Às
vezes
A
sensação de estar à frente
De
peças de dominó enfileiradas
Arrebata-me
Miro-as
metidas em seus ternos
Ou
corpetes
Os
botões brancos reluzindo
Disformes
Meço
a distância que os separa
E a
fragilidade a que se sujeitam
Como
castelos de cartas
A
que apenas um ligeiro sopro
Faz
ruir
Arrastando
consigo todo o conjunto
Estou
ciente
Do
que um simples peteleco
Expressão
de minha vontade
Poderia
provocar
Liberando-me
dos grilhões que eles teceram
E
que me envolvem
A
ponto de ficarem
Ali
à minha frente
Fitando-me
zombeteiros
Enquanto
permaneço imóvel
O
olhar postado fixo
Na
fila organizada
Um
peteleco e a metamorfose
De
uma vida
E o
que me custaria
Tentar
deter o formigamento que me dá
Na
extremidade do dedo
E
que me atiça?
A
curiosidade de procurar antecipar o barulho
O
choque de uma peça atônita contra a outra
E o
ruir
A
queda
O
escombro
E
poeira apenas...
Um
peteleco
Pondo
abaixo toda uma montagem
Construída
pacientemente
Ao
longo de tantas dores de coluna
E
de joelhos sobre os quais me mantinha agachado
Apenas
para ver a última peça se esboroar
Na
superfície lisa
E
quem sabe,
Sem
que fosse essa a intenção
Por
em movimento uma engrenagem
Capaz
de disparar algum projétil
Que
sempre poderia ter como fim
Um
novo alvo
Ou
que poderia passar ao largo
Frustrando
meu intento
E
flutuando no vazio e na ausência
Adorno
ideal
Para
a devastação e o nada
Do
caos gerado por um simples peteleco
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