quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Temores



Temo em me aposentar
E ficar assim
Como alguns colegas que observo
De quando em vez
Manifestando-se nas redes do antigo emprego
Ou postados nas filas de bancos
Esperando seu momento de ocupar a atenção
Dos gerentes
Ou ocupando o tempo raro
E precioso dos caixas
Apenas em busca de informação
Que não os deixe se sentirem solitários
Temo em me aposentar
E ficar desfilando os horrores
De dores que me esmere em inventar
Temo em me aposentar
E ficar pelos cantos da casa
Reclamando da arrumação desatenta da doméstica
Ou da ausência dela
Cada vez tão mais cara
Cada vez mais joia rara
E tendo que fazer eu
Aquilo que encontrava antes pronto
E acabado
Temo em ficar pelos bares
Ou por lugares onde possa afogar
Minha inutilidade completa
E cada vez mais percebo
Que temo em me aposentar
E perder o encantamento de meus tempos de criança
Quando o ócio era tempo de crescimento
E diversão
E o mundo do trabalho
Somente uma distante preocupação

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