segunda-feira, 19 de maio de 2014

Aos poucos, Levir vai dando nova feição ao time do Galo

Finalmente  Levir Culpi começa a dar ao time do Atlético uma nova conformação em campo e um padrão de jogo que há muito tempo vinha sendo cobrado por todos os seus apaixonados e sofridos torcedores.
Paradoxalmente, um dos fatores que têm contribuído para a reformulação que vem sendo feita e cujos resultados começam a aparecer é a grande quantidade de jogadores do plantel, considerados titulares alguns e até intocáveis outros, que permanece no Departamento Médico do Clube. 
Afinal, nenhum time consegue passar incólume por uma fase em que 11 jogadores estão em tratamento, sem poder atuar, alguns dos quais jogadores referência em qualquer grupo, como é o caso de Ronaldinho Gaúcho.
Porque é inegável que, mesmo que não viesse apresentando um bom condicionamento físico, o que o tornava um jogador comum em campo, apenas a presença de R10  é suficiente para preocupar os jogadores e o treinador do time adversário que sabe não poder dar qualquer espaço para o craque. Dessa forma, é sabido que a presença em campo do armador do Galo obriga o time contrário a colocar dois jogadores em sua marcação, o que assegura mais liberdade para outros jogadores do Atlético.
Junte-se à contusão de Ronaldinho, a distensão muscular de Tardelli, outro que não vinha se apresentando bem, embora muito esforçado, a difícil recuperação de Marcos Rocha, o nosso jogador de retaguarda mais lúcido no tocante a sair jogando da defesa para o ataque.
De quebra, lembremos de Réver, cuja instabilidade em termos físicos o tem mantido mais tempo fora dos gramados que em campo. E mencionemos a ausência de Luan, o voluntarioso, lutador e veloz atacante que ainda não entrou em campo nesse ano de 2014. 
Mas, se qualquer time ficaria abalado pelas contusões de seus jogadores principais, é exatamente a contusão de Réver e de seu reserva imediato Emérson, que obrigou que o Galo agisse rapidamente e trouxesse a maior revelação da temporada, esse excelente defensor argentino, Otamendi. 
Foi a sequência de contusões de jogadores do meio e do ataque, como Donizete, Dátolo, Fernandinho, R10 e Tardelli que obrigou a que se buscasse nas categorias de base jogadores do quilate de Marion, Carlos e, no jogo de ontem, Eduardo. 
Foi a contusão de Jô que criou a oportunidade para que André voltasse a perceber que pode voltar a ser o grande goleador que foi no Santos dos meninos da Vila. 
E, embora essa dificuldade não tivesse surgido no último mês, e os jogadores prata da casa que vêm entrando e correspondendo às expectativas, já tivessem tido oportunidades no time, participando inclusive de jogos do Campeonato Mineiro, a verdade é que nosso novo técnico não tem medo de apostar nos mais novos e promovê-los e dar a eles as chances que tem dado.
Há riscos, claro, até mesmo de queimar uma jovem promessa, de quem se espera muito e que pode vir a tremer frente a responsabilidade que os torcedores lhe imputam.
Mas o risco de isso acontecer com Levir é pequeno. E temos visto que os jogadores que têm entrado não estão entrando com medo. Ao contrário, partem para cima, arriscam, tentam jogadas, dão sangue.
Daí a mudança percebida já do futebol da época de Cuca, baseada no chutão para que Jô, como pivô, amaciasse a bola e tocasse para aproveitar a velocidade dos falso pontas, como eram Danilinho e Bernard, o primeiro pela direita, o outro pela esquerda. 
Em algumas situações a bola amortecida por Jô encontrava os pés, a genialidade, a clarividência de Ronaldinho e seus lançamentos espetaculares, sempre para um companheiro livre.
Pois bem, Danilinho foi embora, por problemas extra-futebol, e Cuca não foi mais capaz de alterar a disposição do time de jogar, continuando na insistência da bola de ligação direta, para Jô aproveitar sua estatura e vigor.
Mas o time ficou manco, o que lhe valeu a perda do título de 2012 do brasileiro. 
Tudo bem que, com apoio da torcida e a força de jogar em seu campo, mesmo no estilo atabalhoado armado por Cuca, foi campeão da Libertadores, muito mais por força de sorte, da sorte de contarmos com São Victor, que de competência.
Com a saída de Cuca, a vinda da nulidade desfez o pouco que nos restava. E o time deixou de jogar na base do chutão, para passar a tocar bola para rrás, cada vez mais para trás. E, pior, contando com jogadores responsáveis pela saída de bola, da qualidade técnica de Donizete, que erra os passes que faz da perna direita para a esquerda, e Pierre, o pitbull. 
Nada contra os dois volantes, responsáveis pela destruição de jogadas dos times adversários. Mas, transformados em destruidores das jogadas de nosso time também.
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Agora com Levir, voltamos a ver o time tocando bola procurando tramar as jogadas pelas laterais do campo, com a defesa mais guarnecida e menos exposta a contra-ataques, uma vez que como foi visto ontem, mais uma vez, Leonardo Silva não dá conta de acompanhar nenhum atacante que parta em velocidade para cima dele. 
Foi assim que nasceu o gol do Santos ontem, com Cícero, muito menor que Léo Silva, mas que contou com a colaboração da mau posicionamento do capitão do time. 
Mas, tudo mudou no segundo tempo, com a entrada de Carlos e Eduardo, e depois de Dátolo, já que Fernandinho não justificou sua presença em campo, mais uma vez muito fominha, individualista e matando as jogadas velozes do Galo. Aliás, Fernandinho não vem, há muito tempo, correspondendo a tudo que se espera dele, ou ao que ele deixou antever nos primeiros jogos que disputou em sua chegada ao clube.
E as mudanças corajosas e necessárias de Levir deram resultado e o Galo virou com André que, tomara, possa se redimir e voltar com tudo a ser o André do Santos.
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Mas melhor é perceber que o Galo já mostra algum estilo, já marca a saída de bola, já tem alguns momentos de um time estruturado, organizado. Já permite até fazer os atleticanos voltarem a alimentar a esperança de voltar a fazer um campeonato brasileiro e um segundo turno, cheio de competições internacionais, com esperança. 
Parabéns Levir e parabéns à meninada do Galo. 

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