quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Para não falar que não falei do Galão e de que queimei a língua ontem

O Galo ganhou, com direito a golaço de Berolinha. Com passe magistral de Guilherme para o empate de Jô, e com toda a crônica esportiva tendo de reconhecer o acerto das mexidas promovidas por Autuori.
Sinal de que ontem foi dia de eu morder a língua. E de ter de dar a mão à palmatória.
O que não invalida o fato de eu achar que o Galo pressionou e saiu com um placar injusto pelo volume de jogo apresentado no primeiro tempo. Que marcou a saída de bola, que vinha sendo minha maior crítica ao time. O que valeu ter dado um sufoco no Independiente Santa Fé.
Que Ronaldinho Gaúcho estar jogando de volante, principalmente quando tínhamos um jogador a mais, se não foi ordem do técnico, deveria ter sido corrigida imediatamente, com uma tremenda bronca do treinador.
Se foi por ordem do treinador, resgata a pulga que esteve todo o tempo em minha orelha, e minha prevenção com Autuori.
Se foi por questões médicas, mais uma vez, o técnico demorou para fazer a substituição que acabou fazendo no final do jogo.
Que mais uma vez, e se resgatando da falha ridícula no jogo contra o América, Otamendi brilhou.
Que alguém precisa avisar a Fernandinho que ele joga com mais alguns companheiros.
E, finalmente, que achei que Victor falhou no gol do time colombiano.
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Enfim, o Galo ganhou e embora adepto do futebol bem jogado, de preferência ao futebol de resultados, dá-nos tranquilidade para continuar na marcha em busca do segundo título.

A vitória de Pirro dos juros e dos globetes do Jornal da Globo

Ver à noite, no Jornal da Globo, os apresentadores darem a notícia, com uma satisfação digna de nota, da decisão da reunião do COPOM, na noite de ontem, de elevar a Selic em 0,25%, é no mínimo constrangedor.
Primeiro pelo significado de uma elevação da Selic, sinal de que o governo está preocupado em conter a inflação, curiosamente, até atendendo à grita dos analistas do mercado financeiro que a Globo tanto escuta e dá espaço.
Segundo pelos impactos que a elevação de juros representa, seja para o consumo, as decisões de investimento, todas contidas, seja pelo desemprego potencial.
Mas, pior é que a alegria manifesta pelos bonecos de ventríloquo dos interesses do capital financeiro, não poderiam deixar de passar a oportunidade para dar uma estocada em Dilma e no governo.
Assim, ficamos sabendo que a taxa de juros básica não apenas atinge o percentual de 10,75%, como volta ao patamar que vigorava quando do início do governo Dilma.
E de quebra, temos ainda nossa atenção chamada para o fato de que a volta ao que vigorava no início do mandato significa que a política econômica da presidenta foi um malogro, a ponto de termos voltado ao ponto de partida, o que nas entrelinhas significa que passamos todo esse mandato, dando voltas sem sair do lugar. Ou que perdendo tempo precioso.
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Ok, como diriam os roqueiros da Blitz, vocês venceram.
Afinal, a ideia do fracasso da política econômica autoritária e intervencionista de Dilma, e de seu desejo de manter a Autoridade Monetária, leia-se o Banco Central sob sua tutela, é mesmo o único resultado no horizonte de visão de Globo, Waacks e Bóris Casoys da vida. Incapazes de verem o mundo fora das lentes que lhes foram impostas pela força dos mercados.
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Porque não reconhecer que, durante esse mandato, incorporamos quase uma população da Espanha ao mercado consumidor, tornando esse um patrimônio da nação brasileira invejável aos olhos de todo o mundo; que milhões de famílias puderam sair da linha de miséria e atingir um patamar capaz de lhes prover um mínimo de existência digna; que o desemprego esteve em um patamar recorde de baixa, é não querer ver que enquanto o mercado esperneava, o povão acreditava estar melhorando de vida.
O que talvez ajudasse a explicar o motivo de Dilma aparecer ainda como líder disparada nas pesquisas eleitorais. Ou de essas mesmas pesquisas mostrarem que o povo brasileiro deseja mudanças, sinal de sua evolução, mas mudanças que ele acredita que só Dilma terá condições de comandar.

Novo show de destempero no Supremo

É uma pena que, o primeiro negro que tenha tido a honra - e o mérito reconhecido, de ter assento como Ministro do STF, e atualmente ocupando a presidência de nossa Corte Suprema apresente, em certas situações, comportamento tão autoritário, ou no mínimo, pautado por tanta deselegância ou falta de educação pura e simples.
Vá lá que, do ponto de vista jurídico seja ele que esteja com a razão, e que outros colegas seus se deixem influenciar por motivos não necessariamente restritos ao campo do Direito e à aplicação estrita das leis e da Justiça.
Mas, sua atuação e intervenção sempre belicosa, sempre arrogante e autoritária, como se fosse ele, por ser o presidente da Casa, o único guardião dos valores maiores da Corte, ou o último guardião, acaba fazendo com que perca a razão. Não raro, por mais que agrade aos menos esclarecidos, acaba jogando contra sua pessoa e seu juízo, grande parte da opinião pública. Aquela parcela da população que julga que o país não precisa de ter um paladino da moralidade, nem um herói a quem recorrer.
Até porque o Ministro Joaquim Barbosa está longe de ser esse super-herói que acredita ser, e seus julgamentos, como o de seus colegas, também não são isentos ou imparciais. Nem defesos de críticas. E controvérsias.
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Ontem, mais uma vez, o que se viu durante do julgamento dos embargos infringentes acatados dos réus do mensalão foi um Barbosa incapaz de aceitar qualquer opinião divergente da sua. Capaz de interromper o voto de seus colegas, voto que, como o Ministro Barroso foi feliz em deixar claro e cristalino, tem tanto valor quanto o do presidente da Corte.
Assim sendo, a postura autoritária do presidente, e a interrupção da leitura do voto de seu colega, transforma-se apenas em uma demonstração cabal de seu despreparo para ocupar qualquer posição de maior projeção e poder.
O que é uma pena, para quem foi para ele, ou para quem o transformou em candidato preferido para ocupar, por mais absurdo que pudesse ser, a própria Presidência do Brasil.
Diga-se de passagem que papel que o fez jogar para uma plateia sedenta por sangue e por vingança, e movida por um inconfessável sentimento egoísta, ao ver serem os réus do mensalão os mesmos membros de um governo que, a seus olhos, traiu seu voto e suas promessas, ao começar uma distribuição de renda digna dos melhores sistemas capitalistas, a saber: tirar dos assalariados situados no topo da pirâmide para dar renda para os não assalariados ou aqueles situados no chão da pirâmide.
Ou seja: um governo que tirou de quem se sentia remediado para dar aos pobres, já que a distribuição de renda posta em marcha por Lula e seu PT, embora real e visível, não afetou, nem poderia fazê-lo, aos donos do dinheiro. Esses aliás, ganharam até mais que antes.
Pois bem. A classe média que havia votado em Lula, em 2002, e em seu discurso moderninho de Paz e Amor, ressentida, é que não perdoa os membros do governo que a ludibriou. Aí incluídos, os Zé Dirceus, Genoínos e que tais.
E é essa mesma turma, de viés pequeno burguês, e que já há muito perdeu o caráter de classe revolucionária ou reformista, que é a expressão mais acabada do conservadorismo no que o termo conservador tem de pior, ou seja, a incapacidade de aceitar a própria transformação do mundo e dos tempos. Apegando-se e ficando aferrada a um passado que adota um comportamento completamente alheio ao presente, e que renega e tenta destruir o futuro.
Felizmente, o futuro ainda está por ser construído, e sua construção é atribuição nossa. Aqui e agora. Hoje e em cada momento de nossas vidas.
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É essa turma que choca o ministro Barbosa, que guiado pela vaidade natural de todo e qualquer ser humano, vislumbra-se como um ser iluminado, dono da verdade e da razão.
O que me lembra Collor, e seus arroubos de senhor do tempo e como tal, senhor da razão.
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Quanto ao julgamento em si, percebe-se que nem é apenas o ministro Barroso, transformado nesse triste episódio em adversário de Barbosa, o magistrado que nutre dúvidas quanto à possibilidade de condenação dos réus.
Afinal, se os embargos infringentes foram aceitos, é porque no primeiro momento, também outros  4 julgadores tiveram dúvidas semelhantes quanto ao crime que  imputado aos mensaleiros, ou quanto à sua prescrição. Não fosse assim, os embargos nem teriam sido aceitos.
Por outro lado, quando Barroso foi interrompido de forma tão atabalhoada e deseducada por Barbosa, a contagem já demonstrava 4 votos a favor de desconsiderar-se o crime em discussão para os réus. Ou a contagem não terminou ontem, em 4 a 1, para os réus, derrotado o relator Ministro Fux?
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Nada disso entretanto é levado em consideração pela mídia, que prefere continuar demonizando os mensaleiros - tratamento bastante distinto, em relação aos mensaleiros peessedebistas de Minas, ou trensaleiros do PSDB paulista, ou dos mensalinhos do DEM.
Mas, da mídia, tudo pode-se esperar, já que ela esquece que é concessão de serviço de  utilidade pública para fazer o jogo de seus interesses privados, alguns nem um pouco dignos - ou dos interesses de seus parceiros e aliados.
***
Para concluir, apenas uma questão para reflexão relativa ao destempero de Barbosa. Na linha do aqui se faz, aqui se paga...
Porque afinal, o que vai ficar de tudo isso, é ele passar para a história como colega de Corte de juízes e ministros tão distintos quanto Barroso, Toffoli, Lewandoswski, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e etc.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Esperas e torcidas

O atleticano espera a hora do jogo
o folião espera o carnaval
exceto na Bahia ou no Recife
onde já é carnaval desde o Natal
o mercado espera a definição da Selic
e aposta em juros mais altos
enquanto o povo espera que a situação melhore
a inflação decline
o país vença a Copa
- na verdade, espera antes, que tenha Copa
o político espera a eleição
já preparado
já dispensado de seu trabalho
árduo
Alguns de nós esperamos mais saúde
por mais e melhor educação
E todos, sem exceção
esperam e torcem pelo fim da violência
enquanto se esgueiram e rastejam
entre balas perdidas
e tentam se proteger de agressões gratuitas

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

De volta a questão da maioridade penal

Há muito tempo atrás, postei aqui minha opinião sobre a questão da maioridade penal, que volta agora ao debate, graças a projeto apresentado e derrotado no Congresso de autoria do senador Aloysio Nunes.
Através da grande imprensa, ficamos sabendo que o projeto de redução da maioridade penal, que contava inclusive com o apoio do governador paulista foi derrotado, o que toda a midia está considerando uma perda de oportunidade. Um atraso.
Por trás da notícia, sempre, o argumento da impunidade, razão do crescente número de adolescentes praticando crimes bárbaros em nosso país.
É verdade. Os números não mentem, mesmo que sirvam tão somente como o que são: registros. Nada a ver, por esse motivo, passar a fazer projeções estatísticas para uma possível escalada de crimes de adolescentes no futuro.
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Como da outra vez que me manifestei quanto ao tema, continuo acreditando que a discussão está mal colocada. Não se trata de reduzir a maioridade penal e pronto. Com tudo ficando resolvido como num passe de mágica.
Porque se hoje se aprova a redução desejada, para a idade de 16 anos, com fortes argumentos a seu favor, admito, inclusive o de que com essa idade o adolescente já tem condições de escolher até o presidente da República, nada indica que em pouco tempo, as mesmas vozes que agora propõem essa idade, e pelos mesmos motivos, não venham a ter de propor nova redução para 14, quem sabe 12 ou até 10 anos no futuro.
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Em minha opinião, a verdade é que, recrutados pelo crime, especialmente nas favelas e nas bocas de tráfico, os adolescentes ganham status, ganham  poder, visibilidade, coisas que lhes são negadas a cada momento, nas ruas e asfalto dos grandes centros  urbanos.
Não poderia ser apenas pela antecipação da idade de puni-los com a privação da liberdade que eles passariam a ter outro comportamento social. Isso é muito pouco e de privação de liberdade a vida deles já é repleta. Liberdade para se divertir, para irem ao shopping encontrar os amigos - os rolezinhos e a reação histérica da sociedade já indica isso - liberdade para andarem pelo centro da cidade, desocupadamente, apenas sentindo-se cidadãos normais. Toda essa liberdade já lhes é negada por todos nós, que lhes negamos o maior direito de todos, de serem tratados como seres humanos ou ainda o direito de serem tratados como inocentes até prova em contrário.
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Mas, antes que me acusem de ser desses que passam a mão na cabeça dos marginais, incentivando a impunidade, é importante deixar claro que minha opinião apenas expressa o fato de não acreditar que a redução da maioridade, por si só venha a resolver uma questão que não pode ser vista apenas por seu lado legalista, policialesco, mas que deve envolver uma discussão muito mais ampla, envolvendo psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, médicos, antropólogos, sociólogos, etc. uma ampla gama de pessoas de profissões diversificadas, para que possa surgir uma discussão mais ampla e mais propícia a que o problema possa ser tratado com a dimensão e consideração que merece.
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Acho pobre uma discussão centrada apenas na proposição de se reduzir a maioridade penal. Até porque acho que essa é uma situação típica para que pudéssemos analisar e aprender com situações semelhantes vivenciadas e tratadas por outros países.
A Inglaterra, por exemplo, há alguns anos condenou como se adultos fossem, dois menores, que ainda não tinham completado os 10 anos, se não me falha a memória, acusados de terem sequestrado e abusado de uma garotinha de idade ainda inferior à deles.
Se não me engano, ambos passaram por uma série de entrevistas com profissionais especializados, que concluíram que ambos sabiam o que estavam fazendo, tinham plena consciência de seus atos e consequências, o que lhes valeu a condenação à prisão perpétua, creio.
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Ora, é verdade que a situação de dois meninos de classe média britânica é bastante diferente das condições de vida ou não-vida, de miséria e degradação de grande parte de nossas crianças. Mas, acho que essa é a situação mais adequada quando há algum tipo de delito envolvendo menores: analisar o grau de entendimento da ação que resolveram praticar e o grau de discernimento por eles experimentado em relação às consequências dos atos por eles cometidos.
Aí sim, punir com o rigor da lei e do direito por eles desrespeitado. Sem que a sociedade fique preocupada em olhar apenas a idade cronológica de cada autor de um crime, para poder começar a punir, até para evitar que dentro em breve, estejamos discutindo, sem qualquer mudança nos números e estatísticas, ou no pânico já instalado em nossas cidades, se deveríamos reduzir ainda mais a maioridade penal, quem sabe para 4 ou 5 anos.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O Galo, o futebol do Galo e toda minha preocupação

Não fui nem pude assistir ao jogo do Galo ontem, no Independência, contra o América.
Mas, a julgar pelo placar, creio que cada vez mais nós, atleticanos devemos ficar preocupados com a campanha de nosso time na Libertadores.
Nada contra o time lutador do América, e seu artilheiro Obination, artilheiro também do Mineiro.
Mas, quarta agora, é o time do Santa Fé, no Independência. E só mesmo com muita fé e ajuda de todos os santos, a começar do São Victor.
Afinal, como Jô afirmava em entrevista concedida durante a semana,  elogiando o trabalho de Autuori, o técnico chegou e ao analisar o time, percebeu que se tratava de um conjunto que poderia bem ser classificado como uma bagunça organizada. Razão para levar tantos gols.
Daí a preocupação do treinador em dar mais equilíbrio à defesa do time. Para deixar a equipe mais fechada e com mais condições de partir para a frente, onde iria aproveitar mais a criatividade dos atacantes.
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Ou muito me engano ou tomar dois gols do América, com o segundo gol em uma das muitas bobeiras e vacilos que a defesa costuma cometer durante qualquer jogo, não é sinal de que nada que esteja sendo feito, nos treinos, esteja sendo cumprido em campo.
E até entendo que o excelente Otamendi, cuja estréia contra o Cruzeiro nos deu tanta tranquilidade, possa ter deixado para cometer todas as falhas ontem, como ouvi dizer que falhou no primeiro gol.
Mas, sei não...
E estou preocupado...
E nem sei se eu acredito. Especialmente quando olho o túnel e vejo lá Autuori.
Uma pessoa que não tenho nenhum motivo para criticar o trabalho. Mas que não me inspira confiança. Que não põe o time para marcar a saída de bola, não põe os jogadores para encurtar os espaços, e que em minha opinião, mexe mal e demora para mexer.
Mas, que pode queimar minha língua. E que, como atleticano, até torço para que venha mesmo a me fazer arrepender.
É isso.

De volta à normalidade: o mercado impõe e o COPOM eleva os juros

Primeiro foram os juros. Depois a preocupação em passar uma informação crível e factível aos mercados, relacionada ao número mágico do superávit primário. 
Marcada pela realização de mais uma das reuniões do calendário da agenda do COPOM, esta semana começa com novas especulações do mercado sobre a decisão quanto à taxa de juros básica de nossa economia. Alguns acreditam em novo aumento de 0,25%. Outros esperam um valor maior, novamente de 0,5%, fazendo a taxa SELIC saltar para os 11%, onde deverá se fixar aguardando a evolução dos acontecimentos.
E assim vemos chegar ao fim a queda de braço que a presidenta Dilma e sua equipe econômica tentaram travar com o mercado financeiro, sem êxito.
E vemos a presidenta cada vez mais submissa e curvada aos interesses do capital financeiro nacional e a seus parceiros e associados estrangeiros.
Para não perder tempo, e não deixar a pressão afrouxar, as instituições e os consultores do mercado financeiro continuam elevando suas previsões para a inflação em 2014, fazendo as previsões saltarem de 5,93 projetado na semana passada para 6% essa semana. 
Divulgando números que indicam uma resistência maior à queda da elevação de preços, deixam pouco espaço de manobra às autoridades econômicas, em especial aos diretores do Banco Central, que têm voto no COPOM.
Ao lado da pressão sobre os juros, prosseguem ameaçando o governo com a possível queda do rating de nossa economia, descendo um grau na avaliação de nossa economia como grau de investimento.
Isso, independente do corte anunciado na semana passada, de mais 44 bilhões nos gastos do governo, projetando um superávit primário de 1,9%.
Em relação a essa frente de batalha, as objeções são relativas à projeção do crescimento do PIB, embutida nas contas apresentadas pelo governo, algo superiores à projeção dos mercados. E à dúvida na capacidade de o governo honrar as promessas de cortes, em especial em ano de Copa e eleições.
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Embora todos os analistas e seus porta-vozes irão alegar sempre, a preocupação em manter a inflação controlada, utilizando para tanto todo o arsenal de medidas de caráter monetário e fiscal visa apenas assegurar o poder de compra real do povo, principalmente dos menos favorecidos, que são aqueles que mais perdem com a corrosão do poder de compra de seus ganhos.
E sob tal argumento, continuaram colocando pressão para que o governo se comporte de maneira que, curiosamente, mais atende aos interesses de tantos quanto vivem da aplicação a juros de seus capitais.
Quanto ao desemprego, cujo número pequeno ainda é considerado recorde, esse já dá sinais de que não se manterá por muito tempo mais tão reduzido, dando sinais de que o número de demissões tende a subir.
Entretanto, para os defensores dos interesses do capital financeiro, e dos rentistas, uma elevação da taxa de desemprego, mesmo em nível como a prevista, de perto de 40% força de trabalho é plenamente tolerável, e até de interesse do próprio trabalhador.
Para o ex diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman, por exemplo, além de contar com o seguro desemprego, que lhe assegura a sobrevivência por um certo período de tempo, a perda de postos de trabalho é típica de economia com o mercado de trabalho muito aquecido, e de interesse do próprio trabalhador, que busca posições mais favoráveis, arriscando-se mais em busca de ganhos potenciais da maior rotatividade. 
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Raciocínio que só não consegue justificar como, com a ocorrência de quase a metade da perda de postos de trabalho, o mercado de trabalho terá condições de se manter aquecido e próximo do pleno emprego.
Além disso, há que se lembrar que são exatamente economistas como Schwartsman que cobram mudanças na legislação social, sempre batendo na tecla do impacto das despesas do seguro desemprego no resultado das contas públicas e, pior, na redução do superávit primário.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A renúncia de Eduardo Azeredo: golpe ou decepção?

Conheci Eduardo Azeredo quando foi indicado pelo governador Tancredo Neves para ocupar a presidência da Cia. de Processamento de Dados de Minas Gerais - Prodemge, em 1983.
Oriundo da IBM, era considerado um jovem de perfil técnico, talhado para a posição que iria ocupar. De quebra, dava a oportunidade a Tancredo de prestar uma homenagem a seu amigo do antigo PSD mineiro, o deputado Renato Azeredo.
Em minha condição de assessor da presidência daquela empresa, guardo de nosso contato a impressão de Eduardo como um homem sério, bem intencionado, algo ingênuo e inadaptado ao cargo e ao papel político que deveria passar a representar dali em diante.
Requisitado pelo Secretário Ronaldo Costa Couto, e cedido para ir desempenhar funções na Superintendência de Estatística e Informações da Secretaria de Planejamento, nossos caminhos só voltariam a se encontrar de forma esporádica, Eduardo já na condição de vice-prefeito ou na condição de Prefeito de nossa capital.
Em todos esses contatos, minha impressão inicial a seu respeito e em relação a suas intenções não sofreu qualquer abalo. Eduardo continuava sendo um cidadão simples, não me transmitindo em nenhum momento a sensação de que o poder tivesse subido a sua cabeça ou promovido alterações em seu comportamento ou em sua personalidade.
Daquela época, lembro-me de um encontro com meu colega de Seplan, o professor da UFMG Leon Menache, na varanda do restaurante do Minas I. Leon atuava então na campanha eleitoral de Eduardo, talvez para prefeito, e lembro-me de ter se referido sempre de forma elogiosa a Eduardo, embora o considerasse um candidato muito difícil de ser "carregado", exatamente por sua postura muito pouco avessa ao perfil de um político tradicional, demagogo.
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Não tornei a estar com ele depois de ter se tornado governador por Minas, e apenas nos encontramos em alguns eventos de colação de grau de forma ligeira, depois de ele ter sido eleito senador.
Lembro-me de ter críticas a sua gestão como governador de nosso Estado, em especial por ter se cercado de políticos ou assessores como Cláudio Mourão ou Walfrido Mares Guia, que integravam seu círculo mais íntimo de colaboradores, ambos não merecedores de minha confiança, em razão da posição que ocupavam.
Não por acaso, ambos indiciados no escândalo do chamado mensalão mineiro, e ambos livres de prestarem contas à sociedade, por contarem com o benefício da prescrição em função da idade.
Mas, nunca me esqueci de Leon comentando de como Eduardo era ético, especialmente em relação à questões de arrecadação de fundos de campanha.
Sinal de que, como me ensinaram os antigos, as amizades podem levar alguém a mudar seu comportamento.
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Entretanto, não creio que Azeredo, prestes a ser julgado pelo Supremo pelo apelidado mensalinho, tenha apresentado sua carta de renúncia ao mandato que exercia de Deputado junto à Câmara Federal, apenas com a intenção de protelar qualquer julgamento, valendo-se da possibilidade de desaforamento de sua causa, já que agora já não protegido pelo foro especial.
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Creio mais que Eduardo tomou a decisão em respeito e solidariedade a seus colegas de partido, especialmente a Aécio Neves, neto de quem abriu as portas para sua entrada na carreira política que o levou até o governo de Minas, visando não se transformar em um estorvo à sua campanha rumo ao Planalto.
Creio que Azeredo  pode ter tomado a decisão de apresentar sua renúncia não apenas para manter seu comportamento de bom soldado, como sempre foi, mas até por ter se sentido decepcionado, abandonado que foi por seus amigos e colegas de partido, que o deixaram cada vez mais isolados e cujas vozes não se fizeram ecoar, em sua defesa. Ou ao menos não na intensidade que ele julgava merecer, por ter sido tão leal e companheiro.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Pitacos vários sobre temas econômicos e o jogo do Galo e Cruzeiro, domingo. Onde um time não merecia ganhar, mas o outro merecia perder

Finalmente, depois de alguns dias de silêncio e notebook sem funcionar, voltamos a operar nosso blog.
Então, em nossa volta, um pitaco a respeito de um programa que tive o prazer de ver no canal GloboNews, o Milênio, entrevistando Thom Hartmann, apresentado como cientista político e autor de The Crash of 2016.
Impressionantes alguns dados apresentados no programa que, por sua qualidade, andei apresentando como material de discussão em salas de aula. Para começo de conversa, o fato de que, mesmo após a crise financeira desencadeada a partir do ano 2008, os derivativos não pararam de crescer em volume e valor, no mundo.
Conforme dados apresentados, citando o BIS - Banco de Compensações Internacionais, o volume de derivativos circulando no mundo hoje correspondem a um valor de mais de 1 quatrilhão de dólares, seja lá o que essa soma astronômica represente. 
Antigamente, números exorbitantes como esse apenas apareciam nas revistas de Tio Patinhas, e eram algo inimaginável.
Agora representam o valor das apostas, com lastro em dinheiro completamente fictício. Razão porque o entrevistado acredita que estamos gestando uma crise ainda pior, com o seu ponto culminante se dando em 2016. 
Afinal, o mundo todo, em conjunto, produz apenas 65 trilhões de dólares, valor apresentado como sendo o total da cifra do PIB mundial. Ora, se os valores em derivativos correspondem a várias vezes a produção, trata-se apenas de dinheiro de fantasia. Sem existência concreta.
E no instante em que algum de seus possuidores, temeroso ou por mero capricho, quiser resgatar o valor aplicado, vai verificar que não tem dinheiro para todos os investidores. E aí, sim, vai começar o deus nos acuda. De novo.
Certo que mudaram as bases para o lançamento dos tais papéis derivados, do fluxo de caixa relacionado ao pagamento de hipotecas, para o fluxo de caixa relacionado a aluguéis, conforme o autor do livro.
Mas, só nos Estados Unidos, já circulam hoje, mais de 700 trilhões desses títulos.
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Questionado pelo entrevistador, ficamos sabendo que o autor da previsão menciona que, embora também vá ser vítima do estouro da bolha, o Brasil pode se sentir mais tranquilo, já que aqui há controle efetivo e regulamentação prá valer do mercado financeiro. 
Palmas para nosso Banco Central e todo seu intervencionismo, tão criticado por tantos liberais.
Mais ainda, falando sobre nosso país, Hartmann afirma que estamos vivenciando aqui, o mesmo fenômeno que já foi experimentado pelos Estados Unidos, nas décadas de 40, 50, etc. quando a classe média sofreu uma verdadeira expansão. Segundo o entrevistado, movimento que não foi perdoado pelos conservadores, que alegavam que ao "dar a mão" à classe média, dentro em pouco ela iria exigir todo o braço.
Pois bem, houve sim, reivindicações sociais, e comoção social até, dando razão aos conservadores. Até que no governo Reagan e sua reaganomics, todo o avanço social foi contido. 
Pelo que pode-se perceber, no Brasil, repetimos o fenômeno, razão que explica o furor da mídia e das elites, em criticar o governo ou os governos que, para o mal ou para o bem, ousaram expandir a remuneração das classes menos favorecidas, em detrimento das mais poderosas e ricas. criando uma nova classe média vigorosa, pujante e cheia de demandas sociais.
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Bem, recomendo a todos assistirem os 25 minutos da entrevista, em que o professor termina dizendo da importância dos impostos como elemento estabilizador da renda e da economia e prega a favor da eliminação de toda e qualquer desigualdade, como remédio para evitarmos crises mais profundas.

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Gastos do Governo

Enquanto isso, aqui na Folha de São Paulo de domingo último, o professor Samuel Pessôa trouxe dados do comportamento dos gastos públicos no nosso país, para confirmar sua hipótese de que o Estado não é tão ineficiente como alguns querem nos obrigar a acreditar. 
Mostrando a evolução de comportamento de algumas rubricas como a da folha de pessoal, incluídos os inativos, vê-se que não houve crescimento desse tipo de gasto, apesar do que se afirma por aí. Ao contrário, embora pequena a participação da folha no PIB, decresce 0,3%, alcançando menos de 4,5%.
Gastos que mais aumentaram, como mostra o professor, foram aqueles que tratam da concessão de subsídios, e benefícios sociais, o que mostra que o problema não é do governo. 
A questão é da sociedade e de uma discussão séria a respeito do que ela deseja. Porque mantido o padrão de demandas, resta-nos como mostra a coluna, apenas rediscutirmos como financiar tais gastos. Ou como elevar os impostos para manutenção de nossos gastos atuais. 


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Futebol

Devo estar enganado, mas não vi grandes emoções no jogo de domingo entre Atlético e Cruzeiro. 
Aliás, confesso que tive mais foi medo, já que o time adversário ganhava todas as bolas altas lançadas na área do Galo no primeiro tempo, além de dominar todos os rebotes. Menos pela estréia muito boa de Otamendi e mais pela colocação muito ruim da defesa, indicando falta de treinamento. 
Léo Silva então esteve abaixo da crítica, em minha opinião. E Dátolo mostrou que a dispensa de Júnior César foi um erro. Embora esforçado, não é lateral  e mostrou isso no jogo.
Tardelli passeou em campo o tempo todo, mas embora sua presença foi assinalada, não fez absolutamente nada. Completamente bisonho, fora de tempo de jogo, fora do foco, razão que justifica inclusive as vaias que lhe foram dirigidas quando Autuori o tirou para a entrada de Berola.
Alguma coisa está acontecendo com Tardelli porque não é possível tanta displicência, em quem tem tanta história de amor e entrega e dedicação como ele, reconhecidamente tem, com a camisa do Galo.
Demos alguns chutes a gol? O juiz nos prejudicou, ao não expulsar Ceará, e deixar de dar faltas perigosas para nosso time?
A verdade é que  Fábío, ao que me lembro, apenas foi exigido, para defender uma bola, já passado mais da metade do segundo tempo. O que é muito pouco para quem tem Ronaldinho Gaúcho, Jô e sua esperança de ser chamado para a seleção, Fernandinho e todo seu individualismo e Tardelli.
É isso. Para mim, um jogo em que o Cruzeiro não merecia e não mereceu ganhar. E o Galo, infelizmente, merecia perder.


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A propósito da reação da população que deseja fazer justiça com as próprias mãos

O nome é Rachel Sheherazade. O que faz é ser âncora do SBT. Infelizmente, tem espaço para manifestar suas opiniões tanto na midia televisiva, quanto na impressa, embora nessa última seja compreensível o dito espaço.
Afinal, ela teve a coragem de mostrar sua face e, representando milhares, talvez milhões de outras pessoas, ditas de bem, cidadãos pacatos e ordeiros, aprovou a ação daqueles que, já desesperançados e desiludidos com a capacidade dos aparatos de segurança do Estado proporcionarem a paz pública e a tranquilidade, resolveram adotar a famosa lei de Talião, do olho p, or olho, sancionando assim a volta ao estado de barbárie.
Mas é bom que se deixe bem claro que Rachel, independente da simpatia que sua opção possa nos causar, ou asco, não é uma voz isolada. E representa - e fala- o que uma grande maioria silenciosa pensa.
Isso é o que posso perceber de minha pouca e limitada experiência, em sala de aula, ao ouvir comentários de alunos, para quem o bandido bom é o bandido morto. Aqueles que, consideram a pena de morte como uma opção plausível e viável para estancar a violência urbana e dar uma basta nessa situação de impunidade que parece avançar em nosso país.
***
Pois bem. Ao defender e apoiar medidas de violência como a que aprisionou, com a utilização de uma tranca de bicicleta, um jovem nu a um ponto de ônibus no Rio, a repórter aprovou também a ação da justiça pelas próprias mãos, alegando em sua defesa o cansaço da população que acredita na ordem e outros valores como a defesa intransigente da vida e do respeito aos direitos fundamentais de todo ser humano.
Claro, a contradição fica evidente, o que apenas deveria motivar uma reflexão mais profunda de todos nós. Afinal, vivemos mesmo um sistema de contradições, onde o ser humano é colocado a reboque e a serviço dos interesses de um conceito abstrato, uma relação de produção ou um modo de produção, que explora a grande maioria, em prol da produção de riqueza que destina-se cada vez mais a uma minoria .
Daí que vem toda a contradição de serem os que produzem a riqueza, justo aqueles que menos acesso e oportunidades têm de acesso a ela, e aos bens e serviços que a representam.
Daí a trágica constatação de nossa realidade repartida, diferenciada, a nossa sensação de existência de mundos distintos, um onde tudo é permitido, outro em que apenas o flagelo e castigo
 são assegurados.
Um mundo em que divisões de classes constituem em  realidades visíveis, e dão sinais cada vez mais intensos de estarem se aprofundando e de estarem cada vez mais, levados a extremos, despertando e fomentando preconceitos e discriminação.
***
Não fosse o rapaz um pequeno marginal, negro, pobre, morador de rua, o que vergonhosamente torna até justificável o ato de o aprisionar. Ou de pouco depois outro rapaz, com as mesmas características - pobre, preto, jovem, pequeno marginal ser mantido prisioneiro, amarrado, sentado em um passeio público, à espera da chegada de dois rapazes em uma moto, um dos quais armado e disposto a executar o infeliz já aprisionado e sem poder reagir.
Como disse a senhora que chamou o apoio policial em favor do adolescente marginal, aquele rapaz estava ali, trancafiado, à espera de que chegassem os justiceiros que iriam cumprir sua pena.
E, curioso, por sua ação, chamando a polícia ou os bombeiros e salvando uma vida, a senhora foi atacada, ameaçada, etc.
***
E ainda tem gente em nossa sociedade que não sabe explicar o que ocorre em Pedrinhas, o presídio no Maranhão em que os presos, agindo com a mesma motivação dos cidadãos de  bem aqui das ruas do Rio, apelaram para julgamentos sumários, condenações, e execuções. Não raro com decapitações, para dar maior realismo à imagem de que cabeças irão rolar.
***
E nós protegemos e nos preocupamos, acertadamente,  com a saúde de pequenos animais como os usados em testes de laboratório.
E não somos capazes de lidarmos  e protegermos a nossa própria espécie.
Ou tudo isso é apenas o reconhecimento de que nós somos mesmo e tão somente um bando de animais selvagens da pior espécie.
Ou que definitivamente, a raça humana é uma raça que não deu certo.

A morte de Santiago e uma pergunta quanto aos propósitos das manifestações de rua

 A morte do cinegrafista da Band, Santiago Andrade, por mais sentida que seja e mais estúpida, não pode deixar que nos esqueçamos de outras mortes que ocorreram por ocasião das manifestações iniciadas em junho do ano passado, além de outras situações de agressão gratuita, algumas das quais, inclusive, contra profissionais da própria imprensa.
Apenas por ocasião das manifestações do ano passado, aqui em Belo Horizonte, houve a morte de um rapaz que caiu do viaduto tomado pelos manifestantes e cercados pela polícia, que tentava impedir o avanço dos manifestantes em direção ao Mineirão. Tudo em respeito aos limites de segurança da Copa das Confederações, impostos pelos critérios da Fifa.
Tudo bem. Embora seja compreensível a comoção trazida pela morte de agora de um jornalista, homem de imprensa, um trabalhador sério que se encontrava no estrito cumprimento de seu dever profissional, pai de família, marido exemplar e excelente colega, por duas vezes premiado no exercício de sua atividade profissional, em uma demonstração e reconhecimento a seu talento, é preciso não perder de vista o fato de que, independente de qualquer que fosse a motivação para sua  presença no local dos conflitos, o rapaz que se viu prensado no viaduto de BH do qual acabou saltando, era também um ser humano, jovem, com planos e sonhos e também deixa uma família enlutada.
Claro, há uma questão de fundo, de princípios que é o fato de Santiago estar trabalhando em prol da liberdade de informação, da liberdade de imprensa, da liberdade até mesmo das manifestações acontecerem de forma livre e democrática.
Quanto ao outro jovem, ou jovens (mais de um caso de óbito foi noticiado, que eu me lembre), os motivos poderiam não ser tão nobres. E, poderia eles mesmos serem os responsáveis pela violência e agressões que culminaram atingindo-os.
Independente disso, o fato é que houve perdas vidas preciosas. Sempre preciosas, conforme a lógica do brilhante texto de John Donne, que abria a edição do texto de Por Quem os Sinos Dobram, que tive a oportunidade de ler e que dizia:
“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.
***

Santiago, elogiado por tantos quanto com ele tiveram a oportunidade, o prazer e a honra de conviver, ficará na memória e deverá cumprir, mesmo depois de morto, mais um papel relevante, como ocorre com todos que são grandes.
Por que, para que sua perda não seja em vão, é mais que necessário que a sociedade discuta e estabeleça normas e punições para aqueles que, manifestando-se livremente por seus direitos,  ultrapassam o limite do direito dos outros cidadãos. E transformam-se de cidadãos em vândalos. Meros bandidos, dignos do peso e das consequências do rigor da legislação.
***
E, infelizmente, é preciso lembrar nessa hora que se Santiago foi o que pagou com a morte pela irresponsabilidade de pessoas que nem têm a coragem, a hombridade de mostrarem o rosto, escondidos que estão atrás de máscaras, houve outros casos de agressões, como os tiros de borracha que cegaram outro repórter que cobria os conflitos de rua em junho passado. Outra jovem, também da imprensa que também foi alvo da atitude de despreparo demonstrada também por aqueles que deveriam ser os responsáveis pela segurança e tranquilidade urbana.

***
Também não devemos nos esquecer, para além do fato de todos sermos a favor  da liberdade de manifestação e opinião, de que é preciso nos debruçarmos sobre os verdadeiros motivos subjacentes aos movimentos de rua que surgiram em nosso país. 
Até aqui, nesse instante, movimentos que não demonstram muita consistência, mesmo que em suas origens a motivação apresentada de protesto contra o aumento do preço das passagens do péssimo serviço de transporte público, ou de protesto contra a realização e gastos para efetuados para a Copa do Mundo - tudo sob o comando, a determinação, o padrão Fifa, numa demonstração de como, inclusive nossa soberania pode ser negociada por alguns trocados, fossem mais que justos. Louváveis.

***
Mas é bom sempre lembrarmos que por trás da Copa e da ideia de sua realização, pesaram interesses nem um pouco populares, vinculados a uma série de obras e "realizações" que permitiriam a tomada de assalto dos cofres públicos, orquestrada e estimulada pelos donos do poder e do dinheiro.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Mensalinho mineiro, compra de votos da reeleição e mensalão petista: tudo farinha do mesmo saco?

É no mínimo curiosa a afirmação de Eduardo Azeredo, de que sua participação no chamado mensalão tucano, ou mensalão mineiro, é semelhante àquela de Lula, no mensalão petista.
E, em minha opinião, pode deixar o deputado e ex-governador mineiro xem uma situação muito ruim.
Isso porque, aos olhos da grande maioria da população brasileira e mesmo sem qualquer elemento de provas ou sequer indícios, Lula sabia, mesmo que não participasse diretamente do esquema.
Ora, isso significaria, aos olhos dessa mesma maioria que Azeredo também sabia e não cumpriu o dever de todo funcionário público ou homem público de apresentar denúncia, mesmo que o esquema fosse, no fundo, visando beneficiá-lo?
Mas, vá lá. E aceitemos a afirmação e analogia de Azeredo, ex-presidente nacional do PSDB, concedendo-lhe, tal qual a Lula, o benefício da dúvida. Como ficariam, nesse caso e em época de temporada de campanha eleitoral, o grande argumento utilizado pelo arremedo de oposição que o PSDB pretende ser, em relação à questão da corrupção petista? Como poderiam os tucanos usar qualquer argumento que implicasse Lula ou que permitisse alegar que a corrupção estava entranhada no seio do governo petista, como gostaria?
Lembremos que vários líderes do PSDB, nas entrelinhas, davam a entender ou que todo o acerto do mensalão era de conhecimento - e até autorizado por Lula, ou que Lula seria tão ingênuo, que incapaz de poder dirigir o país.
E, agora, Azeredo sabia ou era tão ingênuo?
E as demais lideranças do PSDB, em que categoria deveriam ser classificados?
***
A respeito do mensalão mineiro, que a mídia minimiza até na forma como a ele se refere, como mensalinho, é bom não nos esquecermos que teve início pouco depois que o deputado do Acre, Ronivon, foi flagrado recebendo R$ 200 mil, para votar a favor da emenda que aprovou a proposta de reeleição, de FHC.
Logo, nem o mensalinho teve origem em Minas, nem foi criação dos nossos conterrâneos. Nem FHC, tampouco, sabia de coisa alguma.
E devemos nos admirar com a quantidade de dirigentes que ignoram tanta coisa, quanto no nosso país.
Lembro esse caso, porque há pouco tempo, FHC abordando o caso do mensalinho, afirmou que ali a ques era diferente: tratava-se de financiamento de campanha, até via caixa 2, quem sabe?
Não se relacionava a compra de votos e/ou pior, a interferência corrupta e corrompida, de um Poder sobre outro.
Pois bem.
Tanto no caso de Ronivon, que terminou cassado, e da reeleição quanto no caso do mensalão do PT, muito semelhantes, houve um crime sem dúvida. E, tal crime assumia maior gravidade, por ser fruto de uso de dinheiro público, na maioria das vezes.
Então, não era a questão, apenas, de um poder estars corrompendo o outro, ou de um poder aceitar ser corrompido. Essa questão, politicamente talvez mais séria, talvez servisse mostrar a fragilidade do sistema político, e eleitoral de nosso país, onde os partidos nada significam, não têm ideias a defender, nem ideologias, nem seriedade, nem honra. Acho que é mais uma questão até ética, moral. Ou da falta de tudo isso.
Mas, creio eu, tornou-se crime previsto em lei, por ter em seus meandros a participação de recursos públicos.
***
Ora, e que diferença há, quando recursos públicos são usados para comprar apoio popular ou de deputados, à campanha de reeleição de um candidato? Ou mesmo quando os recursos são privados,  frutos do desvio de recursos subtraídos à Receita e ao setor público, origem maior da sonegação que alimenta e recheia os famosos caixas dois?
E, no caso da compra de votos de eleitores ou cabos eleitorais, ainda pior, já que crime, com previsão legal, de âmbito eleitoral.
***
Não sei, não. Acho que Eduardo deu - mais - um tiro no pé. De quebra, rouba uma bandeira, por mais esgarçada que seja, do discurso - já fraco do PSDB.
Mesmo sabendo que Aécio tem apoio de todo mercado financeiro - o que só aumenta o nosso temor de uma possível vitória sua, e que, por força desse apoio, há interesses muito bem orquestrados, para que ocorram picos de luz, apagões, falta de água, ou falhas de transporte metropolitano, cada hora em algum bairro, desde que da periferia ou pobre, da cidade. Numa espécie de rodízio para que vá minando a paciência daquela população que  poderia ainda votar no PT.
E, para   alimentar e fomentar um ambiente de insatisfação, cuja culpa será sempre exposta como única e exclusiva do governo e da presidenta Dilma.
***
Do assunto do mensalinho, só lamentar que seus mentores, em face à questão da idade, consigam ter decretada a prescrição do crime. E escapam ilesos, sem ao menos podermos ver o esclarecimento da verdadeira situação, ao menos na opinião de Walfrido Mares Guia e Cláudio Mourão.
Pena que nem precisarão se defender e nos deixar mais informados sobre sua participação ou não na história.
***
Só para concluir: mesmo sem conhecer o processo e documentos, acho que os 22 anos de pena  pedidos para Eduardo Azeredo, são uma punição exagerada.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Jornalismo econômico e a onda de catastrofismo no país, apenas por não querer dar voz a outras visões de mundo

Embora já abordado, ao menos implicitamente, em outras postagens, aproveito para retomar hoje, um tema que me parece mais que oportuno, muito necessário.
Trata-se de uma reflexão sobre o papel e o comportamento e a forma como se manifesta o que se entende por jornalismo econômico.
Na verdade, o tema é consequência da excelente coluna publicada na Folha, caderno Mercado, de ontem, de autoria de Marcelo Miterhof, jovem e brilhante economista do BNDES.
Gostaria até de reproduzir aqui sua coluna, permitindo que mais pessoas pudessem participar da discussão do assunto, tal qual tive a oportunidade de fazer ontem, ao levar o jornal para a sala de aula e ler o texto integral, de forma a alimentar o debate.
Sem o mesmo brilho que o colunista, vou abordar o tema, da mesma forma que o fiz em sala ontem, começando por recordar que os cursos de jornalismo, como outros vários cursos de formações em várias áreas em que se divide o conhecimento humano, têm apenas umas poucas matérias de Economia em suas matrizes curriculares. Talvez duas ou três matérias.
Cada uma dessas matérias, com conteúdo programático previsto para um semestre de 4 meses (coisas de nossa realidade educacional), com algumas interrupções provocadas por recessos e coisas do gênero o que limita muito o conteúdo real apresentado aos alunos.
Agrava ainda mais esse quadro, o fato de que, nas áreas de ciências sociais e humanas, embora Economia não seja equivalente à Matemática, ciência da qual faz uso apenas como ferramenta e linguagem para tornar as explicações mais enxutas, em algumas circunstâncias e situações, os alunos nem sempre têm muita familiaridade e paciência e gosto para lidarem com equações e gráficos e funções, maximandos e etc.
O que leva o professor, em algumas circunstâncias, a ser obrigado a transmitir um conteúdo de profundidade menos acentuada que aquela desejada ou mesmo necessária.
Forma-se o aluno, ou melhor, o aluno foma um tipo de conhecimento geral, vago, muito superficial.
Alguns, mais tarde, especialmente na área de jornalismo irão depois fazer cursos de pós, na área específica a que se dirigem, mas aí, na pós, já não há mais como reverter a situação de sua formação. Na maioria das vezes, ao contrário, sua formação apenas é reforçada.
***
Refiro-me ao fato de que, com todas as dificuldades já tratadas, o conteúdo que lhes é transmitido na graduação é fundado no uso dos manuais disponíveis no mercado que fornecem, em geral, um conteúdo raso, do que poderíamos chamar de visão convencional da economia. Na verdade, da corrente principal do pensamento econômico, ou corrente dominante - o chamado "mainstream" em inglês, que é a corrente mais respeitada pelos setores oficiais, mas que representa apenas a concepção de uma corrente ou escola de pensamento, que não pode e nem deve, definitivamente, se declarar como a dona da verdade absoluta.
***
Como é sabido, a Economia, como ciência social que lida com sociedades humanas, o HOMEM, como matéria prima básica e pano de fundo, além de objeto, trata da questão de interesses, antagônicos, em geral, individuais ou de classes.
Ou seja, sujeita a toda sorte de abordagens, que se modificam a partir mesmo da posição do analista, do ponto de partida que ele assume.
Em poucas e claras palavras, sujeita a toda a influência de concepções ideológicas.
E essas ideologias, refletem-se, não raro, nas correntes e escolas de pensamento, o que permite que um mesmo problema da realidade seja encarado, entendido, definido, explicado e dê origem a propostas de soluções as mais distintas possíveis.
E não há, exceto pelo emprego de análise baseada em juízo de valor, como dizer da correção de uma ou precedência de uma sobre a outra.
Ora, sendo assim, o que penso é que, como os manuais estão todos vinculados a uma mesma abordagem, de uma mesma escola ou corrente de pensamento, eleita como a preferível a ser transmitida, disseminada e apoiada, por seus compromissos com a situação de poder e dominação de classe existente em nossas sociedades, esse conteúdo, mesmo que parcial, ou até equivocado em algumas situações, é o que o jornalista aprende e vai utilizar em sua vida profissional.
Na pós a situação se agrava, porque com menos tempo disponível para cursar várias matérias dadas em ritmo mais intenso ou intensivo, o aluno vê é reforçado o aprendizado obtido, sem margem para conhecimento de novas ou diferentes abordagens patrocinadas por outras linhas de pensamento ou pesquisa.
Como disse o professor Galbraith, na especialização, em geral, o que se vê é a sofisticação e aprimoramento de modelos, o aprofundamento dos conteúdos já apreendidos na formação básica da graduação.
***
Por isso, muitas vezes, o jornalismo econômico, míope desde sua origem, aceita e prega e repercute temas e assuntos, com um viés que, muitas vezes, é apontado e aceito pela maioria das pessoas como o correto, mas que está longe de ser isento. Muitas vezes expressão e formação de um senso comum, apenas feito para agradar aos interesses dominantes de classe ou da classe dominante.
***
Não há como julgar e criticar os jornalistas. Afinal, trabalham com as ferramentas que lhes foram transmitidas. E por isso, muitas vezes, ocorrem descompassos como os que estamos vivendo e experimentando no Brasil nesse início de 2014, quando toda a imprensa insiste em ser a porta-voz do apocalipse, embora não seja essa a sensação que domina a maioria dos economistas ou dos empresários.
Que a situação não é mais confortável ou das melhores, ninguém duvida.
Mas está longe, muito longe do caos que as notícias de economia tentam transmitir.
***
Tudo bem que há os mal-intencionados, há os que têm interesses,  às vezes inconfessos; há os que estão se aproveitando do momento político que o país atravessa, já muito influenciado pelo fato de ser ano eleitoral.
Mas nem a economia está ruim, nem como muitos pregam nos jornais e na grande midia, o governo está tão mal, independente de ser do PT, ou outra sigla qualquer.
***
Para encerrar o assunto, vou transcrever parte do texto de Miterhof, chamando atenção para seu pedido de que a imprensa passasse a assumir uma posição mais esclarecedora e mais capaz de contribuir para aprimorar e permitir o amadurecimento do país e do debate que se trava.
Diz Miterhof:
"Nesse contexto, é fácil e legítimo fazer uma cobertura verificando o cumprimento de metas oficiais de inflação e superavit primário. Porém melhor é entender as razões de analistas de distintas cores. Afinal, o ajuste contracionista não é o único caminho possível. As perguntas a seguir sugerem uma investigação.
Superavit primário é relevante em que circunstâncias? A dificuldade de cumprir sua meta significa que a situação fiscal está ruim? O Estado brasileiro é mesmo tão ineficiente? Algum governo pós-democratização fez ajuste fiscal pelo corte de despesas? Se não, por quê? Os gastos públicos são rígidos?
Inflação anual de 6% é alta? Basta compará-la ao atual teto do regime de metas ou à inflação dos países ricos? Um país que passa por mudanças sociais e civilizatórias não tem uma inflação mais alta? Por exemplo, que ocorre se o frete sobe porque a jornada dos caminhoneiros foi mais bem regulada?
Algo parecido vale para o câmbio: um país em desenvolvimento tem balanço de pagamento mais volátil? Isso implica padrão inflacionário mais elevado? Choques de custo devem ser compensados por juros mais altos e/ou aperto fiscal? Houve reindexação porque a inflação estourou o teto da meta de 2001 a 2003?
As respostas apontam diferenças entre as abordagens econômicas."
***
Pois bem. As perguntas são várias, importantes, sérias. Muitas.
As respostas podem ser ainda mais variadas. Não está na hora de a imprensa séria tentar mostrar os argumentos de cada forma de entender, ver e discutir e propor soluções para os problemas?

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A selvageria das organizadas, especialmente do Corínthians: que venha a greve dos jogadores em prol da Paz no futebol

Não bastava Oruro
a morte de Spada
e a injustiça de uma prisão arbitrária
que a todos nós trouxe indignação
e que nos fez entrar na corrente de apoio
à conquista da liberdade e volta
à terra natal...
Não bastavam as brigas em Brasília
ou outros vexames,
sempre com os mesmos elementos
alguns até de Oruro
quem diria!
Não bastava mais nada para concluir
que as organizadas do futebol
são um câncer que deve ser extirpado
Mais uma vez,
repetindo a cena de anos atrás,
a torcida, os apoiadores - de quem?
para quem?
invadem o campo de treino
roubam os funcionários
agridem mulheres e jogadores
Mas que torcedores?
Apenas bandidos comuns
vândalos, idiotas violentos e marginais
que agora protagonizam nova violência
nova briga nas arquibancadas
Mais uma!
Mais uma!
Até quando?


Esse poema tenta representar e expressar a minha indignação com o comportamento bárbaro e marginal da torcida organizada do Corìnthians, o que me leva a solidarizar-me com todos os jogadores do Bom Senso Futebol Clube na greve mais que justa que desejam fazer, exatamente para coibir esse tipo de atitude covarde e idiota.
***
A propósito, aproveito para elogiar o nosso adversário, o Cruzeiro, cujo presidente Gilvan parece ter abolido qualquer apoio às organizadas do clube.
Medida que deveria ser adotada por todos os demais clubes.
Que venha a greve dos jogadores, se for esse o caminho para que  paz volte a reinar no futebol, com espaço para as brincadeiras, diversões, gozações e antes de mais nada, respeito.
E reconhecimento do direito do outro de torcer, como nosso direito de torcer contra.

EU ACREDITO! E o Atlético chegou lá.... o paranaense; enquanto em Minas, novo vexame

Ah! que saudade me bateu ontem, ao ouvir pela transmissão da Fox, a torcida do Atlético Paranaense entoando o mantra imortalizado pelo nosso Galão da massa na Libertadores do ano passado.
E, reconhecendo a importância e a força da energia transmitida das arquibancadas, não é que, mais uma vez, o grito das arquibancadas funcionou?!
Pois é! o homônimo de nosso Galo conquistou a vaga que, em certo momento parecia completamente impossível. Provocando uma verdadeira explosão de alegria da torcida que deve estar festejando até agora.
Pena é que somente a Fox estava transmitindo a emocionante disputa de penalidades, provocada pelo fato de o time brasileiro ter vencido o adversário peruano durante o jogo pelo placar de 2 a 1, repetindo o mesmo placar pelo qual havia sido derrotado no campo inimigo, na semana passada.
Não vi o jogo. Mas deve ter sido daquelas disputas de enfartar grande parte da torcida, a julgar pelos comentários da Fox e pelas circunstâncias em que se deu a classificação do sexto time brasileiro, para a fase dos grupos.
Afinal, o Atlético PR saiu na frente; logo a seguir sofreu o empate, e passou o resto do jogo procurando o gol salvador, que só ocorreu aos 50 minutos do segundo tempo, de pênalte.
***
Com o placar de 2 a 1, a partida foi para a disputa da vaga nos pênaltes, e o Atlético Paranaense chegou a perder 2 deles, o que poderia determinar o fim do sonho se a quarta cobrança do time peruano fosse convertida.
E o Eu Acredito que ecoava pelo estádio acabou permitindo que o goleiro do CAP pegasse a cobrança, e que o último peruano mandasse a bola na arquibancada.
Ao final, outro chute explodiu na trave, garantindo mais um brasileiro na fase de grupos.
***
Enquanto isso, a Globo, ao menos a Globo Minas, esteve transmitindo o apático e vergonhoso jogo do Atlético Mineiro, campeão das Américas e bi-campeão mineiro, que enfrentava e era derrotado pelo guerreiro e valoroso Tombense, da cidade de Tombos-MG.
Um jogo tão ruim que era melhor que fosse logo esquecido. Sobre esse fracasso, mais um do Galo, tratamos abaixo.
Mas, mal acabado o jogo do campeonato mineiro a Globo correu para transmitir o final do jogo do Rio, onde o Botafogo se classificava com sobras, depois de conseguir construir um placar de 4 a zero contra o seu adversário.
E terminado o jogo do Rio, a Globo passou a transmitir a sua grade normal de programação, entrando no ar o Jornal da Globo.
***
Não sei a opinião de outras pessoas, mas para mim, mineiro que sou, do ponto de vista da situação dramática que o time do Paraná vivia, teria sido muito mais interessante e atraente dar destaque aos últimos minutos do sofrimento do jogo no sul.
Mas, a Globo é carioca, com sede no Rio e por esse motivo acredita que todo o Brasil tem de ficar exposto à "maravilha" do futebol dos times cariocas, impondo a todos aquele futebol por mais fraco que seja.
O jogo mais dramático, mais interessante pela carga de emoção, esse teve apenas uma referência no Jornal da Globo, mesmo assim, com a transmissão apenas da cobrança final, a sétima da série.
Infelizmente nem todos têm acesso à tevê a cabo e ao canal da Fox, ficando privados de momentos de muito mais intensidade que ver o Botafogo, já classificado, comemorando no Rio.
Mas, deixemos isso pra lá, porque isso é sinal da imposição e da ditadura do monopólio que a Globo ostenta, há muito tempo.
Entretanto, vale a lembrança de que o povo não é bobo. E que está farto da Globo.
***

Enquanto isso, em Minas

Já em Minas, o time (?) de Autuori, decepcionava mais uma vez, perdendo a sua segunda partida no Independência depois da reforma do estádio.
E agora para o forte esquadrão do Tombense. Um time bem organizado taticamente, com alguns bons valores individuais e muita disposição demonstrada por todos em campo. Mas, um time que, a rigor não poderia nunca vencer o time que deseja repetir a jornada do ano passado, na Libertadores, quando sagrou-se campeão.
O drama é que já na semana que vem começa nossa participação no torneio. E, pelo visto, nem o mais fanático torcedor do Galão pode demonstrar um mínimo de confiança nesse amontoado desorganizado de jogadores em campo.
Tudo bem que ontem, para complicar, ocorreram fatos inesperados e inusitados: a falha gritante na saída do gol do goleirão São Victor, isso depois de toda a defesa ficar parada e ninguém marcar ninguém, deixando Júnior Negão, completamente livre e à vontade para tocar para a rede.
Depois houve a injustíssima expulsão de Marcos Rocha, que não conseguiu nem tocar na bola e muito menos no jogador da Tombense, em falta que foi feita por Pierre, em puxão na camisa do jogador do time adversário.
Por fim, ainda teve o displicente Tardelli, que já não vinha fazendo absolutamente nada, procurando muito mais se livrar da bola quando passada a ele que armar alguma jogada de forma mais objetiva, perdendo um pênalte. Em uma cobrança que mais pareceu ser um recuo de bola para o goleiro da Tombense que um tiro para reverter um placar contrário.
Ao fim, com um jogador a menos e com o time todo na frente, no desespero, e ainda vendo a torcida do Galo aplaudir e gritar Olé para o time contrário, tomou o gol nos descontos, sacramentando a derrota por 2 a zero.
***
Quanto ao que vi, apenas no segundo tempo, o que pode ser dito e o que pode ser esperado de um time em que a torcida é obrigada a gritar pelo nome de Berola!!! que aliás conseguiu cavar o pênalte que na verdade não aconteceu (a falta foi fora da área)  em jogada que deve ser reconhecida como genial.
Pois bem, antes Berola, pelo visto, com todo seu cai-cai e ruindade, que Guilherme, que já mostrou que não é jogador para o time do Galo.
De Autuori, falar o que? Depois de tirar Fernandinho para entrada em campo do inexpressivo Leonardo, que nada fez?
Não é à toa que a torcida o homenageou com o coro de Burro! Burro!
Embora mais culpado, em minha opinião, não seja o técnico, que não tem há muito tempo conseguido montar nenhum esquema tático que permita dar consistência de jogo aos times que andou dirigindo. Nem o elenco, que continua o mesmo do ano passado, quando não reduzido e mais limitado.
A culpa é, para mim, do presidente, que não contratou ninguém, não armou o time, nem o fortaleceu nas posições que todos sabem que apresentavam carência. A culpa é do Kalil, que contra o desejo de toda a torcida trouxe Autuori e ainda andou, mais uma vez, falando todas as bobagens que costuma falar pelos cotovelos, afirmando que a torcida teria que engolir o técnico por ele contratado, porque de técnico a torcida nada entende...
Pois é, o resultado está aí.
Só que eu gostaria de saber porque em meu íntimo, não levo a menor fé nesse time para a disputa dos jogos da Libertadores que já começam na próxima semana...

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Sobre economia e um pouco de mais do mesmo...

Dilma preocupada em definir e adotar medidas capazes de gerarem o superávit primário que convença e tranquilize o mercado de que o governo está preocupado em manter os fundamentos da economia, controle da inflação à frente.
Afinal, se o governo não conseguir ou não mostrar disposição para implementar os cortes orçamentários cobrados pelos analistas, a carga sobre a política monetária ficará muito pesada, recaindo sobre ela, leia-se sobre os juros, a responsabilidade por tentar quebrar a resistência demonstrada pelo nível de preços.
Juros que, como eu já havia antecipado, poderiam se elevar ainda mais, nas próximas reuniões do COPOM, demonstrando o acerto da previsão de Belluzzo, para quem Dilma e seu governo, se curvaram e cederam aos mercados.
Nada mais correto, num mundo em que as notícias que a mídia repercute, são todas fundadas nas opiniões - e expressam mesmo que apenas subliminarmente, as vontades e desejos alimentados pelos mercados e sua ânsia de lucros, nem sempre lucros oriundos da produção mas das atividades meramente especulativas.
Daí a importância das incertezas, segundo Keynes, e das expectativas, que afetam as decisões. Daí a importância de ter sempre um distanciamento crítico, embora difícil de ser obtido, das notícias que os jornais e tevês bombardeiam sobre nós.
***
Ora, nesse meio tempo, em que todos pedem a volta do tripé: câmbio livre, responsabilidade fiscal representada por superávits primários representativos e busca ferrenha da meta do sistema de metas de inflação, destaca-se o papel das taxas de juros. Especialmente em relação ao último item, do combate à inflação.
Juros elevados que foram, ao longo de todo esse período pós-Plano Real, que permitiram atrair para nosso país tanto capital estrangeiro. O mesmo que agora quer cair fora, voltando para a segurança(?) da economia americana e seus juros em potencial elevação e seus riscos menores somado aos indícios de sua recuperação.
Juros que estiveram tão elevados que trouxeram bilhões de dólares de capital externo, a grande maioria não para ajudarem a construção de nosso país, não para investirem na nossa produção ou infra-estrutura, não para contribuírem com a redução ou eliminação de nossas mazelas. Apenas capital num mundo extremamente líquido, com dinheiro sem ter oportunidades e fontes lucrativas de aplicação, que veio ter ao nosso país, para especulação, Para se valorizarem com os ganhos espetaculares, proporcionados por nosso mercado financeiro´, puxados pelos juros dos títulos públicos.
E enquanto o capital externo lucrava, nosso real se valorizava e os ganhos do capital externo tornavam-se ainda maiores, na medida em que, na conversão de reais para dólares, era quase certo que os aplicadores ainda teriam ganhos maiores, quanto mais tempo passasse, quanto mais dólares entrassem, quanto mais os juros se mantivessem elevados.
De quebra, as contas públicas mais apresentavam déficits elevados e mais o endividamento crescia, por maiores que fossem as economias geradas para pagar os gastos de transferências de juros, quanto maiores fossem os superávits primários prometidos para tranquilizar aos credores.
***
Estamos de volta à mesma discussão e, agora, com Dilma se submetendo aos interesses e ditames do mercado, na tentativa de convencer aos senhores do dinheiro de que vale a pena não jogar contra sua reeleição. Ou não vale a pena jogar muito contra.
De notável, embora nenhuma novidade, a deterioração da nossa conta de transações correntes, a massiva saída de dinheiro de aplicações estrangeiros em nosso país, e a quebra de recorde atrás de recorde de resultados negativos na nossa balança comercial. Como o anúncio do resultado de janeiro da balança comercial feito nessa semana.
Mas nem mesmo esse resultado é surpresa ou surpreendente.
E já havíamos também comentado essa situação.
***
Ou seja: embora o Brasil não esteja muito fragilizado, e nem vivendo um momento de crise, o ambiente que vem sendo criado pelos mercados, seus analistas e seus porta-vozes da grande imprensa, é capaz de criar um ambiente de medo. Um medo sem maiores fundamentos, mas mais uma arma para que a captura do governo possa ser feita sem questionamentos.
***
Para sugerir aos leitores uma visita ao site www.portaldofuturo.com.br, mantido por Carlos Plácido Teixeira do Diário do Comércio que nessa semana traz uma matéria intitulada "Governo fortalece o viés monetarista" que contém uma entrevista com esse blogueiro.

De volta o campeonato mineiro: futebol ainda em pré-temporada

Pois é! De volta o futebol, num país que já foi cantado, em verso e prosa, como o país do esporte.
Isso há muito tempo atrás.
Hoje, nem mesmo no ranking da Fifa, por maiores que sejam as críticas que lhe sejam dirigidas, o Brasil ostenta uma posição remotamente capaz de lembrar o que já fomos, um dia.
Decadência que tem como explicação uma série de fatores, claro,  entre os quais creio que podemos listar a cultura que domina nosso povo, para quem o que conta não é, necessariamente, competir. Importa vencer. Custe o que custar. Mesmo que com um gol de mão, aos 48 do segundo tempo, com o diz o ditado popular.
Ora, não tendo conquistado os títulos disputados nas Copas de 74 e 78, mesmo que tivéssemos obtido posições de destaque, formou-se a convicção no imaginário popular de que nosso futebol estava desatualizado e que era necessário procurarmos jogar "ao estilo europeu".
Isso, em um momento em que o estilo que mais se destacava era o estilo holandês e sua laranja mecânica, que aliava preparo físico, eficiência, com a troca de passes e a inversão de posições, além do que mais caracterizou sempre nosso futebol: o talento.
Em 78, a Argentina foi campeã, com nada de muito diferente do estilo de jogo que sempre foi nossa característica.
Mas, com o espírito de derrotados, que já foi chamado de complexo de vira-lata por Nelson Rodrigues, em certa ocasião, passamos a tentar copiar o estilo europeu de jogar o futebol, iniciando uma fase em que passamos a dar vexames em  um estilo que não era o nosso.
Exceção feita à seleção de Telê, em que voltamos a praticar o futebol vistoso e cheio de malícia - no sentido de aliar talento e técnica, que nos caracterizou. Isso mais em 82 que 86.
Daí, outro vexame com Lazzaroni em 90, quando abdicamos do futebol jogado pra frente, sem que isso significasse abrir mão de manter uma defesa segura e bem plantada.
Mas, para desespero dos amantes do bom futebol, veio 94, e naquele ano, aplicando goleadas de 1 a zero e conquistando a vitória nos pênaltes, ao final, acabamos sendo campeões.
Campeão tão pouco notável, que poucos se lembram dos atletas vitoriosos, sendo exceções: Taffarel, Bebeto - pelo gesto de ninar um bebê, Branco- pela potência do chute contra a Holanda, Zinho e Mazinho - pelo estilo enceradeira de ser e jogar, e o grande Romário. Bem, o futebol era tão feio que Dunga representava e representa o espírito do time.
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Não queria ficar analisando o futebol, então vamos dar um salto para perceber que hoje nos colocamos à frente das tevês a cabo, para assistir e ficar admirando jogos do Bayern, do talento do Barcelona, do Real e outros que jogam ao estilo sul-americano. Com troca de passes, inversões de jogadas, dribles, jogo prá frente.
Abordo tudo isso, já que enquanto nosso futebol piora de qualidade, ao menos em nível da seleção principal, nossos times, ao contrário, têm conseguido algum destaque. Sempre optando por jogar pra frente. Futebol vistoso, de qualidade. Toques rápidos, jogadas de habilidade. Triangulações, jogadas pelas pontas, etc. como é necessário registrar, tem sido o estilo adotado por Marcelo Oliveira no Cruzeiro e pelo Galo do ano de 2012, 2013, por acaso, com Cuca.
Justiça seja feita, Cuca é muito bom para armar times que visam jogar no estilo que agrada a vista. Seus defeitos e problemas, são de outra ordem, que não é nosso tema.
Autuori, também, parece ser técnico dessa tendência de se retomar o futebol brasileiro, o vistoso, jogado para a frente, em velocidade, mas sem o predomínio do físico sobre a técnica.
Aí, chegamos ao Campeonato Mineiro, no seu ano 100.
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Assisti a primeira partida do Galo, em Sete Lagoas, pela TV. Jogo que terminou empatado, com o Minas Boa. E onde o que mais se destacou foi o fato de o Galo estar completamente desorganizado em campo, fruto do muito pouco tempo para que os atletas pudessem recuperar sua forma física, e que pudessem começar a incorporar as ideias do novo treinador.
Confesso que não nutro simpatia alguma por nosso técnico. Mas, apenas 8 dias de pré-temporada, é tempo curto demais, para que qualquer um venha a culpar o treinador.
O time entrou em campo sem condições para correr os 90 minutos, e com alguma falta de entrosamento e, pior, mostrando claramente, não ter absorvido a filosofia do novo comandante, embora já começando a tentar se desapegarem do esquema - o bumba-meu-boi do treinador anterior.
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E para atender ao Juliano, o cruzeirense mais preocupado em nos acompanhar, o Galo entrou em campo com aquele uniforme branco. O mesmo que, embora não ganhe jogo e nem afete o desempenho(?) qualquer que seja dos atletas, para a torcida é sinal de que o time não irá bem.
Ao ver o time entrar com aquele uniforme, o atleticano que torce contra o vento se a camisa preta e branca estiver dependurada no varal, na imortal frase de Roberto Drummond, já muda imediatamente seu humor. E já começa a sofrer. E se pegar com os santos de sua devoção porque, como qualquer crendice, essas coisas podem não ser importantes, nem existirem, mas funcionam.
Ou seja: no creemos en brujas, pero que las hay...
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Guilherme, no primeiro jogo tentou armar jogadas, jogando mais distante da área. Jô parou de ficar só escorando bolas vindas do chutão de Victor ou Réver. Tardelli, em minha opinião estava completamente sem noção de espaço, perdido em campo. E parecendo desanimado.
Embora tenha feito uma jogada espetacular, que carimbou a trave.
Victor nos salvou mais uma vez, já que o Minas esteve melhor e mais perigoso no ataque.
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Já no segundo jogo, contra o Nacional, mais uma vez o time do interior esteve melhor. Tardelli melhorou muito, jogando mais na armação. A bola não chegava aos pés de Jô, e Fernandinho estava, em minha opinião, muito individualista.
A defesa estava mais firme que no primeiro jogo, e Pierre e Josué, estiveram melhores. Josué, mantendo as avançadas, parece que pedidas pelo Autuori.
Quanto a Guilherme... continua o mesmo. No mesmo nível demonstrado, em outras ocasiões, por Renan Oliveira.
Vencemos, mas não convencemos. De positivo, ver o Jô voltar a ter tranquilidade para marcar gols que podem ser seu passaporte para o time do Felipão.
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Agora é torcer para que a Bruxa, que las hay..., se afaste do Galo, depois das baixas de Luan, Emérson e, agora, Felipe Souto.
E ficar na expectativa de como o time se comportará na volta de Ronaldinho, o grande ausente e a grande interrogação. Não na técnica e qualidade, mas no aspecto físico.