quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Quando o mercado não apita, já que as decisões são tomadas lá fora

Muito curiosa a reação dos mercados (claro, os financeiro) e de nossos analistas, acerca da trapalhada da decisão do FED, o Banco Central americano, ao menos sob a ótica deles, os analistas domésticos.
Curiosa porque perceberam, ao final das contas, que eles não têm, aqui do Brasil, condição nenhuma para pautar o comportamento de autoridades econômicas dos Estados Unidos.
Ou seja: a famosa situação de captura do órgão regulador pelos interesses regulados, tantas vezes efetivado aqui no Brasil, com a complacência e até a solidariedade e utilização da mídia, não tem nem teve efeito nenhum no dia de ontem, com reguladores de outras praças.
Que pena!! pobre mercado!
Sem obedecer a nossos analistas, que tanto torceram e tentaram vender a ideia da recuperação da economia americana, capaz de dar encerramento ao "quantitative ease" - a folga monetária ou a política monetária frouxa dos Estados Unidos, o Federal Reserve achou que ainda é instável a recuperação observada. E, pior, que não há ainda uma taxa de desemprego suficientemente baixa, para dar fundamento a uma mudança de postura da política monetária.
A velha conclusão da lei de Philips: se ainda há desemprego elevado, não há motivo para que se sustentem as previsões de uma possível elevação da inflação.
E, como quem está no governo ainda é do Partido Democrata, a questão da recuperção do nível de emprego ainda é crucial, e merece ser tratada de forma prioritária.
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Nossos analistas, que torciam para que o governo americano elevasse seus juros e com isso desse origem a uma saída de dólares do nosso país para o nosso vizinho, ou que estancasse a vinda de dólares, perderam a aposta que fizeram de que o dólar iria se valorizar mais ainda.
Os analistas ligados a interesses dos partidos de oposição, que desejavam mostrar o risco de um possível descontrole inflacionário, proveniente do dólar mais elevado, culpando o governo por esses desacertos, também terão que esperar outra oportunidade para continuar o processo de satanização do ministro Mantega. E de críticas à política "equivocada e ultrapassada" do PT.
Aqueles que esperavam e torciam para a  queda do influxo de dólares, para que eles se reduzissem para volumes insuficientes para continuar financiando o elevado déficit (diria que até que astronômico e irresponsável déficit) de nossa conta de transações correntes, também devem estar hoje muito desconfortáveis. Afinal, tudo isso eles previram, tal qual Mãe Dinah. E erraram exatamente da mesma forma que o modelo.
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No fundo, acho entretanto que o desespero maior é daqueles que sabem que, com o governo americano mantendo sua postura intervencionista no mercado, especialmente justificado pela questão do emprego, perde força a crítica que sempre fizeram ao governo da presidenta Dilma, acusado de ser muito intervencionista e, preocupado demasiadamente com o emprego, mais que com o controle da inflação.
Em síntese: ganha força, aqui como lá, a política que fere sobremaneira seus interesses, de juros estratosféricos.
E, essa é, em minha opinião, a frustração maior que não conseguem ocultar.

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