segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Burro com sorte

Burro com sorte. Essa a expressão que tem caracterizado as conversas de Levir Culpi com alguns jornalistas da Globo, SportTv e PFC, o serviço de pay-per-view dos jogos da série A do campeonato brasileiro, quando perguntado de como se sente em relação às manifestações da torcida do Galo.
E foi assim ontem, como já tinha sido no jogo contra o Lanús, na conquista da Recopa.
Ao insistir na manutenção de Emerson Conceição em campo, atuando e falhando em todos lances de que participa pela lateral esquerda, e ao promover substituições não aprovadas pela torcida, imediatamente começa o coro de burro, burro, dirigido ao técnico, quando não são gritadas outras rimas, de mais baixo nível cultural.
A propósito desse coro que manda Levir ir tomar ... caracu, é importante deixar claro que, em geral o coro é puxado pela torcida que, no Independência senta-se exatamente atrás do banco em que fica instalada a delegação do Atlético. Ou seja, no setor dos privilegiados sócios do Galo na Veia. E é importante que essa condição dos torcedores que partem para o baixo calão seja destacada porque, a rigor, mais que se acharem os donos do clube, pelos 500 merrecas que pagam a cada mês conforme declaração de Kalil, esses torcedores é que, por hipótese, têm maior poder aquisitivo. Embora não haja vínculo necessário entre o nível econômico e de renda de qualquer pessoa com seu grau de educação, a ninguém escapa o fato óbvio de que, em nosso país, em geral os mais ricos são também, os que têm maior acesso à educação formal. Isso significa que, em geral, os mais ricos são também os mais letrados, os mais educados e mais cultos.
Mas, nesses tempos bicudos que estamos vivendo em nosso país, especialmente em função de pela vez primeira políticas públicas estarem sendo implantadas para reduzir as disparidades de nossa sociedade, diminuindo principalmente a desigualdade de renda e acesso a bens culturais, parece que certos setores compostos pelos únicos atendidos antes perderam sua proeminência. E, junto com a sua pretensa importância, perderam também a paciência, a postura e até a educação. No fundo, apenas reagem mostrando a mediocridade que lhes era característica desde sempre, mas que ficava obscurecida por sua posição e status.
Só isso, em minha opinião, para explicar o coro dirigido à presidenta Dilma por duas ou três ocasiões, durante os jogos da Copa e até mesmo o coro dirigido a Levir no último domingo.
Em resumo: são os mesmos ignorantes de sempre, arrogantes, que se consideram donos do mundo e que, em sua pequenez, apenas sentem que estão cada vez - felizmente valendo menos e obtendo menos privilégios - e por isso reagem como qualquer animal faria, desde que não educado.
***
Mas, burro ou não, o certo é que o Atlético de Levir dá mesmo sorte e, especialmente em função do uso do amuleto Luan, foi capaz de virar o placar na prorrogação contra o Lanús e vencer a partida difícil contra o Atlético Paranaense, ontem.
Justiça seja feita: Luan não é apenas, como muitos o tratam, um talismã. O problema é que ele insiste, entra, disputa, briga pela bola e, deixando a defesa adversária em situação de desconforto, acaba induzindo tais defesas a erro. De onde surgem os gols contra, um contra o Lanús, outros dois ontem.
Mas, se a entrada de Luan sempre é de agrado da torcida, as mexidas de Levir são, no mínimo, estranhas.
Contra o Lanús, sacou R10, quando Maicosuel estava pior em campo. Ontem, tirou Guilherme, talvez cansado, mas certamente o cérebro do time.
Depois tirou Jô e lançou Dátolo, de novo estranha mudança, já que tinha André no banco...
E, enquanto isso, a torcida continua sem entender o porquê de Marion não ter qualquer chance...
***
Independente disso, o Atlético movimentou-se muito e jogava muito bem com trocas de passes envolventes, levando perigo ao gol paranaense, embora a superioridade demonstrada em todo o primeiro tempo, não se transformou em superioridade numérica. Não fosse o gol, meio espírita de Léo Silva, em mais um lançamento com as mãos de Marcos Rocha, o placar teria ficado em brando. Jô perdendo gols, por pura ansiedade, a bola explodindo no travessão e até uma bola que parece ter cruzado a linha de gol, mas o chip eletrônico da Copa não funcionou, tudo tramava contra o Galo.
No segundo tempo, logo em seu início, um frango de Victor pegou o time de surpresa e, com isso, o time passou a cometer seguidos erros.
Foi então que Levir fez as mudanças e burro ou não, sortudo ou não, fez o Galo voltar a tocar bola, com qualidade e trocar passes em velocidade, a ponto de até Emerson Conceição começar a jogar bem.
E o Galo conseguiu, por sorte, impor-se ao xará conquistando mais 3 pontos preciosos.
***
Não poderia deixar de falar da disposição de todo os jogadores, agora atuando sem terem ficado concentrados e, mostrando responsabilidade e profissionalismo.
Mas, tanto se fala de Guilherme e sua inteligência, jogadas e lançamentos preciosos, sempre deixando os colegas em boa situação, o que é verdadeiro, mas tenho de deixar registrado que, também Tardelli com sua movimentação e correria, e Jô, voltando para buscar jogo e fazer tabelas, merecem destaque.
Pierre e Donizete continuaram fazendo o que sempre fizeram e sabem bem... bateram muito. E foi só.
E Léo Silva voltou a jogar bem, com Réver sério.
Mas, cada vez mais, enche os olhos de toda a torcida que não se recusa a ver é o futebol de Marcos Rocha, de onde saem as melhores jogadas de ataque, ou de ligação entre a defesa e o meio. Dos passes de quem saem inversões de jogada, cruzamentos perigosos, lançamentos, tabelas, etc.
Marcos Rocha está sobrando tanto, que até cobrindo as falhas poucas de seus colegas do meio da zaga ele está. Está jogando o fino, e merece aplausos.

***
A propósito de um pouco mais de respeito por opiniões contrárias


Não gosto do programa comandado por Afonso Alberto, no canal 6 da Net. Por culpa do apresentador, arrogante que se acha o dono da verdade. Mas, de vez em quando, é tão ruim a programação de nossa telinha, que acabo passando por lá.
Também concordo que o ex-juiz José Alberto Teixeira é muito chato, e até desagradável em seus comentários, às vezes.
Mas, o que vi na última semana foi estarrecedor. Contra a opinião de todos que elogiavam o time do Cruzeiro e que cantavam vitória antes a hora, inclusive prevendo uma goleada, o José Alberto insistiu em que o Cruzeiro não podia se sentir com a mão na taça, como Afonso falava.
Afinal, se para Afonso, ao final de setembro o Cruzeiro já será o campeão com 12 pontos de frente, o ex-juiz afirmava que, bastava um tropeço do time azul contra o Botafogo que o campeonato embolava.
Olha, embora o Cruzeiro seja o time de melhor campanha, e que está fazendo por merecer (infelizmente!) ser novamente campeão, o fato é que o futebol só acaba quando termina.
E, o José Alberto de forma desagradável parecia estar torcendo para o time mineiro perder, mais que apenas alertando contra um já ganhou no jogo do Rio.
Pois foi ironizado e escrachado e ... não sei, porque não aguentei a baixaria do apresentador e de seu filho e outros convidados ao programa.
Mudei de canal.
Mas, gostaria de saber o que passa pela cabeça de quem não teve respeito algum por um seu convidado, depois de o Cruzeiro ter tropeçado contra o time da estrela solitária no Rio, onde os jogadores jogam por amor à arte, já que, como é sabido, não recebem salários há muitos meses.
Lastimável... Pra não ver, ou como dizia um crítico de arte parece-me do Jornal da Tarde, de São Paulo: evite.

Nenhum comentário: