quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Pitacos sobre o comportamento da economia

Não devia ser surpresa para ninguém o fato de que, com a elevação decretada pelo Banco Central da taxa de juros básica da economia, a Selic, o resultado sobre nossas contas externas seria imediato. Sob a desculpa da necessidade de se adotar políticas de restrição (monetária) à demanda, visando promover a contenção da inflação, a Selic foi elevada, tornando cada vez mais rentável a aplicação de capitais, de qualquer origem em nosso país.
O influxo de recursos externos iria, como a teoria indica, contribuir para manter o real sobrevalorizado, o que implicaria em redução de exportações, aumento das importações, redução do resultado favorável em nossa balança de comércio e em elevação das despesas com serviços obtidos no exterior.
Ou seja, era previsível que a balança de transações correntes ia apresentar déficit e que esse déficit seria vultoso. Ser recorde para o mês de janeiro, não era novidade. Ser recorde na série temporal, sim. Mas isso de alcançar o maior valor, é de somenos importância, frente à lógica perversa que o explica.
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Tendo como vilão a balança de serviços, o déficit tem sido, a contragosto, apresentado como consequência das remessas de rendimentos e juros feitas pelas multinacionais aqui instaladas  para suas matrizes.
A grande imprensa prefere, na maioria das vezes, falar das viagens internacionais, também pesadamente deficitárias.
Ninguém se lembra que as viagens, para além da questão do mero turismo, sempre contribui com a elevação do nível cultural dos povos. Afinal, desde meus tempos de curso de ensino fundamental, ouvi professores ensinarem que a evolução dos povos gregos muito contou com a contribuição das viagens, das trocas (de mercadorias e conhecimentos e culturas) e do comércio.
Esqueceram que isso contribui ou deve contribuir para a melhoria de nosso nível de conhecimentos e produtividade.
Mas isso é de caso pensado: transformar o viajante ou turista no grande vilão serve aos propósitos das multinacionais. E da globalização que tanto almejamos, lembram-se disso???
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Efeito da globalização, eufemismo para a financeirização das relações internacionais, o Brasil recebe capitais  a quem remunera bem, seja nas aplicações de curto prazo mais voláteis, seja na aplicação produtiva. Afinal, nosso mercado encontra-se em franca expansão o que assegura lucros crescentes. E a remessa de lucros é facilitada pela conversão de reais, cada vez mais valiosos, por dólares cada vez mais baratos, por culpa mesmo da entrada de dólares.
Coisa meio que esquizofrênica: a empresa traz o dólar, converte-o em real e o aplica com alta remuneração. Ao fazer isso, contribui para a queda do valor do dólar, o que faz com que, na hora de tirar o dinheiro daqui, para remetê-lo à matriz, possa comprar ainda mais dólares, ganhando na vinda, na estada e muito mais ainda, na saída.
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Mas não há nada esquizofrênico no samba do crioulo doido, que é extremamente rentável para eles.
Apenas, samba, doideira e crioulos. Achando que com samba no pé, estão agradando ao mundo. O que torna-se assim, coisa de doido.

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