segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Debate Kalil e João Leite sobe o tom e baixa o nível (coisa que a liderança do PSDB sabe fazer como poucos). E a reforma da Previdência.

Não passou despercebida a ninguém a guinada da campanha eleitoral de João Leite, candidato hoje desesperado a prefeito de Belo Horizonte. A fala antes mansa, tranquila, alterou-se. As propagandas deixaram de mostrar visitas do candidato a bairros, vilas, comunidades da capital mineira e passaram a apresentar apenas um objetivo: destruir Kalil.
Assim, o que o blog de Josias, o jornalista Josias de Souza, apresenta hoje a seus leitores no portal UOL se já não era de conhecimento, já fazia parte da grande maioria de eleitores de BH.
O presidente nacional do PSDB, o senador mineiro mais carioca do país, o candidato derrotado a presidência da República em 2014 e porta voz desse programa político nunca vitorioso nas ruas, que vem sendo posto em prática pelo usurpador que ocupa o Planalto, enfim, para resumirmos em uma palavra apenas, o golpista e mau perdedor aécio, capaz de comportamentos moralmente tão baixos que até mesmo as letras minúsculas para se referirem a ele tornam-se gigantescas, assumiu o comando da campanha do ex-goleiro do Galo.
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Mas, como eu vários de nós já poderíamos ter presumido, a retomada da baixaria de sua campanha desesperada de 2014 já prenunciava isso.
O blog do Josias apenas ratifica. Confirma. Andréa Neves assumiu o comando da campanha, Marcos Pestana, o boneco mais utilizado nos últimos tempos, como ventríloquo de aécio, já assumiu posto na coordenação e há um radialista, também deputado, requisitado para integrar a troika que, agora, passa a dominar e fazer João Leite transformar-se em boneco de pano.
Uma pena! Mas previsível.
Afinal, depois de mostrar sua face golpista que deixaria seu avô Tancredo envergonhado, não resta mais nada ao menino do Rio, em seu desespero para chegar à presidência, que tudo fazer para não voltar a ser derrotado na capital do estado que governou.
É verdade que alguns dizem que, de fato, quem governou foi sua irmã, junto com o hoje senador Anastasia.
Seja como for, era aécio quem, aproveitando-se de seu carisma e alguma simpatia, natural, que todos somos forçados a admitir, se expunha nas ruas e nas eleições.
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O problema é que quem o conhece não o compra, como dizia o antigo ditado, que pode ter sido algo modificado depois que comentários sobre Furnas passaram a fazer parte de algumas delações de políticos presos na Lava Jato.
E, como as vitórias mais estrondosas do candidato mineiroca em 2014 se deram em São Paulo, sob a influência de um cada vez mais competente Alckimin, novamente o desespero ronda o menino de Cláudio. Afinal, o governador paulista não só tornou aécio vitorioso em seu estado, como fez agora o prefeito João Dória.
Enquanto isso, nas Gerais...
Enquanto isso, João Leite perde o controle de sua própria campanha e reedita toda a baixaria de que a ex-presidenta Dilma foi acusada ter lançado mão em sua campanha eleitoral, há dois anos.
O curioso é que, como dessa vez não há qualquer petista na corrida eleitoral, vai ser difícil eles alegarem que o adversário é que sempre dá início às baixarias. E vai ser bastante interessante verificar a quem eles irão culpar pelo comportamento que estão adotando.
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Quanto a Kalil, não há muito o que dizer de um homem que, como presidente do Atlético, conseguiu colocar toda o antro que é a CBF, contrária ao clube e ao time.
A ponto de haver comentários de que enquanto Kalil fosse presidente do clube, o Galo não ganharia nada em território nacional.
Boquirroto, inconsequente, Kalil sempre foi bastante respeitado, entre outras coisas, por ser empresário, dono de uma grande empreiteira prestadora de serviços para a Prefeitura de Belo Horizonte: a Erkal.
Como as pessoas têm memória curta, poucos sabem que foi Elias Kalil, um dos maiores presidentes que o Galo já teve, que fundou a empresa e a projetou.
Sabemos agora, graças à campanha de baixaria dos tucanos, que Kalil conseguiu levá-la a uma situação pré falimentar ou pior.
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O que me leva a concluir que a cidade estará muito mal servida, ganhe Kalil, o que nada fala por falta absoluta de propostas a apresentar, seja Joâo Leite, aquele que azedou e talhou.
E devo admitir que, desde seus tempos de jogador,  eu sentia uma grande simpatia por João Leite. Por seu comportamento e postura, como atleta, em primeiro lugar.
Pela luta intransigente por seus direitos, em segundo lugar. Lembro-me que, apesar das ameaças, sempre feitas pelos cartolas, João Leite nunca se curvou, nunca voltou atrás em suas propostas e acertos para a renovação de seus contratos com o clube.
Lembro-me de que teve ocasião que ficou várias semanas fora do time, por não se submeter aos caprichos dos dirigentes, até que assinou nas condições que, desde o início havia apresentado.
João Leite era um jogador diferenciado, por apresentar vontade própria. E discernimento. E, uma vez renovado os contratos, por ser sempre o profissional sério e dedicado que era.
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Quando encostou as chuteiras tendo mostrado o interesse em entrar para a vida política, ele, que já era pregador na igreja que frequentava, mostrou estar interessado em trabalhar em prol da melhoria da qualidade de vida da população de sua cidade.
E, embora não fosse em sua primeira eleição, confesso que, acompanhando sua carreira, e o fato de ter sido presidente da Comissão de Direitos Humanos, cheguei a votar nele.
E olhe que tinha gente que hoje quer decidir os rumos de sua campanha que, na época, o ridicularizavam e criticavam por ser, como disse o Kalil no debate ontem, na Record MG, alguém que passava a mão em cabeça de bandido.
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Pobre de nós que temos, em nosso convívio, pessoas que, achando-se muito corretas, ainda acham que procurar preservar as condições mínimas de dignidade, mesmo dentro das celas do sistema prisional, é passar a mão em cabeça de quem estaria melhor, se morto.
Pobre de nós que, sem perceber, manifestamo-nos, em muitas ocasiões, com um mesmo tipo de comportamento, ou até pior, mais selvagem, mais grotesco, mais animal, que o comportamento de quem a sociedade houve por bem punir.
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Pois votei em João Leite por ser alguém que se preocupava em punir, sem querer vingar. Ou eu, iludido, acreditava assim.
E antes de qualquer crítica: não tenho sangue de barata e também reajo. E, no calor dos acontecimentos, acho que qualquer pessoa que reaja deve ter todas as atenuantes a seu favor. Que, no momento de uma agressão, parta para o confronto com as armas a sua disposição, acho natural. Mas, para aí, já que a ideia de dar a outra face só mesmo para quem era muito superior a qualquer de nós.
Mas, passado o momento, depois de ter o criminoso já contido, preso, às vezes de forma a não poder ter qualquer reação, daí passar a puni-lo com agressões, etc. não é reação. É vingança. Em minha opinião é ser tão ou mais criminoso que o delinquente.
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Dito isso, qual não foi minha decepção quando vi João Leite, anos depois, no plenário da Câmara discursando, líder dos tucanos, contra proposta de aumento dos professores, contra uma série de temas que ele teria apoiado, não fosse ele também ver-se mordido pela mosca azul do poder, a ponto de negar sua própria trajetória.
Sim, porque ele passou a renegar parte de sua atuação na Comissão de Direitos Humanos e passou a fornecer uma releitura de sua passagem por aqueles órgãos.
Ou seja, ou mudou João Leite, por ter talhado, ou ele já era tudo isso, e apenas seu embuste conseguia funcionar.
Mas, acho que em verdade, foi ele que mudou, ou nem tanto. Já que a direção de seu partido foi forçada a intervir, temendo que ele não tenha a mesma capacidade de baixar tanto o nível da disputa, quanto eles querem e estão acostumados.
Uma pena, João.
Mesmo que você venha a sair vitorioso, porque depois de vender a alma ao diabo, ... bem, dessa questão que toca alguns aspectos religiosos, você entende mais que eu, seguramente.
Caso eleito, espero só que você tenha condição de assumir mesmo o cargo, não ficando apenas como fantoche de aécio e de sua irmã.
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E em relação à Previdência


A Folha estampa em sua capa da edição impressa a manchete que diz que o aposentado do INSS custa 1/3 do valor do servidor federal.
Ao final, diz que o ocupante do Planalto quer criar regra única de aposentadoria via reforma eleitoral.
Fico me perguntando qual o interesse do jornal, além do de apoiar o usurpador, e vender uma imagem de que, com esse presidente, as coisas começam e vão entrar nos eixos.
Porque, afinal de contas, a matéria não trás, minimamente, algo de conteúdo, para ajudar aos seus leitores, a formar opinião sobre o sistema previdenciário, sua crise e sobre a necessidade alegada de reforma desse sistema no país.
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Senão vejamos: como toda matéria sobre o assunto, apresenta cálculos feitos pela Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados, baseado em hipóteses. Mas, faz isso de maneira completamente equivocada e mal intensionada.
A começar por afirmar que "os servidores federais aposentados custam hoje aos cofres públicos o triplo dos empregados do setor privado."
Curiosamente, entretanto, o parágrafo seguinte afirma que "um funcionário ... que se aposentar neste ano, aos 60 anos e com expectativa de viver...". Ora, se o funcionário ainda vai se aposentar, como ele poderia estar aposentado no parágrafo anterior, já hoje?
Além disso, o que a Folha fez com a reforma introduzida pela EC-40 de 2003, ainda no governo Lula, que estabeleceu que, dali em diante, os funcionários públicos teriam os mesmos critérios de contribuição e de benefícios a serem pagos, como os empregados do regime geral do INSS?
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Além disso, apenas por uma questão de matemática financeira, porque a Folha não informa que enquanto um trabalhador que recebesse, no mercado de trabalho, um rendimento mensal de R$ 10 mil, que eu sei bem que é raro, pagaria uma contribuição para o INSS de 11% sobre o teto de R$ 5.200, para arredondar, enquanto o servidor público com mesmo salário pagaria 11% sobre o total do montante de 10 mil.
Ou seja: enquanto o empregado privado pagaria perto de R$ 550, o funcionário público pagaria R$ 1100?
Uma observação simples mostra que o servidor público contribuiu com o dobro da contribuição do empregado privado.
Por que isso não é levado em consideração?
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Também porque a Folha não mostra uma questão interessante. O patrão do setor privado, contribui com 20%. E o patrão do servidor público, contribui? Com quanto?
Sabemos que o governo nunca contribuiu com sua parcela, por que estaria tirando dinheiro de seu caixa, para entrar em um fundo cujos recursos também irão parar em seu caixa. Ou não?
Por não contribuir no papel de empregador, o governo reconhece que, quando da aposentadoria, ele deverá pagar a conta, que não pagou durante muitos anos.
Seria essa a conta de mais de 3,3 milhões de gastos que a Folha apresenta?
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Ou seja, pode-se acreditar na seriedade do jornal?
Ou, a que interessa a matéria que mais desinforma e cria dúvidas que esclarecimentos?
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A ver.

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