Ontem, no jogo do Independência, muitos eram os claros da arquibancada, sinal de um público menor que o esperado.
No próprio Independência, para além da questão de o time do Galo ter perdido em Campinas na última apresentação, estar com time alterado por contusões e suspensões, e não estar vindo de uma jornada muito regular, o que pode desanimar a parte da torcida de ir ao campo, houve briga e confronto entre gangues organizadas do próprio time adversário.
Entre torcidas dos dois times, se houve, foi antes da chegada a campo. Ou depois. Lá dentro do estádio não. Dentro, apenas o desrespeito de sempre com a torcida que mais caro paga para ver o Galo: a torcida do Galo Na Veia. O nome dado a nosso programa de sócio-torcedor.
Posicionada sobre a torcida do Galo na Veia, a torcida do Cruzeiro, embora sendo apenas 10% do total de público, agrediu como quis aos adversários, jogando copos de bebidas e outros líquidos não identificados, cusparadas, e até um rojão.
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Em minha opinião, por mais importante que seja, também não foi a violência ou sua possibilidade que afastou a torcida. Tampouco o tempo: fazia calor e o dia estava aberto, com um sol que no primeiro tempo insistiu em castigar o goleiro e defesa do Galo.
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Com os preços dos ingressos no nível em que estão, com dois jogos por semana graças a esse nosso calendário completamente irracional. Com a renda média de nosso povo apresentando-se ainda tão baixa, apesar de todas as melhorias que foram conquistadas, é difícil para o pai de família se animar ou poder ir ao jogo, levando mulher e filhos ou só filhos ou até mesmo simplesmente indo, ele sozinho.
O brasileiro não tem condições de ir, nem levar, nem cultivar em seus filhos o amor pelo esporte que era o mais popular de nosso país.
Mas pior é a Globo, essa rede que está matando a galinha dos ovos de ouro, com seus horários para impedir a ida ao estádio de pais de famílias e trabalhadores. com esses horários completamente esdrúxulos de 19 e 30 minutos, quando os trabalhadores estão largando seus trabalhos e tendo de ir se sacolejar dentro de nossos ônibus lotados e sem condições de circulação minimamente adequadas e seguras.
Ou no horário depois da novela, faltando 10 minutos para as 10 horas da noite, hora em que o trabalhador que tem de levantar cedo e pegar 2 ou até mais conduções, deve estar é indo para a cama. Ou horário de 6 e meia da tarde, em um domingo, dia de se dedicar à família e a um último momento de descanso e lazer para juntar energias e se preparar para o reinício da semana.
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O futebol está virando jogo de elite para um elite que não consegue sustentar todo circo que cerca o negócio. Não é business. É apenas ignorância que vai permitir que, dentro de pouco tempo, todos estejam torcendo de casa, pelo pay-per-view.
Até que as novas gerações cresçam e, por falta de costume de ir a campo, de viver, vibrar, se emocionar com o espetáculo de campo, dentro e fora dos gramados, acabem optando por esportes mais vinculados a nossas tradições como o curly ou o esqui na neve. Ou o futebol americano.
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Algo deve ser feito. E começa por retirar o poder da dona Globo de mandar e desmandar em nosso esporte antes o mais popular ...
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