sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O não futebol do Galo em São Paulo

Quarta feira foi pródiga de assuntos, desde o voto de desempate do ministro Celso de Mello, no caso dos embargos infringentes e de sua admissibilidade, passando pela decisão do FED em relação à continuidade da política monetária adotada naquele país, até os jogos de futebol e, mais uma vez, a péssima exibição do Atlético, que culminou com sua derrota no Morumbi.
A rigor, mais uma vez uma não partida ou não exibição do Galo. Um verdadeiro fiasco, de que é uma excelente ilustração o futebol apresentado por Marcos Rocha, que errou tudo que tentou durante o jogo.
E olhe que, quem tem costume de passar por aqui e ler os comentários meus a respeito do glorioso, sabe bem que sou crítico radical de parte da torcida que pega no pé de nosso lateral direito, para mim um dos melhores atletas de nosso time e dos melhores laterais de nosso país.
Mas, todo mundo tem um dia ruim, em que nada parece dar certo. E, no caso de Marcos Rocha, a quarta feira foi um desses dias. E nem foi pela jogada que resultou no lance do gol do São Paulo, que ao tentar rifar a bola de forma estabanada, acabou chutando contra o corpo de Victor, o que permitiu que a bola ficasse limpa para o atacante do São Paulo.
Também não foi pela bola que ele isolou, livre à frente do gol, em jogada muito boa criada por Jô.
Em ambas as situações acima descritas, a pergunta que não quer calar, é porque era ele, Marcos Rocha que estava naquele lugar, naquele instante, ele que não é zagueiro central, e estava ali, na tentativa de dar cobertura a nossos zagueiros? Ou porque ele é que estava na área, livre para marcar o gol e não Jô?
Aliás, porque Jô é que estava fazendo a jogada pela ponta e não Fernandinho?
Na verdade foi pelo conjunto da obra, errando passes que ele não tem costume de errar, ou vamos lá, errando passes em quantidade muito superior àquela que ele costuma errar por jogo. E falhando na marcação do jogador tricolor que avançasse por seu lado.
Com relação à posição de Marcos Rocha, é importante lembrar que é fundamental o elemento surpresa, de jogadores versáteis que se revezam e alternam posições, deixando desnorteada a defesa adversária, que fica sem saber a quem marcar.
Mas o elemento surpresa não pode ser confundido com desorganização tática, e parece que o Galo atualmente está mais para a desorganização e a falta de esquema.
E, nesse meu julgamento estou sendo até muito tolerante com o time de Cuca. Porque, em minha opinião, um time que entra em campo com a postura covarde que entramos na última quarta, não merece qualquer análise. A rigor, não jogou. Não há o que analisar de futebol. Há sim, que falar do não-futebol apresentado.
Covarde, jogando atrás, deixando de marcar a saída de bola do time adversário. Esperando o São Paulo vir com a bola dominada tranquilamente, para começar a dar combate apenas a partir da linha central do campo, esse o retrato do time.
Tanto que fora o lance de Marcos Rocha, e se não me falha a memória, uma falta que Ronaldinho isolou, o Atlético não deu qualquer chute ao gol de Rogério Ceni.
Isso no primeiro tempo, porque na etapa final, quando resolveu jogar com mais disposição, o time continuou sem chutar a gol, limitando-se tão somente a levantar bolas na área paulista, para que Rogério Ceni pudesse mostrar o bom goleiro que é.
Mas, não apenas o Galo entrou em campo para não jogar, ainda enervava sua torcida, quando tinha a posse de bola a seu favor. Aí, resolvia rodar a bola para um lado e  para o outro, sem qualquer objetividade e, ao contrário do que fazem o Barcelona e o Bayern, limitava-se a trocar passes para trás. Em geral, dando a oportunidade para o time paulistano apertar a marcação e roubar a bola em nossa intermediária, pegando toda nossa defesa desguarnecida.
Na verdade, não precisava do São Paulo armar jogadas de contra-ataque. Isso nós fazíamos para eles, ao ficar voltando a bola e errando passes.
Quanto a esse outro ponto, já passou da hora de o time parar de errar passes. Marcos Rocha mesmo, encurralado lá na lateral do campo, por exemplo, várias vezes, pega a bola, dá um toquinho e fica esperando... o que? Os jogadores do adversário cercá-lo e ele ter de jogar a bola de "grila".
Pierre e Josué, além do próprio Marcos Rocha, invariavelmente insistem em atrasar a bola que, ao final, acaba chegando às mãos de Victor, para que ele possa dar o chutão para a frente, em busca de Jô.
Réver e Léo Silva, adotam o mesmo procedimento, quando não tentam sair jogando driblando pelo meio campo, dando a oportunidade para que sejam desarmados e deixem um verdadeiro corredor em sua retaguarda.
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O que acho curioso é que Jô mostrou na seleção brasileira e depois, no jogo contra o Coritiba, onde é que ele deve atuar: enfiado lá dentro, no meio da área do adversário.
Mas no Galo, em geral, não. Ele não entra na área. E nós ficamos sem alguém lá na frente, em condições de marcar os gols que estão nos fazendo falta e sem conter a subida dos beques do time contrário.
A posição de Jô é parte da explicação do porquê em 22 partidas, temos apenas 22 gols feitos, muito pouco para um time que até a pouco tempo atrás, encantava a América do Sul, aplicando impiedosas goleadas nos times que atravessavam seu caminho.
A preocupação em ficar rodando a bola e atrasando-a para o chutão de Victor, é que explica que levamos 23 gols, um número muito elevado para quem tem Pierre, Josué, Marcos Rocha, Réver e Léo Silva, vários jogadores com passagem pela seleção brasileira.
Um vexame.
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Enquanto isso, o Bayern brilha lá fora e cada vez mais aplica goleadas e joga bonito, para frente, e com objetividade, mesmo trocando passes e mantendo a posse da bola.
Enquanto isso, outros times aqui, disparam lá na ponta da tabela, tornando cada vez menor a alegria que nós torcedores atleticanos acreditamos que iria ser nossa marca nesse ano de 2000 e Galo.
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Não sou favorável a uma substituição de Cuca no comando do time, como alguns atleticanos já começam a propor. Acho que, até pela conquista de que ele foi parte importante, ele deve ser mantido para a disputa do Mundial. Acho que seria uma sacanagem tirar dele a oportunidade de ir até o final de uma campanha e conquista em que ele teve um papel importante e indiscutível. Mas, que ele está passando a impressão de estar sofrendo de um certo desgaste ou cansaço frente ao time, isso é fato.
E Cuca tem de começar a pensar em alternativas ainda a tempo de conseguir recuperar o brilho do futebol que o time sob seu comando apresentou no primeiro semestre desse ano.
Para que não nos tornemos protagonistas de um grande vexame no Marrocos, no mês de dezembro. E a disputa do Mundial não seja uma grande frustração em um ano que começou tão vitorioso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu caro amigo PC,

Não fique triste assim, o futebol do atretiquim de vespasiano é este aí. O anterior é que estava fora do padrão.

Abraços,

Élcio