terça-feira, 8 de outubro de 2013

Refletindo sobre o vazamento de gás que causou mortes em São Paulo e a falta de qualquer comunicado ou alerta quanto ao problema

Finalmente saiu o laudo da perícia realizada na casa da família que apareceu morta em um apartamento em São Paulo, confirmando que a causa da morte foi um vazamento de gás.
O mesmo vazamento que já havia feito duas vítimas, um rapaz e o bebê que a esposa do rapaz esperava, já no período final de gravidez, pouco tempo antes.
O que causa estranheza é que, tendo acontecido um caso trágico pouco tempo antes, ninguém, nem a Polícia, nem o síndico, nem os vizinhos se preocuparam em avisar aos novos moradores do imóvel, alertando-os do ocorrido e, quem sabe até, levando-os a procurar uma solução para o problema.
Falo em estranheza, embora, na verdade, cada dia mais o que se vê é um total e completo alheamento entre os vizinhos que, raras vezes se conhecem ou sequer trocam cumprimentos nos halls e elevadores dos prédios.
Completamente diferente de quando, tempos atrás, os vizinhos traziam cadeiras para a soleira das portas e assentavam-se ali, onde conversavam, contavam histórias, estreitavam os laços de amizade ou ficavam tão somente apreciando a companhia, uns dos outros, vendo juntos o cair da tarde, em especial naquelas tardes de temperaturas mais elevadas.
***
E não é uma questão de saudosismo apenas, o que me leva a essa reflexão. Também eu sei que esses são tempos que não existem mais, ou não voltam mais, até por força de cada vez mais desaparecerem as casas, substituídas por prédios, cada vez maiores. E com mais vizinhos. E problemas...
Ocorre que, há pouco tempo, uma vizinha teve ao subir para guardar alguma coisa no maleiro, levou uma queda. Não uma queda como a da presidente argentina, que passa hoje por uma cirurgia para retirada de um coágulo.
Não fosse o procedimento cirúrgico sempre algo mais sério e sujeito a riscos, por mais rotineiro que possa ser, como é o caso, alguém poderia até brincar que, logo agora que descobriram que Cristina Kirchner tem sim, alguma coisa na cabeça, os médicos resolvem extirpar...
Brincadeiras à parte, Suerte para a presidente do país hermano.
***
Mas eu dizia que nossa vizinha caiu e fraturou o fêmur. Também bateu a cabeça, o que lhe valeu um pequeno corte, felizmente sem maiores consequências, para uma pessoa já com alguma idade.
Por sorte, pouco tempo depois a vizinha ouviu o morador do apartamento ao lado passeando na área contígua ao salão de festas, onde tinha levado seu cachorro para um passeio.
E a sorte foi maior ainda, já que o vizinho ouviu os gritos e pedidos de socorro, podendo providenciar o necessário atendimento médico.
***
Por outro lado, não são raros os casos noticiados de pessoas que foram descobertas mortas já depois de algum tempo do evento.
Pessoas que viviam isoladas, e não tinham quem pudesse sentir sua falta.
***
Que a vida nas cidades grandes vai ficando cada vez mais impessoal, é decorrência do próprio crescimento das cidades e da correria a que estamos todos sujeitos.
Mas, no caso de um problema com morte, como no caso do apartamento de São Paulo, a situação fica pior, já que o que se constata é que a Polícia nada fez para exigir que o problema do gás fosse sanado. Ninguém foi responsabilizado pela primeira perda de vida e, por esse motivo, o gás continuou vazando e a ligação continuou irregular.
Pior. Parece que a própria Polícia nem sabia ou não acreditou em que a morte do rapaz e de sua filha ainda em gestação tivessem sido provocadas pelo envenenamento.
Tanto que chegou a prender o namorado da mulher, um boliviano que ficou alguns dias detido, injustamente.
Tudo por falta de comunicação ou por falta de seriedade no trato de questões tão sérias.

Nenhum comentário: