quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Galo morno e Flu sem ritmo: retrato de uma pelada, que só o comentarista não viu. A propósito de comentaristas...

Invicto já há algumas partidas, no campeonato brasileiro, a verdade é que o Galo vem se arrastando. Vá lá que Cuca não repete o time já há bom tempo, seja por mudanças forçadas por expulsões e suspensões, seja por força de contusões, jogadores que, no limite de sua resistência física têm de ser poupados, etc. E agora, mais recentemente, até mesmo por convocações para a seleção brasileira.
Mas, que alguma coisa está esquisita, que o time está se arrastando, que jogadores que se destacaram no primeiro semestre, caso de Diego Tardelli por exemplo, estão muito aquém do que são capazes, também é um fato que não dá para esconder, cobrindo com uma peneira.
***
A verdade é que, mais que estar na dependência exclusiva da genialidade de Ronaldinho Gaúcho que, como foi lembrado pelo Edgar, em sua coluna do Super, é sempre muito perigoso - afinal, R10 pode a qualquer momento ser atraído pelo canto de sereia dos dólares turcos ou de outras origens - o time está sem qualquer opção de jogada, sem interesse, sem vibração, sem futebol.
Ontem, em várias oportunidades o comentarista do pay-per-view mencionou claramente a necessidade de tirar o Atlético da letargia em que se encontrava.
E, mesmo o Fluminense mostrando ser um time fraco, limitado, o Galo só se safou de mais uma derrota por força da diferença que significa ter Ronaldinho em campo. E olha que, a rigor, Ronaldinho nem jogou.
Em minha opinião, apenas cobrou faltas. Duas. E com que categoria e classe. Que golaços, que dão força à frase que diz que ele põe a bola onde quer, como se a atirasse com as mãos.
A ponto de Cavalieri nem se mexer em ambos os lances.
***
No mais, como lembra nosso antigo médio volante, Edgar, é só chutão. Muitas vezes dados pelo Victor, depois de a bola do Galo rondar sem qualquer perigo a área adversária. Aliás, esse é o desenho da jogada: a bola no ataque do Galo que, sem poder de penetração, trança para a esquerda, para o meio, para a direita e, sem arriscar um chute sequer, a bola então é retornada ao meio campo, para reiniciar a jogada. Do meio campo para a lateral, direita ou esquerda, tanto faz, que a devolve ao meio, que sem opção passa a Léo Silva ou Réver, e daí a Victor. E tome chutão.
Ora, se com o Jõ, que tem estatura elevada, não é sempre que o pivô consegue ser feito, e pior, mesmo sendo feito, não é sempre que resulta em jogada de algum proveito, ontem, com jogadores de frente de menor estatura, a bola era para fácil recuperação pelos defensores do Fluminense.
Exceto Fernandinho, e seu barbantinho exagerado, o que se viu foi Ronaldinho sumido, Guilherme sem função e sem espaço e sem conseguir se deslocar para encontrar algum meio de entrar na área. Luan, eternamente correndo, a maior parte das vezes apenas com muito boa vontade. Tardelli, uma incógnita, perdendo lances tão bisonhos que nem parecia estar querendo jogar. Errando passes, matando a bola na canela, sem dar continuidade às jogadas... O que houve com Tardelli, depois da sua frustração com a não convocação para a seleção, ele que tanto merecia ser chamado pelo Felipão?
***
Léo Silva e Réver continuam sendo batidos por qualquer bola no chão, em que jogadores mais velozes consigam avançar trocando passes.
Richarlyson, sofrível. Não marcou, não atacou, falhou no segundo gol. Sua presença em campo teve, apenas, a capacidade de mostrar porque Ronaldinho é admirado por seus companheiros e exerce uma liderança.
A homenagem que R10 prestou ao companheiro que saiu vaiado é comovente, claro. Mas o futebol de Richarlyson, infelizmente foi mesmo muito escasso. Pequenininho.
Na direita, Michel mais uma vez teve oportunidade de confirmar o que insisto em dizer: que saudade e que falta faz Marcus Rocha.
Mesmo que grande parte da torcida, incompreensivelmente, não o apoie.
***
Guilherme é outro caso a ser analisado. Durante todo o ano passado, reclamou de estar jogando fora de sua posição, que seria a de centro avante. Ontem, quando teve a oportunidade de jogar na área, enfiado entre os zagueiros, nada fez. Nem perto da área chegou. De quebra, não arriscou praticamente nenhum chute a gol.
***
É algo precisa ser feito, com urgência por Cuca. Talvez até parar de ficar dando folgas para alguns, enquanto outros estão no sacrifício. Isso pode criar um ambiente ruim, com os jogadores divididos, entre os que têm e os que não merecem folgas.
***
Ainda sobre o jogo. Aliás, sobre comentaristas em geral. Como alguns comentaristas nada comentam, limitando-se a manifestar claramente sua preferência e a torcer escandalosamente.
Ontem, no jogo do Galo, enquanto o time mineiro só mostrava sonolência, o Flu, pelo visto dava verdadeira aula de futebol, já que massacrava o Galo. Ou não? Então porque só o Atlético era criticado, se também o Fluminense não jogava nada. Aliás, justiça seja feita, o jogo estava e esteve muito mais para uma pelada que para um jogo minimamente razoável.
***
Mas, de comentaristas torcedores, não escapam outros esportes e, infelizmente, quem espera uma análise desapaixonada do que está de fato acontecendo na competição, está perdendo seu tempo.
Tostão, que por seu passado no Cruzeiro tem o direito de torcer, às vezes se dá ao luxo de comentar do Galo. Sempre algo correto, seja dito, mas sempre algo que deprecia o Galo.
Que seja um bom comentarista entre os que estão aí, que seja torcedor, tudo bem. Mas, para que ele precisa falar do Galo, se mesmo quando o Galo estava embalado nas finais da Libertadores, ele só via o chutão, o bumba-meu-boi, ou o que ele eufemisticamente chamou de espírito Galo Doido.
Ora, prefiro que ele não fale nada do Galo, se é para sempre falar só dos defeitos. E isso não significa que não admito que as falhas existam e que quero fechar os olhos... Mas, mesmo que tivesse algo a elogiar, nem que fosse a garra, o espírito de luta ou entrega de alguns, ele não fala nada, exceto sobre os defeitos.
***
Já no domingo, vendo provas de equitação, foi interessante, para não dizer divertido ver aparecer na tela o cavaleiro Vitor Teixeira. Imediatamente o torcedor comentarista falou de sua experiência, que ninguém nega e de como, por esse motivo, ele faria um circuito sem faltas, já que tinha zerado na primeira passagem.
Parece que tanto elogio foi praga. No primeiro obstáculo cavalo e cavaleiro cometeram uma falta e perderam 4 pontos, e o título.
***
No jogo de Gasquet e Ferrer,  no tênis ontem, foi ainda mais divertido. Primeiro, com o francês impondo um jogo agressivo para cima do espanhol, o comentarista saiu-se com o comentário de que o francês iria trucidar em pouco tempo - ainda não tinha mais que 1 hora e 10 minutos de jogo - o adversário, quarto colocado no ranking.
O comentário foi tão sem noção, que o outro companheiro na mesma hora comentou que isso, caso o espanhol não reagisse até o final do jogo.
Não deu outra: o espanhol reagiu e esteve a ponto de vencer a partida. E foi aí que o comentarista infeliz soltou outra: como Ferrer tinha disposição e perseguia o ponto que lhe era necessário.
Em um momento, fez uma verdadeira gozação com a falha do francês que, ao receber a bola na sua esquerda, parece não ter tido forças para mudar o rumo da bola, isolando-a.
O gaiato na mesma hora ainda comentou se não iriam repetir o lance.
Na jogada seguinte, foi Ferrer quem jogou a bola na lua. Lá do outro lado da arquibancada. E o silêncio que se seguiu foi total.
Ao fim, mais uma vez, no último set, a torcida para o espanhol era notável, embora o comentarista se lembrasse de que, se recuperasse o jogo agressivo, só então, o francês teria alguma chance.
Bem, enquanto isso o francês quebrava o serviço de Ferrer, com uma dupla falta do espanhol e partia célere rumo à vitória.
Hoje todos sabemos, o francês passou às semi-finais.
***
E até quando nós teremos que continuar convivendo e tolerando esses imbecis que se acham???

Nenhum comentário: