Mas, no meio dessa imensa quantidade de slogans disputando por nossa atenção, um em especial sempre conseguiu se destacar, ficando gravado em meu inconsciente.
Trata-se do slogan adotado pela BandNews FM, a rádio que toca notícias do Grupo Bandeirantes, que martela nossa atenção, divulgando que "Em 20 minutos tudo pode mudar".
É verdade, ao menos em parte. Afinal, para muitas coisas na vida, o período de tempo anunciado é suficientemente extenso, dando oportunidade a que o slogan se confirme. Entre esses eventos que conseguem promover alterações significativas e definitivas em nossa vidas, encontra-se, sem dúvida e com destaque a própria circunstância que caracteriza o fim da vida. Nesse sentido, a morte, representa não caracteriza não apenas algo irremediável, como é capaz de alterar tudo a sua volta. E, a rigor, nem precisa de 20 minutos, pois como diz a sabedoria popular, para morrer é necessário muito pouco. Para morrer, diz o dito, basta estar vivo.
Faço essas considerações para tratar do assunto que dominou manchetes e noticiários no dia de ontem, pela carga que contém de trágico, de inesperado, como foi o acidente que vitimou o candidato a presidente da República Eduardo Campos, do PSB.
Ex-governador de Pernambuco, com gestão amplamente aprovada ao final de dois mandatos naquele estado, que o capacitou a postular o cargo maior da República, Eduardo era uma liderança política jovem, reconhecida mesmo por seus adversários como apto a reivindicar e, caso vitorioso, vir a exercer o mais alto cargo do Executivo Federal, com dignidade e competência.
Nesse sentido, as tradicionais declarações de pesar que costumam salientar a importância, o brilho, a inteligência, a disposição, o preparo do homem e, acima disso, o significado de sua perda para o país, e principalmente para a democracia brasileira, não foram meras frases retóricas.
A morte de Eduardo Campos representou, de fato, grande perda não apenas para sua Renata, companheira permanente, e seus 5 filhos, irmãos e familiares, mas uma perda para a Política brasileira.
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Em relação não apenas ao infortúnio, curiosamente eu comentava em sala de aula, ainda ontem de manhã, o fato de não ter podido acompanhar a entrevista que ele havia dado a William Bonner e à Patrícia Poeta no Jornal Nacional da última terça-feira, por força de ter iniciado as aulas do período da noite.
Lamentei não poder acompanhar a entrevista do candidato do PSB e, por uma questão de justiça, não poder tecer quaisquer considerações críticas aqui nesse blog, tal qual havia feito em relação à entrevista do candidato do PSDB, Aécio Neves.
Simpático ou não ao candidato mineiro, cuja entrevista critiquei pelo vazio de sua retórica e de seu conteúdo e ausência de propostas concretas de governo, comentei junto aos alunos que achava injusto com o peessedebista ter tido a oportunidade de ouvi-lo, criticá-lo e não poder fazer o mesmo em relação a Eduardo Campos, à presidenta Dilma ou ao pastor Everaldo.
Para não ser acusado de estar dando tratamento desigual aos candidatos, até mencionei o fato de que havia pedido em minha casa que gravassem a apresentação do pernambucano neto de Miguel Arraes, para que pudesse escutá-la e comentá-la posteriormente.
Infelizmente, a entrevista foi ao ar e, em casa, se esqueceram de providenciar a gravação. Razão porque eu não pude tratar da participação do candidato.
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E, como diz o slogan, como em 20 minutos tudo pode mudar, hoje, sem sua presença aqui entre nós, a entrevista de Eduardo e a análise de suas opiniões e propostas já não faz mais sentido, valendo mais apenas como registro de memória do que era seu pensamento, ideias e ideais.
Por ter perdido sua entrevista, por ter estado em sala de aula durante toda a parte da manhã de ontem, por ter sabido do funesto acidente justo na hora do almoço, acompanhando os jornais televisivos daquele horário, achei por bem não fazer qualquer postagem ontem.
Como demonstração do luto que todos estamos sentindo e em homenagem a Eduardo Campos, e sua figura sempre afável, sorridente, de voz mansa e olhar tranquilo, ao menos nas imagens que nos chegavam pela midia.
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Mas, como diziam os antigos, rei morto, rei posto. E, sem perda de tempo, as especulações políticas já começam a discutir os nomes daqueles que poderiam vir a ocupar o lugar de Campos, como candidato da legenda ao cargo de presidente da República.
Discussões bizantinas, em minha opinião, já que o nome de Marina Silva, candidata a vice-presidente na chapa homologada em convenção partidária é, de longe, o mais talhado para ocupar o posto agora vago.
Afinal, nunca é demais lembrar que foi o próprio Eduardo que, desde o primeiro momento procurou costurar, mais que o apoio da ex-senadora e colega de ministério de Lula, os acordos que permitiram que Marina saísse como companheira de chapa. Isso para não lembrar que, dado seu peso eleitoral, durante algum bom tempo que antecedeu à indicação formal dos nomes do partido, ainda se discutia se não seria melhor que Marina saísse como cabeça da chapa.
Jogo de cena ou não, isso agora não é relevante, mas pode servir para assegurar que o nome de maior visibilidade e maior densidade no partido seja o da ex-senadora acreana.
O que se discute a partir de agora, então, não é o nome do substituto, mas suas chances eleitorais e que tipo de alterações sua entrada em cena pode provocar na corrida e no resultado eleitoral.
Sem querer ser adivinho, acredito que a entrada de Marina, mais que qualquer outro nome, vá se beneficiar também da comoção que a perda recente de Campos irá acarretar. Isso sem considerar que a candidata já havia demonstrado grande apelo popular, tendo nas eleições de 2010 conseguido grande votação, especialmente em estados com um eleitorado de caráter mais conservador, embora com roupagem mais moderna como o estado de Minas Gerais. Afinal, nunca é demais lembrar que Marina Silva representa a mensagem do novo, simbolizado pelo respeito e cuidado com o meio ambiente, e com a questão cada vez mais transformada em modismo da sustentabilidade. Seja lá, exatamente o que isso possa significar.
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Quanto à análise de quem perde com a entrada de Marina na disputa, minha opinião é de que Aécio é que tem mais a perder, já que Marina concorre na mesma faixa de centro-direita do menino do Rio, tirando mais votos do ex-governador mineiro que de Dilma.
Em acréscimo, se ao que tudo indica Aécio pode vir a perder alguns votos junto a sua base eleitoral, a saída de cena de Eduardo Campos abre um enorme espaço no Nordeste para o crescimento da presidenta Dilma, com quem já disputava palmo a palmo.
Por mais que acredito que parte do eleitorado de Eduardo, por força até da comoção, possa transferir votos para Marina, acho que a candidata tem um potencial mais deletério para Aécio.
Curiosa e até contraditoriamente, daí o que se pode esperar é o fortalecimento, tal qual em 2010, da possibilidade de ocorrência de um segundo turno que, a julgar por toda a nossa experiência eleitoral, deverá mais uma vez representar uma polarização entre o PT e o PSDB.
Entretanto, as pesquisas é que irão, a cada dia mais que nos aproximarmos do pleito, indicar se tal palpite tem alguma sustentação ou é mero chute.
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De qualquer forma, perde o país e perdemos todos nós, cada vez que figuras como a de Eduardo Campos se vão. O que nos deixa, claro, mais pobres.
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