais: o sorriso. E não estou dizendo isso, em comemoração, embora atrasada pelo dia do sorriso.
Mas é, de fato, um sorriso cativante.
O problema é que, como todos os seres humanos, às vezes ela também adoece, e fica impossibilitada de trabalhar.
O que nos obriga a fazer todo o pesado e cansativo trabalho doméstico.
A mim, na divisão de tarefas estabelecida, e até por opção minha, fica a parte de fazer o almoço.
E enquanto corria aqui de manhã para fazer o arroz sempre unidos venceremos, a carne moída, lavar a mostarda, a cenoura, a beterraba, e passar tudo no ralador, fazer a  farofa, um cará antes que ele se perdesse, confesso ter ficado com uma ponta de inveja de todos que, ontem, puderam aproveitar do jantarzinho de temer.
Não fosse o fato de ter que ouvir o usurpador falar, em prol de uma medida que até a PGR já se manifestou contrária.
Confesso que não conheço as razões da Procuradoria, mas a argumentação é que a emenda que aprova o teto para os gastos é inconstitucional.
E, caso aprovada, irá imediatamente dar origem ao encaminhamento ao Supremo da decretação de sua inconstitucionalidade.
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Acho que a Procuradoria, acredita ainda, e piamente, que o Supremo irá mesmo decretar a PEC inconstitucional, anulando quaisquer efeitos que ela pudesse acarretar.
Ledo engano.
Já se foi o tempo em que a principal Corte do país, zelava pela manutenção daquilo que a Carta consagrava.
Vide o exemplo da prisão para os casos de condenados em segunda instância, em que, tangido pela pressão popular (que só tem olhos e vista para a punição de políticos, condenados por corrupção, quando a questão é muito mais delicada e ampla, que a dessa sociedade cada vez mais conservadora, e como tal, sempre disposta a varrer de vez, para fora qualquer ato de corrupção, ou delituoso), o STF acabou atropelando a lei maior que expressamente institui que a prisão será apenas depois de sentença condenatória transitada em julgado.
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Embora tenhamos que nos recordar que essa Casa, embora na ocasião com outros doutos magistrados, por força do bem público, admitiu e aprovou o confisco de depósitos de poupança, e até de contas correntes, acima de um valor mágico, o que era vedado pela Carta.
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O que apenas reforça a nossa surpresa quanto à confiança que a Procuradoria manifesta em relação ao Supremo.
Que deverá tornar-se frustração, obviamente. A bem da estabilidade econômica e política do país...
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E dos interesses de todas as associações de empresários que, atendendo a convocação de nosso usurpador mor, o indigesto temer, manifestaram-se já por duas ocasiões, que eu tenha visto, com exortações aos deputados para que votem a PEC do teto de gastos, sem alterá-la, de forma a que, contidos os gastos públicos, a economia volte a melhorar em função da confiança que tal medida trará aos investidores de que o país entrou na trilha da responsabilidade fiscal.
E, com a projeção da trajetória da dívida pública mais aceitável, possam cair a taxa de juros básica da economia, a Selic, e possam os empresários voltar a investir. E o país a crescer.
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Para não ficar repetitivo, não vou dizer novamente nada a respeito do engano.
Apenas lembrar que, sem a possibilidade de elevar gastos públicos, o que introduz um elemento de contenção de demanda agregada, bastante rígido, o que veremos é a demanda continuar despencando, sem qualquer razão para nos convencer de que empresários irão investir e ampliar as capacidades produtivas, hoje já com grande ociosidade, sabendo que não encontrarão compradores.
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Conforme afirmado acima,  a razão da Procuradoria, parece-me, trata de que a PEC 241 é um instrumento que desequilibra a necessária harmonia entre os Poderes, principalmente por tirar do Congresso qualquer possibilidade de debater, alterar, modificar o orçamento, conforme é sua função e como manda a legislação que rege a matéria em nosso país, por um prazo muito longo de dez anos, prorrogáveis por outro tanto.
Pois bem, sem poder discutir a questão por falta de maior conhecimento dela e de embasamento, o que posso perceber é que a ideia - que tanto comove a empresários, é que, caso o governo não possa aumentar seus gastos, tendo que compensar alguns aumentos em umas áreas com redução em outras, vai sobrar: primeiro, dificuldade para contratação de funcionários para as atividades de fiscalização, em todos os sentidos e níveis; segundo, dado que a população vai demandar serviços de acordo com sua evolução natural, com uma expansão que não está sujeita a crescer, a cada ano, de acordo com a inflação do ano anterior, o que vemos é a necessidade de o setor privado entrar em muitas áreas, hoje praticamente entregues à gestão do setor público, aproveitando-se de novos mercados.
Ou seja: os empresários terão menos fiscalização, menos regulação, menos dissabores para poderem ampliar suas atividades e seus lucros, e também terão áreas de serviços novos a serem explorados.
Como o capital, ao contrário do setor público, não irá prestar serviços por ser bonzinho, nem por ser considerado sua função social, e é bom lembrar, ele visa sempre lucros, de preferência máximos, o que veremos é uma série de atividades serem cada vez mais dedicadas a um tipo de público que, em nada tem a ver com as demandas e características de nosso público maior: a população brasileira.
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Antes que alguém possa me criticar pelo simples desejo de exercício da crítica, vejamos o que está acontecendo, por exemplo, com os estádios de futebol depois que viraram arenas. Antes, com os geraldinos e arquibaldos podendo pagar um percentual do salário mínimo razoável para ir ao campo e aproveitar uma de suas únicas e poucas distrações, os estádios ficavam cheios.
Agora, com as arenas, apenas quem pode pagar 120, 160 ou até mais de 200 reais pode ir ao jogo, o que está criando um futebol que presta-se a ser exemplo de tudo, menos de um esporte popular.
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Agora, transfiramos isso para o exemplo dos planos de pensão, que depois de arrebentado o direito à previdência pública, irão ser dominados, cada vez mais por entidades do sistema financeiro, com programas e planos de previdência complementar.
Tirando de cada trabalhador, quem sabe, 5, 10% de seu salário mínimo, de fome, para poder guardar para uma vida melhor no futuro. Uma vida que ele não chegará a aproveitar, já que tirando essa parcela de um valor que já não é suficiente nem para sua sobrevivência,  irá ficar sem condições de se alimentar, se cuidar, se educar, etc., quando jovem.
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E nas escolas, agora descoberto que houve manipulação no resultado divulgado do ENEM, com o esquecimento de inclusão das boas escolas, de qualidade algumas, chamadas de Insitutos Federais.
Que razão pode explicar tal esquecimento, senão mostrar o quadro caótico que foi mostrado no primeiro instante, de forma a fazer todos os pais correrem para levar seus filhos para as escolas privadas?
E, sem FIES, que cada vez mais fica ameaçado pela falta de recursos, como irão os estudantes hoje matriculados em cursos superiores em nosso país, custear sua formação, tão necessária para eles quanto para o país?
Isso sem contar os planos de saúde, cada vez mais vorazes na exploração de seus associados, sempre dando desculpas em relação à cobrança de mensalidades mais elevadas para os beneficiários idosos; sempre deixando de aprovar a realização de exames, como os de ressonância (mais caros), embora necessários para sua clientela. Sempre deixando a desejar na forma de tratamento dispensado àqueles que, durante anos a fio, pagaram para que, como todo mundo sabe, ao final da vida tivessem de fazer maior uso dos benefícios dos planos.
Como a contribuição enquanto jovem é lucrativa, mas os gastos da terceira idade, ou quarta ou sexagésima, etc, são maiores que os valores pagos, o que dá início a uma redução do fundo acumulado com o cliente antes, os planos visando lucros acabam criando mil e um dificuldades para seus associados.
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Tudo isso irá ficar ainda mais tranquilo, ampliando os ganhos pecuniários das empresas, que comemoram a chegada ao poder de um governo usurpador, ilegítimo, de quem não teria nunca aprovado pelas urnas seu programa de governo. Exceto se só pudessem votar os que cumprem certos prerequisitos, como o de estar inserido nos nívieis mais elevados de renda.
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Mas, independente de tudo isso, o jantar de ontem, destinado a aprovar a medida de economia dos gastos públicos custou uma pequena bagatela, reunindo 400 deputados que, pelo nível que apresentam, teriam sido reunidos, babando ovo do temerário, para qualquer serviço de café, com pãozinho de queijo e, quem sabe, algum queijo com cafezinho.
Afinal para a turma do jantar, o melhor mesmo seria poder apertar a mão de temer, o usurpador, e avistar, sua bela e recatada esposa, Marcela.
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Que venha o engodo e a falácia. A medida poderá até ajudar a baixar a dívida, a taxa e o pagamento dos juros, mas não irá, só por esse motivo, ajudar na retomada do crescimento.
Porque, aqui no nosso país, para haver crescimento, historicamente, o governo tem que estar gastando antes. Em investimentos públicos.
É isso.
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E o campeonato já vai se decidindo

Como previa, com as vitórias de Palmeiras e Flamengo, fica cada dia mais difícil para o Atlético e seu milionário elenco, atingir o seu objetivo de mais de 40 anos.
A sete pontos do Palmeiras, a quatro do Flamengo, só o mais afoito torcedor poderia esperar que o primeiro iria tropeçar em duas partidas, além do confronto direto com o Galo.
Pior é esperar que o Flamengo também tropece ao menos mais uma vez, logo ele que tem a poderosa Globo a apoiá-lo, além de ter de perder para o Galo.
Galo que não consegue vencer os jogos mais importantes, nem sequer jogar bem, tomando sufoco e fazendo sofrer sua fiel e apaixonada massa.
Agora, a questão que se coloca é: o gasto com o time para obter apenas o terceiro lugar, não é um desperdício enorme?
E as outras dúvidas em relação ao preparo físico ruim do time, sempre abrindo o bico na etapa final; em relação a tanta contusão seguida; em relação a um técnico que, desde o Palmeiras não consegue montar um time minimamente equilibrado, sem que a defesa tome tanto gol, e com um ataque funcionando, mesmo que de forma mais econômica?

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