quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Do Galo Doido ao ballet do Cruzeiro: os comentários do cruzeirense Tostão

Juca Kfouri é corinthiano declarado. Nunca negou ou escondeu isso de ninguém e sempre menciona esse fato em suas colunas.
Não é por ser torcedor apaixonado que seus comentários não devem ser lidos e, em minha opinião, muito do que ele escreve merece ser considerado e levado a sério. Ao contrário. Exatamente por deixar claro que é torcedor, qualquer leitor pode dar o desconto que achar devido, caso identifique algum viés em seus textos.
Outros jornalistas torcedores também escrevem, comentam e deixam claras suas preferências. Isso também colabora para que a opinião deles possa ser considerada com as devidas cautelas. Acho isso normal e não tenho nada contra.
Acho tão importante e tão válido quanto a boa prática dos meios de comunicação que em algumas situações publicam reportagens sobre algum tema e deixam claro, por exemplo, que o repórter viajou por conta, se alimentou, passeou, pode fazer muito do que está comentando, financiado ou por conta de quem se beneficia do conteúdo da matéria.
Aqui neste blog, embora reconheça que esse espaço não tem a importância que pareço agora lhe atribuir, já comentei em postagens anteriores que não considero que as crônicas ou comentários de Tostão mereçam ser levados a sério porque ele, mesmo tendo sido jogador do Cruzeiro, e evidentemente sendo torcedor daquele time, não deixa clara sua preferência.
Portanto, suas opiniões, que respeito, não leio. Simplesmente as ignoro. Ou leio e não levo a sério.
Em sua coluna de hoje, entretanto, finalmente ele admitiu sua preferência ou simpatia pelo time. Timidamente, como parece que é do temperamento dele.
Menos mal.
E aí, mesmo que de forma envergonhada, o que se lê é que o Cruzeiro está jogando um futebol de encantar os olhos do torcedor mais exigente. Jogando um futebol solidário, moderno, onde nenhum jogador guarda posição fixa e todos se revezam, por todos os lugares do campo. Digno da laranja mecânica holandesa de 1974, que encantou o mundo.
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Do Galo, mesmo quando tenta elogiar visando esconder o que é evidente, sua paixão pelo adversário, o que comenta é que o time foi o que apresentou melhor futebol no primeiro semestre, usando uma tática que de moderna nada tinha: a tática do chutão. O futebol que ele anteriormente já havia denominado de tática do Galo Doido.
Em que o time não joga nada, mas consegue cativar a torcida e, com o apoio da massa, agiganta-se, impõe-se aos adversários. Em outras palavras, seria mais ou menos no estilo da truculência. Estilo que pode ser vencedor, mas está longe de encantar como o balé do time dele.
Ele  não menciona o estilo balé, que poderia parecer até mesmo "ato falho". Deixa pra lá.
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Mas, o campeão das Américas, só tinha como jogada preparada, o estilo chutão. O bumba-meu-boi que encontrou em Jô, um apoio, o pivô, para a entrada desesperada, na correria, talvez, de seus companheiros. ***
Estará Tostão errado em sua análise?
Claro que não. Afinal, quantas vezes eu mesmo comentei aqui e alhures, de forma crítica, que o Atlético depende demais de bolas recuadas do meio campo para que Victor (ou até Giovanni, agora) dê um chutão que tenha  a sorte ou felicidade de encontrar Jô. E que este consiga tocar a bola para algum companheiro que venha entrando em diagonal, jogada cada vez mais manjada e por esse motivo, cada vez mais neutralizada por todos os times que nos enfrentam.
Fora isso, apenas a dependência da genialidade de Ronaldinho Gaúcho, que Tostão deixou de fora quando comentou dos jogadores veteranos no nosso campeonato e da importância de cada um deles, para seus respectivos times. Embora também tenha deixado de fora, ao comentar dos jogadores mais novos e sua importância, etc.
Ou seja: Ronaldinho para Tostão merece apenas o limbo.
Fora isso, a importância de Diego Tardelli e sua movimentação e excelente técnica, que substitui em parte a genialidade que Ronaldinho tem como destaque.
Fora isso, apenas a velocidade e capacidade de driblar de Fernandinho, substituindo, com destaque ao jovem Bernard, que para Tostão não tem aquela alegria nas pernas que só Felipão viu.
Fora isso, a capacidade pulmonar, o folêgo de Marcos Rocha, ou a postura de Réver.
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Felizmente Tostão não enxerga nada disso, já que só tem olhos para o seu time e os bons jogadores que ele possui e que Marcelo Oliveira conseguiu reunir em um conjunto que, de fato, está jogando muito acima daquele futebol que está sendo apresentado por todos os demais clubes brasileiros, nesse instante.
Sorte do Cruzeiro que Marcelo Oliveira não é apenas torcedor. É um estudioso e profissional correto.
Sorte minha (ou nossa) de conhecendo Tostão e seu pensamento, não precisamos achar que estamos perdendo alguma coisa importante, quando simplesmente ignoramos o que ele escreve.

Um comentário:

Anônimo disse...

Perdemos, devido ao nosso treinador ter se acovardado nos últimos dois jogos!

JULIANO VILLAÇA