segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Quem manda no terreiro é o Galo, ou no palco do ballet...

Coincidentemente, a última postagem nesse blog foi feita na quarta-feira e falava do Galo e seu futebol Galo Doido e do voo baixo do outro time aqui de BH presente na Divisão principal do nosso Campeonato Brasileiro, que para alguns torcedores estrelados equivale a um ballet.
Coincidência já que, depois de uns dias em que a quantidade de compromissos impediu-me de publicar meus comentários, a primeira nota volta a tocar nos mesmos personagens: os times de Atlético e Cruzeiro, e o futebol.
Em especial o show de futebol a que tivemos a oportunidade de assistir ontem, no Independência. Show que não foi dos artistas das sapatilhas. Que não foi um ballet.
Um show que poderia ser definido como sendo da equipe de contra-regras, ou da equipe técnica do espetáculo, aquela equipe sem a qual o show nunca dá certo. E que embora tenham cara, nome e sobrenome, não têm rosto. Não vêm ao centro do palco e, por isso, são desconhecidos do público pagante.
Porque o Atlético ontem, embora tivesse sim artistas em campo, dignos de atraírem a atenção da plateia, chamou a atenção não pelas firulas, mas pelo jogo compacto, de equipe, pela seriedade, pela determinação, pela doação em que estavam empenhados cada um e todos os jogadores, exceção feita a alguns momentos de completa displicência - e talvez, sonolência ou inapetência de nosso centro-avante Alecsandro.
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Mas, desde o início, via-se um Atlético completamente diferente do que temos visto em alguns jogos recentes. Marcando a saída de bola do adversário, embora em alguns momentos, voltando todo o time para marcar a partir da linha divisória do meio-campo, iniciando aí uma pressão de dois, três jogadores sobre o jogador contrário.
Dessa forma, não apenas não dava espaço para que os cruzeirenses jogassem, como não permitia que dominassem a bola com tranquilidade, nem que tramassem jogadas ou armassem lances que pudessem levar perigo ao gol de Giovanni.
A rigor, só em dois lances Giovanni teve de mostrar suas qualidades, ambas no segundo tempo, especialmente em um lance isolado de Ricardo Goulart, que entrou driblando pelo meio da área até ficar livre à frente de nosso goleiro e sapecar um tirambaço, que o substituto de Victor conseguiu espalmar.
No primeiro tempo o Cruzeiro não conseguiu nada de produtivo, embora o domínio de bola do Galo não se traduzisse, em minha opinião, em maior perigo para a área de Fábio.
Dominávamos. Dominamos todo o tempo. Mas, não conseguíamos acertar o último passe para a conclusão da jogada.
Houve sim, alguns chutes ao gol do Fábio, alguns até com perigo, como um de Fernandinho, mas no geral a bola cruzava a área sem que aparecesse uma ponta de pé qualquer para enfiar a bola para o fundo das redes.
E pior: continuamos sem tentar os chutes de fora da área. Salvo ainda, uma tentativa de Josué, no primeiro tempo, que passou longe do gol de Fábio e outra de Alecsandro no segundo tempo, que embora tivesse a direção do gol, não teve a força necessária.
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Claro, houve ainda o chute de Fernandinho, de fora da área, por cobertura e de curva, que foi morrer no fundo das redes, decretando a nossa vitória. Mas, esse foi o gol. O lance do gol em MAIS uma jogada que teve início de um desarme de Marcos Rocha, mais uma jogada que teve o lançamento de Marcos Rocha, e que Fernandinho caprichou ao dar a gaúcha no adversário, e perceber Fábio já meio adiantado, para chutar por cima e marcar um golaço.
Diga-se ainda: o gol que ele Fernandinho estava já merecendo por fazer, por tudo que fez no jogo. O gol que estava merecendo por fazer, por ter entrado tão bem no time e estar, tão rapidamente, fazendo a torcida atleticana sentir saudades, mas não a falta de Bernard.
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Quanto ao esquema tático, devo admitir que Cuca deu um nó em Marcelo, que reconheceu a superioridade total do nosso Galão sobre o time líder, no primeiro tempo. Mas, mais que Cuca e a forma que ele armou o time, que contam muito, claro, a vontade, a gana dos jogadores, ao cumprirem à risca o que foi combinado, conta muito mais. E explica o jogo, sua movimentação e até o placar, embora esse por justiça deveria ser maior, talvez uns 2 a zero.
No que percebi, Cuca só falhou ao demorar a substituir Alecsandro, que já estava sendo marcado pela torcida do Galo, já que toda a bola que chegava a seus pés, era bola perdida ou recuperada pelo adversário. Não se diga que Alecsandro não lutou. Correu, lutou, tentou dar passes, veio buscar bola, apareceu voltando para ajudar a marcação. Talvez sua presença tenha sido muito importante para a forma do time jogar, na pressão.
Mas, Alecsandro parecia completamente desentrosado do time. Na hora que tinha que correr e penetrar na área, não o fazia. Na hora que tinha que aguardar a bola, enfiava-se no meio da zaga ficando sem espaço para qualquer coisa. Por duas ou três vezes, a bola passou cruzando toda a área e ele não estava posicionado para dar o toque sutil, final. Foi assim no primeiro tempo, quando tentou com o pé. Foi assim no segundo tempo, quando tentou raspar a cabeça.
Com a torcida já impaciente com a peça que destoava, acho que Cuca demorou a mexer. E mexeu mal, acho. Colocar Berola no jogo é falta de qualquer opção. Berola é bom corredor. É capaz de incendiar o jogo, por suas arrancadas velozes, e sua total capacidade de fazer o que nunca se espera... nem dele, nem de ninguém. Talvez essa a sua maior qualidade.
Mas, é um jogador somente esforçado. Querido pela torcida, que pediu sua entrada, mas apenas e tão somente esforçado.
Ontem, melhor que alguns toques de calcanhar, ou de efeito tentados por Alecsandro, que por não terem tido êxito, acabam jogando a torcida contra ele mesmo. Talvez se deixasse de enfeitar demais...
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Em minha opinião, Emerson foi o nome do jogo. Embora tenha ouvido comentários colocando como principal jogador Fernandinho, foi o zagueiro que comandou nossa defesa e, sem brincar e sem querer enfeitar e sair jogando bonito, fez o trivial. Deu chutão quando devia. Deu toque para o lado quando podia. Isolou a bola para a frente, no mais genuíno bumba-meu-boi, mas, acima de tudo, passou segurança. Todo mundo sabia que podia confiar nele e sair jogando que ele estava lá atrás.
Marcos Rocha, no primeiro tempo não foi o jogador que, as vezes, afoitamente, sobe e vai para o ataque, deixando um vazio às suas costas.
Marcos Rocha foi lateral com L maiúsculo todo o primeiro tempo, anulando William que caía por aquele lado. Jogando sério, sem firula. Ainda teve chances de ir à frente algumas ocasiões e até de mostrar o que Cuca já viu, é dos poucos no Galo que tem qualidade no passe. Fez lançamentos para Luan, inverteu bola para Fernandinho - é o único que tenta essa jogada tão cara ao Bayern e que pega a defesa contrária toda desarrumada e o único que costuma acertar.
Fora Marcos Rocha, para fazer uma inversão de lado de jogo, a bola tem que ser passada pelo pé de uns 2 ou 3 jogadores, o que dá tempo de a defesa adversária marcar todo mundo.
Josué foi também um monstro no meio campo. E Pierre jogou como sempre. Sério, indo nas jogadas para não deixar o time contrário ter tempo de dominar a bola.
Luan, incansável. Merecia marcar o gol em chute no segundo tempo que obrigou Fábio a mostrar o grande goleiro que é. Luan foi quem espanou a bola da área, foi quem ajudou Marcos Rocha na defesa, quando o lateral subia no segundo tempo. Estava no meio ajudando a roubada de bola e saída com a bola dominada, trocando passes ligeiros.
Luan, é desses jogadores que caem no gosto de qualquer torcedor. Além de ter tudo para se tornar folclórico, tão divertido e boa praça que mostra ser.
Deixei Tardelli para comentar no final. Porque o nosso craque, parece estar sentindo a responsabilidade toda que está posta sobre seus ombros. Só assim se explica o fato de ele estar longe de ser aquele Tardelli que ia em todas, acreditava em todas e saía sempre livre, com a bola dominada na cara do gol.
Vá lá que jogando como está, vindo de trás, fica mais difícil. Esse é um tipo de jogo que exige muito preparo físico e condições ideais que talvez ele não tenha alcançado, até pelo cansaço de tantas partidas seguidas.
O certo é que ninguém nega dele e tira suas qualidades. E sua dedicação. Houve um lance no primeiro tempo que ele recebeu a bola pela esquerda e saiu em disparada como se fosse um atleta de corrida, tamanha sua disposição.
Mas, pelo jogador que é e pelo brilho que ostenta e deve ostentar, Tardelli está deixando a desejar.
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Do Cruzeiro, nada a falar. O time não jogou. Talvez a sapatilha estivesse machucando os pés, e impedindo o ballet de se realizar.
Nada a preocupar. Com todos os demais times fazendo força para perderem pontos a cada rodada e se livrarem do título, o Cruzeiro continua franco favorito.
Quanto ao jogo de ontem, também nada de anormal para causar alarme.
Apenas dá sequência à sina: caiu no Horto tá morto!

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