segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Ermírio de Morais e a sorte do time de Marcelo Oliveira, e a crise econômica no Brasil e no mundo

Lá pelos idos da década de 70, com os militares ainda como inquilinos do poder, tomou posse o General Geisel, o Ernesto, que por ter ocupado o cargo de presidente da Petrobrás, era considerado de perfil nacionalista.
Na composição de seu ministério, para ocupar a pasta dedicada à Indústria e Comércio, Geisel nomeou o empresário nacional Severo Gomes, sinalizando uma maior participação dos empresários nacionais na direção dos destinos do país, como era reivindicado por toda a categoria que apoiara o golpe, há muito tempo.
Severo era nome aceito pelas fileiras militares, até por ter ocupado já o ministério da Agricultura, no mandato de Castelo Branco e, mais que empresário - proprietário da Tecelagem Parahyba, Severo mantinha um bom trânsito junto à classe política, inclusive com aqueles que pertenciam à chamada oposição consentida, o MDB, sendo respeitado por todos que o conheciam.
Ao fim de três anos, foi forçado a renunciar ao cargo, por ter expresso sem meias palavras, as opiniões que tinha sobre o governo de que fazia parte e o regime. Severo saiu e depois filiou-se ao partido da oposição, agora, PMDB.
A lembrança de Severo veio a minha memória porque Severo, falecido em acidente de helicóptero que também vitimou Ulisses Guimarães, foi um dos empresários emblemáticos de uma fase do nosso país, especialmente, a fase vinculada à segunda grande etapa do nosso projeto de industrialização, o chamando II PND.
Certo que outros empresários se destacavam e lembro-me de um, várias vezes homenageado por revistas como Exame e Visão, na qualidade de empresário do Ano, da Termomecânica, chamado Salvador Arena. O que parecia ser, mas não era um trocadilho com a denominação do partido oficial de sustentação do regime. E uma visita ao google nos mostra que Salvador Arena era italiano de nascimento.
Também havia referências várias a José Mindlin, proprietário da Metal Leve, além de bibliófilo reconhecido.
Além desses, havia o nome de Antônio Ermírio de Moraes, um dos herdeiros da Votorantim e pilar da indústria cimenteira no Brasil, junto de seu irmão José Ermírio.
Mas, sua atuação não se restringia aos negócios do cimento, tendo participado de empresas como a CBA- Companhia Brasileira de Alumínio, e da área financeira. 
Além disso, foi gestor por longos anos da Beneficência Portuguesa, que transformou em hospital modelo e referência no país e na América.
Antônio Ermírio foi desses raros casos de empresário que, se você voltasse no tempo iria, se espantar com a quase idolatria que lhe era dispensada nos corredores e nas salas de aulas, por alunos e professores de Administração.
Trabalhador e frugal, por questões de foro pessoal e até religioso, sempre com ternos amarfanhados, o que despertava comentários nas colunas sociais que evitava, depois da redemocratização do país, entrou na política tendo sido candidato, primeiro a prefeito. Não tenho certeza se também a governador.
Faleceu depois de ter sido vítima do mal de Alzheimer e deixa uma lacuna no meio empresarial do país.
Aos familiares, meu sentimento. 
A ele, minhas homenagens.

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Pra ser campeão qualquer time tem que ter sorte

E o Cruzeiro está dando sorte, muita sorte como mostrou ontem no final do jogo contra o Goiás. Com minha mulher assistindo ao jogo pela televisão pude observar que o time goiano foi mais presente no campo do adversário e levou mais perigo ao gol de Fábio do que o que poderia ser esperado em se tratando de uma partida do time que lidera disparado o campeonato e outro, que está lá embaixo na tabela.
Não apenas isso deu margem a que Fábio pudesse aparecer no final da partida, como ainda estampou a sorte do time, que viu o pênalte, corretamente assinalado pelo árbitro, ser jogado para fora. 
Isso a 20 segundos do final da partida. 
E segue o time mineiro na ponta da tabela, com 7 pontos à frente do segundo colocado.

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Enquanto isso, o time ainda vai sendo ajudado até pelo Galão que, por sorte, derrotou o Inter no Independência. 
Quanto ao jogo de sábado, gostaria de assistir ao mesmo jogo que o comentarista fraquinho da Itatiaia alegou ter visto.
Porque, ao contrário do que foi falado, o Atlético jogou de forma displicente, embora com a entrega e doação individual de cada jogador, que Levir destacou.
Mas, se Jemerson estava impecável, é verdade que abusou da sua qualidade técnica, o que pode se tornar um problema se abusar de querer sair jogando. Dátolo, no meio, foi muito esforçado, mas está longe de demonstrar a qualidade técnica que a torcida exige. Talvez porque inexplicavelmente, tendo apenas a perna esquerda, insiste em jogar apenas pelo lado direito do campo. Ora, com isso, ou o campo acaba ou o argentino paralisa nossos avanços, tirando a velocidade do time, já que tem de parar a jogada, girar o corpo e fazer o passe.
Alex Silva foi muito fraco. Muito mais que quando jogou pelas primeiras vezes, inclusive pela esquerda. Perdeu muitos lances, passes tolos, e foi uma avenida que o Inter soube explorar. 
E, para um técnico que não gosta de improvisar, é curioso que Levir ponha Alex, originariamente um meio campo, na posição de lateral direita. Talvez apenas para que toda a torcida se penitencie das cobranças sobre Marcos Rocha. 
André, pouco acionado, ainda tentou correr, mas a bola não lhe é lançada e ele apenas repete Jô. Não recebe a bola na boa e se perde em campo.
Maicosuel, nada rende ou muito pouco. 
Já o Inter, que teve duas chances claras de gol e poderia ter saído com a vitória, foi um time de Abel. Ou seja, jogou todo fechado, na retranca, o que tornou o jogo mais feio.
Mais feio não significa que não tenha tido emoção. Teve, mas foi jogo fraco, feio e o Galo ganhou como o próprio Levir deu a entender, por força de circunstâncias. Mais que por méritos do time...

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E seguem as discussões quanto ao fato de a economia brasileira estar ou não entrando no pior dos mundos: a estagflação.
Ainda não é essa a situação, já que o PIB mesmo de forma ridícula, ainda cresce. E o desemprego ainda não apresenta sinais de queda evidentes. 
Mas, interessante é verificar que outras economias, como as da Rússia, Chile e de outros países considerados emergentes apresentam os mesmos problemas. E que as análises mostram que parte dessa situação é fruto da redução da demanda da China, por força do ajuste que aquela economia também está realizando. Ajuste que representa crescimento menor.
Ou seja: a julgar pela reportagem estampada pela Folha ontem, a crise econômica do Brasil é sim, consequência da situação externa. O que não deve servir para eximir o governo Dilma de suas responsabilidades e culpas. 
Tampouco deve permitir que a oposição faça as críticas que tentam tão somente desconstruir os argumentos de governo, como se não fôssemos parte de uma economia globalizada e interativa.



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