As manchetes dessa quinta feira não poderiam ser diferentes. Afinal, a prisão do ex-homem forte do Congresso, ou do ainda homem forte da política (uma das razões alegadas a justificar sua prisão) Eduardo Cunha, domina todas as capas de jornais.
A julgar pela interpretação que pode ser extraída de uma série de leituras tratando do tema, Eduardo Cunha parece ter sabido de que seria preso. Avanço ainda mais: passa a impressão até de que, se não desejava esse desfecho, não se incomodou em que ele seguisse adiante.
Uma das razões, se se pode esperar atitudes nobres de quem é apresentado como um dos maiores operadores dos mercados marginais do país, poderia ser a de atrair para si as atenções da Lava Jato e seus personagens, o que permitiria tirar o foco, ou ao menos ganhar algum tempo para que fossem tomadas medidas contra sua esposa.
Outra razão possível, hipótese levantada pelo colunista da Folha, Jânio de Freitas, é a de que sua tranquilidade deve-se ao fato de que são tantos os casos de corrupção, tantos os nomes, tantas as operações que ele tem conhecimento ou participou, direta ou indiretamente, e que poderiam comprometer tanta gente que ocupa posições de relevo na nossa pobre e podre política nacional, que ele não teria que temer por qualquer punição mais dura.
Ou seja, o fato de ser um autêntico homem bomba, prestes a explodir, asseguraria por si só, a formação de uma barreira, uma blindagem a sua pessoa, por parte daqueles que poderiam ser atingidos por estilhaços de sua delação.
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Acompanhamos todos as denúncias feitas contra o ex-presidente da Câmara dos Deputados. Ao longo de mais de ano, vimos como ele tinha ascendência sobre um conjunto de colegas, que agiam como se fossem, não representantes eleitos de parcelas da população, mas integrantes de sua tropa de choque particular.
Vimos as explicações ou suspeitas de que tanto poder tinha ligações com o fato de ter financiado, seja por que métodos o fizera, lícitos ou não, as campanhas de eleição ou reeleição desses colegas, ou cúmplices.
Pudemos acompanhar sua participação voluntária, na Comissão instalada para tratar de questões da operação Lava Jato, e ser testemunhas de sua declaração de não ser portador de contas no estrangeiro.
Tudo para depois verificarmos que era ele sim, o principal beneficiário - exclusivo, até, de contas mantidas na Suíça, apenas que se os recursos fossem seus e a gestão toda sob sua coordenação e comando, sob a titularidade de uma truste.
Vimos a cada momento ele se enredar mais na teia de contradições e mentiras que o levaram, mais de um ano depois, à perda do mandato por quebra de decoro.
Sabemos todos, enfim, de quanto de informações ele não dispõe e de como, bem mais que qualquer operação Lava Jato, sua disposição de contar o que sabe poderia, sim, passar o Brasil definitivamente a limpo.
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E aí reside outra questão interessante, ou outra hipótese para seu comportamento de quem não tem qualquer dúvida de que não será molestado ou punido: sabe-se tanto do que ele sabe, e levantam-se tantas as hipóteses de questões nas quais ele teve algum papel de protagonismo, que não é muito difícil acreditar em matérias jornalísticas que, analisando o caso da prisão feita ontem, já aventam a possibilidade de que a Lava Jato pode não fechar um acordo de delação premiada com ele.
Simplesmente porque iriam extrair dele muito menos do que, provavelmente qualquer cidadão brasileiro hoje, imagina que ele poderia saber ou conhecer, para denunciar.
Ou seja: tanto se vendeu a imagem de que ele tudo conhece de todos, que se não entregarem aos procuradores ou investigadores da Operação, mais, bem mais que o que eles já imaginam, não haveria acordo algum de delação.
Principalmente se, como virou febre e todos acabam até suspeitando, se dentre tantos que poderão ter seus nomes citados por Cunha, não aparecer o nome que o pessoal da Operação mais procura, mais busca e que já virou sua obsessão: Lula, o grande demônio a ser derrotado, aniquilado e expulso do paraíso...
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Como há denúncias suficientes para encher páginas de jornais, de que aconteceu com funcionários da Odebrecht, cuja ameaça de não se beneficiarem de acordos caso não citassem Lula, são de conhecimento público.
Ou de delação como a de Leo Pinheiro, que Janot chegou a dizer que estaria cancelada, por ter vazado, mas sabe-se que muitos que o entrevistaram estavam, na verdade, esperando o nome que não veio: a indicação da propriedade do triplex para além de apenas conjecturas; ou do sítio, para mais que as suspeitas de que ninguém manda reformar sítios de outros, o que seria uma intolerável intromissão na casa de um amigo.
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Dizem as notícias que já foi dito Cunha terá que cuspir fogo, muito mais que a Odebrecht, para que possa transmitir, aos seus interrogadores, um mínimo interesse em iniciar as tratativas de acordo de delação.
Enquanto isso, Cunha fica em Curitiba, preso, e a minha curiosidade me leva a questionar, será que ele teria, nesta situação, condição de concluir seu livro?
O que traria seu livro, afinal de contas? Seria apenas informações de bastidores, de acordos, acertos, reuniões tramando golpes de destituição de quem foi legitimamente eleita pelo povo, nas urnas?
Sem qualquer manifestação clara de que negócios escusos, mais que o próprio golpe estavam também em curso, por baixo das aparências?
Seria esse livro apenas uma jogada de marketing, destinada a levá-lo a primeiro lugar nas listas de mais vendidos, de best sellers, para assegurar que ele ainda obtivesse mais dinheiro, com ainda e sempre, o mesmo caso, apenas que citado de raspão, nas entrelinhas?
E agora, caso ele tenha que fazer a delação que tanta gente graúda do governo ilegítimo teme, será que o livro ainda teria alguma serventia? Algum interesse? Algum leitor?
Ou seria sempre, mesmo sem considerar qualquer delação, a prova cabal e definitiva de tudo que todos nós imaginamos?
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Em meio a toda essa situação que acompanhamos curiosos, estupefatos, causa-me estranheza o fato de que há pessoas que vêm a público manifestar-se no sentido de elogiar o juiz Moro.
Há até quem já argumente que, para não fugir da regra de cair malhando o PT, a prisão de Cunha é ótima no sentido de que mostra a imparcialidade de Moro.!!!
Ora, que imparcialidade é essa que só foi exercida quase um ano depois que ele deu origem a sua cassação, e depois de tanto adiamento permitir a ele, Cunha, praticar as maiores vilanias possíveis, inclusive dando lugar a um golpe, de destituição de uma presidenta incompetente, mas eleita pela vontade popular?
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O que não consigo enxergar é o que faz um idiota que pensa dessa forma, ou do grupo de pessoas que pensem como esse idiota, deixar agora, de ir para as janelas defender o país contra a corrupção, como faziam antes quando os interesses mais escancarados da midia, permitiam à imprensa manipular a grande maioria da classe média. O que não consigo ver é porque o silêncio tão atordoante e audível, das pessoas para quem apenas a saída do PT do governo já é suficiente para acreditar que o país agora está limpinho...
Porque ninguém foi bater panelas quando temer diz que, se for para toda hora que tiver alguma acusação ou suspeição levantada contra um de seus ministros, o governo tiver de trocá-lo ou ir analisar o caso, não será possível governar?
Bem, ao menos a questão levantada pode ser a explicação de porque Dilma, tão acusada por essa turma de oportunistas, não podia governar. E olhe que tinha muito menos acusações em relação a seus ministros...
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Da mesma forma não vejo ninguém fazendo estardalhaço em relação ao fato de o Banco Central ter sido pressionado e, pior, cedido à pressão do arremedo de governo, em relação à redução da taxa de juros básica.
Fico imaginando o que seria se tal decisão do COPOM se desse em mandato ainda de Tombini, com a gerentona interventora Dilma, no comando.
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Mas, como já foi observado por um analista, a situação mudou. Melhorou muito, do início do ano para cá. A ponto de permitir que os ânimos exaltados dos que estavam nas ruas já se serenassem e eles passassem a ter mais tolerância, e passassem a aceitar melhor a situação que vêm presenciando.
Afinal, como diz o senso comum, o tempo é sábio conselheiro, e já se passou tanto tempo, desde o governo que empesteava nossa política e nossa república, não é!!!???
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Mudando o foco, mas ainda mantendo a crítica à incapacidade de reação da população manipulada pela grande imprensa e todos os interesses econômicos que a movem, coluna de Clóvis Rossi, no caderno principal da Folha de hoje, mostra que o teto não é nem o piso.
Trata, como é perceptível, da malfadada PEC 241, dos gastos públicos.
Mas, faz referência a professor Gray Newman, da Escola de Assuntos Públicos e Internacionais da Universidade de Colúmbia. A apresentação ainda cita que o professor foi ex-diretor-gerente e economista chefe para a América Latina, do banco Morgan Stanley.
Conforme o professor, o problema do Brasil, por mais que possa aparentar várias faces, tem apenas uma palavra para resumi-lo: produtividade.
Para concluir em artigo sobre a economia de nosso país, adaptado e publicado recentemente, para a Americas Quarterly, que os planos e propostas discutidos hoje, não terão efeito sobre a trajetória de crescimento do Brasil.
O que torna a medida tanto desejada pelos mercados - que a ela reagiram sempre, tão bem- apenas um exagero, que não terá capacidade para melhorar nem o que se propõe a corrigir.
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Sobre esse tema, PEC, estivemos ontem, em programa de entrevista da Rede Minas, o Palavras Cruzadas. A entrevista foi ao ar ontem mesmo, mas normalmente o programa é reprisado no domingo, às 22 horas.
Embora ainda não seja de meu conhecimento, também fica à disposição no youtube, devendo ser procurado em endereço ligado à televisão pública de nosso Estado, que vem honrando seu papel de bem informar.
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E para encerrar
Gostaria de ver reeditada uma final como a da Copa Brasil de 2014, entre o Galão e o time rival aqui da terra.
Mas acho isso cada vez mais improvável. Porque se o Galo já não mereceu ganhar ontem e passar pelo Juventude, não acredito que irá passar pelo difícil e tradicional, Internacional.
Que tem mais nome, mais peso de camisa e joga suas fichas todas no torneio.
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O que me faz perguntar: será que só eu, e mais ninguém está vendo que Marcelo não conseguiu nada com o melhor e mais caro elenco do Brasil?
Que técnico é esse que, em entrevista ao fim de jogo, argumenta que todos viram que o time está cumprindo tudo que foi ensaiado, conversado, etc. e que com o Atlético é assim mesmo, sempre com sofrimento?
Ora o que todos vimos foi que o time não jogou nada, falta futebol.
E não tem conjunto, jogada ensaiada, nada. Nem futebol.
Pratto não dialoga com Robinho, que não sabe onde jogar e como se posicionar. Não consegue, por isso, fazer uma tabela, uma troca de passes com o nosso homem de área. Aliás, para não dizer que não é bem assim, ontem houve uma única triangulação entre os homens de frente.
No mais, não houve uma jogada que Robinho conseguiu, mesmo tentando e com toda sua genialidade, lançar Pratto em condições adequadas.
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Alguém precisa me dizer porque tanto elogio ao melhor passador do time do Galo, Rafael Carioca. Está bem que como PVC mostrou durante a transmissão da Fox, ele acertou 92% dos passes. Mas, só passa em sentido lateral ou pior, para trás. Assim, o que me assusta é que ele ainda erre...
Donizete tornou-se ontem nosso principal lançador de bolas, um jogador prá lá de limitado, que acerta um passe a cada dez ou doze jogos.
Erra tudo que tenta com a saída de bola.
A defesa, lenta e pesadona, é uma avenida. E pior, não tem o apoio dos cabeças de área.
Aqueles que criticavam Marcos Rocha ou Douglas Santos devem agora, estar sem ação. Fábio Santos é apenas um bom lançador de bolas na área adversária. E só.
Não marca ninguém e toda jogada que disputa, é sempre um problema. Além de velho, é lento, e não dá conta de marcar ninguém. Além de ser sempre facilmente driblado por qualquer jogador que resolver partir para cima, e encará-lo.
O miolo de área é muito bom para cabecear na área adversária, e Leo Silva não é artilheiro por acaso. O problema é que ele joga na defesa, e lá atrás, como foi ontem, a bola passa por cima da sua cabeça e ele apenas acompanha.
Quantos gols de cabeça a defesa do Galo tem levado, com Léo participando da jogada?
Contra o Botafogo no terceiro gol, de Dudu Cearense. Ontem, aos 33 segundos do jogo...
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Será que ninguém na direção do Galo está vendo que Marcelo não é o técnico que queríamos ao pedir seu nome, tal como Tite não foi o técnico desejado pela massa?
Será que ninguém no Galo o chama para ter uma conversa séria, mesmo vendo que ao fim do jogo, parece que saímos de campo, arrastando todo o gramado conosco, tamanho o peso que carregamos?
Será que ninguém vai cobrar o fato de ontem, como em outras ocasiões, ele mexeu na escalação do time, por medo de jogar para a frente. E querendo assegurar com o resultado escalou um time defensivo, com três volantes, para ser castigado logo no início?
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Podemos até chegar mas, hoje, não tenho certeza nem de manter o quarto lugar do Campeonato Brasileiro, quanto mais ser o campeão. Embora, sempre tenhamos que contar com o Santo das defesas impossíveis...
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