Ao ser eleito e tomar posse como governador do Estado de Minas Gerais, em 1986/87, o primeiro ato de Newton Cardoso foi o de exonerar todos os funcionários ocupantes de cargos públicos do Estado.
A confusão foi gigantesca. Muitos interesses - contagem de tempo para apostilamento, etc., foram feridos.
Instituições acéfalas, secretarias funcionando apenas com o Secretário indicado.
Lembro-me da situção vivida.
Não estou certo se a frase explicativa foi mesmo dele, ou se foi por ele apropriada, ou se o imaginário popular adaptou-a ao Governador. Mas, conta a lenda que ele teria, alguns dias depois de confusão e incerteza, nomeado novamente, praticamente as mesmas pessoas, para os mesmos cargos que ocupavam.
E justificou: tomou a atitude para que todos soubessem a quem deviam o favor da nomeação daquela data em diante.
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Essa situação é, em minha opinião, bastante parecida com a que vivemos em relação ao início do governo Dilma. Para além das diferenças pessoais, de comportamento, formação, visão de mundo e ESTILO, Dilma tem que delimitar claramente a diferença entre seu governo e o de seu antecessor.
Nem que para isso, adote posturas que, diz o folclore, Lula não adotaria, como a questão da queda de braço travada contra as Centrais.
Ou do corte volumoso dos gastos públicos. Embora nesse quesito, basta lembrar que, no início do seu primeiro mandato, Lula também teve comportamento similar, propondo um superávit primário superior ao sugerido pelo próprio Fundo Monetário.
Afinal, não é que Lula gastou exageradamente, no último ano, nem mesmo por ser ano eleitoral, o que já por si só justificaria, qualquer que fosse o partido no poder um comportamento mais gastador.
Como se sabe, o próprio Lula, se fosse o caso, teria que cortar gastos que foram inflados sim, mas para que o Brasil pudesse superar a crise que não criou e de que foi vítima, em 2009. Tal qual a grande maioria dos países, inclusive os europeus desenvolvidos e o próprio Estados Unidos, fizeram.
Elevação de gastos públicos em 2009, saída da crise, recuperação forte com crescimento em 2010, e se não houve oportunidade para cortar gastos naquele ano, de forma a que eles retornassem a seus níveis normais, o corte teria que vir em 2010.
Agora, que ninguém seja ingênuo de que Lula não andou cortando gastos em 2010. Se não nas rubricas que compõem o orçamento, ao menos na prática, ao promover o contingenciamento de crédito, situação que pode ser verificada nas contas da execução financeira.
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Para terminar, que curioso o comportamento de alguns ditos brasileiros cônscios, que não votaram em Dilma; não aprovaram Lula; criticaram a gastança promovida pelo ex-presidente e, agora, satisfeitos, quase que babando em regozijo, vêm criticar à presidenta, pelo fato ela estar, pretensamente, traindo suas bases e praticando um "estelionato intelectual".
Esses, arvoram-se em defensores dos menos favorecidos, que criticavam nas gastanças dos programas de bolsas de Lula.
Tais brasileiros, que agem como torcedores de futebol, mostram claramente que o interesse maior do país, não lhes importa. Importa sim, estar sempre criticando, do outro lado. Onde têm assegurado espaço para desfilarem sua mesquinhez. Quem sabe até, sua mediocridade.
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