Mais uma vez, tive a honra de ser homenageado pelos formandos de Ciências Econômicas da UNA, com a escolha de meu nome para professor paraninfo.
Assim, cumprindo uma tradição, faço aqui a postagem do discurso que proferi no Chevrolet Hall, na oportunidade.
Boa Noite,
inicio essa nossa última conversa na condição de professor e alunos, confessando-lhes uma perplexidade que me aflige, quando alvo de homenagens e distinção, como a que ora me prestam.
Porque é curioso, estranho mesmo, esse misto de sensações contraditórias a que nos vemos submetidos, nós professores.
Primeiro, a sensação do dever cumprido. A certeza de termos lhes transmitido o máximo, repassado tudo que estava a nosso alcance, do conhecimento técnico e científico de nosso campo do saber.
Em alguns momentos, inclusive, tenho a convicção de que nos superamos e entregamos agora, à sociedade, profissionais UP-TO-DATE. Situados na fronteira de nosso campo de atuação.
Vocês talvez não se recordem, mas chegaram até a cada um de nós, imaturos, uns; descrentes, outros; indecisos, alguns.
E hoje saem formados, bem preparados, prontos para conquistarem seu espaço no mercado de trabalho e deixarem, por sua passagem, rastros indeléveis de sua presença.
É que, por mais infantis, ou imaturos ou ignorantes que fossem, vocês eram terreno fértil, ávidos por saber. Aptos a receberem e multiplicarem as sementes que lhes foram lançadas. Acima de tudo, eram sonhadores. E surdos.
Especialmente surdos aos lamentos e queixas, e desânimo dos que se deixam abater e que foram ficando pelo caminho.
Isso fez de vocês vencedores. E me alegra ter sido participe de sua evolução.
A segunda estranheza provém de estar ciente de termos contribuído para torná-los, mais que bons profissionais, bons cidadãos. Plenos.
Cientes de seus direitos e, especialmente, de suas obrigações. De seus deveres de propugnarem por uma sociedade mais justa, mais solidária, mais fraterna, mais humana. Um ambiente melhor para se viver.
Afinal, como não me canso em repetir, vocês, recém graduados em ciências sociais têm o dever de fazerem difundir o gene que trazem em seu organismo, que é o gene do inconformismo. E do desejo de lutar por melhorias.
Por outro lado, ao capacitá-los para o exercício da profissão, do acesso ao mercado de trabalho e a cargos e carreiras de elevado prestígio e polpudas remunerações, às vezes avulta-se em mim uma dúvida: estivemos preparando-os - e bem, em nossa UNA - para se destacarem no mundo material. Das posses, da riqueza. Das projeções. Do status.
Curioso: logo o Status. Aquilo que te faz comprar algo de que não precisam, para pagar com o dinheiro que não têm, para exibirem para pessoas de que não gostam, só para mostrarem alguém que vocês não são.
Então? Contribuímos para, de alguma forma, permitir-lhes buscar sua felicidade? E mesmo que nenhum de nós a encontre, porque caminho mais que ponto de chegada, vocês sentem-se hoje, mais seguros na busca que empreendem?
Espero sinceramente que sim. E que, junto aos seus, com quem compartilham essa caminhada - e a quem parabenizo e estendo meus cumprimentos - sejam felizes.
Hoje e sempre.
Muito obrigado.
Um comentário:
Paulo, o discurso foi ótimo! Me emocionei bastante. Obrigada pela dedicação e por sempre buscar fazer de nós pessoas melhores. Sei que estamos apenas no início da caminhada, mas, já me sinto alguém melhor e honrada por ter conhecido um professor e economista como você. Obrigada por tudo!
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