quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Mais, do mesmo. Ainda o debate Band e as pesquisas eleitorais

Ao ver o debate e, posteriormente, conversar com outras pessoas que também o assistiram, não pude deixar de constatar que o debate assemelha-se muito a uma partida de futebol. Quem já é torcedor de algum time, ou já tem sua preferência, independente do que venha a acontecer, não muda sua opinião. Antes a reforça.
Mesmo aqueles que, como no futebol, deixam o estádio frustrados, pelo que seu time apresentou em campo, são incapazes de reconhecer a superioridade do adversário, ou quando a admitem, passam a comemorar, seja a obtenção de uma vitória por um placar mínimo, ou então um empate, ou ainda uma derrota por uma diferença pequena, não vexatória.
No futebol, a desculpa sempre virá para um erro do juiz, para um ou dois lances que foram decididos mais pelo azar ou sorte que pela competência dos times e pelo que cada qual realizou em campo, durante os 90 minutos de partida.
No debate, mesmo com uma participação ruim, apagada, comemora-se a resposta bem dada pelo candidato, em um único tópico, mesmo que única em todo o programa. Ou então a estocada que o candidato deu em outro adversário, que o deixou desconcertado, mesmo que momentaneamente.
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Dessa forma, fico com a impressão que o debate não serve para quem quer que seja formar opinião, mas para que o telespectador-eleitor possa verificar o comportamento de seu escolhido. E o debate acabe se transformando tão somente em mais um momento em que o eleitor possa torcer para seu candidato. Para que possa reafirmar aquilo que já sabia há muito tempo: que o seu candidato é o mais bem preparado. O melhor.
Caso você se atreva a ir discutir com esse torcedor os lances e argumentos, ou ausência deles, apresentados no confronto das ideias, o resultado será a percepção de que cada pessoa, tendo já adotado uma posição pré-definida anteriormente, irá justificar e até ignorar os momentos de infelicidade ou em que seu candidato titubeou, ou foi criticado, lembrando-se apenas daqueles momentos em que aquele que merecerá seu voto falou o que ele queria ouvir, porque o que acreditava.
Mesmo que as falas objeto de crítica fossem exatamente relativas àqueles assuntos que correspondem ao pensamento mais íntimo do eleitor, por ser o que ele já acreditava e o que representa sua cosmovisão, sua visão de mundo, ele não aceita a crítica ao comportamento do postulante ao cargo, por não aceitar a própria crítica ao conteúdo da proposta ou posição ou interesse de seu candidato.
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Sendo assim, acredito que a melhor postura de qualquer candidato seria participar do debate ignorando solenemente seus oponentes, na medida em que isso fosse possível, ou seja, falando menos para fustigar seus adversários e para criticá-los, falando menos para expô-los e desnudar a falta de seus argumentos e fazendo um discurso mais dirigido a seu público. A seus eleitores, usando aquele tempo e espaço para reforçar as ideias que foram, em parte, a razão de terem conquistado seus eleitores.
Com essa postura, qualquer candidato não se sentiria nem estilingue nem vidraça e poderia fazer uma participação sem ansiedade, sem mostrar tensão, sem tropeçar nas palavras nem nas ideias.
E, já que falando para ouvidos que sabe, lhe são fiéis, poderia adotar uma postura mais serena, mais tranquila, mais olímpica, transmitindo a segurança que muitas vezes vende mais a imagem e potencial do candidato aos indecisos.
A postura que normalmente é buscada pelos oponentes para ser transmitida aos que acompanham o debate, que é caracterizada pela necessidade de superar ao outro, soa, aos olhos dos eleitores já fechados com esse outro, como arrogância. Embora, isso também não custe o voto no candidato assim considerado. Afinal, quem o acha assim e já não ia votar mesmo nele, já era um eleitor perdido. Quem já o via como melhor escolha, também não vai mudar seu voto por ver seu eleito capaz  e com autoridade para se impor, perante os demais.
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Verificando o debate da Band, percebi que enquanto Marina, que em minha opinião foi a que se saiu melhor, mesmo que com um discurso muito bonito, apesar de sem consistência, falava para seu público, Dilma falava para tentar se impor, e Aécio falava para mostrar as falhas dos argumentos dos dilmistas e/ou eleitores de Marina.
Dilma titubeou, falou com insegurança, o que era evidenciado por toda a carga de tensão que estava estampada em seu semblante. Em nenhum momento sorriu, ou deixou-se relaxar. Pareceu acuada. Parecia estar obrigada, por ser vidraça a se defender e jogou como time pequeno, ela que por ser a presidenta, deveria jogar no campo do adversário, marcando pressão na saída de bola e sufocando o time contrário, para utilizar a analogia com o futebol.
Agindo dessa forma, foi arrogante toda a vez em que, ao falar da saúde e do programa Mais Médicos, que acho uma ação digna de elogios adotada pelo governo, acabou dando oportunidade para que sempre houvesse alguém retrucando: mas então a candidata considera que a saúde em nosso país não tem problemas, está em perfeitas condições???
Claro que não. E Dilma poderia, se não estivesse sempre na defensiva, tecer os mesmos comentários que fez e os mesmos auto-elogios, adotando um comportamento menos sujeito a abrir espaços para os adversários, caso falasse ou admitisse algo assim: olha, fizemos o Mais Médicos, estamos atendendo 50 e tantos milhões de pessoas que não tinham atendimento. Mas sabemos que isso é apenas o começo. Ainda há muito o que fazer. Apenas demos os primeiros passos, talvez os mais importantes, sempre, em qualquer caminhada. Mas por isso quero o segundo mandato, para poder tentar fazer ainda mais, porque o povo brasileiro não merece só a presença do médico, merece um atendimento de primeiro mundo. Sem filas, sem ficar esperando em macas nos corredores, etc.
Ora, ao admitir que já fez mais que seus antecessores e que ainda assim há muito mais o que fazer, sua imagem de pretensiosa ficaria apagada e ela ainda justificaria porque precisa de conquistar o novo mandato, já que imbuída das melhores das intenções.
Aécio, querendo mostrar que é mais esperto dos três, também teria muito a ganhar, talvez se admitisse que os demais ocupantes do poder fizeram algo, mas não o bastante, ao invés de ficar apenas tentando as pegadinhas para que seus adversários escorregassem.
Já Marina falou para sua platéia e fez um discurso light, que pegou bem por sua menor agressividade, o que permitiu até que ela pudesse se constituir na mais agressiva dos candidatos, nos ataques aos demais. O que mostra o acerto de sua estratégia e sua postura.
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E as pesquisas

É verdade que a tranquilidade de Marina deveu-se muito ao resultado divulgado pouco antes, da pesquisa de intenção de votos do Ibope, que lhe dava o segundo lugar folgado na corrida pelos votos, e a colocava como virtual candidata eleita, na disputa hipotética de um segundo turno.
Daí, talvez, compreensível o desespero de Aécio e de seu PSDB, e a tentativa dele, de desqualificar Marina e suas intenções.
Aécio, é forçoso reconhecer, estava certo ao afirmar que Marina não tem qualquer coerência e faz a mesma política que ele ou Dilma. E que não poderá, caso eleita, fugir de acordos e pactos de governabilidade que a tornariam refém dos partidos no Congresso, situação tão criticada por ela.
Dilma com a ameaça real de sofrer um revés vislumbrada pela vez primeira, parece ter ficado sem chão, já que preparada para atacar o peessedebista. Não foi capaz de mostrar que, sem quadros partidários, Marina estaria ainda mais prisioneira dos partidos que ela tanto critica.
Daí a razão de a candidata do PSB vir com esse discurso de que vai buscar, mesmo nos partidos com os quais disputa, as cabeças que desejam ajudar na construção de um país novo.
A pergunta que não quer calar é se ela acredita mesmo que tais pessoas viriam integrar à sua proposta e a seu governo, sem que trouxessem como apêndice seus partidos e toda a gama de interesses que os cercam?
Mas, o Ibope mostrou e a pesquisa da CNT ratificou que Marina está pouco atrás de Dilma, que caiu para 34% ou um terço do total dos pesquisados, enquanto a substituta de Eduardo Campos, com seu discurso do bem, pulou para próximo dos 30% . Ao contrário, Aécio despenca para menos que um quinto das preferências.
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Não creio que a pesquisa Datafolha, realizada nesse fim de semana, será muito diferente, em função de qualquer influência do debate, pelos motivos que mencionei acima. Apenas deverá confirmar o resultado das outras pesquisas, o que vai continuar a acontecer até que algum fato novo venha a por a nu a fragilidade de Marina e seu discurso sobre o novo, já de idade tão avançada e conteúdo antigo. Ou estoure algum novo escândalo, seja no governo, ou nas campanhas dos demais partidos.
Impressiona-me, contudo, o fato de que, pela pesquisa da Sensus/CNT, perto de um quinto dos entrevistados não sabem ou não desejaram responder, o que dá ainda uma margem muito grande de pessoas que, ou não irão mesmo desejar participar da salada eleitoral, ou poderão dar outros rumos ao resultado oficial saído das urnas.
A verificar como essa massa ainda amorfa irá se comportar.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Observações e pitacos sobre o debate de ontem na Band

Em primeiro lugar, a observação de que o debate foi, como anunciado, mais dinâmico, com regras mais adequadas para que os candidatos pudessem partir, de fato, para um debate franco.
De parabéns à Band, pois, pela fórmula, melhor, embora incapaz de assegurar a igualdade de condições e participações dos vários candidatos.
Luciana Genro, por exemplo, embora não estivesse reclamando das regras, na minha avaliação, expressou sua decepção por não ter sido alvo de perguntas feitas pelos demais candidatos.
Mas, fazer o que? Quanto mais o debate se polariza, mais chances proporciona para que os embates entre os candidatos, e dá agilidade e dinamismo ao programa. Mas, tudo isso, às custas do prejuízo de alguns candidatos, partidos e ideias, de menor expressão popular. Não de menor expressão como ideias, princípios, etc. Mas, menos apreciados pelo gosto popular.
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Se acertou nas novas regras, e na condução do debate, tranquila e firme de Ricardo Boechat, a Band errou feio na escolha dos jornalistas de seu quadro, responsáveis pelas questões, em dois segmentos do debate, aos candidatos.
E isso por não ter orientado aos entrevistadores no sentido de deixarem os candidatos serem os responsáveis pela interpretação das perguntas a eles proposta e da adjetivação - sempre subjetiva, do conteúdo central dos questionamentos.
Afinal, a própria forma de elaborar as perguntas, a interpretação e justificativas para que aquela pergunta fosse apresentada, e comentários em torno do tema central, sempre subjetivos, sempre interferem e acabam direcionando a resposta, quando não a condicionando ou dando sugestões para o tipo de resposta que deveria ser dada.
Esse tipo de comportamento foi notado em relação a todos os entrevistadores, mas o José Paulo de Andrade extrapolou todos os limites da boa entrevista, isenta, ao dirigir pergunta ao candidato Aécio Neves, a respeito da política e do decreto que criou o conselho de participação dos movimentos sociais.
Antecipadamente definindo tal conselho como usurpação das atribuições do Congresso, a pergunta feita a Aécio parecia querer ouvir apenas o candidato do PSDB concordar com as opiniões que o jornalista expressava.
Ora, se já tinha sua opinião formada, e se queria apenas mostrar ao público que o candidato da oposição comungava de sua opinião e, por óbvio, se opunha à medida da presidenta, qual a finalidade do debate?
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Não satisfeito com tal comportamento perceptivelmente direcionado para interferir e pautar o candidato, o jornalista ainda foi além criticando como golpismo, o uso por Dilma, de um instituto tão legítimo que presente e regulamentado pela Carta Maior do país.
Ora, como classificar de bolivarianismo, seja lá o que isso signifique e a interpretação que o tal jornalista lhe atribua, algo que assegurado na Constituição, só pode ser realizado por discussão e aprovação na Câmara, como a própria presidenta deixou claro. A ponto de ter se referido ao envio àquela Casa de projeto propondo, não impondo, a discussão da realização de um plebiscito.
Em minha opinião muito ruim nas respostas, sem qualquer jogo de cintura para participar de um programa do tipo, nessa questão Dilma até saiu-se bem, já que lembrou que então mais bolivariana seria a Califórnia, estado americano que vive fazendo consultas populares.
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Nessa questão, oportunista como sempre, Aécio não apenas seguiu o  caminho que lhe foi sugerido pelo jornalista na elaboração da questão, criticando a democracia direta que, em sua avaliação,  visa ou tenta acabar com a democracia representativa, como ainda foi esperto para incluir aí a discussão de outro assunto, não tratado: a da regulamentação da midia. Afirmando ser contra censura. Logo ele, que manteve manietados todos os meios de comunicação de massa em nosso Estado. Punindo, pedindo a cabeça, pressionando pela dispensa de todos os profissionais da midia que falassem ou apresentassem qualquer coisa contrária a seus interesses e/ou atos.
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Tão vergonhoso o papel do jornalista já citado, que ele chegou a fazer reverências ao pescador de almas, ao se referir ao Pastor Everaldo. Para quem viu, comportamento digno de pena.
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Mas, não ficaram muito longe disso, embora mais comedidos, Panúnzio e Bóris Casoy, o que também não é de chocar a quem os conhece e sua linha de pensamento.
Por conta de Bóris, pior foi a avaliação final, quase a ponto de comemorar o sucesso, perante as câmeras de Marina. Secundada por Aécio, claro.
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Dos candidados, Dilma mostrou o que é de fato. Não uma gerentona, como gosta de parecer. Apenas uma tecnoburocrata. Daquelas que já foram alvo e objeto de críticas de todos os técnicos, todos os funcionários que, escondendo-se sob argumentos de caráter técnico, cometiam as maiores barbaridades, propondo medidas sem qualquer apego à realidade social em que deveriam influir.
Dilma é tecnoburocrata e sem cintura, mesmo que bem intencionada. Mas não sabe aproveitar as deixas que lhe sobram ou que a soberba ou ignorância dos demais candidatos lhe permitiria explorar.
Foi mal no debate, em minha opinião, mais por sua postura pessoal e falta de carisma.
Mas, como o próprio Casoy também deixou claro, seria a vidraça e nesse sentido suportou bem aos ataques e pedradas que lhe foram atiradas.
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Aécio mostrou ter muito jogo de cintura. Malemolência, como diriam os antigos. Gingado. E esperteza.
E só.
Não soube aproveitar das deixas que lhe foram dadas por todos, jornalistas, outros candidatos que, como ele, tentavam agredir à presidenta.
Tentou acusar Dilma de governar com as vistas no passado, e acabou ele mesmo, falando de realizações passadas, do governo tucano ou de seu governo em Minas. Nada de propostas novas para o país, a economia, o desenvolvimento.
Não apenas como discurso, bem entendido, mas como uma agenda de governo.
Ao fim, para tentar ficar bem com o mercado e seus interesses, apresentou seu ministro, caso eleito. Se queria provocar surpresa, causar algum impacto, foi como estourar no meio de uma festa de São João, um palito de fósforo. Ou seja, nulo o resultado.
Afinal, todos já sabiam que o nome escolhido era o de Armínio Fraga, o homem que defende os interesses do mercado de onde se origina e fez carreira.
Como presidente do Banco Central, quebrou o país, que teve que ir ao Fundo Monetário; e entregou a maior inflação já registrada pós-Plano Real, praticando o que ficou conhecido como terrorismo eleitoral.
Que pena que Aécio, destinado a construir o futuro foi buscar e fazer elogios ao pior do passado.
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Marina aparentava ser Gandhi. Mas, longe de tratar das questões unificadoras de sua Índia, com que Gandhi lidava.
Apostando na união, na existência de espaço de consensos, de fim da polarização, fez um discurso muito mais simpático, mas completamente vazio.
Para começar, gostaria que ela mostrasse como seria possível acabar com as grandes fraturas da nossa sociedade, fazendo se sentarem à mesma mesa, por exemplo: assaltante e assaltado; marginal e o honesto que foi vítima de abuso; o preto, pobre e favelado, sempre suspeito e o policial que o surrou; o paciente não atendido e o médico - não o cubano do Mais Médicos, que não quis atendê-lo por falta de pagamento de honorários; o motorista estressado e os passageiros tratados como são chamados nas garagens, como bonecos; o rico que não paga impostos e o pobre que sobrevive porque os impostos que o governo arrecada, de forma ineficiente, lhes assegura o mínimo do mínimo de algum tipo de serviço público que deveria lhe aliviar a vida sofrida.
E, depois de reunir toda essa turma, como nessa ampla União que ela capitanearia, ela trataria de forma igual, ou ao menos proporcional, os interesses de cada classe, cada categoria, cada grupo social, completamente antagônicos.
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Marina foi muito melhor. Porque fez arte. Fez cena. Foi artista. Não se mostrou mais que uma prestidigitadora. Mandrake, mais que Gandhi.
Pior é que impressionou positivamente, por seu discurso tranquilo, sereno, de quem sabe que tudo que está falando é apenas discurso. E que por força de ser apenas discurso, não teria qualquer ansiedade de, em sendo eleita, ter que patrocinar tal grande coalizão.
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Quanto aos demais, mostraram sua insignificância ou a das agremiações que representam, exceção feita ao PSOL, embora Luciana esteja léguas de distância de um homem e candidato da estatura de um Plínio, de saudosa memória.
Em relação ao Pastor, mostrou todo seu preconceito e toda sua discriminação àqueles que, segundo suas doutrinas e dogmas, não segue os preceitos que prega.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

O que esperar do debate na Band, hoje

Está marcado para a noite desse dia 26 de agosto, às 22 horas, na Band, a realização do primeiro debate em cadeia de tevê dos candidatos à Presidência da República de nosso país.
Pouco antes, ainda durante o dia, mas com repercussão em todos os jornais do início da noite, o IBOPE revela o resultado de sua pesquisa, agora contando com a presença de Marina Silva, e já passado o impacto inicial e a comoção natural que a morte de Eduardo Campos trouxe em seu favor.
Como Fernando Mitre, diretor de jornalismo da rede de tevê paulista, lembrava ontem, é lógico que o resultado da pesquisa vá ter algum impacto no comportamento dos candidatos, reforçando estratégias formuladas, ou obrigando-os a promover mudanças de planos, utilizando do famoso plano B.
Pelo que se comenta, a pesquisa Ibope não irá apontar grandes novidades. À realização do segundo turno e Dilma ainda na dianteira, deverá ser adicionada apenas a presença de Marina no segundo lugar, ganhando alguma vantagem em relação ao terceiro colocado, Aécio.
Essa, a razão de órgãos da grande imprensa comentarem de forma ainda discreta um certo desespero que começa a tomar conta da campanha do PSDB. Situação que já gerou até mesmo a insinuação de que o governador Alckmin poderia estar pensando em reduzir seu apoio ao candidato oficial de seu partido.
A esse respeito, alguns órgãos de imprensa até voltaram a eleições passadas para reavivar o que é considerada uma mágoa do governador paulista em relação a Aécio, expressa na recomendação de voto na chapa Lulécio. Magoado ou não, Alckmin tem todos os motivos do mundo para desembarcar da chapa encabeçada para Aécio, na medida em que perceber que isso poderá render algum prejuízo para sua quase assegurada reeleição.
Quanto ao debate em si, a julgar pelas regras, mais flexíveis sem dúvida, quando comparadas aquelas de debates anteriores, mas ainda muito distantes de permitir uma verdadeira troca de ideias e argumentos entre os candidatos, não acredito que seu resultado seja fundamental para alterar o resultado da pesquisa que o Instituto Datafolha já inicia a partir de amanhã, junto ao eleitorado.
Primeiro porque, a julgar pelo debate para governadores aqui em Minas, cujo formato parece-me ser o mesmo, o tempo estritamente rigoroso para cada candidato fazer qualquer consideração e fornecer respostas, impede que haja não uma troca de acusações ou confronto, mas qualquer mínima discussão capaz de deixar mais claras as opiniões, motivações e métodos.
Pelo que ocorreu aqui, entre Pimentel e Pimenta da Veiga, cada um poderá fazer uma pergunta que, como sempre, o outro não irá responder, fugindo parcialmente do tema, especialmente se este lhe é espinhoso. É verdade que há a oportunidade da réplica e do candidato questionador sempre lançar no ar a acusação de que não foi isso que foi perguntado ou então o candidato está fugindo à resposta. Mas, independente disso, o candidato acusado irá ter o direito à tréplica e, usando da palavra ao final, sempre terá condição de reafirmar o que desejar, não necessariamente atendendo ao interesse do público, nem o do candidato que lhe dirigiu a questão.
Com o tempo de respostas necessariamente limitado, quando for o momento de um jornalista, por exemplo, realizar sua pergunta, indicando o candidato que deverá respondê-la e aquele que deverá comentar a resposta, o que temos visto é o candidato que vai comentar abrir mão de comentar e criticar seu oponente, optando por apresentar o que ele faria em relação ao problema, tentando dar destaque a sua plataforma de campanha.
Com isso, o que percebemos é a oportunidade para não um debate, mas a realização de uma grande entrevista coletiva, em que todos os candidatos estão presentes e podem, embora evitem, criticarem a resposta dos demais concorrentes. Crítica no sentido de mostrar porque, tecnicamente, a opção apresentada pelo concorrente não vai funcionar, ou quais os interesses principais são beneficiados e porque, com a solução apresentada.
Ora, o que temos visto é apenas algumas trocas de farpa entre os candidatos, com algumas acusações que são olimpicamente ignoradas por aquele que é alvo da acusação.
Entretanto, se o debate em si e em função do rigor que exige, até pela questão de dar tratamento igualitário a todos os candidatos, é engessado e até monótono, às vezes, tem uma importante consequência que é a de pautar o discurso e proporcionar a inclusão ou exclusão de novos temas nos programas partidários a serem gravados e apresentados a partir de sua realização.
Nesse ponto, acho que é suficientemente importante que os debates sejam realizados para que todos possamos perceber o que foram situações que cada candidato considerou importante, a ponto de reforçar ou alterar seu discurso seguinte.
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Em relação especificamente ao debate dessa noite, pode-se esperar, em relação à candidata Marina, a cobrança de seus apoios e da sua falta de coerência em se comprometer em assumir os acordos com que não concordava quando ainda não era cabeça de chapa.
Também é de se esperar que seja cobrado dela, a sua inexperiência no Executivo, o que a tem levado, inclusive a aventar a hipótese de que poderá recorrer a nomes de expressão que identifica em outros partidos, para comporem seu grupo de conselheiros ou até mesmo sua equipe de governo.
Especificamente, ela tem já manifestado que gostaria de, caso eleita, contar com o apoio e aconselhamento de FHC, tão criticado por ela, quando era presidente, e ela então ainda pertencia ao PT. Partido do qual ela se afastou por não concordar com políticas que hoje renega.
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Acusações a Aécio poderão incluir o pouco que fez, de fato, e não no marketing que choca pela falta de gestão, na saúde e educação do Estado. Como deixou as finanças públicas do Estado, que pegou em ordem, comprometidas.
Não acredito que irão se lembrar nem do aeroporto que o Zé Simão apelidou de aeroperto, pela proximidade com a chácara(?) do tio-avô. Muito embora esse seja um assunto que mostra bem a face do candidato que se faz passar por nosso representante na corrida eleitoral.
Se faz passar porque não é nem o único mineiro de nascença na corrida, nem só por ter nascido nessas terras, representa qualquer coisa das terras mineiras, necessariamente. Por opção, é muito mais carioca e tem mais simpatia com o estado vizinho, da mesma forma que Dilma é gaúcha, onde fez sua vida profissional, depois de presa e torturada.
Interessante é ouvir Aécio acusar os líderes petistas pela condenação no episódio do mensalão e ficar fugindo, tergiversando no caso de seu companheiro e amigo, Eduardo Azeredo, que usou de artimanhas as mais condenáveis, para escapar do julgamento no Supremo. Claro que Eduardo não foi condenado, nem se pode concluir que seria esse o resultado do julgamento, mas a protelação pela manobra o denuncia e o torna mais culpado aos olhos da opinião pública que se se arriscasse no tribunal. E tudo isso com a conivência de seu amigo candidato...
Mas o que quero é mencionar aqui o discurso iniciado ontem por Aécio, criticando a Marina, alegando que, se é para votar nos nomes de peso que o partido do PSDB é que apresenta, então melhor votar no original.
Ora, Marina foi esperta. Citou FHC não necessariamente por morrer de amores e consideração por sua pessoa e o que ela representa, mas tão somente por ter percebido que, mais uma vez, a campanha de seu partido o deixa de fora. Aécio não menciona o ex-presidente, da mesma forma que Serra e Alckmin evitaram de fazê-lo quando disputaram a presidência.
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Quanto a Dilma, as obras que não andam do PAC, os problemas ligados à saúde, independente das tentativas de solução, via Mais Médicos, a questão da inflação, que está no limite superior e o baixo crescimento, são as principais críticas, aliada à questão de como ela aos poucos foi tolerando, em seu governo, e aprendendo a conviver com acusações de corrupção.
Se no início do mandato, qualquer insinuação de corrupção a levava a agir imediatamente, afastando de seu grupo aquele sobre quem pesava a acusação, esse ardor moralizante veio perdendo fôlego e sua tolerância com as acusações foi o que resultou de seu governo, muito por culpa de se sentir imobilizada pelos acordos, mesmo os espúrios, que negociou para se eleger e ter maioria no Congresso.
Seguramente, não irão haver críticas ao Minha Casa Minha Vida, nem ao Pronatec, ou ao Fies ou ao Ciência sem Fronteira, que ela irá citar como suas maiores marcas. Em compensação estamos propensos a assistir a presidenta fazendo a defesa de Graça Foster, da mesma forma que Aécio em relação a Azeredo.
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Vamos ao debate. Em um dia que a televisão ao menos não prima por passar bons programas. E nem tem a apresentação de futebol de maior qualidade.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Ermírio de Morais e a sorte do time de Marcelo Oliveira, e a crise econômica no Brasil e no mundo

Lá pelos idos da década de 70, com os militares ainda como inquilinos do poder, tomou posse o General Geisel, o Ernesto, que por ter ocupado o cargo de presidente da Petrobrás, era considerado de perfil nacionalista.
Na composição de seu ministério, para ocupar a pasta dedicada à Indústria e Comércio, Geisel nomeou o empresário nacional Severo Gomes, sinalizando uma maior participação dos empresários nacionais na direção dos destinos do país, como era reivindicado por toda a categoria que apoiara o golpe, há muito tempo.
Severo era nome aceito pelas fileiras militares, até por ter ocupado já o ministério da Agricultura, no mandato de Castelo Branco e, mais que empresário - proprietário da Tecelagem Parahyba, Severo mantinha um bom trânsito junto à classe política, inclusive com aqueles que pertenciam à chamada oposição consentida, o MDB, sendo respeitado por todos que o conheciam.
Ao fim de três anos, foi forçado a renunciar ao cargo, por ter expresso sem meias palavras, as opiniões que tinha sobre o governo de que fazia parte e o regime. Severo saiu e depois filiou-se ao partido da oposição, agora, PMDB.
A lembrança de Severo veio a minha memória porque Severo, falecido em acidente de helicóptero que também vitimou Ulisses Guimarães, foi um dos empresários emblemáticos de uma fase do nosso país, especialmente, a fase vinculada à segunda grande etapa do nosso projeto de industrialização, o chamando II PND.
Certo que outros empresários se destacavam e lembro-me de um, várias vezes homenageado por revistas como Exame e Visão, na qualidade de empresário do Ano, da Termomecânica, chamado Salvador Arena. O que parecia ser, mas não era um trocadilho com a denominação do partido oficial de sustentação do regime. E uma visita ao google nos mostra que Salvador Arena era italiano de nascimento.
Também havia referências várias a José Mindlin, proprietário da Metal Leve, além de bibliófilo reconhecido.
Além desses, havia o nome de Antônio Ermírio de Moraes, um dos herdeiros da Votorantim e pilar da indústria cimenteira no Brasil, junto de seu irmão José Ermírio.
Mas, sua atuação não se restringia aos negócios do cimento, tendo participado de empresas como a CBA- Companhia Brasileira de Alumínio, e da área financeira. 
Além disso, foi gestor por longos anos da Beneficência Portuguesa, que transformou em hospital modelo e referência no país e na América.
Antônio Ermírio foi desses raros casos de empresário que, se você voltasse no tempo iria, se espantar com a quase idolatria que lhe era dispensada nos corredores e nas salas de aulas, por alunos e professores de Administração.
Trabalhador e frugal, por questões de foro pessoal e até religioso, sempre com ternos amarfanhados, o que despertava comentários nas colunas sociais que evitava, depois da redemocratização do país, entrou na política tendo sido candidato, primeiro a prefeito. Não tenho certeza se também a governador.
Faleceu depois de ter sido vítima do mal de Alzheimer e deixa uma lacuna no meio empresarial do país.
Aos familiares, meu sentimento. 
A ele, minhas homenagens.

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Pra ser campeão qualquer time tem que ter sorte

E o Cruzeiro está dando sorte, muita sorte como mostrou ontem no final do jogo contra o Goiás. Com minha mulher assistindo ao jogo pela televisão pude observar que o time goiano foi mais presente no campo do adversário e levou mais perigo ao gol de Fábio do que o que poderia ser esperado em se tratando de uma partida do time que lidera disparado o campeonato e outro, que está lá embaixo na tabela.
Não apenas isso deu margem a que Fábio pudesse aparecer no final da partida, como ainda estampou a sorte do time, que viu o pênalte, corretamente assinalado pelo árbitro, ser jogado para fora. 
Isso a 20 segundos do final da partida. 
E segue o time mineiro na ponta da tabela, com 7 pontos à frente do segundo colocado.

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Enquanto isso, o time ainda vai sendo ajudado até pelo Galão que, por sorte, derrotou o Inter no Independência. 
Quanto ao jogo de sábado, gostaria de assistir ao mesmo jogo que o comentarista fraquinho da Itatiaia alegou ter visto.
Porque, ao contrário do que foi falado, o Atlético jogou de forma displicente, embora com a entrega e doação individual de cada jogador, que Levir destacou.
Mas, se Jemerson estava impecável, é verdade que abusou da sua qualidade técnica, o que pode se tornar um problema se abusar de querer sair jogando. Dátolo, no meio, foi muito esforçado, mas está longe de demonstrar a qualidade técnica que a torcida exige. Talvez porque inexplicavelmente, tendo apenas a perna esquerda, insiste em jogar apenas pelo lado direito do campo. Ora, com isso, ou o campo acaba ou o argentino paralisa nossos avanços, tirando a velocidade do time, já que tem de parar a jogada, girar o corpo e fazer o passe.
Alex Silva foi muito fraco. Muito mais que quando jogou pelas primeiras vezes, inclusive pela esquerda. Perdeu muitos lances, passes tolos, e foi uma avenida que o Inter soube explorar. 
E, para um técnico que não gosta de improvisar, é curioso que Levir ponha Alex, originariamente um meio campo, na posição de lateral direita. Talvez apenas para que toda a torcida se penitencie das cobranças sobre Marcos Rocha. 
André, pouco acionado, ainda tentou correr, mas a bola não lhe é lançada e ele apenas repete Jô. Não recebe a bola na boa e se perde em campo.
Maicosuel, nada rende ou muito pouco. 
Já o Inter, que teve duas chances claras de gol e poderia ter saído com a vitória, foi um time de Abel. Ou seja, jogou todo fechado, na retranca, o que tornou o jogo mais feio.
Mais feio não significa que não tenha tido emoção. Teve, mas foi jogo fraco, feio e o Galo ganhou como o próprio Levir deu a entender, por força de circunstâncias. Mais que por méritos do time...

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E seguem as discussões quanto ao fato de a economia brasileira estar ou não entrando no pior dos mundos: a estagflação.
Ainda não é essa a situação, já que o PIB mesmo de forma ridícula, ainda cresce. E o desemprego ainda não apresenta sinais de queda evidentes. 
Mas, interessante é verificar que outras economias, como as da Rússia, Chile e de outros países considerados emergentes apresentam os mesmos problemas. E que as análises mostram que parte dessa situação é fruto da redução da demanda da China, por força do ajuste que aquela economia também está realizando. Ajuste que representa crescimento menor.
Ou seja: a julgar pela reportagem estampada pela Folha ontem, a crise econômica do Brasil é sim, consequência da situação externa. O que não deve servir para eximir o governo Dilma de suas responsabilidades e culpas. 
Tampouco deve permitir que a oposição faça as críticas que tentam tão somente desconstruir os argumentos de governo, como se não fôssemos parte de uma economia globalizada e interativa.



sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Banco Central independente ou autônomo; Kalil, o falastrão; e Mantega... pitacos diversos

Enquanto começam as defecções na campanha da ex-senadora Marina Silva, em clara demonstração das dificuldades que a candidata irá enfrentar ao longo desse longo período pré-eleições, uma de suas coordenadoras, da família de principais acionistas do Banco Itaú anuncia que, caso eleita, ela enviará ao Congresso lei que assegura autonomia ao Banco Central.
Que não se confunde com independência daquela autoridade monetária o que seria, em minha opinião, um grave desrespeito à ideia de democracia representativa.
Afinal, ao se dirigir às urnas, a população de eleitores de um país tem o propósito de consagrar, com seu voto, um candidato, uma proposta de governo à qual ela foi apresentada e julga ser o melhor para aquela sociedade.
Eleito, o presidente escolhido majoritariamente pela população deverá indicar um profissional, em geral um economista, para dirigir o Conselho de Diretores da Autarquia. A partir daí, com mandato assegurado, e tradicionalmente não coincidente e de periodicidade maior que o do presidente que o escolheu, o presidente do Banco, mas também os diretores, passam a ter mais poder que o próprio responsável por sua indicação.
Isso, bem entendido, supondo que o eleito pela vontade popular poderá escolher o novo corpo de dirigentes e o novo presidente logo no início de sua gestão.
Assim é, pelo menos, como funciona naqueles países em que o Banco Central tem independência assegurada.
Pois bem, caso diferente é assegurar autonomia ao dirigente do banco, embora para isso, não haja necessidade de lei que o estabeleça. Basta que haja o propósito firme do governante de dar liberdade para que, do ponto de vista técnico, operacional o dirigente escolhido possa ter liberdade de escolher as medidas e instrumentos de política que irá implementar para que os objetivos estabelecidos para o Banco possam ser atingidos.
***
Curiosamente, entretanto, para indicar suas poucas crenças na gestão democrática e nas práticas a ela vinculadas, os tais mercados, os grandes agentes das finanças de qualquer nacionalidade, vivem cobrando seja a concessão de independência, seja a da autonomia.
Digo curiosamente, porque os mesmos agentes, volta e meia fazem referências, sempre elogiosas ao sistema de metas inflacionárias, por exemplo, em que a sociedade por seus representantes eleitos vota em lei qual é o índice de inflação que tolera. E seu intervalo de variação.
Ora, se lembrarmos que o presidente do Banco Central é indicado, como vários outros cargos, inclusive os juízes do Supremo, pelo chefe do Executivo, mas que apenas toma posse depois de sabatinado E APROVADO pela Câmara; se lembrarmos que é a Câmara que vota a lei que define os limites da inflação tolerada; se não esquecermos que caso não seja cumprida a meta eleita, o presidente do Banco Central deverá prestar esclarecimentos à sociedade, aí considerados população e congressistas, e ainda se lembrarmos que, não aceitos os argumentos e explicações o Congresso tem condições e até o dever de dar um voto de censura e desconfiança àquela autoridade, podendo exigir sua cabeça e sua demissão, então vê-se que não há necessidade alguma da tal lei.
Basta que se cumpra o que já existe em termos de legislação que rege o funcionamento do Sistema Financeiro Nacional, inclusive o papel de seus órgãos reguladores.
***
Então, não fora a vontade de ter maior poder, sem precisar de passar pelo crivo popular, qual a justificativa para tanta demanda e pressão feita pelo mercado financeiro, pela tal independência ou autonomia?
No caso do Brasil, talvez o fato de que até hoje, mais de 25 anos depois, o artigo 192, que trata da regulação do Sistema Financeiro Nacional ainda não tenha sido objeto de regulamentação, o que se justifica pelo medo de a questão da autonomia/independência vir à tona e todos temerem as pressões do mercado. Pressões que levariam apenas a facilitar o caminho para a realização da captura da agência reguladora pelos regulados.
Quanto a uma dirigente ou acionista do Itaú advogar a causa, junto à Marina, portanto, não há qualquer problema ou surpresa. Digamos que seja do jogo.
Já Marina aceitar e deixar tal anúncio ser feito, é outra questão. No mínimo, por negar seu próprio pensamento. E por trazer embutida a crítica à gestão da atual diretoria do Banco, o que só pode ser aceito por que perdeu dinheiro, quando os juros foram, como é necessário e correto, reduzidos.
Ah! bem entendido. É necessário e correto ter juros civilizados, como o próprio mercado reconhece, apenas no discurso. Qualquer tentativa de reduzir juros, por reduzir o principal instrumento de ganhos bancários sempre é criticado, quando adotado.
Dizer que Dilma interferiu na gestão do Banco Central, é lícito apenas para os homens do mercado ou os mal intencionados, o que, muitas das vezes, dá no mesmo.
De mais a mais, não nos esqueçamos que o voto de censura sempre pode ser aprovado na Casa Legislativa. Afinal, não estamos em uma ditadura, mas em uma democracia representativa, por pior que isso possa acabar se tornando.
E queiram ou não os contrários ao partido no poder.
Agora, outra questão é se nossa Câmara nos representa mesmo e se não se assemelha mais ao templo bíblico, aquele ocupado pelos vendilhões...
O que, convenhamos, não é culpa do PT, do PSDB, do PMDB, e de qualquer partido que, no poder, apenas aceitou fazer o jogo de compra de apoios, por grana pura e simples, por mensalões ou coisas do gênero, ou por cargos e loteamento da máquina pública. Uma velha tradição da política brasileira, convenhamos...


***
Enquanto isso...

Enquanto isso, o Cruzeiro segue vencendo e abrindo pontos preciosos de frente para os incompetentes times adversários.
E vem o Kalil, esse boquirroto, para dizer que deve sim, dois meses de salário. Que tem sim, problemas de pagamento de tributos, mas que está tudo bem.
Apenas porque, embora não esteja cumprindo qualquer compromisso que alguém sério deve se preocupar em cumprir, vê à sua volta times em situação pior.
Ou seja, enquanto continuarmos justificando nossos erros e falhas com as falhas e erros e tropeços dos que estão ao nosso lado, dá para entender porque não iremos avançar a lugar algum.
Pena, mesmo depois dos 7 a 1, divisor de águas no nosso futebol, não damos demonstração de que tenhamos aprendido nada...
Para sorte nossa e, desgraçadamente, azar do Galo, Kalil renunciou a sua candidatura a deputado federal, e irá se dedicar apenas ao Atlético.
Vá lá que seja em sua gestão que tenhamos conquistado o nosso título mais importante. Mas, isso não torna Kalil perfeito, nem exemplo de dirigente esportivo.
No máximo, por toda sua atuação, apenas o transforma em exemplo de dirigente folclórico...
E o Cruzeiro continua nos matando de raiva. Tomara que Dunga dê jeito de quebrar a força deles, coisa que em campo parece não ter time em condições de fazer.

***
Medidas de política econômica

Novas medidas para aliviar o custo do crédito e permitir expansão do crediário, em momento que a população está evitando se endividar com medo de problemas vislumbrados no horizonte de curto prazo?
Queda da geração de emprego formal, embora pequena?
Elevação da inadimplência no último mês?
Afinal, que impacto terá, de verdade, as medidas que Mantega anunciou essa semana, para conseguir fazer o PIB não apresentar queda nos próximos trimestres, o que levaria a um PIB bem abaixo de 1%?
Vá lá. Em campanha eleitoral, importante agora é não demonstrar imobilismo. Mesmo que as medidas não sejam capazes de altera o quadro já imóvel, por si só.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

360 graus

E de repente
em meio a uma tarde vadia
você inventa e busca o novo
e se arrisca
e descobre em seu interior
adormecido
trazer guardado
o fogo esquecido da paixão
E de repente,
tantas são as voltas do caminho
tantas as esquinas
à sua frente
que impossível seguir em linha reta
você roda
e volta
até fechar o ciclo
retornando como quem já não se inventa
ao ponto de início da partida
quem sabe, do melhor de sua vida


O Atlético perde para ele mesmo. Hoje, ele é seu principal adversário

Lamentavelmente, por estar dentro de sala de aula, não pude assistir ao primeiro tempo do jogo do Galo contra o Flamengo ontem à noite no Maracanã, que terminou com a vitória do Atlético, pelo placar mínimo, gol de Maicosuel.
Pelo comentário do canal 230, do PFC da Net, não perdi nada. Ou perdi muito pouco. Para o Lédio Carmona, o Flamengo foi melhor, retendo mais a posse de bola, chutando mais a gol, desarmando mais, jogando mais bolas aéreas na área. Segundo ele, a proposta do Galo era jogar nos contra-ataques e depois do gol, logo no início do jogo, a tática deu certo. Embora o Flamengo tivesse mais volume de jogo, a velocidade do Galo sempre encontrava um time carioca desarrumado e confuso, levando perigo à meta flamenguista.
Mas, jogar encolhido, no contra-ataque, contra o Flamengo e toda sua torcida empurrando o time em pleno Maraca, é implorar para que o time contrário venha para cima com tudo e se dispor a levar sufoco. Para um time com uma defesa frágil como o Atlético vem demonstrando possuir, especialmente com jogadores considerados reservas e que não vêm jogando, é querer sofrer uma virada e sair derrotado.
Pior não é isso. É que o time do Atlético nos minutos iniciais do segundo tempo, não só abdicou de partir para cima do time de Luxemburgo, mantendo a mesma proposta de não jogo do primeiro período, como não conseguia acertar dois passes seguidos.
Com isso, não conseguia reter a bola, que parece foi a solicitação feita por Levir Culpi no intervalo do jogo, trocando passes, gastando o tempo e enervando o time carioca, o que permitiria que a torcida passasse a pressionar o time com cobranças que apenas nos beneficiariam.
Mas Josué não acertava nem um passe, além de não conseguir, tal como Pierre, dar o bote e roubar a bola do time carioca. Rafael Carioca, era outro perdido em campo, sem conseguir armar jogada alguma. Tardelli corria, corria, corria, parece estar correndo até agora, sem encontrar quem pudesse se aproximar dele, para tentar uma troca de passes. Na correria, ficou perdido em meio à defesa contrária. Jô, conseguiu matar uma bola na canela e, na hora que ia tentar o giro para chutar a gol, furou e viu a bola escorrer para os pés do beque flamenguista. Maicosuel não acertava nada que tentava. Pedro Botelho era outro que não acertava nada, culminando com o pênalte completamente desnecessário e Alex Silva, pela direita só aumentava minha saudade de Marcos Rocha.
Enfim, o Atlético perdia para si mesmo. Para sua incompetência e a falta de padrão de jogo e esquema tático que Levir até hoje não conseguiu definir.
É verdade que o time não consegue manter uma base, tendo que mudar constantemente, por força de contusões, principalmente.
Mas, se tentou evitar que o Atlético jogasse como nos tempos de Cuca, com chutões para Jô e ligação direta, a verdade é que Levir não conseguiu criar nada para o lugar. O Atlético, quando tenta a ligação direta, ainda encontra Jô fazendo o pivô. E é só. Não deslancha e não tem outras jogadas treinadas.
Pior é que para nós que estamos assistindo ao jogo, e ao contrário do que vemos em outros jogos, de outros times, nós atleticanos sabemos que a qualquer momento o caldo entorna e nós sofreremos o gol de empate, o da virada e outros para aumentar nosso vexame.
Por outro lado, se o tempo todo esperamos e ficamos torcendo e rezando para que a bola saia de nossa área, do meio para a frente não esperamos nada.
Nem mesmo quando Maicosuel dá lugar à Luan, ou quando outras substituições como a de André no lugar de Jô acontecem.
***
Parece que Levir ontem culpou a falta de brilho individual pelo resultado ruim. É forçoso reconhecer que ele não está sem razão. Os jogadores, inclusive Tardelli, estão jogando um futebol burocrático, sem qualquer inspiração. Erram demais. Parece estarem ali não por prazer ou profissionalismo mas por total e completa falta de opção.
Mas o técnico também e sua falta de esquema tático são responsáveis pelo péssimo resultado.
E têm a companhia de uma diretoria que contrata mal quando contrata e que parece não estar nem aí para o sofrimento de toda uma massa de abnegados.
A situação está feia. Muito feia. Semelhante ao futebol ridículo do time. Motivo suficiente para que o time despenque tabela abaixo e que o sonho de voltar a participar de uma Libertadores fique cada vez mais distante.
O Atlético jogando encolhido se apequena, e com essa estatura, volta a ocupar aquela posição intermediária que tantas vezes termina por ocupar na tabela. Bem própria e adequada ao Galo 13, na faixa situada lá entre a décima ou décima terceira posição em meio a vinte outros times.
***
Enquanto isso, os demais clubes fazem o que podem para dar o título com um turno de antecipação ao Cruzeiro, o que já está fazendo o campeonato perder a graça.
Claro que isso não significa que o campeonato por pontos corridos tenha que ser alterado em sua fórmula. Significa apenas que quem deseja vencê-lo tem que ter e manter uma estrutura, tem que contratar com cuidado e montar um time capitaneado por um técnico que entende de futebol, não inventa e que sabe que quanto mais um time é alterado, mais seu futebol desaparece.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Pesquisa eleitoral e o fôlego de Marina; e a entrevista com Dilma no Jornal Nacional

Estão certos os assessores de campanha de Aécio, que tentam mostrar que o resultado da recente pesquisa eleitoral do Data Folha, que o coloca em terceiro lugar na intenção de votos, deve ser interpretada com muita cautela, já que afetada pesadamente pela comoção que a perda prematura de Eduardo provocou em todo o país.
De fato, é sempre importante destacar que a consulta foi realizada antes mesmo da realização do sepultamento de Eduardo Campos, com toda a carga que esse tipo de despedida costuma evocar. Especialmente considerando que  Eduardo foi governador de Pernambuco por duas vezes, posto do qual se afastou para concorrer à presidência, tendo sempre sido muito bem avaliado por seus conterrâneos, além de ser novo, simpático, não fosse também neto de Miguel Arraes, considerado por alguns quase como uma divindade.
Mas, passada a cerimônia do adeus, a vida volta à sua rotina normal, e aí sim é que a indicação oficial de Marina e de seu companheiro de chapa, as primeiras declarações da candidata, a postura frente a seus próprios compromissos e aqueles assumidos por seu antecessor-  alguns dos quais que a fizeram tapar o nariz incomodada -, aí sim é que podemos considerar que a corrida eleitoral terá voltado a suas trilhas e as pesquisas passarão a mostrar mais que um sentimento de vazio e orfandade.
Também nesse momento, já com a propaganda eleitoral gratuita iniciada, Marina passará a ser alvo dos ataques e críticas que a pouparam agora, por força de seu nome não ter sido oficialmente confirmado e por força ainda do respeito que o período de luto necessariamente impõe.
Mas, já a partir da próxima semana, o jogo volta a ser jogado e Marina será alvo das críticas que a pouparam nesse instante. Serão então expostas todas as contradições de quem, querendo se passar pelo novo, percorreu os mesmos caminhos de sempre na política nacional e cometeu as mesmas atitudes que tanto combateu.
Os acordos com os representantes do agronegócio, sua postura em relação ao projeto desenvolvimentista que o Brasil ainda reclama e que sua crença na sustentabilidade acaba freando, de certa forma, tudo isso será cobrado da candidata, que ostenta uma postura menos simpática que o risonho menino do Rio, Aécio.
Aliado a isso, há que se recordar que as posturas de Marina e suas opiniões, no campo do comportamento pessoal, são extremamente conservadoras, o que pode ajudá-la a conquistar os votos da legião de evangélicos como ela, com perda de apoios e votos junto àqueles que situam-se mais na vanguarda.
Curiosamente, é exatamente junto a essa facção vanguardista que o discurso de sustentabilidade de Marina ganha maior eco, tem maior força, em minha opinião.
De mais a mais, Marina terá um tempo ínfimo, o que já a desfavorece.
***
Essa a razão da tranquilidade manifesta pelo PSDB. Que é suportada pelo fato de que nem Aécio, nem quaisquer dos outros candidatos tiveram suas intenções de votos de pesquisas anteriores afetada. Ou seja, a novidade Marina ressurge ancorada nos votos daqueles que encontravam-se indecisos, muitos dos quais por não se sentirem representados por políticos e partidos de perfil tradicional.
Bastará lembrar-lhes que longe de representar uma mudança real de nossa política, a aliança de que Marina participava era mais do mesmo. A evolução para o passado. E isso será suficiente para que parte dessa tempestade de intenções de votos seja transformada em mera garoa.
***
De qualquer forma, não é apenas Aécio e seu PSDB que deverá por as barbas de molho, já que um segundo turno, cuja realização torna-se cada vez mais evidente, poderia canalizar toda a insatisfação dos vários setores da população, e com isso juntar os interesses de toda espécie contra o PT.
Motivo que leva certa parte dos comentaristas político-eleitorais a retomarem o bordão do "volta Lula".
Esse sim o pior erro que Lula e seu partido poderiam cometer a essa altura dos acontecimentos.
Afinal, eleita sob a inspiração de Lula em 2010, por representar aquela que teria capacidade de continuar seu trabalho, por mais que os métodos de Dilma divirjam dos de seu padrinho, outra não poderia ser a candidata nesse momento, até para não dar o mote para seus adversários que iriam abusar da afirmação de que Lula não tem, ou não teve nunca consciência do que é melhor para o país.
***
Mudando de assunto, tive a oportunidade de assistir ontem, à entrevista de Dilma no Jornal Nacional.
Em que mesmo sendo duramente criticada por Bonner e Patrícia Poeta, ela foi suficientemente hábil para não discutir nem manifestar sua opinião, por exemplo, sobre o caso dos mensaleiros petistas.
Por outro lado, mais interessante ainda foi que, ao contrário de Aécio que tergiversou, e até talvez para servir de contraponto a seu concorrente, não trouxe à baila, na resposta do mensalão petista, o protagonizado pelo PSDB, nas terras e com participação de amigos particulares de Aécio.
Como se sabe, ao ser questionado pelo apoio de Eduardo Azeredo a sua campanha, o candidato do PSDB procurou trazer à linha de frente a questão dos petistas condenados pelo STF.
Ao contrário, Dilma tendo a mesma oportunidade não mencionou a questão do mensalão do PSDB, como na oportunidade que teve de falar de corrupção em seu governo, deixou bem marcada a posição de que a Polícia Federal, a ela subordinada, tem completa e total liberdade para investigar seja quem for contra quem exista algum indício ou suspeição de mal comportamento.
Insistindo na questão dos problemas de corrupção, os entrevistadores apenas alimentaram os argumentos de Dilma de que os casos têm vindo à luz do dia, por força de seu governo estar trabalhando para impedir tais fatos. O que obrigou, de forma oblíqua, ao próprio Bonner a reconhecer que a presidenta Dilma andou punindo e afastando alguns de seus auxiliares de seu governo.
Mais uma vez, e curiosamente, Dilma apenas falou que os casos que são apurados são punidos e outros acabam se comprovando como falsas suspeitas, razão porque ela não age, não pune, nem poderia vir a fazê-lo.
Mas o que mais me  intriga é que não tocou no caso do mensalão do DEM de Brasília e Arruda, nem fez qualquer menção aos escândalos da concorrência do Metrô de São Paulo, por exemplo, que o PSDB como se sabe, governando o Estado há muitos anos, recusa-se a investigar e punir.
Exemplo maior e mais gritante é o de Robson Marinho, do TCU paulista, e ex-secretário de Mário Covas, mergulhado até o pescoço em acusações que não foram alvo de qualquer investigação séria do governo paulista.
***
Porque Dilma não partiu para o ataque, preferindo ficar na defensiva? Será por estar concedendo a entrevista na sala da Presidência da República no Planalto e não querer descer a acusações e futricas, baixando o nível de seu discurso e respeitando a liturgia de seu cargo e local de serviço?
Ou na verdade guardou munição grossa para a propaganda gratuita, de forma a tentar pegar seus adversários desprevenidos?
Ou as acusações que não foram feitas agora, serão feitas não pela presidenta, mas por algum partido que atue como linha auxiliar de seu governo?
A ver.
Mas ocupando muito tempo para dar respostas a acusações, Dilma foi esperta para fazer o tempo passar e a entrevista, pelo menos de acordo com a impressão passada pelos jornalistas, acabou sendo prejudicada, ficando pela metade.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Passado o impacto da perda recente, quando as análises das composições de Eduardo irão revelar o velho travestido de novidade?

Passado o primeiro impacto do trágico acidente envolvendo ao candidato a presidente da República Eduardo Campos, cujo corpo já se encontra descansando ao lado de seu avô no Recife, o PSB já adota as providências necessárias para que a candidata a vice, Marina Silva, seja oficializada como nova candidata do partido nas eleições de outubro.
Embora possa parecer cedo, tais medidas são necessárias por força da legislação eleitoral que estabelece o prazo de 10 dias para registro da nova chapa.
Para atender aos prazos legais, movimenta-se não apenas todo o partido e os que com ele estavam coligados, com milhares de reuniões, encontros, acertos sendo costurados porque, se não existem dúvidas de que o nome natural para substituir a Eduardo é o de Marina, sabe-se que uma série de entendimentos que o candidato vinha firmando em busca de apoios, precisam ser ratificados por Marina. Da mesma forma, sabe-se que alguns desses acordos são radicalmente contrários ao que Marina pensa e das opiniões que expressa.
O que me leva a fazer uma reflexão que, para alguns, poderia estar sendo feita muito cedo. Afinal, ainda ontem o corpo de Eduardo era velado e descia ao túmulo, e sua morte recente ainda traz comoção, a ponto de ainda, como é natural, conduzir o jovem político para um patamar em que apenas as virtudes são destacadas. Especialmente pelo momento.
Mas, quem será o primeiro na grande imprensa a recordar e falar abertamente de que, embora novo, Eduardo não representava nada de novo na política nacional, senão um projeto e uma aspiração pessoal, legítimos, de se tornar presidente do país. Nada que o descredencie, ao contrário.
Afinal, como na escolha de qualquer carreira e/ou caminho profissional há que se ter vocação. Mais que vocação vontade. E, para a maioria das pessoas, um verdadeiro desejo de contribuir para a melhoria de nossas condições de vida.
Eduardo era desses homens, que acreditava que seria capaz de dar sua contribuição. Tinha fé e buscava realizar o que sonhava para seu futuro. Justo reconhecer aí uma qualidade. Não necessariamente descolada de algum impulso de vaidade pessoal, que é característica dos homens e que não os impede de realizarem grandes obras. Ao contrário.
Mas para chegar aonde desejava, Eduardo não se viu constrangido de fazer acertos com gregos e troianos. Em incorporar à sua campanha partidos de várias e distintas concepções ideológicas e diferentes matizes e projetos, tudo tão somente para ampliar seu tempo de televisão e, em consequência sua visibilidade.
Tudo para poder se tornar um rosto conhecido nacionalmente, intimamente desejando talvez não obter um resultado expressivo na votação de agora, mas mirando estrategicamente o ano eleitoral de 2018, em que poderia sair como candidato de uma coligação muito mais fortalecida, tendo o PT como companheiro de chapa.
Porque como não passou despercebido por muitos, a ruptura de Eduardo com o PT e com Dilma, reconhecidamente tardia e oportunista, não foi ruptura com Lula e os projetos de poder do ex-presidente. Que admirava muito a Eduardo e ficou muito abalado com sua perda.
***
Em sua coluna, dizia ironizando o excelente José Simão que a coligação de Eduardo e Marina, considerada quando de seu anúncio um golpe de mestre, estava aceitando qualquer que fosse o apoio, tendo como única condição de o apoio não vir de qualquer socialista...
O próprio apoio de Marina e sua Rede ao PSB era apenas um grande arranjo para poder dar tempo e condições para que a agremiação de Marina pudesse se organizar para voltar a pleitear o reconhecimento como partido político, negado na primeira tentativa pelo TSE.
Habilmente, Eduardo fazia concessões a Marina, não apenas para poder conter em seu discurso com  uma agenda mais moderna, mas para poder aproveitar o prestígio que a ex-senadora e ministra de Lula, como ele, tinha a oferecer, fundado nos resultados das eleições de 2010.
Além disso, parece-me que pouco tinham em comum os dois grupos que juntavam forças, com Eduardo falando em dar força ao agronegócio e em estimular o desenvolvimento em regiões em que Marina é visa como inimiga. O que leva muitos a desconfiarem de sua capacidade de manter os acertos vários que Eduardo ia estabelecendo.
***
Sem qualquer ruptura com o modelo de política praticado em nosso país, que tanto ele quanto Aécio criticam, e que o próprio PT parece desgostar, foram fazendo composições políticas apenas para aumentar o tempo de aparição no programa gratuito de propaganda eleitoral. A maioria das quais não é difícil se supor, em troca de cargos e influências que, se não caracterizam um loteamento do governo como o PT adotou de forma escancarada, seguindo os passos tímidos do PSDB que lhe antecedeu, não deve ser considerado muito inovador em política.
O que exige de nós a reflexão para o bem ou para o mal, de que urge ser feita uma reforma política em nosso país, que talvez só possa ser feita com uma Constituinte exclusiva!!!
***
A situação de acertos, acordos e, usando a expressão correta e pesada, tramoias, chegou a ponto tal que o PSB de Eduardo, o NOVO (político, bem entendido!), conseguiu formalizar acordos regionais que deixariam qualquer alienígena que chegasse a nosso planeta estupefato.
O que nos brinda com a informação, por exemplo,  de que o PSB indicou o vice-candidato ao governo paulista, na chapa com o atual governador do PSDB que, como não poderia deixar de ser apóia ao candidato de seu partido à presidência e, portanto, contrário às pretensões de Eduardo.
No Rio, se não fosse o acidente em Santos, o PSB estaria conversando e se acertando com o candidato do PT, que como se sabe é o partido da presidenta Dilma, concorrente de Eduardo.
Em BH, onde o prefeito Márcio Lacerda do PSB rompeu com Eduardo para manifestar claramente sua preferência por Aécio, a quem deve sua eleição e reeleição, o partido por precisou de usar de muita força para fazer valer aquilo que sua Executiva regional havia decidido: indicar candidato próprio. Chegando para tanto até à ameaça de intervenção da Nacional.
Ora se isso não é apenas e tão somente uma colcha de retalhos, sem qualquer configuração ideológica e igual a tantas das coligações que já foram feitas e criticadas até pelo próprio PSB, não entendo de nada mais em política.
***
Quanto a Marina, a nova candidata, e supondo que vá manter realmente todos os acordos feitos por seu antecessor, vai ser divertido ver de que forma ela conseguirá sair dessa saia justa, se é que conseguirá.
Afinal, menos simpática e mais austera que Eduardo, ao menos nas fotos e nas aparições públicas, Marina traz a marca dos que acreditam realmente em seu discurso próprio e que, como tal, não precisam fazer agrados outros senão o próprio conteúdo do discurso.
Por isso, creio eu, sua fisionomia sempre mais fechada, o que não pode ser tomado como revelador de nada. Nem de um possível mau-humor natural, como é costume atribuírem à presidenta Dilma.
Mas via ser curioso ver Marina aceitando conversar sobre as mudanças de leis ambientais, para dar mais espaço ao plantio de lavouras que provocam e promovem agressões ao meio ambiente. Será interessante vê-la abordando temas como a necessidade de flexibilizar a lei que assegura sustentabilidade, para que o agronegócio possa progredir, trazendo com ele um melhor resultado para nossas exportações e nossa economia.
Ao lado disso, sabe-se da necessidade de se ampliar o agronegócio da mera plantação para incluir o beneficiamento, cada vez em maior intensidade, e cada vez mais com a introdução de maior conteúdo tecnológico, alguns dos quais exigem e demandam mais energia.
Nessa hora que postura será adotada pela candidata radicalmente contrária à construção de represas como a de Belo Monte, pelo potencial de estrago ao ambiente que elas acarretam.
Bem, além dessas, quem sabe Marina não foi apenas um modismo, adequado a 2010 e não sendo capaz de ser reproduzida nessa condição nesses tempos distintos de 2014.
Afinal, sua marca não ajudou a Eduardo a decolar nas intenções de votos das pesquisas. E, ao que parece, sua taxa de aceitação inicial, sofreu abalos significativos quando abriu mão de seus ideais mais íntimos, aceitando compor e ficar em segundo plano. Tal postura pode ter sido considerada uma traição a seus ideais por alguns dos seus correligionários.
Mas, Marina é inegável traz a pontuação de Eduardo e mais a da comoção, comum nessas circunstâncias.
Será elemento que irá sim ter muita força para provocar um segundo turno. Especialmente se a comoção conseguir levá-la a capturar o voto do grande contingente de indecisos das pesquisas. Isso, se os indecisos já não estivessem em tal estado, por serem eleitores dela.
***
Fica então a pergunta: quem é melhor para ir ao segundo turno, partindo-se do pressuposto de que a candidata do PT, por estar tentando a reeleição, tem uma das vagas cativa? Afinal, ninguém em sã consciência, iria imaginar que Dilma ficaria fora do segundo turno.
Para o PT, a imprensa tem dito que Aécio é melhor, porque permite o eterno confronto plebiscitário entre inimigos de longa data.
Inimigos cordiais, diga-se, já que a matriz do pensamento de ambos é a mesma, como em parte sua origem. Na verdade o que os destaca cada vez mais é a teimosia. O apego maior ou menor às ideias, consideradas ultrapassadas que consideram ainda a existência de uma luta na sociedade entre direita e esquerda.
Em minha opinião, ambos já perderam essa visão. Ou ao menos aqueles de seus membros e partidários que já chegaram ao poder como mandatários de cada sigla.
Por mim, não apenas a polarização não é ultrapassada como vem ficando cada vez mais evidente. Apenas que a maioria não quer ver. Como já foi muito dito, os ricos ficam cada vez mais ricos. Os pobres, muito pobres, até melhoram. Mas o resto se engalfinha na divisão do prato de comida que restou do banquete dos muitos ricos.
E acreditam piamente que estão brigando e lutando pela comida que merecem....
***
Para o povo, em minha opinião, preferia que desse Marina contra Dilma, em lugar de Aécio, apenas olhando a sua equipe de assessores e possíveis futuros ministros.
Do lado de Aécio, os interesses de sempre dos banqueiros internacionais, financistas internacionais, o grande capital e também dos banqueiros nacionais, gente do mercado, e grandes grupos empresariais, de qualquer bandeira e nacionalidade. Afinal, não há no PSDB essa preocupação nem o discurso contra o entreguismo ultrapassado.
Aécio vem acompanhado de Armínio Fraga, que já esteve à frente de grandes casas financeiras no exterior e à frente do Banco Central do Brasil, quando chegou aqui, pós crise do câmbio em 99, com o desejo íntimo, que não conseguiu por em prática, de dolarizar nossa economia.
Em 2002, não apenas foi o protagonista do terrorismo eleitoral, contra a possível vitória de Lula, como foi um dos mentores da situação que quebrou o país. Só não concretizada por força da ajuda astronômica e recorde de mais de 42 bilhões de dólares (algo inimaginável até a data para os padrões do Fundo).
Além disso, deixou a inflação de que era responsável, na casa dos 16% ao ano, coisa que a imprensa insiste em esquecer.
Essa turma não vê meu voto nem que fossem os únicos que sobrassem na face da terra.
***
Já Eduardo antes, e Marina, têm ao menos a assessorá-los Eduardo Giannetti, economista crítico da intervenção e da participação exagerada do governo no ambiente econômico. Desse ponto de vista, doutrinariamente mais vinculado à ideia do Estado mínimo e das liberdades individuais no mercado. Um liberal.
Mas, um liberal convicto, e até mais ingênuo em suas crenças genuínas da capacidade dos mercados. Longe do staff mais pragmático de Aécio. Com quem no fundo até guarda semelhanças, de grau.
Muda o foco. Aqui os agentes individuais. Lá em Aécio os grandes negócios.
Entre Armínio e Eduardo, sou mais o último. Até por sua maior pureza e quando digo isso, favor não tomá-lo como um tolo. Longe disso, para esse excelente professor, misto de economista e filósofo.
Admiro Eduardo e reconheço a capacidade de Armínio, o que já dá a dimensão da diferença que enxergo em ambos.
***
Não vou falar nada a respeito da equipe do PT, porque essa já se descaracterizou há tempos, embora tenha achado muito ponderada e corretas as opiniões de Mantega na entrevista que ele concedeu ao grupo Folha e que foi publicada na data de ontem, na Folha de São Paulo.
Pode-se sempre manter a inflação no centro da meta, como ele mesmo admite e foi feito na época de Armínio Fraga no BC. Basta elevar juros reais de forma ensandecida. Além de muito lucro para banqueiros, portadores dos títulos da dívida pública e de dar a eles e aos mercados munição para criticar o desequilíbrio fiscal, por força da grande despesa de pagamento de juros, a inflação cederia sim.
Claro.
Mas às custas da paz dos cemitérios, já que antes a economia pararia de ter seus circuitos vitais irrigados e, sem circulação de dinheiro, não haveria a de produção. Com isso, teríamos desemprego, recessão, inflação domada.
Vale o sacrifício, exceto para os banqueiros?

domingo, 17 de agosto de 2014

Discurso em homenagem aos formandos de Economia 1º semestre de 2014

Vivemos um momento singular em nosso país, que exige de nós tanto maior reflexão quanto responsabilidade. E isso não só porque realizamos um evento do porte de uma Copa do Mundo, aquela que não iria acontecer ou em que acontecendo,  seria um desastre.
A Copa não apenas foi realizada como foi um êxito, ao menos em campo. Independente de termos de aprender amargamente, a engolir nossa arrogância. Afinal, não somos mais os reis do futebol, se é que já o fomos algum dia. Devemos até ter cuidado para não descobrirmos debaixo de nossos assentos algum gol perdido da Alemanha.
E a Copa funcionou APESAR da confusão tão típica nossa, tão admirada como exótica pelos estrangeiros, incapazes de entenderem como algo que tem tudo para dar errado, funciona.
Certo que a Copa não foi nenhuma maravilha, nem o seu legado, embora seus custos irão pesar por muito tempo sobre os ombros e bolsos de todos nós.
Vivemos ainda um instante rico, de corrida eleitoral,  que entra agora em sua etapa mais crucial, com o início da propaganda eleitoral gratuita, abalada pelo trágico acidente que ceifou a vida de um candidato à corrida presidencial. Político jovem, de grande potencial, mais que uma promessa, já uma realidade. Uma perda para a democracia, essa flor sempre tenra e débil de nosso país.
Episódio que levou a presidenta Dilma a manifestar seu pesar, reconhecendo e refletindo sobre a fugacidade da vida.
Mas mesmo reconhecendo a importância da figura de Eduardo Campos, vale perguntar: será mesmo tão frágil a vida?
Afinal, em meio a toda a efervescência que nosso país atravessa, somos um povo cordial. Onde não existem guerras nem a bestialidade humana nos arrasta a um genocídio, como o que assistimos em Gaza.
Onde desde 8 de julho, início da ofensiva militar 1928  palestinos foram mortos, dentre os quais 1300 civis, principalmente mulheres e crianças. Quanto às baixas israelenses, também recordes, 64 soldados já perderam suas vidas.
Vá lá. Por mais a primeira vítima da guerra seja a verdade, tais números chocam e aterrorizam.
Mas, e aqui no Brasil?  Como é sabido que as estatísticas perseguem os economistas, somos informados pelo Mapa da Violência de 2014 que o número de assassinatos no Brasil passa de 500 mil, no período de 10 anos. A maioria das vítimas na faixa etária de 15 a 29 anos. Negra.
Apenas em 2012, 154 pessoas morreram a cada dia, em média, vítimas de homicídios. Número que cresce em um ritmo superior ao do aumento da população na mesma década. E que nos coloca na honrosa 7ª posição em 2014, ao se calcular o número de mortes por cada grupo de 100 mil habitantes entre 100 países. O que nos permite ficar atrás de Colômbia, Venezuela, Guatemala e outros.
Enquanto preparava esse discurso, ergui os olhos para o quadro pendurado à minha frente, com o poema Que País é Esse, de Affonso Romano de Sant’Anna, que se inicia assim:
 Há 500 anos caçamos índios e operários
Há 500 anos queimamos árvores e hereges
Há 500 anos estupramos livros e mulheres
Há 500 anos sugamos negros e aluguéis.
E matamos jovens, pretos, pobres, putas, gays, gente invisível, por sua insignificância. Mas, gente!
Prova cabal de que para a imensa maioria de nosso povo, a morte não pode ser considerada um acidente. Ao contrário o acidente é o ato de nascer. É a própria vida.
País que trata a maior parcela de seus filhos de forma injusta, como deserdados.
Porque a leitura atenta dos jornais nos informa que levantamento realizado pela Prefeitura de São Paulo, comparando os rendimentos ganhos entre 2000 e 2010, revela o enriquecimento do 1% das pessoas mais ricas que ao invés de embolsarem 13 de cada 100 reais gerados na cidade, passaram a ganhar 20 reais.
Por outro lado, os 50% mais pobres pioraram sua renda, que caiu de 11,65 para  10,57 reais. Cifra que o autor da matéria considera ter ficado estagnada!!!
Estudo que nos leva a concluir que enquanto os muito ricos ou muito pobres melhoram, a classe média vê a banda passar. E que se as políticas assistencialistas afetaram a renda da classe média, não afetaram negativamente a renda dos muito ricos.
Curiosamente, no mesmo dia, o mesmo jornal informava que para estacionar um jatinho como o que vitimou Eduardo Campos no pátio de Congonhas, pagava-se entre 92 centavos e 1 real e 7 centavos a hora. Enquanto no estacionamento de veículos, o preço era de 4 reais a hora.
Fiquemos por aqui. Afinal hoje é dia de festa. Hoje é dia de comemorarmos a conquista de mais uma vitória na sua trajetória. Vitória fruto do esforço pessoal, do interesse, dedicação, vontade de cada um de vocês.
Claro que tudo isso não seria possível se não fora a contribuição de pais, irmãos, filhos, companheiros, companheiras, amigos, que nos suportaram nessa jornada. Suporte de apoio e de paciência. Merecedores também eles de nossos cumprimentos e agradecimentos.
Mas se é festa, não podemos nos esquecer de que a responsabilidade suas agora é a de profissionais. Fica maior, se amplia.
E que serão vocês que irão no futuro, serem os responsáveis pelos rumos de nosso país. E que o futuro já começa agora, nas próximas eleições.
Devo admitir que não invejo sua responsabilidade. Afinal serão vocês que decidirão entre construir um tecido social cada vez mais esgarçado, uma sociedade cada vez mais polarizada e injusta ou cada vez mais justa, mais digna e fraterna. Se não os invejo, não os temo. Sei do potencial e nobreza de intenções de cada um de vocês.
E a todos parabenizo. E desejo felicidades.
Obrigado.



quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Eduardo Campos e a morte de Eduardo

Bombardeados que somos diariamente por inúmeras peças publicitárias, anúncios de todo tipo e espécie, propagandas em geral, confesso que, em meu caso, na maioria das situações, os slogans não conseguem mais cumprir a finalidade a que se propõem, despertando minha atenção. É como se eu estivesse vacinado contra eles, de forma a que não conseguisse mais distingui-los uns dos outros, sinal da perda de sua função.
Mas, no meio dessa imensa quantidade de slogans disputando por nossa atenção, um em especial sempre conseguiu se destacar, ficando gravado em meu inconsciente. 
Trata-se do slogan adotado pela BandNews FM, a rádio que toca notícias do Grupo Bandeirantes, que martela nossa atenção, divulgando que "Em 20 minutos tudo pode mudar".
É verdade, ao menos em parte. Afinal, para muitas coisas na vida, o período de tempo anunciado é suficientemente extenso, dando oportunidade a que o slogan se confirme. Entre esses eventos que conseguem promover alterações significativas e definitivas em nossa vidas, encontra-se, sem dúvida e com destaque a própria circunstância que caracteriza o fim da vida. Nesse sentido, a morte, representa não caracteriza não apenas algo irremediável, como é capaz de alterar tudo a sua volta.  E, a rigor, nem precisa de 20 minutos, pois como diz a sabedoria popular, para morrer é necessário muito pouco. Para morrer, diz o dito, basta estar vivo.
Faço essas considerações para tratar do assunto que dominou manchetes e noticiários no dia de ontem, pela carga que contém de trágico, de inesperado, como foi o acidente que vitimou o candidato a presidente da República Eduardo Campos, do PSB.
Ex-governador de Pernambuco, com gestão amplamente aprovada ao final de dois mandatos naquele estado, que o capacitou a postular o cargo maior da República, Eduardo era uma liderança política jovem, reconhecida mesmo por seus adversários como apto a reivindicar e, caso vitorioso, vir a exercer o mais alto cargo do Executivo Federal, com dignidade e competência.
Nesse sentido, as tradicionais declarações de pesar que costumam salientar a importância, o brilho, a inteligência, a disposição, o preparo do homem e, acima disso, o significado de sua perda para o país, e principalmente para a democracia brasileira, não foram meras frases retóricas. 
A morte de Eduardo Campos representou, de fato, grande perda não apenas para sua Renata, companheira permanente, e seus 5 filhos, irmãos e familiares, mas uma perda para a Política brasileira.
***
Em relação não apenas ao infortúnio, curiosamente eu comentava em sala de aula, ainda ontem de manhã, o fato de não ter podido acompanhar a entrevista que ele havia dado a William Bonner e à Patrícia Poeta no Jornal Nacional da última terça-feira, por força de ter iniciado as aulas do período da noite.
Lamentei não poder acompanhar a entrevista do candidato do PSB e, por uma questão de justiça, não poder tecer quaisquer considerações críticas aqui nesse blog, tal qual havia feito em relação à entrevista do candidato do PSDB, Aécio Neves.
Simpático ou não ao candidato mineiro, cuja entrevista critiquei pelo vazio de sua retórica e de seu conteúdo e ausência de propostas concretas de governo, comentei junto aos alunos que achava injusto com o peessedebista ter tido a oportunidade de ouvi-lo, criticá-lo e não poder fazer o mesmo em relação a Eduardo Campos, à presidenta Dilma ou ao pastor Everaldo. 
Para não ser acusado de estar dando tratamento desigual aos candidatos, até mencionei o fato de que havia pedido em minha casa que gravassem a apresentação do pernambucano neto de Miguel Arraes, para que pudesse escutá-la e comentá-la posteriormente.
Infelizmente, a entrevista foi ao ar e, em casa, se esqueceram de providenciar a gravação. Razão porque eu não pude tratar da participação do candidato.
***
E, como diz o slogan, como em 20 minutos tudo pode mudar, hoje, sem sua presença aqui entre nós, a entrevista de Eduardo e a análise de suas opiniões e propostas já não faz mais sentido, valendo mais apenas como registro de memória do que era seu pensamento, ideias e ideais.
Por ter perdido sua entrevista, por ter estado em sala de aula durante toda a parte da manhã de ontem, por ter sabido do funesto acidente justo na hora do almoço, acompanhando os jornais televisivos daquele horário, achei por bem não fazer qualquer postagem ontem.
Como demonstração do luto que todos estamos sentindo e em homenagem a Eduardo Campos, e sua figura sempre afável, sorridente, de voz mansa e olhar tranquilo, ao menos nas imagens que nos chegavam pela midia. 
***
Mas, como diziam os antigos, rei morto, rei posto. E, sem perda de tempo, as especulações políticas já começam a discutir os nomes daqueles que poderiam vir a ocupar o lugar de Campos, como candidato da legenda ao cargo de presidente da República. 
Discussões bizantinas, em minha opinião, já que o nome de Marina Silva, candidata a vice-presidente na chapa homologada em convenção partidária é, de longe, o mais talhado para ocupar o posto agora vago. 
Afinal, nunca é demais lembrar que foi o próprio Eduardo que, desde o primeiro momento procurou costurar, mais que o apoio da ex-senadora e colega de ministério de Lula, os acordos que permitiram que Marina saísse como companheira de chapa. Isso para não lembrar que, dado seu peso eleitoral, durante algum bom tempo que antecedeu à indicação formal dos nomes do partido, ainda se discutia se não seria melhor que Marina saísse como cabeça da chapa.
Jogo de cena ou não, isso agora não é relevante, mas pode servir para assegurar que o nome de maior visibilidade e maior densidade no partido seja o da ex-senadora acreana.
O que se discute a partir de agora, então, não é o nome do substituto, mas suas chances eleitorais e que tipo de alterações sua entrada em cena pode provocar na corrida e no resultado eleitoral. 
Sem querer ser adivinho, acredito que a entrada de Marina, mais que qualquer outro nome, vá se beneficiar também da comoção que a perda recente de Campos irá acarretar. Isso sem considerar que a candidata já havia demonstrado grande apelo popular, tendo nas eleições de 2010 conseguido grande votação, especialmente em estados com um eleitorado de caráter mais conservador, embora com roupagem mais moderna como o estado de Minas Gerais. Afinal, nunca é demais lembrar que Marina Silva representa a mensagem do novo, simbolizado pelo respeito e cuidado com o meio ambiente, e com a questão cada vez mais transformada em modismo da sustentabilidade. Seja lá, exatamente o que isso possa significar.
***
Quanto à análise de quem perde com a entrada de Marina na disputa, minha opinião é de que Aécio é que tem mais a perder, já que Marina concorre na mesma faixa de centro-direita do menino do Rio, tirando mais votos do ex-governador mineiro que de Dilma. 
Em acréscimo, se ao que tudo indica Aécio pode vir a perder alguns votos junto a sua base eleitoral, a saída de cena de Eduardo Campos abre um enorme espaço no Nordeste para o crescimento da presidenta Dilma, com quem já disputava palmo a palmo. 
Por mais que acredito que parte do eleitorado de Eduardo, por força até da comoção, possa transferir votos para Marina, acho que a candidata tem um potencial mais deletério para Aécio. 
Curiosa e até contraditoriamente, daí o que se pode esperar é o fortalecimento, tal qual em 2010, da possibilidade de ocorrência de um segundo turno que, a julgar por toda a nossa experiência eleitoral, deverá mais uma vez representar uma polarização entre o PT e o PSDB.
Entretanto, as pesquisas é que irão, a cada dia mais que nos aproximarmos do pleito, indicar se tal palpite tem alguma sustentação ou é mero chute.
***
De qualquer forma, perde o país e perdemos todos nós, cada vez que figuras como a de Eduardo Campos se vão. O que nos deixa, claro, mais pobres.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Robin Willians e o dia dos Pais; seus comentários sobre o Brasil. Uma nota sobre o Galo. De quebra o vazio de Aécio, no Jornal Nacional

Talvez tenha sido, que seja de meu conhecimento, uma das maiores homenagens que tenha sido feita aos pais. Em minha opinião, uma das maiores de Hollywood, embora não fosse essa a intenção, já que o filme procurava, sem ser piegas, discutir uma questão mais importante: a da disputa da guarda dos filhos quando da separação do casal, chegando até mesmo a essa alternativa, hoje tão usual, da guarda compartilhada.
Mas, Uma Babá Quase Perfeita, ou Mrs. Doubtfire, com Robin Williians fazendo o papel de um superpai preocupado em cuidar de seus três filhos foi, para mim, um marco.
Além de sucesso de público e do êxito que trouxe a seu protagonista. Cujo talento já tinha sido reconhecido com outros filmes como Bom Dia, Vietnã, ou A Sociedade dos Poetas Mortos, que tantas vezes foi exibido em ambientes e sessões que tentavam mostrar como a inovação, a mudança de hábitos e comportamentos era capaz de promover revoluções.
Além disso, Robin Willians já tinha sido reconhecido pela Academia, tendo recebido o Oscar de melhor ator coadjuvante por seu papel como o psicólogo ou psiquiatra em O Gênio Indomável.
Também marcante foi seu papel como o dr. Patch Adams, no filme cujo título em português foi O Amor é Contagioso, em que faz o papel de um médico que inova no tratamento a doentes internados em hospitais.
Também atuou no comovente O Pescador de Ilusões, de Terry Gilliam e, mais recentemente, no filme Uma Noite no Museu e suas continuações.
Fora das telas, as notícias sobre o ator e sua personalidade não eram tão brilhantes.
Consta, por exemplo, que era excessivamente grosseiro e de mau gosto nas respostas dadas nos programas de entrevistas de que participava, tendo em uma dessas ocasiões, sido extremamente ofensivo ao Brasil.
Tratando da preferência e da escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016, que disputava o direito de realizar os jogos contra a cidade de Chicago, comentou que Oprah - então a representante dos interesses da cidade americana, não precisava ficar chateada com a derrota, já que o Brasil tinha enviado strippers e pó à cerimônia de escolha do local do evento.
***
Passando por problemas pessoais, tendo admitido seu vício em álcool e outras drogas, e tendo se submetido a tratamentos de recuperação, o ator ainda sofria de depressão, o que nos leva mais uma vez a indagar se sucesso, fama, reconhecimento são atributos suficientes para tornar a vida mais plena, mais fácil de ser vivida.
Para Robin Willians, parece que não. E ontem, o ator foi encontrado morto em sua casa, aos 63 anos.
Justamente dois dias passados da comemoração do Dia dos Pais no calendário de nosso país, o que é no mínimo uma coincidência digna de registro, tendo em vista ele ter participado de uma das maiores homenagens feitas aos pais, conforme afirmei no início desse comentário.
***

O Galo e Marcos Rocha

Gosto de Marcos Rocha, a quem considero, ao lado de Cicinho, lateral santista, um dos maiores laterais direitos de nosso futebol atual.
Considero que ele tem sido um dos jogadores mais regulares e destaques do Galo, hoje menos na armação de jogadas e na opção de saída de bola da defesa para o ataque do time, que na época de Cuca. Ao contrário, com Levir o jogador tem se tornado peça mais fundamental na segurança que tem proporcionado à defesa do Atlético, cobrindo as várias falhas que a defesa pesadona costuma apresentar.
Entretanto, se tem melhorado seu comportamento em relação ao seu papel na defesa, como seus críticos tanto cobravam dele, percebe-se nitidamente sua vocação para partir para cima da defesa adversária, postura à que ele se adequa com muito maior satisfação.
E Marcos Rocha tem, em minha opinião, futebol, técnica e condições de substituir o meio campo deficiente do Galo, especialmente em relação a esse papel de armador de jogadas, melhor que a tática do chutão e da ligação direta tentando achar Jô, ajeitando a bola para a chegada de seus companheiros vindos de trás, e tirando o centro-avante da posição que ele devia estar guardando, na área.
***
Mas, no jogo contra o Palmeiras, no último domingo, Marcos Rocha foi mal, errando passes e lançamentos em demasia, o que o colocou na posição de ser um dos que mais contribuíram para o festival de passes errados em que o jogo se transformou.
Que isso não invalida o fato de ele ter qualidades, é inegável, mas daí a escolher o lateral como melhor jogador em campo, vai uma distância quilométrica.
E, além de premiar o lateral, o que foi injusto em minha opinião, eu que sempre o elogio, deu a ele a oportunidade de se emocionar, permitindo a ele chorar ao mencionar a filha pequena, e de ser alvo de perguntas sobre as dificuldades que a zaga do Galo vem apresentando.
Principalmente, ao tratar de jogadas aéreas na defesa, que sempre têm terminado em gols dos times adversários, apesar do tamanho dos nossos defensores.
E Marcos Rocha falou que talvez fosse um problema de colocação em campo, já que Levir privilegia a marcação por zona ao contrário da marcação individual.
Pela declaração que ouvi, não era uma crítica ao técnico do time, senão uma opinião pessoal. E, ao contrário da repercussão e da polêmica que gerou, a declaração concluía com a opinião de que o treinador iria saber corrigir as falhas detectadas.
Talvez por ser cobrado pela qualidade ruim do futebol do time, que mais uma vez venceu no sufoco, no fim do jogo, Levir não aparentou estar tranquilo ao ser indagado sobre o que achava da opinião do jogador, pergunta feita como se o comentário tivesse sido uma crítica pesada, ao contrário de minha interpretação.
E Levir reagiu falando de traição, e depois, ao identificar o autor do comentário, falar que irá ter uma conversa particular sobre o tema.
Para mim, basta que o nosso técnico veja a entrevista de cabeça fresca para ver que exageraram a fala de Marcos Rocha, e que ele estava muito mais parecendo querer se defender que atacar o que quer que fosse, especialmente o esquema tático adotado pelo Galo.
Mas, como com o Galo tudo tem outra repercussão...

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Aécio e o vazio das propostas

Como sempre, ao ser entrevistado ontem pelo Jornal Nacional, na Globo, Aécio não passou das obviedades do discurso que, parte da imprensa insiste em classificar como sendo o discurso do conciliador, para esconder o discurso vazio.
Alegar que foi o governante que mais fez pela saúde e por outras áreas sociais no estado de Minas, enquanto foi governador, invertendo inclusive dados apresentados pela Patrícia Poeta, e argumentar ter sido um governante moderno, inovador, que patrocinou um choque de gestão em Minas, para tirar o estado mineiro do marasmo, só convence mesmo àqueles que não o conhecem, ou àqueles que, com as informações censuradas por "seu carisma e simpatia" tiveram negado o conhecimento da real situação e condições do Estado.
Condições que fazem com que o Estado tenha sido condenado pelo Supremo a pagar o piso nacional dos professores, que não é pago. E que tenha sido apanhado em flagrante ao usar de artifícios que tanto condena no governo federal, para poder cumprir as metas de destino de recursos para a Saúde.
Quanto ao aeroporto, mais uma vez, tergiversou, no que foi ajudado pelos apresentadores que, sem perguntar mais incisivamente da necessidade de um aeroporto na megalópole que é Cláudio, viram que daquele mato não sairia coelho. Nem qualquer explicação mais coerente. A ponto de o ex-governador mineiro dizer que o aeroporto apenas recebeu melhorias no final de seu segundo mandato, ao contrário do que era noticiado, já que a pista já existia, há muito tempo.
Mais uma vez, não falou e nem foi cobrado do fato de que a pista de terra para pouso já existia sim, desde que seu avô Tancredo governou o Estado e, com dinheiros públicos, resolveu favorecer o cunhado.
Segundo Aécio a chácara, um pequeno sítio, que a família mantém apenas para seu descanso de fim de semana.
Hoje, Eduardo Campos irá passar pela sabatina do Jornal. Torçamos para que a desfaçatez possa ser menor, para que o Jornal que já está apresentando quedas de audiência não venha a perder mais público. Afinal, quem o assiste cobra e deseja notícias e não o humor, quase pastelão que ele poderá vir a apresentar, caso o tom continue sendo o mesmo de ontem.
Ou achar que os petistas condenados pelo mensalão merecem críticas, e mancham o curriculo do partido contrário, mas o Eduardo (Azeredo) de seu partido ainda não merece nenhum comentário, já que não foi julgado e não pode ser pré-julgado...
Faz-me rir...
Mas, há quem compre. Podia era comprar e levar para casa...no embrulho.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A farsa de Aécio e a interpretação inocente do jornalista. Debate na Band contra candidatos com ficha questionável e o que está por trás de 39 ministérios

A frase é bastante surrada, mas é a mais adequada ao momento e, principalmente, ao comentário feito pelo jornalista Carlos Lindenberg, no Jornal da Itatiaia dessa fria quinta feira, 7 de agosto: "Me engana que eu gosto!"
Porque ou o jornalista é mal intencionado, ou muito inocente, provavelmente, nem uma coisa nem outra, antes uma mistura delas.
Isso porque, em seu comentário tratando da presença e do discurso proferido ontem, no Senado Federal, pelo candidato a presidente pelo PSDB, Aécio Neves, ficamos sabendo que o senador mineiro resolveu não solicitar licença de seu mandato, durante o período em que estará em campanha pelo país. Entretanto, demonstrando amplo respeito pela Casa, e para não parecer um oportunista, um aproveitador ou um senador relapso com suas obrigações, a primeira das quais, se fazer presente no Senado, o menino do Rio afirmou que irá abrir mão de sua remuneração pelo período que antecede as eleições.
Foi além, afirmando que embora estará em campanha pelo país, pretende manter seu mandato para poder, quando e se necessário, poder usar a tribuna para, como líder que é da oposição, apresentar as ideias, , propostas, e críticas que o partido julgar pertinentes.
Por óbvio não mencionou a importância da manutenção de seu gabinete, de sua equipe de assessores, e de todas as benesses que o cargo lhe assegura, para o desenrolar de sua campanha.
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Bem, e com que comentário nos brinda o insigne jornalista mineiro? Que tudo não passou de criação de um mero factoide por parte do Senador por Minas. Que em linhas gerais, nada muda, ficando tudo na mesma, já que agindo como prometeu agir, Aécio poderá discursar da tribuna, quando julgar oportuno e estiver na Capital Federal, podendo sempre responder às acusações de não estar presente, alegando estar em campanha. Ao que poderá acrescentar o fato de que não está desperdiçando recursos do Legislativo.
Ok. O senador venceu! E convenceu ao jornalista. E, parafraseando o grande Machado, "ao vencedor, as batatas". Na frase depois modernizada pela Blitz e Evandro Mesquita, "batatas fritas!".
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Porque que factoide sem qualquer importância maior é essa decisão de o senador poder continuar usando de suas prerrogativas e dos benefícios de seu cargo?
E quem garante que Aécio irá, de fato, devolver o valor de seus rendimentos, já que o próprio Senado já informou que, sem sua licença, continuará fazendo o depósito de seus 26 mil e poucos reais, religiosamente, como manda a lei?
E como acreditar que Aécio, em campanha e com as preocupações daí decorrentes, irá perder seu tempo para ir à Brasília, para poder então preencher um Darf, destinado a efetuar a devolução do valor indevido, ao Senado?
Quem irá fiscalizar se vai cumprir ou não sua promessa, destinada a ter o mesmo fim de tantas outras equivalentes, enquadrada como mais uma, de campanha?
Na verdade quem irá se lembrar dessa promessa dentro de algumas semanas? Seria o jornalista que defende nossos interesses, o bravo Lindenberg?
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Claro que Lindenberg apenas serve para ilustrar, nesse espaço, qual é o tratamento dispensado aos políticos, por nossa imprensa, especialmente quando essa imprensa tem interesses e mantém laços com algum político ou candidato?
Porque, na verdade, não há nada de incorreto em um jornalista ter suas preferências e vir a público expô-las, acompanhada ou não de suas razões. Isso não apenas é salutar, mas democrático. E contribui para o jogo e o aperfeiçoamento de nossas instituições democráticas.
Inconcebível é o jornalista não deixar claro sua posição, seu interesse, e passando por alguém imparcial, tecer comentários que podem induzir aos ouvintes eleitores.
Confesso que não assisto à maior parte dos comentários de Lindenberg, nem na rádio, nem na edição mineira do Jornal da Band. E não sei, portanto, se ele declarou voto em alguém.
Mas desconhecer que a manutenção do mandato nesse momento pode trazer vantagens que ultrapassam a questão da remuneração, é no mínimo uma falha inaceitável em profissional que ocupa tal posição.
***
Mas não é apenas essa a declaração de Aécio capaz de ganhar destaque nos noticiários de hoje.
O candidato, em evento com representantes de setores ligados ao agronegócio, também se comprometeu, ainda no primeiro dia de seu mandato,  em criar um superministério da Agricultura, incorporando vários interesses hoje disseminados em outras instâncias administrativas.
Justo a música que os ouvidos dos empresários presentes estavam ansiosos para ouvir.
O que também não é de se estranhar do candidato que, ainda nessa semana, em outro evento, prometera recriar o Ministério da Infraestrutura, fortalecido tal como na gestão por exemplo de Eduardo Teixeira, no governo de saudosa memória de Collor de Melo.
O que, dados o estilo, a forma midiática de se dirigir à população brasileira, às afinidades, etc. revela mais de Aécio e de suas referências que qualquer outro comentário que tivesse a finalidade de depreciá-lo.
Aécio e Collor são, na verdade, e até por suas origens, farinha do mesmo saco. Embora o desconhecimento dos eleitores por Collor fosse maior, bem maior nos idos de 89, que a ignorância em relação a Aécio.
Pelo menos em parte.
Collor foi prefeito de Maceió e governava o estado de Alagoas, de pouca projeção nas regiões que concentram o grosso do eleitorado.
Aécio foi governador e é senador por Minas, estado que concentra um dos dois maiores colégios eleitorais do país.
Mas, tanto quanto Collor, Aécio é um completo desconhecido do público, até mesmo dessas Minas Gerais, já que seu governo usou e abusou do direito de impedir que a imprensa pudesse manifestar-se livremente, e pudesse investigar a fundo as várias críticas feitas a seu famoso choque de gestão.
A bem da verdade, nem precisou muito adotar medidas mais ligadas à censura, junto a uma imprensa que, por medíocre, sempre preferiu blindá-lo.
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Mas agora, uma campanha publicitária paga com recursos do sindicatos representativos de funcionários da Educação, da Fazenda pública, funcionários do corpo da fiscalização do Estado - como tal, privilegiados em termos de remuneração - tem ocupado nossos órgãos de imprensa, para mostrar o que foi o governo peessedebista, que deixou de repassar 8 bilhões de reais para a Educação. Que governou concedendo favores às classes empresariais, em detrimento da grande maioria da população.
Mas, tal campanha não tem acredito eu, condições de por a nu quem é o candidato Aécio. O que é uma pena.
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Debate na Band inicia o período eleitoral para valer

Mudando de assunto, começa hoje, para valer, o horário eleitoral com o já tradicional debate promovido pela Band.
Hoje, e nos demais estados da federação, um debate entre os candidatos ao governo do Estado, em nosso caso, com uma polarização flagrante entre Pimenta da Veiga, o candidato dos tucanos e de Aécio, e Pimentel, o candidato do PT e da presidenta Dilma.
Pimenta da Veiga, ex-prefeito de nossa BH, que meteu os pés pelas mãos, ao tentar dar um vôo maior que sua capacidade, ou pelo menos em momento em que caldo de galinha e prudência mandavam que ele ficasse quietinho exercendo seu mandato na prefeitura.
Depois de longo período de ostracismo, Pimenta ressurgiu como ministro do governo de FHC.
Quanto a Pimentel, também ex-prefeito de nossa capital, é responsável por uma traição ao partido a que pertencia e aos seus princípios, por mais que queiram deixar esse fato no limbo, ao articular-se justamente com Aécio para eleger Márcio Lacerda para comandar os destinos da capital.
Como o avô de Aécio ensinava, a esperteza quando é muita engole o esperto, e se Aécio aprendeu a lição de Tancredo, Pimentel não parece não ter tomado conhecimento dela.
Alguns anos depois, rompeu com Lacerda, com Aécio, para completar a lambança de rupturas, iniciada com seus próprios correligionários.
Pimentel foi também ministro de Dilma, o ministro blindado por uma amizade antiga, já que a mesma acusação que valeu a demissão (graças aos céus!) a Palocci, foi feita também ao então ministro do Desenvolvimento e da Indústria. Mas, pela amizade antiga, o comportamento de Pimentel como consultor de empresas que atuavam na Prefeitura na sua gestão, não foi sequer motivo de muita investigação.
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Polarizado o debate, existe pouca informação sobre Tarcísio Delgado, tradicional político candidato pelo PSB, partido de Márcio Lacerda e contra o qual o prefeito se insurgiu.
Quanto aos demais candidatos, só é possível lamentar o pouco espaço que obtêm na midia, que os impede de mostrar a feição do novo na política, como é o caso do candidato do PSOL, partido também que chegou rachado à indicação de seu candidato.

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Aécio e seus 23 ministérios

Não poderia deixar de comentar aqui, declaração de Aécio de que irá reduzir o total de ministérios do governo, dos atuais 39 para 23.
Afinal, para o candidato, tantos ministérios é um acinte à inteligência do eleitor e da população brasileira.
Mas, qualquer pesquisa realizada nos sites de governo mostra claramente, que o número de ministérios de Dilma e do PT não passa de 24.
De onde, então, essa informação de que são 39? Um número mais de 50% maior?
O fato é que, exagerado ou não, os 15 ministros são de funcionários auxiliares de Dilma, que têm o status de ministros. Como é o caso do Ministro Chefe da Casa Civil, do secretário do governo ou do presidente do Banco Central, autarquia que existiria, assim como todas as demais funções, apenas que com status menor.
Portanto, não há como se falar em desperdício de recursos públicos com estruturas administrativas que continuariam existindo, mesmo se a denominação de seus titulares fosse rebaixada.
Mais sério que isso, e mais vergonhoso e preocupante, é saber porque tantos auxiliares com esse status.
No caso do Banco Central, a explicação é conhecida e ilustra bem o que deveria ser o foco de nossas preocupações.
Tudo não passou de uma forma encontrada por Lula para poder conceder ao justamente reconhecido Meirelles, um foro privilegiado, obrigando a que qualquer ato administrativo contra o presidente do Banco Central fosse autorizado e tivesse seu curso na mais alta Corte do país.
É isso. Simples assim. Ao menos nesse caso.