Na Folha
de ontem, o professor Alexandre Schwartsman passa toda a sua coluna destilando,
mais uma vez e como lhe é peculiar, críticas ácidas aos membros da diretoria do
Banco Central, de que ele já fez parte, anteriormente.
Na verdade, suas colunas e
ideias parecem, muitas das vezes, apenas expressões de uma certa má vontade,
talvez até despeito, por não ter mais assento, nem poder tomar as decisões da
envergadura e porte com que a turma atual de diretores tem que lidar.
Na oportunidade, a crítica é
ao conteúdo da ata da última reunião do COPOM, responsável por elevar a taxa de
juros da Selic em 0,5%. Para o colunista, por meio de uma frase cuja elaboração
é uma aula de como não ser transparente na comunicação de qualquer que seja o
assunto tratado, o COPOM está apenas admitindo sua submissão ao Executivo.
Concordando com o
articulista em que a frase é cheia de contorcionismo e ginásticas que visam,
sob a forma indireta, passar informação de extrema relevância ao público e aos
“tais mercados”, a verdade é que o BC de fato é órgão que deve submissão ao
governo federal. Afinal nosso BC não é independente, felizmente. Mesmo que no
exercício de suas atribuições, por motivos até mesmo técnicos, o BC e seu corpo
funcional tenha que ter autonomia.
Não há como confundir
autonomia operacional da instituição Banco Central e sua diretoria, indicada
pelo chefe do Executivo, com a independência que o economista pretende fazer
valer, para permitir ao Banco adotar medidas que possam ser contrárias aos
interesses do governo eleito pelo povo.
E o que diz a frase que
causa toda a coluna, o que apenas me faz questionar como a Folha gasta tanto
espaço e papel com alguém como o Professor, por mais que seu currículo possa
ser digno de respeito e elogios, como também sua trajetória profissional?
A questão é que, por meio de
subterfúgios, o COPOM afirma que, já que o governo está se propondo, e adotando
medidas que visam a reduzir os gastos públicos, visando efetivamente cumprir
suas metas fiscais, de geração de superávits primários, pode ser que daqui em
diante, não seja necessária a manutenção de uma política monetária restritiva.
Ou seja, pode ser que, face às declarações de intenção do governo, caso os gastos sejam de fato contidos, a política de juros não precise continuar na escalada que as atas anteriores faziam antever.
Ou seja, pode ser que, face às declarações de intenção do governo, caso os gastos sejam de fato contidos, a política de juros não precise continuar na escalada que as atas anteriores faziam antever.
Ora, antes, quando prometia
puxar as taxas de juros sempre que necessário, ou seja, sempre que a diretoria
do Banco apostava que o governo não
cumpriria suas metas fiscais e prometia reagir, o articulista acreditava que o palpite
do Banco estava correto e que aquela
instituição estava demonstrando independência frente ao governo, mesmo que
submisso aos ordenamentos do mercado. Ou seja: enquanto submisso aos interesses
financeiros do mercado tudo era aceitável. Tudo bem!
Mas quando, até por força de
suas ações e políticas, o BC consegue extrair do governo uma postura mais, digamos,
responsável em relação às contas públicas, o banco não pode dar um crédito ao
governo, apenas porque o professor faz apostas em direção contrária.
OK, dirão alguns. O governo
é mestre em prometer e não entregar. Mas, não é disso que se trata aqui. A meu
ver, trata-se de uma sinalização necessária, tão necessária quanto as
anteriormente feitas pela autoridade monetária, de que, caso o governo cumpra agora
sua parte, a política monetária não precisará compensar a política fiscal
expansionista.
Algum problema no
raciocínio? Está dito que a taxa Selic não irá subir, caso a promessa não se
cumpra? Não. Em nenhum momento a afirmação, por mais confusa que seja, permite
se extrair tal conclusão.
E o professor apenas gasta
toda a coluna, porque seus interesses são no sentido de juros sempre mais
elevados. Não é a toa que, em colunas anteriores, ele já deu a entender,
inclusive, que é inadequada a preocupação com o nível de emprego ou desemprego,
como justificativa para não se tentar acabar com a inflação de um só golpe.
Bem, falta apenas, dizer que
o professor que defende o desemprego, é vinculado além de sócio de empresa com
atuação no mercado financeiro. Exatamente o tipo de instituição que mais se
beneficia com a alta de juros, que ele teme não mais se verificar...
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