segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Galo chegando... porque o resto não quer avançar...

Um golaço de Marcos Rocha desde o início da jogada com a roubada de bola e o avanço de Fernandinho trocando passes com Tardelli, até a inversão feita para que o lateral acertasse um belíssimo chute a gol.
Antes, uma jogada de Fernandinho pela esquerda, avançando até a linha de fundo como autêntico ponta-esquerda e a presença de Luan no lugar certo, no miolo da área. 
Ao final, o escanteio batido para a área e o bate-rebate que permitiu que a bola sobrasse limpa para Alecsandro dar um toque com tranquilidade para dentro do gol de Aranha, decretando a vitória do Galo de virada.
Dessa forma, o time conseguiu, mesmo sem muito brilho especialmente no tempo final, superar o trauma do gol tomado no início, em pixotada patrocinada por Réver, que tentou sair jogando dando chapéu no adversário.
Talvez por força da bobagem feita, e que beque  nenhum poderia se atrever a fazer, o capitão do Galo andou errando bolas infantis, mostrando uma insegurança muito grande, apenas superada no segundo tempo do jogo. 
Antes disso, reconhecendo toda a dedicação de Réver, e sua importância para a campanha da conquista da Libertadores, a torcida o aplaudiu e ovacionou, gritando seu nome, e apoiando-o. 
Mesmo comportamento que já havia sido adotada em relação a Victor, por ocasião do frangaço que ele havia engolido na partida contra o Vasco.
***
A esse respeito, tirando o chapéu para a torcida e enaltecendo o apoio que ela julgou necessário dar a ambos os atletas, no momento em que eles mais precisavam, fiquei pensando em qual seria a reação, caso a falha fosse, por exemplo, de Marcos Rocha ou de Júnior César.
Claro que sei a reação que a torcida teria, dada sua impaciência e intolerância, especialmente com nosso excelente lateral direito. Mas, independente de estar jogando sério e marcando o ataque santista sem dar espaços para quem fosse que caísse por seu setor, foi de Marcos Rocha o lance mais bonito do jogo, a que se seguiu um passe para Tardelli no segundo tempo, lance que o péssimo bandeira assinalou um impedimento que não houve.
***
Em relação ao gol do Santos, há ainda que se falar do impedimento de Cicinho, lance tão difícil que, mesmo o comentarista precisou fazer uso dos recursos computacionais para ter a certeza de que o jogador santista estava à frente da linha da bola e da defesa do Galo.
***
Entretanto, mais uma vez, o futebol do Galo caiu no segundo tempo, quando o Santos começou a trocar toda sua equipe, tirando jogadores do meio e até da defesa e substituindo-os por atacantes. Enquanto o Santos vinha todo para cima do Atlético, no jogo de abafa, o Atlético não conseguia armar qualquer jogada mais perigosa, limitando-se a voltar o futebol burocrático e sem inspiração que tem sido mostrado jogo após jogo: bola na frente, para ser tocada para Josué, que toca para Léo Silva ou Réver, que faz a bola voltar até o chutão de ..... Giovanni, para que Jô possa tentar escorar a bola na frente e, em tendo êxito, possa rolar a bola para um companheiro a seu lado voltar para Pierre ou Josué, que vai atrasar a bola para Réver ou ....
Faça-me o favor, que jogo feio e sem objetividade. 
Pior: atrai o adversário para cima do nosso time, que fica completamente sem espaços. Até para tentar uma jogada de contra-ataque.
E tome sufoco e haja coração.
Até Alecsandro, que havia entrado em campo não tinha nem 5 minutos, pegou uma bola lá no ataque e, sem opção, atrasou lá da frente para o goleiro do Galo.
Justiça seja feita: goleiro que entrou muito bem e está sendo capaz de suprir a ausência de Victor. 
***
Mas, mais que querer saber o que acontece com o Galo no segundo tempo, e mais que querer saber o que está por trás da queda de futebol do time, ontem o que mais me deixou intrigado foi saber porque o time tanto insistia em por a bola no alto. Porque não fazer o trivial, de por a bola no chão e sair rolando.
Afinal, como dizia ou diziam que dizia Neném Prancha: "meu filho, a bola é de couro, couro de vaca, vaca gosta de grama. Logo, põe a bola para rolar na grama..."
***
Enquanto isso, lá em Novo Hamburgo, o outro time de Minas fazia o trivial e despachava mais um pretenso adversário. Pena que o time do adversário seja formado por um elenco muito bom, talvez dos melhores do campeonato, mas tem um técnico que é muito fraquinho... 
E enquanto Dunga for técnico ou achar que é, o time do Inter não irá conseguir fazer jus ao seu elenco. O que é uma pena especialmente para o futebol.
***
Futebol que, a julgar pelo minuto de silêncio que ninguém respeita e que foi respeitado no início da segunda etapa do jogo de ontem, perdeu o técnico Marão, Mário Celso, que montou e foi campeão com a seleção mineira nos idos de 62, um dos times mais brilhantes armados em nosso Estado.
Com goleadas homéricas, e vitórias contra cariocas, paulistas, paranaenses, o time de Marão foi, acho, o último campeão do torneio de seleções estaduais. 
Time que contava com Amauri, Noventa, Ernani, Marcial, Luiz Carlos, Tião, e tantos outros jogadores que nos deram tantas alegrias.
***
Devo encerrar admitindo que, por mais que eu não acreditasse, Cuca está com a razão. É o Galo, o único time que, pelo que estou vendo, pode tentar impedir o Cruzeiro de se tornar campeão. Porque o resto está fazendo a maior força para não colocar em risco o título dos azulados. 
Botafogo perdendo para Bahia, Ponte Preta, em pleno Maraca. Atlético Paranaense perdendo de goleada para o Vitória, em seu campo, é sinal de que só o Galo mesmo. Embora a 18 pontos de distância...

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

De lemas e associações

Compromisso com a convivência
não é preocupar-se em apor adjetivos
que só restringem
e limitam 
aquilo que se deseja abrangente
mesmo sabendo que o convívio é complexo
mesmo sabendo quão difícil
o  nosso intento
que é tentar relacionar 
com toda gente
Senão que é ser simples e objetivo
para que a ideia que  nos motiva
e que é nosso lema
por ser o que nos inspira
possa surtir efeito 
e ser o  embrião da  unidade
mesmo ciente de que não é tarefa fácil
unir o que nasce e desenvolve-se 
sob o signo de visceral 
diversidade

Mas, nessa idade
o que mais pode importar
se o respeito se manifesta?
se já  restou mais que provado
que cada um, mesmo a seu modo,
fez seu caminho 
e se podemos ir avante como grupo
que é bem melhor 
que cada um 
seguir sozinho.






quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Novos partidos, mais ingredientes para a salada de letrinhas

O TSE aprovou no dia de ontem, a criação de mais dois partidos políticos em nosso país, ambos aptos já a participar das eleições do ano que vem, inclusive com a indicação de candidato a presidência; além de horário gratuito nos rádios e tevês, e financiamento pelo Fundo partidário.
Foram aprovados o PROS - Partido Republicano da Ordem Social, seja lá o que isso possa vir a significar e o Solidariedade do deputado Paulinho da Força Sindical.
Como se sabe, mais uma legenda ainda pode ser criada até o dia 5 de outubro, a Rede Sustentabilidade de Marina Silva, cuja demora em registro nos TREs tem despertado suspeitas de que a demora esteja mais vinculada à força representada pela ex-senadora, ex-ministra e ex-candidata a presidência, e ao estrago que ela poderia fazer ao projeto de reeleição da presidenta Dilma.
Afinal, Marina aparece em todas as pesquisas colocada em segundo lugar na preferência do eleitorado, com a previsão de um percentual de votos capaz de provocar irremediavelmente a necessidade de um segundo turno.
Claro que, embora essa possibilidade traga um potencial de estrago muito maior aos planos do PT, já que a eleição em segundo turno acabaria assumindo um caráter plebiscitário, agora entre duas candidaturas que, a princípio, poderiam parecer ter muitos pontos em comum, inclusive sua origem, é inegável que atrapalha também os planos de Aécio e seu PSDB e de Eduardo Campos.
Como se sabe, Marina é oriunda do PT e em seu discurso defende muitos pontos caros à uma esquerda que poderíamos chamar de esquerda light,  a começar da questão do meio-ambiente, da sustentabilidade. Temas que, mesmo não agradando nem um pouco aos interesses do grande capital, não impediriam o fato de que todas as correntes situadas mais direita do espectro político, da centro direita de Aécio à direita de um Bolsonaro ou Maluf, pudessem se unir em torno da sua candidatura, de forma a retirar o PT do poder, em que está instalado há 12 anos.
***
Na verdade, o que Marina representa, é uma incógnita, embora seu discurso mais moderado tenha sido muito bem recepcionado e mostrou-se bem ao gosto de grande parcela do eleitorado mais conservador, mas não extremista, como por exemplo o de Minas. Aliás, até mesmo de um eleitorado como o de BH, capital das Minas, onde ela foi a mais votada candidata nas eleições passadas, expressão do cansaço do eleitor em relação a mais do mesmo.
Mas, é bom lembrar que se as posturas de Marina são bastante avançadas em relação à questão da terra, do meio-ambiente, das questões ecológicas, suas declarações em questões outras que estiveram presentes na agenda da disputa eleitoral, como o aborto para citar um único exemplo, é bastante influenciada por sua opção religiosa, evangélica que é, e portanto mais conservadora.
O mesmo discurso conservador pode ser observado em outras questões relativas a comportamento e questões de cunho mais pessoal.
Já em relação a outros grandes problemas nacionais, pouco se sabe e pouco se procura conhecer de sua posição pessoal ou do que é sua plataforma.
Certo mesmo é que sua presença na cédula como candidata a presidência atrapalha e muito os planos de Aécio, de Eduardo Campos, embora ambos possam ainda ter mais uma chance, em função de idade e etc., nas eleições de 2018.
Afirma-se inclusive, que a candidatura de Campos nesse momento teria apenas a finalidade de que o governador de Pernambuco pudesse se cacifar e ganhar mais visibilidade e força para daqui há quatro anos.
Já em relação a Aécio, a dúvida é outra, e tem a ver com a necessidade de que para chegar fortalecido a 2018 ele deveria estar ocupando algum cargo executivo, de maior visibilidade, além da eterna briga intestina do PSDB, que reforçaria muito uma candidatura paulista, caso ele fosse derrotado em 2014.
***
Mas, não era isso que eu queria comentar nesse pitaco e sim a expressão crítica de todos os comentaristas e jornalistas e apresentadores de televisão, ao noticiarem a criação dos dois partidos.
Em alguns casos, inclusive, deixando claras suas críticas em relação à quantidade exagerada de partidos existentes em nosso sistema político eleitoral.
Bem, por curiosidade, fui pesquisar no santo Google, a quantidade de partidos existentes nos Estados Unidos, considerada a nação mais democrática do mundo, pero no mucho.
É que já tinha ouvido falar que lá são muitas as siglas e agremiações, muitos os partidos existentes, embora o que chega a nosso conhecimento é a informação da existência de dois partidos, Democratas e Republicanos.
Por ocasião das eleições realizadas naquele país, no máximo se comenta na existência de um ou outro candidato independente, como por exemplo, já se falou a tempos atrás, de Ralph Nader, o líder da luta a favor dos direitos do consumidor.
Pois bem, a verdade é que sites consultados indicaram que disputam as eleições naquele país, ao menos 6 partidos, embora as regras do jogo lá são de forma a que, de fato apenas dois deles tenham chances, os mais famosos.
Inclusive, como se sabe, com a vontade do povo manifestada nas urnas pouca influência tendo em algumas situações, já que o sistema eleitoral americano prevê a eleição indireta como a realmente decisiva. Essa regra que explica, por exemplo, a eleição de Bush filho, embora ele tivesse sido derrotado em número de votos populares por Al Gore.
É que lá o 'establishment' tem peso e se manifesta, o que torna o país mais democrático do mundo mais uma ficção de quem foi capaz de elevar o cinema e toda sua fantasia ao ponto que Hollywood conseguiu projetá-lo.
***
No caso brasileiro, o problema não é a quantidade de siglas, que alcança as 32. Nem a necessidade de que a continuidade dos partidos passasse a depender do cumprimento das chamadas cláusulas de barreira, que obriga a ter um mínimo de percentual de votos e candidatos eleitos, em mais de um estado da federação.
Essas cláusulas já existem ou estão previstas, e deveriam, no caso ser apenas mais bem fiscalizadas.
Afinal, cada grupo de pessoas que se associam deveriam ter uma ideia comum, um pensamento comum, uma visão de mundo ao menos semelhante. E, não é difícil imaginar que essas visões de mundo são bastante díspares, justificando a criação de várias agremiações, mesmo que aos olhos da maioria, algumas delas com ideias também disparatadas.
O problema é que não a criação de novos partidos no nosso país não apresenta qualquer distinção em relação a questões de fundo ideológico, como seria de se esperar. Tão somente, serve para que grupos de oportunistas, com os mesmos pensamentos de milhares de pessoas inscritas e militantes de outras siglas, às quais se encontravam ligados até pouco antes da criação dos novos partidos, aproveitam a oportunidade para terem condições de acesso a tempo de propaganda, para depois transformarem esse direito em matéria de negociação, tudo visando tão somente o enriquecimento e a obtenção de vantagens pessoais.
O problema é que, não há nenhuma divergência de fundo, de conteúdo, nenhuma ideia ou proposta nova, distinta, mesmo que fosse estapafúrdia, apresentada pelas novas siglas. Situação que, no caso, apenas serve para enfraquecer nossa democracia e sua representatividade.
Ora, como todos os partidos acabam se tornando meramente uma salada de letras, às vezes desconexas até, estar em qualquer deles é normal e não causa nem surpresa nem espanto, o que contribui para que a infidelidade partidária não seja realmente uma traição a qualquer princípio programático ou de concepção de vida.
Não se trata de trair ideais (afinal, um conjunto vazio de ideias), mas de fazer arranjos que possam acomodar grupos políticos rivais. Em que a rivalidade é apenas em relação a qual dos grupos irá se aproveitar das vantagens do exercício do poder, em dado momento.
***
Pior ainda, no caso da criação de novas siglas é que, percebendo esse problema da infidelidade partidária, que nega e suprime o interesse e desejo do eleitor (na hipótese também fantasiosa de que o eleitor vota por ideias e plataformas e convicções políticas) que elegeu um candidato de um partido que depois muda para outro com posições diametralmente opostas, nossa legislação tentou impedir esse troca-troca de siglas.
Ficou aberta entretanto a possibilidade de que a infidelidade, agora com outro nome e outra forma, pudesse continuar acontecendo, desde que os eleitos por um partido - para não serem punidos com a perda do mandato, migrassem para um partido novo.
Ou seja: mais uma vez o jeitinho brasileiro funcionando para consagrar o pior que tem no nosso caráter macunaímico.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

As dificuldades de se buscar fazer justiça. Quando as evidências enganam...

Ouço agora, em programa jornalístico da Record: o laudo da polícia criminalística de São Paulo confirma não ter sido encontrado vestígios de veneno no bolo ou no refrigerante ou suco do lanche feito pela família que foi encontrada morta.
Com tal resultado, fica cada vez mais forte a versão de que não houve os crimes que levaram a polícia a suspeitar e conseguir autorização para prender e prender, finalmente, o namorado da vítima.
Por questão de justiça, é preciso reconhecer que todas as informações e indícios apontavam o dedo acusador para o boliviano, pai de uma filha da mulher encontrada morta.
Acusações de agressão contra a namorada que inclusive já tinha registrado boletim de ocorrência contra o namorado; o fato de o boliviano ser considerado de temperamento agressivo e explosivo; de ter estado  na noite anterior, com a filha menor do casal, visitando a família vitimada; de ter participado do lanche, mas não ter provado (nem ele, nem a filha) daquilo que os demais comeram. O fato de ter voltado no dia seguinte à casa da namorada, o que não era seu costume, etc. etc.
É preciso mesmo admitir: tudo indicava ter havido uma chacina, e o suspeito, para tranquilidade da sociedade estava já preso.
Mas, não.
Como se sabe, a pressa é péssima conselheira. E nos leva a juízos equivocados.
E foi esse o caso, a julgar pela constatação de que não houve envenenamento.
Houve sim, um acidente, mais um com vazamento de gás, em um apartamento em que o vazamento referido já teria feito uma vítima, rapaz de 23 anos de idade, recém-casado, além da filha que o casal esperava e que foi abortada.
Parece-me que nem foi esse o único caso de problemas com o vazamento de gás, naquele local.
***
Confesso que também eu, ouvindo as notícias, cheguei a acreditar que, pelo menos nesse caso, a polícia agiu rapidamente e solucionou o crime.
Ledo engano.
Mais um engano e uma peça que nos prega a vida. E a pressa de querer fazer justiça a qualquer custo, que às vezes nos invade e nos impele a acusar sem suficientes elementos que capazes de darem  suporte a nossas convicções tão apressadas e, por isso, insustentáveis.
***
Na verdade o problema é que desejamos sangue. Vingança. Intimamente, queremos a aplicação da lei de Talião.
Parece-me ainda não sermos suficientemente evoluídos e humanos ou racionais, para formarmos nossas verdades em momentos de comoção. Mesmo que, como no caso da família de São Paulo, não tenhamos qualquer contato ou conhecimento com quaisquer dos envolvidos.
Mas, a mídia, o bombardeio de informações nos coloca como participantes desses eventos e pior, nos induz a formação de juízos que podem ser completamente equivocados.
E esse é um perigo a que estamos sujeitos e que poucas vezes nos preocupamos em discutir.
***
Tratando ainda de laudos, o do menino de 13 anos de idade, suspeito de ter matado os pais policiais, além da avó e uma tia-avó, afirmando ser o menor portador de uma doença mental que o fazia ter o mesmo comportamento de um Dom Quixote é mais uma peça do intrincado quebra-cabeças que cerca toda a situação.
Especificamente nesse caso, não que as notícias não estivessem certas ao apontar, desde as primeiras versões a suspeita da polícia quanto à autoria da chacina e o protagonismo do menor.
Mas, a reação de vizinhos, de colegas, de parentes, ao menos no início da fase de tomada de depoimentos, poderia fazer levantar suspeitas de outra autoria, com a história toda apresentada servindo tão somente para esconder vestígios ou encobrir a verdade por trás da chacina.
O laudo agora, embora mais uma peça que deverá continuar ensejando suspeitas e dúvidas, apresenta mais uma evidência que corrobora a versão primeira investigada.
Quanto à família do garoto e a reação que terá nesse momento, é de se esperar que não soubesse mesmo da situação do menor e de seu problema mental, embora os parentes pudessem saber de que o menino foi vítima de falta de oxigenação no cérebro  em procedimento a que se submeteu quando ainda muito novo.
Mas, nesse caso, talvez nem os pais soubessem da possibilidade de o menino ter delírios, já que como o laudo informa, a doença não provoca necessariamente transtornos que pudessem ser identificados com facilidade.
***
Ou seja: como são enganosos nossos julgamentos, capazes de nos fazerem facilmente acusar um inocente e, por força de uma série de circunstâncias, como a carinha boa e simpática de um menino, adotarmos postura de simpatia inesgotável por quem efetivamente cometeu atos condenáveis pela sociedade.

Efeito Dominó (postando de novo)

Às vezes
A sensação de estar à frente
De peças de dominó enfileiradas
Arrebata-me
Miro-as metidas em seus ternos
Ou corpetes
Os botões brancos reluzindo
Disformes
Meço a distância que os separa
E a fragilidade a que se sujeitam
Como castelos de cartas
A que apenas um ligeiro sopro
Faz ruir
Arrastando consigo todo o conjunto

Estou ciente
Do que um simples peteleco
Expressão de minha vontade
Poderia provocar
Liberando-me dos grilhões que eles teceram
E que me envolvem
A ponto de ficarem
Ali à minha frente
Fitando-me zombeteiros
Enquanto permaneço imóvel
O olhar postado fixo
Na fila organizada

Um peteleco e a metamorfose
De uma vida

E o que me custaria
Tentar deter o formigamento que me dá
Na extremidade do dedo
E que me atiça?

A curiosidade de procurar antecipar o barulho
O choque de uma peça atônita contra a outra
E o ruir
A queda
O escombro
E poeira apenas...

Um peteleco
Pondo abaixo toda uma montagem
Construída pacientemente
Ao longo de tantas dores de coluna
E de joelhos sobre os quais me mantinha agachado

Apenas para ver a última peça se esboroar
Na superfície lisa
E quem sabe,
Sem que fosse essa a intenção
Por em movimento uma engrenagem
Capaz de disparar algum projétil
Que sempre poderia ter como fim
Um novo alvo

Ou que poderia passar ao largo
Frustrando meu intento
E flutuando no vazio e na ausência
Adorno ideal
Para a devastação e o nada

Do caos gerado por um simples peteleco

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Galo no primeiro tempo e Vasco no segundo tempo: porque o futebol do Galo não voltou para o segundo tempo?

Infelizmente, sou obrigado a concordar com Élcio, que comentou minha nota sobre o não futebol do Galo em São Paulo, dizendo que esse aí, de agora, é que é o verdadeiro futebol do Atlético.
O do time que conquistou a Libertadores, foi o sonho de uma noite de verão, e nós ainda nem bem começamos a primavera.
Mas, dizer que concordo também não constitui verdade integral. Porque a afirmação do amigo é parcial. Como parcial, por exemplo, foi o futebol do Galo ontem, no Independência, contra o Vasco.
Um início de primeiro tempo como o daquele time do primeiro semestre, com o time sufocando o Vasco e não deixando a defesa vascaína ter tempo para pensar ou sair jogando. Sem condições de dominar a bola e sair tocando, restava os chutões que, como sabemos bem, sob pressão, acabam não sendo capazes de isolarem a bola para o outro lado do campo, afastando, ao menos momentaneamente, o perigo.
Em geral, esses chutões saem prensados e batem nos adversários que estão muito em cima, fazendo com que a bola seja recuperada logo pelo adversário, muitas vezes antes de sequer chegarem a cruzar a linha do meio campo.
E dá-lhe sufoco e correria. E se o time que está jogando na pressão troca passes, rápidos e os jogadores têm habilidade e invertem suas posições, leva desespero ao adversário acabando por impor-se a ele e construindo uma vitória consagradora.
Então, vejamos como isso se aplica à partida de ontem. Com três minutos de jogo, Ronaldinho Gaúcho mostra que pode até não ter mais capacidade de correr, mas é capaz de fazer correr a bola e, tudo isso, com uma inteligência e argúcia típica dos grandes craques.
Não diria que com visão de jogo, porque um passe de calcanhar, de costas para o lance não permite isso. Mas permite dizer que é um jogada feita com base na malícia, na experiência de quem sabe que um toque de calcanhar naquelas condições é sempre capaz de encontrar algum jogador entrando livre pelo meio da defesa adversária, já desguarnecida pela necessidade de seus jogadores terem de ir dar combate na intermediária.
Daí, a genialidade.
E o primeiro gol do jogo, de Fernandinho.
Mas não ficou nisso. O Galo continuou fervendo, matando qualquer possibilidade de reação do time carioca e levando desespero ao seu técnico, Dorival à beira do campo. E o desespero, somado ao descontrole emocional demonstrado pelos jogadores cruz-maltinos acabou fazendo com que o chute, cruzamento de Ronaldinho em direção ao gol acabasse sendo interceptado pela defesa contrária, tirando qualquer chance de defesa do goleiro, e indo estampar o 2 a zero no placar.
***
E aí?
Com dois a zero e o Vasco sentindo muito e mostrando estar muito abalado pela sequência de 4 partidas sem vitória e o fato de estar na zona de descenso, com toda que cerca o clube de São Januário, que inclui brigas políticas e até atraso de salários, o jogo era forma para uma sonora e implacável goleada do alvinegro de Belo Horizonte.
Fosse nosso adversário, por exemplo, onde os jogadores parecem ter ainda muito que mostrar para consolidar sua carreira, e portanto, avançam no adversário como se fossem uma horda de famintos em direção a um prato de comida, o resultado no primeiro tempo já seria uma goleada inapelável.
Mas, no campeão da Libertadores, o que aconteceu?
Talvez com a desculpa de o jogo já estar ganho, de o Vasco não ter mais pernas ou condições emocionais para iniciar uma reação, ou com a desculpa pior de que deveria passar a se poupar para a maratona de jogos que irá enfrentar (como se os demais adversários, inclusive o Vasco não tivessem a mesma maratona, nessa loucura de Copa do Brasil junto ao campeonato nacional), tudo com vistas ao mundial, o time parou.
E no segundo tempo, o que se viu foi um Atlético acuado, jogando atrás da linha divisória do meio-campo, sem capacidade de sair do sufoco que o time carioca aprontou, invertendo completamente o panorama do jogo.
Quem começasse a assistir ao jogo a partirdaquele momento não acreditaria que o Vasco é que fosse o time de branco. E, partindo para cima e dominando um Galo com medo, recuado, nessa bobagem de esperar sobrar uma bola para partir em contra-ataque. Digo bobagem porque os que entendem de futebol ( e quem não entende, não é?) sabem que contra-ataque só funciona quando o desespero domina completamente o adversário, a ponto de ele desmantelar qualquer esquema tático e partir para cima, sem controle.
Ora não foi isso que Dorival armou na volta do segundo tempo.
Ao contrário, mexeu bem, colocou gente da base e com talento, pôs o time para correr, com jogadores novos, mas antes de mais nada, fechou sua defesa e se protegeu. E inverteu completamente o jogo.
***
Com o Vasco não dando espaços para o Galo, e arriscando chutes de qualquer distância, coisa que o Galo pouco tenta e tentou, sabe-se lá porque, acabou acontecendo o inacreditável mais uma vez. E dessa vez com o nosso goleirão Victor. Que pegou um frango, entre as pernas que deve entrar para a galeria dos maiores frangos de sua vida.
Como essa situação acontece com todos os jogadores, e a torcida reconhece o quanto o nosso goleirão tem contribuído com as vitórias e conquistas que temos obtido, aplaudiu o goleiro, deu-lhe apoio moral e aí, com 2 a 1 estampado no placar e o Vasco acreditando numa virada, foi a hora de o time do Atlético acordar e partir de volta para cima. Aí sim, aproveitando alguns lances mais afoitos do meio campo do Vasco, o que permitiu uma série de ataques e bolas perigosas, que não entraram no gol do time carioca por capricho.
E porque àquela altura, uma goleada seria injustiça muito grande com o corajoso e brioso time carioca.
Terminou assim, dois a um, e até Ronaldinho Gaúcho tendo que voltar para ajudar a defesa, despachando a bola com bumba-meu-boi típico de qualquer grande jogador dos gramados de várzea.
Mas, pelo menos, asseguramos mais 3 pontinhos, subindo para oitavo lugar, nesse campeonato que está com uma qualidade tão ruim, que está todo embolado.
***
Exceto Náutico e Cruzeiro, na verdade, todo mundo está muito mal e o campeonato está com um dos níveis técnicos mais baixos de toda sua história.
Não acho correto. Acho um desrespeito falar, como ouvi, na Libertadores, que se o time que está lá na frente não ganhar não ganha mais, já que o campeonato é o mais fácil de ser conquistado.
Será? Não foi o time lá da frente que tornou tudo mais simples, afinal?
Pode ser. Mas, nesse campeonato, o que acho que eles fizeram foi apenas praticar um futebol com regularidade, típica de um time bem organizado e bem montado e estruturado.
O problema é que é o único com essa regularidade.
O resto está fazendo o diabo para perder seus jogos e fazerem difícil o que poderia ser mais fácil.
Isso sim, é gostar de viver perigosamente.

Saudação à primavera e às flores de meu jardim

Início da primavera
despertar de nova era
que enche a vida de flores
novas cores
mil sabores
transformando os jardins
em alegria genuína
típica da mais feminina
de nossas quatro estações

E inaugurando a alegria
que a todos contagia
surgem como paralelas
unidas ao infinito
as minhas flores mais belas
enfeitando meu jardim

E eu que não sou tagarela
não posso conter o espanto
e a surpresa
que a vida
foi reservar para mim
Ter duas filhas
como elas
brilho puro
luz sem fim

Não há como não ter ciúmes
de duas moças assim
que como flores que são
trazem um perfume assim
doce e tão delicado
perfume como o jasmim





sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O não futebol do Galo em São Paulo

Quarta feira foi pródiga de assuntos, desde o voto de desempate do ministro Celso de Mello, no caso dos embargos infringentes e de sua admissibilidade, passando pela decisão do FED em relação à continuidade da política monetária adotada naquele país, até os jogos de futebol e, mais uma vez, a péssima exibição do Atlético, que culminou com sua derrota no Morumbi.
A rigor, mais uma vez uma não partida ou não exibição do Galo. Um verdadeiro fiasco, de que é uma excelente ilustração o futebol apresentado por Marcos Rocha, que errou tudo que tentou durante o jogo.
E olhe que, quem tem costume de passar por aqui e ler os comentários meus a respeito do glorioso, sabe bem que sou crítico radical de parte da torcida que pega no pé de nosso lateral direito, para mim um dos melhores atletas de nosso time e dos melhores laterais de nosso país.
Mas, todo mundo tem um dia ruim, em que nada parece dar certo. E, no caso de Marcos Rocha, a quarta feira foi um desses dias. E nem foi pela jogada que resultou no lance do gol do São Paulo, que ao tentar rifar a bola de forma estabanada, acabou chutando contra o corpo de Victor, o que permitiu que a bola ficasse limpa para o atacante do São Paulo.
Também não foi pela bola que ele isolou, livre à frente do gol, em jogada muito boa criada por Jô.
Em ambas as situações acima descritas, a pergunta que não quer calar, é porque era ele, Marcos Rocha que estava naquele lugar, naquele instante, ele que não é zagueiro central, e estava ali, na tentativa de dar cobertura a nossos zagueiros? Ou porque ele é que estava na área, livre para marcar o gol e não Jô?
Aliás, porque Jô é que estava fazendo a jogada pela ponta e não Fernandinho?
Na verdade foi pelo conjunto da obra, errando passes que ele não tem costume de errar, ou vamos lá, errando passes em quantidade muito superior àquela que ele costuma errar por jogo. E falhando na marcação do jogador tricolor que avançasse por seu lado.
Com relação à posição de Marcos Rocha, é importante lembrar que é fundamental o elemento surpresa, de jogadores versáteis que se revezam e alternam posições, deixando desnorteada a defesa adversária, que fica sem saber a quem marcar.
Mas o elemento surpresa não pode ser confundido com desorganização tática, e parece que o Galo atualmente está mais para a desorganização e a falta de esquema.
E, nesse meu julgamento estou sendo até muito tolerante com o time de Cuca. Porque, em minha opinião, um time que entra em campo com a postura covarde que entramos na última quarta, não merece qualquer análise. A rigor, não jogou. Não há o que analisar de futebol. Há sim, que falar do não-futebol apresentado.
Covarde, jogando atrás, deixando de marcar a saída de bola do time adversário. Esperando o São Paulo vir com a bola dominada tranquilamente, para começar a dar combate apenas a partir da linha central do campo, esse o retrato do time.
Tanto que fora o lance de Marcos Rocha, e se não me falha a memória, uma falta que Ronaldinho isolou, o Atlético não deu qualquer chute ao gol de Rogério Ceni.
Isso no primeiro tempo, porque na etapa final, quando resolveu jogar com mais disposição, o time continuou sem chutar a gol, limitando-se tão somente a levantar bolas na área paulista, para que Rogério Ceni pudesse mostrar o bom goleiro que é.
Mas, não apenas o Galo entrou em campo para não jogar, ainda enervava sua torcida, quando tinha a posse de bola a seu favor. Aí, resolvia rodar a bola para um lado e  para o outro, sem qualquer objetividade e, ao contrário do que fazem o Barcelona e o Bayern, limitava-se a trocar passes para trás. Em geral, dando a oportunidade para o time paulistano apertar a marcação e roubar a bola em nossa intermediária, pegando toda nossa defesa desguarnecida.
Na verdade, não precisava do São Paulo armar jogadas de contra-ataque. Isso nós fazíamos para eles, ao ficar voltando a bola e errando passes.
Quanto a esse outro ponto, já passou da hora de o time parar de errar passes. Marcos Rocha mesmo, encurralado lá na lateral do campo, por exemplo, várias vezes, pega a bola, dá um toquinho e fica esperando... o que? Os jogadores do adversário cercá-lo e ele ter de jogar a bola de "grila".
Pierre e Josué, além do próprio Marcos Rocha, invariavelmente insistem em atrasar a bola que, ao final, acaba chegando às mãos de Victor, para que ele possa dar o chutão para a frente, em busca de Jô.
Réver e Léo Silva, adotam o mesmo procedimento, quando não tentam sair jogando driblando pelo meio campo, dando a oportunidade para que sejam desarmados e deixem um verdadeiro corredor em sua retaguarda.
***
O que acho curioso é que Jô mostrou na seleção brasileira e depois, no jogo contra o Coritiba, onde é que ele deve atuar: enfiado lá dentro, no meio da área do adversário.
Mas no Galo, em geral, não. Ele não entra na área. E nós ficamos sem alguém lá na frente, em condições de marcar os gols que estão nos fazendo falta e sem conter a subida dos beques do time contrário.
A posição de Jô é parte da explicação do porquê em 22 partidas, temos apenas 22 gols feitos, muito pouco para um time que até a pouco tempo atrás, encantava a América do Sul, aplicando impiedosas goleadas nos times que atravessavam seu caminho.
A preocupação em ficar rodando a bola e atrasando-a para o chutão de Victor, é que explica que levamos 23 gols, um número muito elevado para quem tem Pierre, Josué, Marcos Rocha, Réver e Léo Silva, vários jogadores com passagem pela seleção brasileira.
Um vexame.
***
Enquanto isso, o Bayern brilha lá fora e cada vez mais aplica goleadas e joga bonito, para frente, e com objetividade, mesmo trocando passes e mantendo a posse da bola.
Enquanto isso, outros times aqui, disparam lá na ponta da tabela, tornando cada vez menor a alegria que nós torcedores atleticanos acreditamos que iria ser nossa marca nesse ano de 2000 e Galo.
***
Não sou favorável a uma substituição de Cuca no comando do time, como alguns atleticanos já começam a propor. Acho que, até pela conquista de que ele foi parte importante, ele deve ser mantido para a disputa do Mundial. Acho que seria uma sacanagem tirar dele a oportunidade de ir até o final de uma campanha e conquista em que ele teve um papel importante e indiscutível. Mas, que ele está passando a impressão de estar sofrendo de um certo desgaste ou cansaço frente ao time, isso é fato.
E Cuca tem de começar a pensar em alternativas ainda a tempo de conseguir recuperar o brilho do futebol que o time sob seu comando apresentou no primeiro semestre desse ano.
Para que não nos tornemos protagonistas de um grande vexame no Marrocos, no mês de dezembro. E a disputa do Mundial não seja uma grande frustração em um ano que começou tão vitorioso.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Quando o mercado não apita, já que as decisões são tomadas lá fora

Muito curiosa a reação dos mercados (claro, os financeiro) e de nossos analistas, acerca da trapalhada da decisão do FED, o Banco Central americano, ao menos sob a ótica deles, os analistas domésticos.
Curiosa porque perceberam, ao final das contas, que eles não têm, aqui do Brasil, condição nenhuma para pautar o comportamento de autoridades econômicas dos Estados Unidos.
Ou seja: a famosa situação de captura do órgão regulador pelos interesses regulados, tantas vezes efetivado aqui no Brasil, com a complacência e até a solidariedade e utilização da mídia, não tem nem teve efeito nenhum no dia de ontem, com reguladores de outras praças.
Que pena!! pobre mercado!
Sem obedecer a nossos analistas, que tanto torceram e tentaram vender a ideia da recuperação da economia americana, capaz de dar encerramento ao "quantitative ease" - a folga monetária ou a política monetária frouxa dos Estados Unidos, o Federal Reserve achou que ainda é instável a recuperação observada. E, pior, que não há ainda uma taxa de desemprego suficientemente baixa, para dar fundamento a uma mudança de postura da política monetária.
A velha conclusão da lei de Philips: se ainda há desemprego elevado, não há motivo para que se sustentem as previsões de uma possível elevação da inflação.
E, como quem está no governo ainda é do Partido Democrata, a questão da recuperção do nível de emprego ainda é crucial, e merece ser tratada de forma prioritária.
***
Nossos analistas, que torciam para que o governo americano elevasse seus juros e com isso desse origem a uma saída de dólares do nosso país para o nosso vizinho, ou que estancasse a vinda de dólares, perderam a aposta que fizeram de que o dólar iria se valorizar mais ainda.
Os analistas ligados a interesses dos partidos de oposição, que desejavam mostrar o risco de um possível descontrole inflacionário, proveniente do dólar mais elevado, culpando o governo por esses desacertos, também terão que esperar outra oportunidade para continuar o processo de satanização do ministro Mantega. E de críticas à política "equivocada e ultrapassada" do PT.
Aqueles que esperavam e torciam para a  queda do influxo de dólares, para que eles se reduzissem para volumes insuficientes para continuar financiando o elevado déficit (diria que até que astronômico e irresponsável déficit) de nossa conta de transações correntes, também devem estar hoje muito desconfortáveis. Afinal, tudo isso eles previram, tal qual Mãe Dinah. E erraram exatamente da mesma forma que o modelo.
***
No fundo, acho entretanto que o desespero maior é daqueles que sabem que, com o governo americano mantendo sua postura intervencionista no mercado, especialmente justificado pela questão do emprego, perde força a crítica que sempre fizeram ao governo da presidenta Dilma, acusado de ser muito intervencionista e, preocupado demasiadamente com o emprego, mais que com o controle da inflação.
Em síntese: ganha força, aqui como lá, a política que fere sobremaneira seus interesses, de juros estratosféricos.
E, essa é, em minha opinião, a frustração maior que não conseguem ocultar.

O voto extenso e a aula de Celso de Mello

Deu a lógica. Como já havia se manifestado há 13 meses atrás, o Ministro Celso de Mello, decano do STF manteve sua opinião anterior, da admissibilidade dos  chamados embargos infringentes.
Em um voto tão extenso quanto detalhado, o ministro começou chamando a atenção para o fato de que não se sentia responsável, nem carregava o peso ou ônus de ter que proferir o voto decisivo, como lhe havia dito o Ministro Marco Aurélio de Melo, na semana anterior.
Ao contrário, deixou claro que seu voto apenas somar-se-ia a outros cinco votos, já expostos ao público, situação que servia, adicionalmente, para mostrar a divisão que o tema provocou junto ao colegiado de que fazia parte.
Antes disso, lembrou a importância e o significado da data que, por coincidência, era a data de aniversário da promulgação da Constituição de 1946, de inspiração liberal e que foi recepcionada, no STF, como o instrumento de garantia e defesa do Direito, em especial, o direito de qualquer um, fosse quem fosse, ocupasse a posição social ou cargo que ocupasse, tivesse o nome ou sobrenome que tivesse, de ser tratado com isenção, imparcialidade e, justiça.
Após a homenagem à Carta de 46, e por conta dos direitos e garantias individuais e coletivos que ela preservava e garantia, foi protagonista de um puxão de orelha dado, com muita elegância, a seus colegas que haviam, na reunião da semana anterior, abordado a importância de o Supremo não ficar preso a questões de tecnicalidades, para posicionar-se lado a lado do clamor das ruas e da movimentação popular, que exigia a condenação dos mensaleiros.
Nesse momento, sutilmente, puxou a orelha do ministro Marco Aurélio, lembrando-lhe ter sido o autor de votos que, na direção contrária à da voz rouca das ruas, cumpriu o que julgava ser o justo, em relação, por exemplo, à concessão de liberdade ao banqueiro Salvatore Cacciola.
Lembrou que o Direito assegura a qualquer criminoso um julgamento imparcial e com direito a ampla defesa, independente do delito praticado ou de sua gravidade, destacando ser esse respeito aos direitos individuais, mesmo quando contrários ao interesse conjuntural da sociedade, o que a distancia do estado de barbárie, onde prevaleceria a lógica da justiça feita pelas próprias mãos.
***
A esse respeito, foi extremamente instrutivo e ilustrativo dos males e da irracionalidade de uma justiça que se deixa levar pelo emocionalismo que surge no calor do momento, a entrevista que Datena fazia no seu Brasil Urgente, na Band.
Isso porque, longe de a entrevista ser realizada com algum delegado ou policial ou perito ou advogado ligado ao caso, a entrevistada era com a antiga moradora do mesmo apartamento em que mãe e quatro filhos foram encontrados mortos, no início da semana.
Como a imprensa noticiou, os corpos, sem quaisquer sinais identificáveis de violência, foram encontrados pelo namorado da moradora, imediatamente transformado em suspeito, especialmente pela descoberta de seu passado de violência doméstica.
Imediatamente a hipótese de envenenamento ganhou força, com a polícia divulgando que o namorado, um boliviano, esteve na casa no fim de semana e, curiosamente, não compartilhou dos alimentos do lanche que a mulher e seus filhos ingeriram.
Para evitar uma possível fuga do suspeito e consideradas as evidências recolhidas,  a polícia conseguiu autorização judicial para prender o boliviano.
Entretanto, no programa do Datena, a história que a jovem revelava era de que, ainda no início de seu casamento e grávida, foi morar naquele imóvel, onde um vazamento de gás logo foi identificado. Por mais queixas que fizessem, o problema do gás não foi solucionado, o que impedia que pudessem utilizar do fogão à vontade.
Que por força do vazamento de gás, o marido acabou falecendo, e ela acabou perdendo o bebê que esperava.
Contava ainda, não ter conhecimento de nenhuma obra no apartamento, visando eliminar o problema que, inclusive, teria sido objeto de queixa e reclamação da mulher, agora também vitimada.
A jovem apresentou comprovantes de toda sua história, e a polícia reconhece como já havia sido noticiado, a eventualidade de a causa da morte da família ter se dado por um problema de vazamento de gás.
*
Cabe agora, à polícia ouvir a jovem, investigar. Concluir os exames capazes de constatarem a causa das mortes e se houve ou não algum envenenamento da comida.
E nem o  fato que aqui relato tem qualquer intenção de inocentar o boliviano suspeito.
Mas, deve servir para mostrar que, nem sempre, por mais fortes que possam ser ou aparentar ser as evidências, juízos de valor devam ser feitos.
Neste caso, um homem está preso e pode, como alega ser tão vítima quanto a família morta.
***
Mas, voltemos ao caso do mensalão. O ministro Celso de Mello prosseguiu analisando os vários documentos legais que sempre asseguraram a continuidade de vigência e a aceitação dos embargos infringentes, mesmo quando houve a oportunidade de serem eles retirados do texto legal.
De mais a mais, deixou claro o fato de que a existência de previsão legal para o recurso e sua admissibilidade, que era o que se tratava na oportunidade, não implicava o caráter que alguns querem lhe imputar de aceitação do mérito do mesmo.
Ou seja, aceitar que embargos infringentes sejam apresentados, não assegura que o seu teor seja considerado aceitável quanto ao mérito. E menos ainda que sejam necessariamente alterados os juízos que, em primeiro momento, acabou por gerar a condenação dos denunciados.
Ou seja, nem mesmo a alteração dos membros da Corte poderia ser argumento para alicerçar a opinião dos analistas de que o julgamento caminha para revelar-se uma grande pizza. E, mais uma vez, a impunidade prevaleça para aqueles considerados mais privilegiados.
Quando abordou o amparo legal para a admissibilidade dos infringentes, deixou claro que os partidos que agora, por motivos meramente políticos criticam sua existência, tiveram a oportunidade no espaço próprio, o Congresso, de revogá-los, o que não fizeram, por voto de liderança.
Lembrou de Bobbio, para quem há sim, na lei, alguns vácuos por força de desconhecimento da matéria objeto da legislação. Ou por falta de experiência. Entretanto, há também aqueles vácuos intencionais, em que a matéria não foi suficientemente tratada por força de interesse ou vontade do legislador.
Nesse vácuo é que deveria ser tratado o problema dos infringentes, não tratados  diretamente por documento legal, mas existente com amparo regimental, ou seja, previsto e aceito no Regimento do STF.
Diga-se de passagem, recurso que foi acolhido em todos os regimentos que foram feitos na Corte.
***
Tratou minuciosamente do fato de que, sendo o julgamento do STF a última instância, não haveria que se falar em dupla instância de julgamento, mas lembrou que o reconhecimento e a assinatura do Brasil ao Pacto de San José, obriga o país a acatar a existência de uma segunda oportunida, de julgamento sempre, para qualquer réu.
Ou seja, como país signatário o Acordo, ato que foi decisão soberana do Estado brasileiro, as leis brasileiras já deveriam trazer em seu bojo, as condições para que aquele acordo fosse respeitado e cumprido. Isso, segundo o Ministro, no caso específico de uma segunda instância de julgamento estaria assegurado pelos infringentes.
Assim reconhecia a existência dos infringentes, do direito de todo e qualquer cidadão ter a oportunidade de recorrer de uma sentença desfavorável, ainda que tal fosse originária do Supremo. Abordou ainda a questão de que nosso direito sempre se pautou por observar a aplicabilidade da lei mais favorável ao réu, e enfocou ainda a questão de que tais infringentes deveriam ser aceitos sempre que 4 votos fossem favoráveis aos réus, explicando o porque de tal número, que não era um número cabalístico qualquer.
Em suma: votou a favor da admissibilidade dos infringentes e deu uma aula, às vezes extensa, cansativa até, mas de grande profundidade sobre o tema e o Direito, de forma geral.
***
Contrariando aos que perderam seu tempo, propagando emails com uma suposta ameaça de renúncia de Joaquim Barbosa a sua cadeira na Corte maior, o ministro presidente do Supremo estava preocupado em dar agilidade aos procedimentos burocráticos, capazes de darem celeridade ao julgamento dos infringentes.
Também, para deixar os que continuam apregoando que o STF se curvou aos interesses políticos do PT e aliados, sem argumento, o ministro relator dos infringentes, escolhido por sorteio, é justamente um daqueles contrários à sua admissibilidade, o ministro  Fux.
No fim das contas, a conclusão a que até mesmo a imprensa sequiosa por sangue irá chegar, mais cedo ou mais tarde, é que ganhamos nós, o povo brasileiro. Ganha o Estado de Direito e o Direito, como norma de convívio social, de maneira geral.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A seus pés

Quando te vi
Percebi
Estar condenado a enfrentar essa dor
Quando te vi
Logo senti
que não poderia escapar a esse amor
Você me apareceu
o seu sorriso meigo me surpreendeu
seu jeito simples de menina 
logo me envolveu
Seu corpo, sua energia
Seu jeito, sua alegria
Tiveram um efeito arrasador
Talvez fosse encanto ou magia
Você me conquistou  tão fácil
Sem qualquer resistência
E entreguei-me a você sem medo
Sem  peso em minha consciência
Então ciente de seu domínio
E poder de sedução
Você fez de mim o seu escravo
Submetendo-me a seus caprichos
Consumindo toda minha razão
Deixando-me prostrado e entregue

A seus pés, dominado pela paixão 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Tupi ganha na Justiça e a espionagem americana e a reação de Boris Casoy

Felizmente, o Tribunal de Justiça Desportiva manifestou-se ontem e, em minha opinião, fez justiça ao Tupi, eliminando o Aparecidense e indicando o time de Juiz de Fora para seguir na competição, no lugar do time goiano.
Em relação ao massagista do Aparecidense, protagonista de toda a confusão, contudo, a punição foi bastante frouxa, a meu juízo. O tribunal aplicou a ele a pena de 24 jogos de suspensão e 500 reais de multa, conforme divulgado no Bom Dia Brasil, da Globo.
Em relação ao resultado que eliminou o Aparecidense, já nos dias posteriores ao jogo e à trapalhada do massagista, responsável por invadir o campo e, por duas vezes, impedir a marcação do gol do Tupi, que daria ao time mineiro a classificação para a fase seguinte do campeonato, havia comentado aqui que a decisão do tribunal não poderia ser apenas a de anulação do jogo.
Isso porque a realização de uma nova partida iria permitir que o Aparecidense obtivesse um resultado mais favorável o que acabaria beneficiando o infrator e penalizando mais uma vez o time que já havia sido penalizado por uma atitude antidesportiva indiscutível.
Fez-se pois, justiça embora o resultado ainda permite que o time de Goiás entre com recurso da decisão para a instância superior.
Ainda assim, creio e torço para que a punição seja mantida, e que sirva de exemplo para impedir, definitivamente que outros times utilizem desse tipo desprezível de atitude para poder obter seu intento.
De quebra, começa a se solidificar, também espero, a ideia de que, ao contrário do dito popular, não vale a pena ganhar com gol roubado. Não vale a pena ganhar com gol de mão. Não vale a pena ganhar se não for com o jogo jogado, dentro das regras e dentro do campo.
***

Curioso o comportamento de alguns setores da sociedade, dos quais Boris Casoy sem dúvida constitui um representante, em relação ao comportamento que ele julga que deveria ser adotado pela presidenta Dilma, no caso da espionagem de que ela, seus assessores, e interesses econômicos nacionais foram vítimas.
Não há dúvida que essa questão de espionagem é antiga e sempre foi feita e existiu, seja feita pelos Estados Unidos, com nosso país posando de vítima, seja feita pelo próprio Brasil em relação a seus vizinhos sul americanos, como gosta de frisar o apresentador do Jornal da Noite, na Band.
Mas, por admitir que a questão é antiga, não aproveitar a oportunidade para pressionar os Estados Unidos e exigir uma retratação, como a que Dilma está exigindo, apenas porque essa atitude representaria uma reação esquerdista, retrógrada, típica dos anos 60, e de caráter infantil, como Boris classifica a questão, vai uma distância grande.
Afinal, por mais que interesses comerciais importantes estejam em jogo, e as reações podem trazer algum tipo de prejuízo a eles, há também em pauta, mais que os interesses econômicos privados, um interesse coletivo maior, ligado a nossa soberania como nação, por mais vazio que possa ser hoje o termo soberania.
E, embora Boris pareça não concordar, há certos valores que devemos preservar, mesmo que por um comportamento típico de auto-afirmação juvenil, quem sabe até para tentar, aproveitando o vexame daquele que foi apanhado na prática de um ato errôneo, criminoso, conseguir negociar em condições mais vantajosas nas relações comerciais, a título de obtenção de uma  compensação pelo mal feito flagrado.
Dilma está certa, e Boris, bem, gostaria de entender mais o comportamento e a lógica da qual ele tem sido representante.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Curiosidades que geram pitacos. Coisas que não entendo e gostaria de entender

Há coisas que não entendo. Mas, ainda assim, elas são curiosas e, por isso, vieram parar aqui em meus pitacos.
Por exemplo: a necessidade de o Ministro decano do STF, Celso de Mello declarar que aceitar o recurso dos condenados do mensalão, para rever algumas - poucas- das várias condenações não significa que o resultado do julgamento irá se alterar.
Vale lembrar que o ministro já havia se pronunciado em agosto do ano passado, deixando clara sua posição que reconhece que os embargos infringentes têm previsão legal.
Ora, precisava do ministro vir a público para afirmar que entender cabível o recurso não significa que se vá acolher o mérito?
Sim. Precisava. Ao menos para que a mídia não tenha a oportunidade de continuar com sua lenga-lenga de que a aceitação dos embargos infringentes fere a lei. Mentira 1.
Ou que ao serem aceitos, reabre todo o caso do mensalão. 2a Mentira.
Ou que a aceitação dos embargos significa que os petistas condenados, serão perdoados ou não serão punidos. Mentira tão grave que merecia que já tivéssemos aqui em nosso país uma legislação como a que existe em países desenvolvidos ou mais desenvolvidos, como a Inglaterra, que pune os meios de comunicação que divulgarem esse tipo de informações.
De mais a mais, vale frisar que o problema da mídia não é, necessariamente com todos os embargantes que poderão ter nova chance de julgamento caso aceitos os infringentes, mas tão somente com os petistas.
Nem vou dizer que o problema principal, claro, é com Zé Dirceu e a arrogância que o ex-ministro da Casa Civil sempre apresentou.
Tudo bem que ele não seja nem um pouco simpático. Como também o Genoíno não demonstra ser, quando os jornalistas tentam entrevistá-lo.
Mas, daí a quererem o sangue do Dirceu, ou do Genoíno, só por terem conseguido por em prática aquilo que era o programa do Serjão, ministro das Comunicações de Fernando Henrique, vai  uma distância. Afinal, o que está em jogo é uma questão de Justiça e Direito. E se os "inimigos dos petistas" querem a cabeça deles apenas por terem tentado dar corpo à ideia de manter o partido no poder por 20 anos, aí é outra questão.
Questão que passa, em parte, pela perda de Sérgio Motta, autor da ideia e da frase, e que talvez exercesse no PSDB o papel que Zé Dirceu exercia no PT. Para ficar claro: exercia o papel, não estou afirmando que agia da mesma forma.
E que passa também pela incompetência do PSDB, de se manter no poder.
***
Por falar no PSDB, é importante, nesse momento, recordar do comentário de FHC, para quem um novo julgamento do mensalão não representa que a sociedade não reconheceu a culpa dos seus participantes e mentores, mas tão somente que talvez alguns dos condenados não terá apenas que passar a noite na cadeia. Não o dia inteiro.
FHC está correto. O que importa é o reconhecimento de ter havido um crime, e de tal crime ter sido julgado e seus autores condenados. Isso já é, por si só, louvável, e importante.
Querer sangue em lugar de justiça, representado pela necessidade de que Dirceu, e outros, passem algum período de sua vida atrás das grades, se isso exigir que o que consta na lei seja atropelado, é negar a própria ideia que guia e que é a lógica do julgamento em curso.
***
Ministros que jogam para a torcida, ou para o público, existem e sempre existiram e continuarão ocupando postos na Corte Suprema.
A grande questão não é essa. Em minha opinião, a questão é descobrir para que público os ministros estão jogando. Certamente, alguns jogam para a opinião pública, ou o que se convencionou chamar dessa forma, nada mais que o conjunto de pessoas que têm acesso aos meios de comunicação, de quem sofrem verdadeira lavagem cerebral.
Alguns ministros jogam para um público mais específico e perfeitamente identificado, embora não identificável para a maioria.
Querer saber ou discutir qual deles está mais ou menos correto, é discussão bizantina. Afinal, todos os ministros chegaram ao posto, por terem uma vida profissional, uma trajetória que cumpriram fazendo amizades e demonstrando ou representando interesses. Enfim, ao se tornarem juízes e, depois membros do Supremo, não dá para negar que representam grupos e interesses, não necessariamente aqueles que gostaríamos ou que coincidem com os que nós mesmos defendemos e lutamos por.
Daí, dessa conclusão acaciana, defender alguns juízes e seus votos, e para tanto, atacar outros juízes que votaram de forma diversa, é mera manifestação nossa, na posição de torcedores. Vale nada. Embora dê colunas e páginas a alguns desses pretensos comentaristas independentes e iluminados. Ao menos nas páginas de uma publicação como a triste Veja.
Também não é demais lembrar que Dilma, a presidenta, indicou já vários juízes para o Supremo, inclusive o atual presidente, Joaquim Barbosa. Indicou também Rosa Weber, Teori Zavascki, Luiz Barroso.
Mas, ela só indica. Quem aprova o nome dos indicados é o Congresso.
E se o Congresso apenas referenda os nomes indicados, aprovando a todos indistintamente, então essa é outra discussão. E trata do papelão que o nosso Congresso representa, já que não cumpre seu papel.
Assim, dizer que os ministros que lá chegaram estão fazendo o jogo do PT ou de qualquer outro partido é, no mínimo, curioso.
Que tenham simpatia por um partido ou outro, ou até que tenham sido já filiados, antes da indicação para a Côrte, tudo bem. Não há como evitar, já que os ministros, como já dito acima, são cidadãos como outros quaisquer. Não são nem podem ser alienígenas, completamente a parte de tudo que constitui a vida de qualquer um de nós. Torcem por futebol, têm lá sua crença religiosa, já fizeram ou contaram alguma anedota hoje considerada politicamente incorreta, ou até preconceituosa, já votaram e até fizeram propaganda política, por um ou outro candidato, e partido, etc.
Mas, estão lá não pela presidenta ou pelo partido a que ela se filia.
Estão lá por que o Congresso, por sobre todas as siglas ali presentes, os aprovou. E ao Direito e a sua consciência é que devem satisfação. Não à população e à voz rouca que vem das ruas, como querem alguns, porque isso seria negar o próprio Estado de Direito, e dar uma chance enorme aos que, tendo acesos a meios de comunicação, conseguem ou tentam fazer a cabeça de quem está sob seu campo de influência.
***

Síria, ataques e armas químicas


Outra curiosidade que me domina, é relativa a esse plano de entrega de armas químicas pelo governo sírio, proposto pela Rússia e alegremente aceito por Obama.
Que o entusiasmo do presidente americano tenha como fundamento o fato de que toda guerra é sempre a pior das opções, e que representa custos muito elevados, sob todas as formas que se queira analisar, tudo bem.
Mas, a curiosidade não é a reação de Obama. É o fato de que, até aqui, eu entendia que a ação americana seria desenvolvida para parar de vez a prática de crimes contra a humanidade que o governo Assad vem promovendo, contra seu próprio povo.
E tais crimes não se referem apenas a ataques com armas químicas.
Pois bem, entregue o controle do arsenal químico, os demais crimes contra a humanidade, o genocídio, etc. irá desaparecer por encanto? Não continuará ocorrendo?
A paz, a democracia, os interesses dos grupos rebeldes e seus direitos serão respeitados?
A Síria voltará a ser um país em regime de tranquilidade?
Os motivos até aqui alegados para uma guerra serão resolvidos por mágica?


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Sublime Poesia

Poesia é
Sublime
Sublime ação
Realidade concreta
é vida
ou imaginação?
Por certo
a poesia é imagem
razão
afeto
ou emoção?
Poesia é exercício
Prática
Pura sublimação


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Como os interesses afetam na análise de questões econômicas

Na Folha de ontem, o professor Alexandre Schwartsman passa toda a sua coluna destilando, mais uma vez e como lhe é peculiar, críticas ácidas aos membros da diretoria do Banco Central, de que ele já fez parte, anteriormente.
Na verdade, suas colunas e ideias parecem, muitas das vezes, apenas expressões de uma certa má vontade, talvez até despeito, por não ter mais assento, nem poder tomar as decisões da envergadura e porte com que a turma atual de diretores tem que lidar.
Na oportunidade, a crítica é ao conteúdo da ata da última reunião do COPOM, responsável por elevar a taxa de juros da Selic em 0,5%. Para o colunista, por meio de uma frase cuja elaboração é uma aula de como não ser transparente na comunicação de qualquer que seja o assunto tratado, o COPOM está apenas admitindo sua submissão ao Executivo.
Concordando com o articulista em que a frase é cheia de contorcionismo e ginásticas que visam, sob a forma indireta, passar informação de extrema relevância ao público e aos “tais mercados”, a verdade é que o BC de fato é órgão que deve submissão ao governo federal. Afinal nosso BC não é independente, felizmente. Mesmo que no exercício de suas atribuições, por motivos até mesmo técnicos, o BC e seu corpo funcional tenha que ter autonomia.
Não há como confundir autonomia operacional da instituição Banco Central e sua diretoria, indicada pelo chefe do Executivo, com a independência que o economista pretende fazer valer, para permitir ao Banco adotar medidas que possam ser contrárias aos interesses do governo eleito pelo povo.
E o que diz a frase que causa toda a coluna, o que apenas me faz questionar como a Folha gasta tanto espaço e papel com alguém como o Professor, por mais que seu currículo possa ser digno de respeito e elogios, como também sua trajetória profissional?
A questão é que, por meio de subterfúgios, o COPOM afirma que, já que o governo está se propondo, e adotando medidas que visam a reduzir os gastos públicos, visando efetivamente cumprir suas metas fiscais, de geração de superávits primários, pode ser que daqui em diante, não seja necessária a manutenção de uma política monetária restritiva.
Ou seja, pode ser que, face às declarações de intenção do governo, caso os gastos sejam de fato contidos, a política de juros não precise continuar na escalada que as atas anteriores faziam antever.
Ora, antes, quando prometia puxar as taxas de juros sempre que necessário, ou seja, sempre que a diretoria do Banco apostava que o governo não cumpriria suas metas fiscais e prometia reagir, o articulista acreditava que o palpite do Banco estava correto e que aquela instituição estava demonstrando independência frente ao governo, mesmo que submisso aos ordenamentos do mercado. Ou seja: enquanto submisso aos interesses financeiros do mercado tudo era aceitável. Tudo bem!
Mas quando, até por força de suas ações e políticas, o BC consegue extrair do governo uma postura mais, digamos, responsável em relação às contas públicas, o banco não pode dar um crédito ao governo, apenas porque o professor faz apostas em direção contrária.
OK, dirão alguns. O governo é mestre em prometer e não entregar. Mas, não é disso que se trata aqui. A meu ver, trata-se de uma sinalização necessária, tão necessária quanto as anteriormente feitas pela autoridade monetária, de que, caso o governo cumpra agora sua parte, a política monetária não precisará compensar a política fiscal expansionista.
Algum problema no raciocínio? Está dito que a taxa Selic não irá subir, caso a promessa não se cumpra? Não. Em nenhum momento a afirmação, por mais confusa que seja, permite se extrair tal conclusão.
E o professor apenas gasta toda a coluna, porque seus interesses são no sentido de juros sempre mais elevados. Não é a toa que, em colunas anteriores, ele já deu a entender, inclusive, que é inadequada a preocupação com o nível de emprego ou desemprego, como justificativa para não se tentar acabar com a inflação de um só golpe.

Bem, falta apenas, dizer que o professor que defende o desemprego, é vinculado além de sócio de empresa com atuação no mercado financeiro. Exatamente o tipo de instituição que mais se beneficia com a alta de juros, que ele teme não mais se verificar...

Justiça ou Vingança: o que deseja a sociedade?

Devo admitir que é limitado meu conhecimento quanto a leis e ao Direito, como já tive a oportunidade de manifestar nesse espaço, em pitacos anteriores.
Mas a verdade é que o voto do Ministro Barroso foi de uma felicidade ímpar, quando afirmou taxativamente que a permanência do Estado de Direito impõe o dever de que o direito de onze cidadãos não venha a ser sobrepujado pelo interesse, torcida, opinião ou desejo de milhões de outros cidadãos.
Referia-se o Ministro, à aceitação dos chamados embargos infringentes, que permitem que o réu que obteve 4 votos favoráveis a sua absolvição tenha o direito de ver sua causa examinada uma segunda vez, como que se o tribunal, a título de evitar qualquer injustiça, promovesse uma segunda oportunidade de exame da questão aos seus membros.
Cria-se assim, a oportunidade de que aquele juiz que tenha votado sem muita convicção, possa alterar sua posição, tomando a decisão mais adequada a sua consciência.
No caso em tela, o mensalão, a aceitação dos tais embargos infringentes iria alcançar a 11 dos réus, sendo alguns deles os de maior projeção política, como o ex-ministro José Dirceu, o deputado José Genoíno e João Paulo.
Caso mantida a decisão da maioria, em um reexame da acusação e julgamento em relação à denúncia de formação de quadrilha, vários desses políticos teriam suas penas validadas, o que significa que teriam que se submeter à privação de liberdade. Traduzindo em miúdos: vários deles iriam pagar na cadeia.
Dessa forma, a alma nacional estaria começando a ser lavada, e uma pá de cal estaria sendo lançada definitivamente sobre a famosa e indecorosa impunidade, uma das faces de expressão de todas as nossas mazelas.
Será?
Sem querer entrar nessa discussão, e sem entrar na questão de tais embargos terem o poder de arrastar, ao menos para os 11, e para o caso de apenas alguns crimes específicos dentre aqueles por que foram condenados, a verdade é que, consagrados e aceitos por nossa Justiça, seria estranho que tais embargos não fossem acatados, apenas para saciar a nossa pressa de ver o caso do mensalão liquidado e seus membros devida e severamente punidos.
Foi sob essa ótica que achei o voto do Ministro Barroso importante. Porque ele me fez lembrar de um filme famoso de Hollywood, estrelado por Henry Fonda: 12 homens e uma sentença.
Um filme que é uma aula de como uma dúvida razoável que possa ser arguida em favor da inocência de alguém, deve ser levada em consideração, mesmo que nossa impressão seja negativa a respeito de quem esteja sendo beneficiado por tal postura.
Ora, no filme, realizado em dia de decisão final de campeonato esportivo nacional, todos os jurados só desejavam deixar a sala onde estavam reclusos, e onde o sistema de ventilação estava funcionando precariamente ou não funcionava, para poderem voltar a suas casas, suas famílias e à tevê, onde o jogo estaria sendo transmitido.
O resultado foi que, uma pequena dúvida levantada pelo personagem de Fonda foi suficiente para que, noite adentro, um a um dos jurados fosse sendo convencido de que não havia suficiente prova, senão evidências para que o réu não fosse condenado.
Até a decisão final, o jogo já tinha acabado há algum tempo, e já não restava mais motivos para que a pressa não desse lugar a um julgamento mais isento.
***
Pois bem, o ministro disse com todas as letras que tanto quanto a sociedade não vê a hora de o julgamento chegar a seu termo. E ver as punições serem aplicadas. Mas isso não significa que sua consciência lhe permitisse sobrepor ao direito desses 11 embargantes a vontade da pressa e da punição que está sendo cobrada por toda a sociedade brasileira.
Que o embargo venha a representar um mero instrumento protelatório, isso faz parte do jogo. Mas, a decisão diz respeito a se fazer justiça. Não vingança. E é esse tipo de pensamento e comportamento que cria um judiciário confiável. E é exatamente isso que a sociedade brasileira está reivindicando: instituições confiáveis.

Parabéns, pois, ao ministro.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A gangorra da popularidade de Dilma e as razões para a melhoria da aprovação de seu governo

Pesquisa encomendada pela Confederação Nacional Transporte - CNT indica ter melhorado tanto a avaliação popular em relação ao governo Dilma quanto a avaliação pessoal da presidenta.
Para os analistas, a melhora na performance deve-se a uma mudança de postura da presidenta, que resolveu expor-se mais, realizando maior número de viagens pelo país e mais discursos, por um lado, e ao programa Mais Médicos, aprovado por mais de 70% da população.
Curiosamente, os comentaristas não abordaram a questão que foi identificada como "fiasco" das manifestações do último 7 de setembro que, em minha opinião, têm parcela importante, senão na recuperação da popularidade, ao menos na oscilação que as pesquisas indicaram estar em curso.
Explico: em minha opinião, a elevada popularidade que a presidenta apresentava antes de junho foi a maior vítima das manifestações ocorridas naquela ocasião.
Pode-se dizer que a queda da popularidade foi o subproduto do movimento que levou a população, em especial em São Paulo, a sair às ruas, como reação à elevação do preço dos transportes públicos, em momento em que a inflação se elevava, principalmente aquela que mais afeta o bolso de todos nós, a inflação dos alimentos.
Numa ocasião como essa, o aumento dos preços dos transportes, aliado à péssima qualidade dos serviços prestados, foi o estopim que levou às ruas o movimento, mais tarde vitorioso, contra os aumentos de transportes urbanos.
Na carona desse movimento, até por tratar de questões relacionadas ao mesmo problema do custo dos transportes, o movimento ganhou força com a ação dos partidários do Movimento do Passe Livre, que também ganharam as ruas.
E tiveram o combustível extra promovido pela ação violenta da polícia, como reação a um movimento que assumia, então, um caráter pacífico, embora reivindicativo.
***
Importante observar que o motivo da movimentação popular nem se referia diretamente a questões sob a direta responsabilidade da chefe do Executivo federal, nem apenas ao Partido dos Trabalhadores, o PT de Haddad, prefeito paulistano. Envolvia também, parcialmente, o governador paulista, do Partido da Social Democracia Brasileira, o PSDB.
Mas, o momento que o país atravessava, de aumento da inflação; críticas indiscriminadas à inação ou ineficiência das medidas adotadas pelo governo federal, especialmente na área econômica, com o reflexo importante na expectativa de um crescimento do PIB completamente inesperado e ridiculamente pequeno; a proximidade do início da Copa das Confederações, evento que atrairia para o país as atenções de todo mundo e, principalmente, a questão de que esses jogos teriam lugar em estádios que custaram muito mais que as previsões de gastos iniciais para suas reformas, além de que algumas das arenas constituíam autênticos elefantes brancos, tudo alimentou a onda de insatisfação que tomou conta do país.
Em minha opinião, mais que qualquer outro motivo, nesse momento de turbulências a oposição soube habilmente capitalizar as  insatisfações dispersas entre os vários e distintos grupos sociais e utilizando o mote dos gastos excessivos com os estádios de futebol, e a corrupção inerente a tais obras, conseguiram difundir a ideia de um governo que, além de gastar muito e mal, priorizava questões menos relativas às verdadeiras carências e necessidades da população, como saúde, educação, segurança e transportes.
E de quebra, ainda fechava os olhos às falcatruas e malversação de fundos públicos, incentivando pela inação que se propagasse a ideia de um pais de roubalheira consentida e de impunidade.
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Aliado a tudo isso, o caso mensalão e o fato de ainda não haver qualquer punição concreta, ajudava a fortalecer a imagem de um governo que compactuava com a corrupção, ideia no mínimo discutível.
Bem, os jogos tiveram início e, apresentando a visibilidade natural os manifestantes ocuparam as ruas, embora o problema que tivesse dado origem a toda a movimentação popular começou a ser resolvida, com as autoridades, especialmente em São Paulo, admitindo recuar e fazer reduzir o preço das passagens de ônibus.
No que foram seguidas por prefeitos de outros municípios, todos aproveitando-se da redução de impostos que incidiam sobre a prestação do serviço de transporte.
Sem um motivo concreto que permitisse dar continuidade à invasão das ruas, a população incentivada pela oposição, e encantada com o potencial de arregimentação percebido como factível, pela utilização de redes sociais, alargaram as causas por que lutavam.
E, por transformarem as manifestações em uma soma de reivindicações, de várias origens e teor, começou aí, sempre em minha opinião, a perda de sua capacidade de aglutinação.
Ao final, lutava-se a favor de melhoria das estradas, queda do preço dos combustíveis, colocação de passarelas, melhoria das condições de saúde, melhorias das condições de educação, corte de gastos públicos, prisão de políticos corruptos, melhoria das condições de habitações, e até mesmo a volta de militares com sua eterna imagem de defensores da ordem e progresso e etc.
Ao movimento inicial juntaram-se os afiliados de partidos políticos de vários matizes, o Movimento dos Sem Teto, do Sem Terra, enfim, o movimento perdeu-se num sem número de causas que, muitas vezes entravam em contradições entre si. Ou seja, grupos que estavam ocupando as ruas unidos, e lutando por causas que eram radicalmente antagônicas.
Não demorou para que essa movimentação descambasse, em parte, para atos de violência e vandalismo, contra tudo e contra todos, inclusive com as brigas entre os próprios manifestantes.
O que podia ser considerado consequência da própria falta de coordenação e liderança do movimento (ponto que foi exaltado algumas vezes), e do constante entusiasmo que guiam os manifestantes, principalmente quando jovens.
***
Acabada a Copa das Confederações e a visibilidade da movimentação, a popularidade de Dilma estava seguramente bastante arranhada, até por questões sobre as quais não podia agir, por força de estar fora de sua área de responsabilidade funcional.
Mas, arranhada também estava a imagem de políticos de todos os partidos, e da política de forma geral.
Dilma bem que tentou retomar a iniciativa, propondo várias soluções, dentre as quais a necessária realização de uma reforma política para valer no país.
De forma que considerei acertada, inclusive, a realização de uma Constituinte específica para a discussão da reforma política e depois de um plebiscito, etc.
A imprensa, a grande mídia, os conservadores e todos que estavam cansados com o PT e mais interessados em fazer campanha para seus partidos e candidatos, ironizaram as propostas, e tudo continuou como antes.
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A chegada do Papa Francisco, embora logo em seguida e acompanhada ainda de manifestações políticas - bem menores que aquelas ligadas à expressão da fé, serviram como água fria no movimento.
Daí para a frente, a própria passagem do tempo ajudou a recuperar a popularidade da presidenta.
A inflação voltou a dar demonstrações de estar sob controle, os preços dos alimentos caíram, os políticos continuaram mostrando que a mudança e correção de problemas vinculados à questão da moralidade da coisa pública não se vinculava a um partido apenas, nem a um político, como restou comprovado com a manutenção do mandato do prisioneiro Donadon.
Além disso, o PIB deu demonstrações de que não ficaria tão baixo quanto divulgado inicialmente. O país foi vítima de espionagem dos Estados Unidos, o que querendo ou não tem o poder de unir mesmo as correntes opostas, em prol da defesa de nossos interesses.
Dilma passou a ter maior visibilidade, mostrando estar empenhada em atender a voz rouca que subia das manifestações das ruas, e o STF voltou a julgar os acusados e agora condenados pelos crimes do mensalão, parece que encaminhando a solução para o final da impunidade.
***
Para completar, o programa de atração de médicos estrangeiros, para dar atendimento a comunidades carentes de nosso país, prestando socorro a pessoas que raramente, se alguma vez tiveram acesso a algum médico na vida.
Que a gritaria contra a vinda dos médicos era questão mais ideológica que de outra natureza, restou comprovada com a recepção aos médicos cubanos quando de seu desembarque, já que tal reação não havia ocorrido com médicos portugueses, mexicanos, espanhóis ou de outras nacionalidades.
Nem a reação era contra o médico cubano, mas contra a amizade entre o governo brasileiro e o cubano, que logo se prontificou a nos auxiliar, enviando-nos vários de seus médicos.
Pode ter havido mudanças significativas recentes, mas até há pouco, a medicina de Cuba, pelo menos em algumas áreas e especialidades, era considerada referência.
***
Em relação a essa recepção ao programa e à vinda dos profissionais, recomendo a leitura do excelente artigo do Dr. Drauzio, na Folha de sábado, mostrando da importância que é ter um médico que dê ao doente, no momento que ele se encontra mais fragilizado, o que ele mais precisa: atenção.
Com relação ao revalida, cobrança feita em relação aos médicos estrangeiros, mais que ser um exame cobrado mais por corporativismo da classe médica, acho que seria importante sim, ser adotado.
Especialmente se se tornasse um exame obrigatório para todos os médicos de nosso país, com destaque para os médicos recém-formados nas escolas de Medicina de nosso país, algumas sem quaisquer condições de formar açougueiros, ainda mais médicos.
***
Acho pois que é isso que a população está vendo e vivendo agora. A presidenta tentando, mesmo que de forma equivocada às vezes, resolver seus problemas, os da população, claro.
E pior, a impressão que é a única ou uma das poucas que está imbuída desse propósito.
Daí, mesmo que não volte aos níveis de popularidade ostentados antes, a razão da recuperação de seus índices de aprovação.
Que deverão se manter oscilando ora para mais, ora para menos, pelo menos até a Copa no ano que vem. Quando novamente a questão da gastança de verbas públicas, dos elefantes brancos, da escassez de recursos em áreas prioritárias, a proximidade das eleições, e dos efeitos deletérios dos preparativos para a Copa junto a grande parcela de pessoas e comunidades - os prejudicados pela Copa do Mundo, ganharão, aí sim, uma força que considero descomunal.
É esperar 2014 chegar, para ver.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Lições do tempo em momentos de angústia

Machuca a mim
ver você triste assim
cabeça baixa
sem a disposição e alegria
sua marca registrada
Pergunto-me o que fazer
como ajudar
para levantar seu astral
poder te sacudir
e te tirar dessa letargia
que me fere mais que a você
E bem sei a resposta
para as dúvidas que estão em nosso interior
O que queremos?
O que buscamos?
E como reagir quando as dificuldades surgem
e nossos sonhos
antes tão factíveis
não os alcançamos?
As respostas, escondidas dentro de nós
exigem que mergulhemos ao nosso âmago
fonte da energia que carrega nossa bateria
e nos dá força e alento
para ir avante
Enquanto isso, a solução é apenas dar um tempo
deixando que o tempo passe,
e exerça soberano seus efeitos
sem perder de vista as lições e experiências
que ele sempre nos revela
mesmo em meio ao escuro que nos cerca






segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Fim do turno do campeonato brasileiro não supera o lance vergonhoso do jogo do Tupi

Terminou o primeiro turno do Brasileirão. Em função disso, vários analistas já fazem um balanço do que foi ou tem sido essa competição, prejudicada e espremida pela Copa das Confederações. Situação que obriga a que um campeonato longo, em um país com dimensões continentais e viagens cansativas e demoradas, venha a ser disputado sem um mínimo de tempo. Seja tempo para descanso das viagens e problemas com aeroportos, seja para a necessária recuperação entre os jogos, para os atletas.
Por isso, não é de se estranhar que tantos jogadores apresentem problemas musculares, desfalcando seus times, e retirando o brilho da própria competição.
O Coritiba, a última e visível vítima que o diga.
***
Mesmo como atleticano, não há como não notar e elogiar o trabalho competente de Marcelo Oliveira no nosso principal rival, logo ele, que Kalil dispensou sob o argumento de não ter nome, autoridade, etc.
Depois de passar com  brilho pelo Coritiba, Marcelo conduz agora seu time à liderança.
E, independente de gostar de Marcelo e admirar seu trabalho, tomara que daqui para a frente, tudo se altere. E ele que já subiu tão alto, inicie a descida da ladeira.
***
Mas, mesmo com o primeiro turno do Brasileirão sendo fechado, o lance da semana é, sem sombra de dúvida, o do massagista da Aparecidense, em Juiz de Fora, impedindo o Tupi de marcar o terceiro gol que lhe garantiria a classificação.
É certo que qualquer corpo estranho em campo, durante uma partida de futebol, é considerado corpo neutro, o que impediria o juiz de validar o gol do Tupi. A bola, de fato não entrou.
Mas, já passou do tempo de comportamentos como o do massagista, claramente infrator, ser premiado.
A bem da justiça, na impossibilidade de o juiz poder validar o lance, o que o Tribunal deveria fazer agora, é decretar a vitória do Tupi, seja por que motivo for: por que a bola tinha a direção do gol; por não haver mais nenhum obstáculo para que a bola entrasse, por que o lance foi um lance de autêntico jogo sujo. Porque beneficiar a Aparecidense, mesmo com a disputa de uma nova partida, seria dar o aval para que esse tipo de comportamento fosse perpetuado.
Pode-se arranjar vários motivos para que a justiça seja restabelecida. E o Tupi se classifique.
Sob pena de o futebol e suas leis, regras e convenções, muitas das quais caducas, desatualizadas, ultrapassadas, cair no ridículo de ser o local por excelência, onde o beneficiário é sempre aquele time ou clube que cometeu a infração.
***
Entretanto, em se tratando de futebol, tudo pode ser esperado.
Daí que já era hora de alguém da torcida do Tupi, com apoio de um advogado, estar analisando a possibilidade de entrar na justiça, pedindo que seu direito fosse respeitado, com base na lei de defesa dos direitos do consumidor, pelo menos.

Que soberania, cara pálida?

Novas acusações apresentadas no Fantástico, mostram que um dos alvos da espionagem americana em nosso país foi a Petrobrás.
Lamentavelmente por força de problemas em meu notebook, perdi todo o texto que havia preparado para postar ainda na última sexta feira, e que acreditava ter sido salvo.
Tudo bem, e quem tem costume de lidar com essas tecnologias modernas, quaisquer que elas sejam, sabe bem que estamos sujeitos a esses contratempos. E, também não há grandes problemas em que o conteúdo tivesse sido perdido.
Exceto que havia, mesmo de forma não intencional, uma ligação em algumas das notas com a denúncia agora apresentada.
Isso porque eu abordava a questão da pretensa invasão da Síria, por forças americanas, sob o argumento de que a ditadura sob o comando de Bashar al-Assad, havia sido a responsável pelo lançamento de armas químicas contra o próprio povo sírio, a maioria composta por civis favoráveis às forças rebeldes que lutam na tentativa de derrubada do governo, inclusive crianças.
Comentei algumas de minhas perplexidades em relação a toda a situação. Perplexidades que não querem calar.
A primeira delas, a lembrança que me veio à memória, do ataque ao Iraque de Saddam Hussein, pelas mesmas forças americanas, em função da existência, várias vezes afirmada, de armas nucleares ou melhor de um arsenal nuclear sob controle do ditador iraquiano. Armas nunca encontradas, diga-se de passagem.
Armas que foram apenas o mote, a causa para que os Estados Unidos pudessem invadir aquele país, grande produtor de petróleo, assegurando e resguardando para si, as reservas gigantescas de óleo daquele país.
Aliado ao petróleo, em minha opinião, o ataque visava também, de certa forma, resguardar o poder do dólar como moeda reserva internacional, ameaçado pela decisão de Hussein de só vender seu produto contra o pagamento em euros.
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Naquela oportunidade, estavam dados já todos os elementos da mesma trama que envolvem hoje a situação síria. A presença de um ditador cuja amizade e manutenção no poder perdeu a importância estratégica para os Estados Unidos.
A presença de órgãos de espionagem assegurando a presença de armas nucleares, em um caso, químicas em outro. Claro, a presença desses órgãos bisbilhotando outros povos, sem que eles efetivamente tivesse algum conhecimento verdadeiro.
A questão do petróleo, no caso específico do Iraque, e os interesses do vice-presidente americano à época do ataque, e do próprio Bush, consultor que fora de grandes companhias petrolíferas, no início, fortalecidos tais interesses pelos advindos da posterior e necessária reconstrução do país destroçado, e das grandes empreiteiras e construtoras por trás do projeto.
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Que houve o lançamento de gás Sarin, parece inegável. E, desse tipo de arma, o americano conhece e entende bem, tanto talvez, quanto os vietnamitas que foram vítimas de suas experiências com esse tipo de gás, desde os idos da guerra do Vietnam.
Mas, entre conhecer do gás e seus efeitos, conseguir até identificar sua utilização real em terras sírias e, daí, ter a certeza e poder garantir que o uso foi determinado pelas forças de Assad, e não pelos rebeldes, é no mínimo, um salto acrobático de raciocínio.
Inútil dizer que a história está repleta de exemplos de conquistas obtidas, fundadas em situações em que os ataques partiram do comando do próprio lado agredido.
Mas, os Estados Unidos adotaram a postura mais cômoda e já definiram que o responsável pelo ataque foi o ditador sírio, razão suficiente para merecer o apoio da comunidade internacional para um possível ataque.
O que só não se concretizou por força da insistência do governo russo, em não aceitar qualquer ação militar, salvo se comprovada sem sombra de dúvidas a autoria do lançamento.
Nessa situação, parece que Putin adotou a posição mais coerente, capaz até de impedir que mais uma tolice seja desencadeada sob o beneplácito da ONU.
***
Diga-se de passagem, no caso, ser também bastante curiosa a postura das Nações Unidas, extremamente ágil em se pronunciar em relação ao crime contra a humanidade, ou ao genocídio, que vem varrendo a Síria. Sinal dos tempos. Ou sinal das mudanças que todos vimos experimentando, em parte, graças ao fato de a nossa tecnologia moderna permitir, de fato, transformar o mundo cada vez mais em uma aldeia. Onde as informações fluem de forma a que todos participam dos eventos, e sentem seus efeitos, no mesmo instante em que as coisas estão se dando.
Pena que o mesmo não se deu, nem a ONU agiu de qualquer forma, tempestivamente, nos casos anteriores de Ruanda, Darfur, e outros, onde os agressores eram os países ocidentais.
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Agora, perplexo eu comentava o que Zé Simão já publicou na Folha, como anedota: os Estados Unidos vão lançar um ataque de guerra, para manter a paz. Ou permitir que a paz seja restabelecida. O que é no mínimo curioso.
Mais ainda na região e com o principal aliado e protegido  americano, Israel, tão próximo.
***
Mas, sem aceitar os argumentos até aqui apresentados em prol de uma ação militar, e sem entender os interesses americanos na Síria, os reais interesses, a verdade é que uma outra perplexidade me aflige.
Trata-se da competência dos órgãos americanos de informação, e suas espionagens que já fizeram afirmações quanto à  existência de armas, de autoria de crimes, etc.  e erraram tantas vezes.
Que confiança órgãos com esse histórico podem despertar?
***
E daí cheguei ao escândalo da espionagem perpetrada pela CIA, conforme denúncia de Snowden, em especial nos interesses de o governo americano, a título de detectar e poder prevenir-se contra a adoção de atos terroristas, em vigiar o Brasil.
Particularmente, afirmava no post não publicado e continuo achando curioso ainda agora, que toda essa espionagem em que nosso país parece assumir uma posição de grande destaque pelas informações das reportagens do The Guardian, venha a surgir após a descoberta de nossas jazidas de petróleo do pré-sal.
Ou seja: mais uma vez, aquele elemento comum aos casos anteriores, está presente: o petróleo.
***
Agora o Fantástico abre o jogo. A Petrobrás, a empresa líder mundial na exploração de petróleo em águas profundas, foi sim, alvo da espionagem. Talvez com maior interesse do governo americano por essas informações, que em relação à maioria das demais áreas e ministérios do governo Dilma.
E sempre lembrando que Dilma foi presidente do Conselho da Petrobrás, o que, justificaria, também, manter o controle sobre toda a comunicação e emails que a presidenta do país é parte envolvida.
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Dilma está certa em cobrar do governo americano mais que um pedido de desculpas ou um arremedo de justificativas. E, já que cada vez mais a questão deixa de ser, como anunciada, vinculada a interesses de segurança e prevenção contra atos de terrorismo, tomando a feição de MERA  e SIMPLES guerra comercial, exigir que o governo americano abra todos os seus arquivos de informações. Mesmo sabendo que isso é outra utopia, e que mesmo que concorde em abrir seus arquivos, as informações importantes capturadas não serão apresentadas.
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Pena que tudo isso venha à luz, no exato momento em que comemoramos mais um aniversário de nossa independência como nação. Época de comemorações de nossa autonomia e soberania.
Que soberania, cara-pálida? poderia ser perguntado, quando há no mundo um país que não respeita nada que não seja seus próprios interesses e seu umbigo?