segunda-feira, 19 de maio de 2014

Minha mãe aos oitenta anos

Então,
como se ainda não tivesse dado tempo,
percebemos que o tempo passou
e que não nos demos conta
E não foram poucos os anos,
não foram poucas as dores,
os sofrimentos,
os momentos de tristeza
não foram poucas as decepções
Como também não foram raras as alegrias
cada uma comemorada
cada uma como o troféu de uma batalha
diária, por uma vida melhor,
distinta,
digna de ser vivida.
Mas, como os momentos ruins passam rápido
passam velozes os instantes de alegria
que deveriam se tornar perenes,
também no desenrolar da vida,
como se perenizam nas nossas memórias.
E, sem que percebêssemos,
assim como se fosse um intruso,
à espreita do momento de entrar em cena
Chegam os oitenta anos
E que bom poder abraçar a quem te deu a vida
e comemorar toda a sua expressão de tranquilidade
estampada no rosto
que só os poucos e bons
são capazes de mostrar
Sinal de sabedoria
sinal de vida vivida
E muito bem vivida


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