terça-feira, 24 de setembro de 2013

Efeito Dominó (postando de novo)

Às vezes
A sensação de estar à frente
De peças de dominó enfileiradas
Arrebata-me
Miro-as metidas em seus ternos
Ou corpetes
Os botões brancos reluzindo
Disformes
Meço a distância que os separa
E a fragilidade a que se sujeitam
Como castelos de cartas
A que apenas um ligeiro sopro
Faz ruir
Arrastando consigo todo o conjunto

Estou ciente
Do que um simples peteleco
Expressão de minha vontade
Poderia provocar
Liberando-me dos grilhões que eles teceram
E que me envolvem
A ponto de ficarem
Ali à minha frente
Fitando-me zombeteiros
Enquanto permaneço imóvel
O olhar postado fixo
Na fila organizada

Um peteleco e a metamorfose
De uma vida

E o que me custaria
Tentar deter o formigamento que me dá
Na extremidade do dedo
E que me atiça?

A curiosidade de procurar antecipar o barulho
O choque de uma peça atônita contra a outra
E o ruir
A queda
O escombro
E poeira apenas...

Um peteleco
Pondo abaixo toda uma montagem
Construída pacientemente
Ao longo de tantas dores de coluna
E de joelhos sobre os quais me mantinha agachado

Apenas para ver a última peça se esboroar
Na superfície lisa
E quem sabe,
Sem que fosse essa a intenção
Por em movimento uma engrenagem
Capaz de disparar algum projétil
Que sempre poderia ter como fim
Um novo alvo

Ou que poderia passar ao largo
Frustrando meu intento
E flutuando no vazio e na ausência
Adorno ideal
Para a devastação e o nada

Do caos gerado por um simples peteleco

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