segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Aumento da SELIC e as previsões para o final de ano e o ano que vem: uma taxa de dois dígitos são ou poderiam ser um tabu?

Duas notícias ainda da semana passada, que comento aqui, por força de gerarem efeitos continuados...
A primeira a alta da taxa básica de juros, a SELIC, já esperada e até determinada pela precificação feita pelo mercado.
Quando as expectativas de todos os agentes convergem para uma mesma direção, como já havia sido ensinado por Lorde Keynes, nada há que faça o resultado não surgir. Afinal, para que os mercados funcionem, a primeira condição é a da existência de touros e ursos, ou de visões antagônicas e expectativas contraditórias.
É porque espero que o dólar vá cair, em alguma data do futuro, seja o próximo minuto ou os próximos 6 meses, que vou querer vender o dólar agora, e realizar imediatamente o meu ganho. Realizando-se minha projeção, compro dólares com os recursos que obtive com a venda.
Mas, enquanto espero que o dólar vá cair, alguém tem de estar esperando que o dólar vá ficar mais caro, e deve ter interesse em antecipar compras para evitar a valorização da moeda e o encarecimento dela.
Caso os dois agentes não existissem, o negócio não seria fechado.
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No caso da Selic, todo o mercado não apenas apostava na alta da taxa como até no percentual de 0,5%, que foi o que acabou acontecendo.
Selic a 9,5% o mercado agora se agita para tentar prever o que será decidido na próxima reunião, embora distante 45 dias da última quarta feira.
Antes disso, muita água deve rolar e vai rolar sob a ponte, inclusive a publicação da Ata do Copom, que dá as dicas de como andam pensando os diretores do BACEN e que indicadores eles andam acompanhando mais atentamente.
E, até mesmo fatos como as publicações de intenções de votos podem causar mudanças no cenário.
Assim, e sabendo que qualquer previsão é sujeita a erros, alguns já apostam na elevação em mais 0,25% , com a Selic fechando o ano em 9,75%, já que dois dígitos é de certa forma, uma derrota para Dilma e a equipe econômica.
Entretanto, há aqueles que apostam na elevação de 0,5% e Selic fechando a 10%.
De minha parte, acredito que alguns fatores terão de ser analisados, embora ainda seja cedo para tais previsões como já falei no parágrafo anterior.
Primeiro, o fato de que a taxa de inflação voltou a ficar abaixo dos 6%, o que indica que, no médio prazo a taxa apresenta tendência declinante. Dada a substituição de taxas maiores dos meses que restam para terminar o ano, quando comparadas com aquelas alcançadas nos mesmos meses do final do ano passado, é normal que a taxa continue apresentando queda, cada vez mais na direção dos 5% para a inflação de 2013. Não que a taxa ficará distante dos 5,5% por aí.
Só esse fato já permite verificar que não há necessidade de aperto maior monetário. O que conspira para um aumento menor.
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Por outro lado, há a questão da necessidade de se elevar o preço dos combustíveis para corrigir as perdas da elevação do dólar e do impacto disso sobre as compras de óleo cru pela Petrobras, com o impacto negativo sobre as contas de nossa maior empresa.
Como elevação de combustíveis joga mais lenha na fogueira da inflação, e como o governo não tem como continuar segurando por muito tempo o reajuste dos preços, já bastante defasados, esse é um fator que contribui para uma Selic maior.
De quebra, lembre-se que estamos na época de Natal. Porque se a festa de Natal e o festival de consumo se dá em dezembro, é agora que as grandes lojas de departamentos e os grandes magazines e atacadistas, estão fazendo suas encomendas.
Embora o volume de compras na data de dia dos pais e dia das crianças, possa ter apresentado comportamento inferior ao previsto ou desejado, é sempre uma época em que os empresários aproveitam para recuperar alguma queda de lucratividade, aproveitando-se da demanda maior.
E há que se pensar que a nova taxa deverá compensar a entrada de um novo ano e, talvez, seus dois primeiros meses.
Meses que costumam apresentar menor movimento no comércio, mas que já sabemos que se iniciam com a elevação reclamada em geral, de matrículas e mensalidades escolares, aumentos de impostos em especial, o IPTU, em São Paulo. E meses que, por causa das chuvas, também sofrem impacto de elevação de preços de alimentos.
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Por fim, e para não esgotar o tema e a lista grande de fatores que podem influenciar a decisão, há a questão do dólar e da economia americana.
Caso comece a elevação das taxas de juros nos Estados Unidos, reduzindo-se o apoio do governo à recuperação do setor privado, nosso país talvez tenha que elevar seus juros, para não haver fuga de capitais, em momento que temos que assegurar o fechamento de nossas contas externas. Essas sim, cada vez mais aptas a nos deixar de cabelo em pé, face a previsão de déficit em conta corrente para esse 2013.
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Ainda há a questão de 2014 ser ano eleitoral e de elevação de inflação, fato  normal para toda economia onde há eventos da magnitude da realização de uma Copa do Mundo, em especial puxada pela elevação de preços de serviços, querendo aproveitar a oportunidade de ouro.
Se Dilma quiser chegar às portas das eleições com a fama de jogar duro contra a inflação, como já havia postado antes nesse mesmo espaço, a hora de abrir o saco de maldades é agora. Para começar a praticar política de maior generosidade a partir do segundo trimestre ou do terceiro do ano que vem.
Então, por todos esses fatores não parece, a meu ver, que a equipe econômica ou Dilma estariam preocupados, agora, em manter a taxa abaixo de 2 dígitos.
E, pelo BC, e pelo mercado, não estaria muito ruim que nossa taxa andasse aí pela casa dos 11% ao menos até o início da Copa do Mundo.
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Mas tudo isso são conjecturas. E de minha parte, acho que taxa de juros elevada mata a inflação e a economia. E repõe o problema de tornar mais baratos o dólar, os produtos importados, inclusive insumos, e quebra nossa saúde externa.
A ver.


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